Oathkeeper escrita por Denise Miranda


Capítulo 21
Jaime


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que gostem desse capítulo :3



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Havia passado um dia e meio, e tudo que Jaime e a Irmandade sem Bandeiras achou foram árvores, gramas, coelhos e mais árvores. Nenhum sinal de Brienne.
O Lannister já estava ficando impaciente e de mau humor.

Cavalgaram por horas, que para ele pareciam séculos, e antes que se desse conta, viu que o céu estava escuro. Se passaram dois dias, percebeu. Jaime engoliu em seco, começou a sentir seu coração acelerado e as mãos suando.

– E então? Temos alguma pista onde Brienne pode estar? - Perguntou, e percebeu que sua voz estava tremendo ligeiramente.

– A Senhora está recebendo uma visão. - Sussurrou o nortenho que estava do seu lado, e Jaime virou a cabeça para olhar para trás.
A Senhora Coração de Pedra estava de olhos fechados enquanto cavalgava, o rosto concentrado.

– Está recebendo uma visão do Senhor da Luz, eu suponho. - Disse Thoros de Myr.

– Espero que esse seu Deus diga aonde Brienne está. - Respondeu o Lannister, impaciente.

Ela está por perto, porém corre perigo.– A Senhora disse com uma voz sobrenatural, que dessa vez Jaime conseguiu entender.

– Aonde ela está?! - Ele gritou, já querendo apressar o passo de seu cavalo.

Catelyn falou algo no ouvido do sacerdote, e o mesmo saiu galopando.

– Sigam-me.

Antes do mesmo dizer, Jaime já estava ao seu lado, com apenas uma coisa em mente: salvar Brienne, nem que tivesse que morrer para isso.

xxx

Cavalgaram por, em média, meia hora. Jaime estava suando frio, sua mão esquerda tão escorregadia que se tentasse pegar no cabo da espada, provavelmente ela escorregaria por seus dedos. Já sou ruim lutando com a mão esquerda. Nervoso, vou falhar. Seja lá quem for que está atrás de Brienne, seja a mulher vermelha ou outros, preciso estar preparado, pensou, respirando fundo. Preciso me acalmar.

Avistaram Brienne adiante, com espada na mão, cercada por... Tigres? Os animais estavam em sua frente, e uma montanha cobria as costas da garota.

Chegando mais perto, Jaime pôde ver que havia um pequeno grupo dessas criaturas gigantes em volta delas. O maior, que parecia o Alfa, carregava o pedaço de uma perna na boca. Não, não são tigres, percebeu. Buscou o nome daquele selvagem em sua mente. Gato das Sombras. Sim, é esse o nome. Lembro-me de ter visto um desenho dele uma vez em um livro que meu irmão Tyrion havia mostrado.

Os animais que a cercavam eram enormes, e viviam mais no norte, pois eram acostumados com o frio. Seus pêlos espessos cobriam o corpo todo, incluindo as patas, com uma coloração cinzenta esbranquiçada que os camuflavam em plena neve. Jaime viu um deles saltando da montanha, uma distância de mais ou menos 2 metros, e pulando nas costas da garota. Jaime abriu ligeiramente a boca, incrédulo.

Brienne caiu no chão e gritou com o paque e susto do animal em suas costas. O mesmo rugiu, e Jaime avançou com seu cavalo, pronto para entrar no meio do grupo. Atrás dele, os nortenhos já estavam preparados com seus arco e flechas, e carregando as bestas.

O Lannister desembainhou a Luminífera, e de repente, parecia que a noite havia virado dia, e a floresta ficou quente. A luz e o calor chamaram a atenção dos animais, e Jaime saltou do cavalo.

– Jaime! - Brienne gritou, enquanto o Gato das Sombras tentava devorar seu rosto.

O Lannister ouviu o zumbido de flechas e logo viu muitos dos animais caindo, mortos ou fatalmente machucados. Então o leão foi brigar com o gato por sua dama.

A criatura deixou Brienne de lado por alguns instantes, fitando Jaime. Ele não tem medo de mim e nem da minha espada, percebeu. Foi para cima do animal, e o mesmo arranhou-o na garganta. O Lannister sentiu algo quente escorrendo pelo seu corpo, e logo percebeu que era seu sangue. Nunca havia sentido tamanha ardência no pescoço antes, mas ele não se importava. Deixou que o gato chegasse mais perto, pulando nele, afim de experimentar um pouco da carne do leão. E então, Jaime espetou sua espada na barriga do mesmo.

O animal começou a queimar. Brienne se aproximou e estendeu a mão para o leão, que a agarrou e se levantou, com dificuldade. Observou o animal gritando e queimando, e a Irmandade sem Bandeiras parecia fascinada, hipnotizada com a luz que emanava do Gato das Sombras. Todos estavam boquiabertos. Menos Senhora Coração de Pedra, ela olhava para Jaime e Brienne, sem expressão alguma.

– Jaime, você me salvou. De novo.

