– Não! Por favor, não! Eu sou inocente!

– Ele é inocente? - Perguntou um dos nortenhos. Senhora Coração de Pedra apenas balançou a cabeça em negativa.

Steffon Frey continuou suplicando. Este é o terceiro Frey que é enforcado nesses dois dias de cavalgada, recordou-se Brienne. Engoliu em seco, sentindo um aperto na garganta onde uma vez havia uma corda posta pelas mesmas pessoas as quais agora havia se juntado.

Após um dia de cavalgada, Thoros de Myr, o nortenho e a Senhora Coração de Pedra se encontraram com mais dois foras da lei, e mais tarde com três nortenhos. Agora formavam um grupo de onze pessoas.

Olhou de relance para Sansa, a mesma estava branca e com os olhos arregalados. Acho que não era muito bom matar esses homens na frente da garota, refletiu. Olhou para a pessoa que um dia fora Senhora Catelyn. A Senhora Coração de Pedra não parece perceber isso.

– Parem agora!

Gritou uma voz atrás deles. Quando viraram, um homem cavalgava rapidamente a frente de vinte usando armaduras reluzentes e espadas afiadas.

Thoros estava prestes a puxar o banco do Frey pendurado, quando os viu. Parou, analisou a situação e deu um sorriso zombeteiro.

– Pode me dizer por que? - Perguntou o sacerdote.

O homem, o único com uma armadura negra, parou, carrancudo. Seus olhos eram frios, de um modo que fez com que percorressem arrepios pela espinha de Brienne. A mesma levou sua mão involuntariamente para o cabo da espada.

– Meu nome é Walder Frey, e me conhecem como Walder Negro.

Brienne viu os olhos de Senhora Coração de Pedra saírem faíscas de ódio. Os homens do cavaleiro chamado Walder Negro chegaram logo atrás, todos com a mão no cabo da espada.

– Eu tenho participação no Casamento Vermelho, e muita. - Continuou, dando um sorriso maldoso. - Eu gargalhei quando cortaram a garganta dessa aí. - Apontou a espada, já desembainhada para a Senhora Catelyn. - E nós viemos aqui pois não admitimos essa matança dos Frey. Portanto, se querem nos matar, podem vir. Morreremos como homens, e levaremos a maior parte de vocês. - O Frey analisou os homens presentes. Olhou cada um, parecendo se divertir, e quando parou em Brienne, fez uma careta de nojo. - Vai ser mais fácil do que pensei.

Seus homens desembainharam suas espadas, e tudo começou muito rápido.

Brienne não sabia onde Sansa se encontrava, muito menos Senhora Coração de Pedra, mas sabia que nenhuma das duas tinham condições para participar da batalha. Nove contra vinte, então, pensou. Já me meti em brigas com condições piores, se lembrou.

Viu Jaime em suas costas, protegendo-a, e ela se permitiu dar um leve sorriso. Isso, querido, proteja minhas costas que eu protegerei a sua. Morrerei por você se preciso.

Matou os dois primeiros homens que vieram até ela sem se ferir, então se virou para atacar um homem que tentava ferir Sor Jaime do lado direito, e o mesmo caiu no chão, e então ela encontrou uma brecha e enfiou sua espada em sua garganta. O Lannister a olhou e sorriu.

– Obrigado. - Disse, sua voz abafada pelos barulhos de aço contra aço. Brienne apenas assentiu.

Continuou lutando com mais três, e matou todos eles. Vários a machucaram, mas nada muito sério. E então Walder Negro veio em sua direção com a espada.

Ela rolou pelo chão no momento que viu ele desferindo um golpe fatal, e então o mesmo errou. Abaixou a cabeça quando o Frey tentou outro golpe, e ficou se defendendo. Olhava nos olhos do mesmo, tentando decifrar seus próximos movimentos. Seus olhos tinham um brilho estranho, maligno.