O Lannister a olhou carrancudo.

– Então você matou Stannis. E fugiu. Por que?

A dama de Tarth abaixou seus olhos cor de safira. Parece estar péssima, pensou. Com gentileza, levou seu polegar e indicador esquerdo até o queixo de Brienne, levantando seu rosto com delicadeza para poder olhar em seus olhos azuis. Estavam vermelhos.

– Me perdoe, Jaime. Não tive outra alternativa. Eu ia te libertar, é claro. Mas não pude resistir, precisava matar Stannis. - Secou as lágrimas que temiam em escorrer antes de continuar. - Por Renly, precisava fazê-lo. Precisava vingá-lo. - Agora suas safiras estavam com um olhar destemido, determinado e perigoso. Ela não se arrepende nem um pouco, percebeu. A única coisa de que se arrepende é de ter me deixado.

Então Jaime levou seus lábios até o dela e a beijou, bem ali, na frente de todos aqueles nortenhos estranhos e da Senhora Coração de Pedra. Não se importava, apenas desejava sentir seus lábios macios e quentes. Ela o correspondeu de imediato, entrelaçando os braços em volta de seu pescoço. Deuses, como senti falta disso.

xxx

Já havia se passado uma quinzena desde que Jaime salvara Brienne dos Gatos das Sombras e, depois disso, continuaram a viagem sozinhos.

– Agora vocês estão por conta própria. Tentem continuar com a cabeça em cima do pescoço. - Thoros de Myr brincou. - Encontraremos vocês novamente, em breve.

Jaime e Brienne percorreram a ponte, em direção ao castelo.

– Parem! - Um dos guardas gritou. - Quem vem lá?

– Sor Comandante Jaime Lannister e a donzela, Brienne de Tarth, filha de Lorde Selwyn Tarth. Estamos à comando do jovem Rei Tommem. Viemos falar com Lorde Petyr Baelish.

Os guardas trocaram olhares antes de responder:

– Tem alguma carta?

Jaime ergueu a mão, mostrando um pergaminho. Um dos guardas desceu a colina de onde se encontrava e foi até o Lannister. Pegou o pedaço de papel contendo o selo do Rei e o analisou por alguns segundos.

É claro que aquele pergaminho era falso. Cersei jamais aprovaria sua missão. Jaime, antes de partir, decidiu escrever uma carta com várias desculpas para encontrar Sansa aonde quer que esteja. Escreveu cartas para Muralha, Ninho da Águia, Winterfell - que agora estava reduzido à ruínas -, Dorne, e todos os outros reinos.

Esse pergaminho dizia que Tommem havia mandado Jaime afim de discutir sobre a economia de Westeros com Lorde Baelish, o antigo Mestre da Moeda.

– Sejam bem-vindos. - Disse o guarda, e os guiou até a fortaleza.

Diante deles erguia-se, então, o Ninho da Águia. É o menor dos grandes castelos, tendo apenas um aglomerado de sete esguias torres brancas agrupadas bem próximas. Dali, Jaime observou que o castelo era feito de uma fina pedra branca e as torres envolviam um jardim. Era para ter um bosque sagrado aqui, recordou-se Jaime. Tyrion uma vez me contou que o único motivo por não ter era que o solo era muito rochoso, tornando impossível fincar raízes.

Os alojamentos e estábulos foram esculpidos diretamente na montanha. Era um castelo pequeno, Jaime pôde reparar, mas com um celeiro tão grande quanto aqueles que um dia puderam ser encontrados em Winterfell.

Jaime e Brienne subiram nas mulas enquanto uma das bastardas do Reino os levavam até o salão dos Arryn.

– Cuidado - alertou Jaime - a subida pode ser muito traiçoeira.

Brienne o fitou com seus olhos de safira, estavam arregalados. Parece com medo, pensou. Mas, como sempre, muito destemida.

Então começaram a subir, com a bastarda Stone as vezes quebrando o silêncio, contando lendas sobre o castelo, apenas para descontrair.

– A moça parece estar com bastante medo. - Comentou. - Não é preciso. Não vai cair, essas mulas saberiam o caminho mesmo se fossem cegas.

Brienne, ainda com os olhos de safira gigantescos, apenas balançou a cabeça em afirmativa. Jaime estava montado na mula ao seu lado e se permitiu dar um sorriso fraco.

– Nunca pensei que você teria medo de altura, garota. - Disse, brincando.

A dama de Tarth ficou vermelha com o comentário e o olhou com raiva, embora o Lannister soubesse que não sentia raiva de verdade. Segurou a mão dela, que estava fria e tremendo, e a mesma deu um sorriso torto.

O caminho era um tanto traiçoeiro, Jaime tinha que admitir. Era aberto ao vento e os degraus estavam rachados, quebrados e a maioria congelados.

Depois de uma longa subida, o frio rachando os lábios do leão, eles finalmente chegaram ao topo do Ninho da Águia, com Lorde Baelish os esperando, com um sorriso no rosto. Não posso confiar nesse homem, Jaime lembrou-se.