Tentou atacá-lo, mas o mesmo desviou e a atacou no ombro. Sentiu uma ardência e, logo em seguida, sangue escorrendo. O Frey a atacou mais duas vezes, mas a mesma bloqueou, andando lentamente para trás, tentando ganhar mais espaço, atenta a todos os movimentos. Atacou-o novamente na barriga, e dessa vez o acertou, deixando o mesmo atordoado por alguns instantes, o suficiente para Brienne desferir um soco no maxilar de Walder, fazendo-o soltar uma praga enquanto ia com a cabeça para trás. Mas o homem se recuperou rapidamente, mais rápido do que ela esperava, e então a atacou. A dama sentiu um corte profundo em sua clavícula, e gritou de dor. Brienne começou a sentir a visão embaçada, ficando tonta. Estou perdendo muito sangue. Preciso me concentrar, achar algum ponto fraco. Mas o Walder foi mais rápido que ela, e desferiu um golpe em suas pernas, fazendo a mesma ter que desviar, perdendo assim o equilíbrio. E então Brienne caiu, e tudo aconteceu muito rápido e ao mesmo tempo devagar. O Walder Frey subiu na garota, travando suas pernas, com um sorriso maldoso no rosto, seus olhos em fúria. Seu peso estava fazendo com que perdesse a respiração, e viu o mesmo largar a espada para pegar uma adaga fina e brilhante de sua bainha. Ele levou a adaga na direção do pescoço da Beleza de Tarth, e a mesma tentou socá-lo, mordê-lo, mas ele sabia se defender muito bem. Estava perdendo as forças, e sua visão estava turva. Fechou os olhos. Estou tão cansada. Talvez se eu parasse de lutar... Quero tanto parar de lutar. Foi só isso que fiz durante minha vida toda. E esperou a morte chegar.

Mas, em vez disso, não sentia mais o peso do homem sob seu corpo. Será que já estou morta?, pensou, abrindo os olhos com dificuldade. Walder Frey estava caído no chão, morto pela espada de Jaime Lannister. O mesmo a puxou pela mão, fazendo-a ficar em pé. Seus olhos verdes estavam com um brilho preocupado.

– Está muito machucada? - O Lannister perguntou, sua voz muito distante e fraca nos ouvidos da dama. - Brienne! - Chamava o leão enquanto ela caia em seus braços. - Brienne! Fique comigo.

E então a garota apagou.

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Encarou o céu negro por alguns segundos. Estou viva? Como sobrevivi?, foi seu primeiro pensamento. Se lembrava de Walder Frey levando a adaga até sua garganta, e depois fechou os olhos. Mas então... Jaime, se lembrou. Jaime me salvou. Tentou sentar com dificuldade, parecia estar embriagada, sua cabeça não parava de girar. Sentou e percebeu que estava em um acampamento improvisado na floresta, junto com a Irmandade sem Bandeiras.

– Brienne. - Disse Jaime, que estava encostado em uma árvore perto. Não parecia ter dormido até agora, e seus olhos de esmeraldas pareciam ter um brilho preocupado e cansado. Ele se arrastou para perto da dama. - Você está bem? Apagou por muito tempo.

Brienne levou a mão até a cabeça, onde sentiu sangue seco.

– Estou melhor, eu acho. Como foi a batalha?

– Quando matei Walder Negro, os ultimos Freys que restaram pareceram perder a coragem.

– Um bando de covardes. - Disse Brienne, com raiva, cuspindo a última palavra. Sua mão se fechou em punho involuntariamente ao lembrar do Casamento Vermelho. Olhou para os lados, em busca da garota Stark. A encontrou dormindo perto de uma árvore, Sandor parecia não tirar os olhos dela. O homem parece preocupado com a garota, percebeu a dama, dando um sorriso fraco. - Sofremos muitas perdas?

Jaime a olhou por alguns instantes e respirou fundo antes de continuar.

– Uns quatro da Irmandade sem Bandeiras. E Thoros.

– Thoros foi morto? - Perguntou Brienne, incrédula. Jaime apenas assentiu. A dama não sentia nenhuma empatia pelo sacerdote, mas mesmo assim, não desejava a morte do mesmo. - Onde está a Senhora? - Perguntou, e Jaime já sabia de quem ela se referia.

– Não foi vista depois da batalha. Só os deuses sabem aonde ela se meteu. -Deu de ombros. - Não importa, a única coisa que me importa é que está bem.

Pegou na mão dela, acariciando-a. Seu toque é tão quente, pensou, desejando beijá-lo. O olhou nos olhos por alguns instantes, antes de fitar o chão, timidamente.

– Durma um pouco. - Pediu, percebendo que um dos nortenhos e Sandor Clegane faziam a vigia.

– Vou dormir. - Prometeu Jaime, dando um beijo leve e quente na bochecha de Brienne. - Estamos cada vez mais perto da fortaleza dos Umber. Se tudo ocorrer bem, amanhã de noite chegaremos lá.

– E então teremos uma nova Rainha do Norte. - Disse Brienne, abrindo um sorriso cansado.

– Assim esperamos.

Ambos fecharam os olhos, e Brienne teve uma noite sem sonhos.