– Jaime Lannister! - Mindinho exclamou. - Quanto tempo não o vejo. É uma honra tê-lo em minha presença. O que te trouxe aqui? - Então o mesmo reparou em Brienne. - Vejo que está acompanhado. Muito prazer, Senhora.

– Prazer, meu nome é Brienne de Tarth. - Ela respondeu, com a cor voltando ao rosto depois de se ver livre da subida íngrime. Petyr beijou sua mão em resposta.

– Viemos em assuntos do Rei. - Jaime respondeu.

– Por favor, entrem.

Entrando no castelo, avistaram um longo e grande salão, com paredes feitas de mármore branco com ranhuras azuis. Ao fundo, Jaime viu o trono dos Arryn, feito de represeiro. Pôde perceber que possuia estreitas janelas arqueadas, entre as quais tochas eram seguradas por arandelas de ferro.

Lorde Petyr sentou na cadeira junto de uma longa mesa de mármore escuro, onde eram feitas as refeições.

– Estamos aqui pois é do desejo de Tommem que discutemos sobre a economia de Westeros. Queremos que nos ajude a encontrar um novo Mestre da Moeda, tão bom quanto o senhor era.

– Estou lisonjeado, Senhor. - Respondeu Lorde Baelish, dando um sorriso do qual Jaime nunca gostou. - Farei meu possível para achá-lo.

Tenho que ficar atento a todos os detalhes, pensou. Não sei nada sobre a maldita economia, preciso enrolá-lo. O mais rápido possível, Mindinho nos mandará de volta para Porto Real. Preciso descobrir se ele esconde algo antes.

– Petyr! Petyr! - Uma voz de criança gritou, atrapalhando o raciocínio de Jaime.

A criança era muito magra e branca, e quando chegou na porta do salão, limpou o nariz sujo com o braço. Robert Arryn, Jaime percebeu. Ele segurava uma moça pelo braço.

Jaime percebeu que Lorde Baelish ficou extremamente desconfortável com sua presença.

– Quero saber onde está aquele livro dos dragões que o Senhor me prometeu. - Continuou a criança. - Alayne disse que vai lê-lo para mim.

– Queridos, estou em uma reunião importante.

– Mas eu quero agora! Diga para ele encontrá-lo agora, Alayne. - Gritou Robert.

Jaime fitou a garota que se chamava Alayne. Usava um vestido de lã bege simples, de mangas compridas, e seu cabelo castanho estava solto em seus ombros.

– Perdoe-me Robert e minha filha bastarda, minha Senhora, Sor Jaime. - Desculpou-se Mindinho, atrapalhadamente. - Por favor, Alayne. Leve Robert de volta para seus aposentos.

– Sim, pai.

Respondeu a menina. Conheço essa voz. Quando os olhos azuis da garota encontraram os de Jaime, a mesma os arregalou. Abaixou a cabeça rapidamente, e saiu puxando o garoto ao seu lado.

O Lannister quase não pôde acreditar no que via. Pintou o cabelo, usa roupas simples e passa-se por uma bastarda, mas não pode me enganar. A vi muitas vezes em Porto Real para não conhecer sua voz e seu rosto. Ele olhou de relance para Brienne, e ela parecia atenta a qualquer movimento suspeito. Ela não reconheceu Sansa, percebeu Jaime. Então a Beleza de Tarth o olhou, seus olhos expressando dúvidas. Nunca viu a menina na vida, mas conviveu com Catelyn Stark o suficiente para reparar nas semelhanças. Brienne está claramente confusa.

Jaime não mostrou nenhum sinal facial que pudesse confirmar as suspeitas da dama.

– Podemos conversar sobre a economia amanhã? - Perguntou Petyr, agora já havia escondido sua surpresa pela situação. - Tenho certeza que estão cansados.

– Sim. - Respondeu Brienne, sorrindo. - Adoraríamos um quarto. Amanhã, tenho certeza que estaremos descansados o suficiente para falar sobre economia.

Baelish abriu um sorriso.

– Ótimo. Mandarei meus criados prepararem dois quartos.

– Não. - Interrompeu Jaime. Levou sua mão esquerda de encontro com a direita de Brienne, segurando-a por cima da mesa. - Um quarto para dois já basta.

Olhou de relance e viu que a garota estava vermelha do pescoço à testa. Jaime não pôde deixar de sorrir.

– Oh, compreendo. - Disse Lorde Baelish, achando claramente divertido a situação. - Por favor, me sigam.


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Notas finais do capítulo

OBS: Estou seguindo a linha dos livros, então o motivo de Brienne não ter reconhecido Sansa é porque elas nunca se encontram. Sansa foge após o casamento de Joffrey e, diferente dos livros, Jaime nunca esteve presente na hora da morte do filho.
Espero que tenham gostado desse capítulo, comentem, por favor