Oathkeeper escrita por Denise Miranda


Capítulo 16
Brienne


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! :3



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Stannis. Ela é a sacerdotiza vermelha daquele homem. Estão me levando para Stannis. Era como se todo seu corpo estivesse tremendo em ódio.

Nunca esqueceria a noite em que viu aquela sombra com o rosto de Stannis matando seu legítimo Rei, Renly.
Podem me matar, mas não antes de matar o Stannis, pensou Brienne. Nem que seja a ultima coisa que eu faça, eu matarei esse homem, prometeu a si mesma.

Cavalgaram por dias que não pareciam ter fim, e noites cada vez mais frias. Brienne estava amarrada no dorso do cavalo junto à Jaime, um de costas pro outro, da mesma forma que um dia foram capturados por Vargo Hoat. A lembrança de ter arrancado a orelha daquele bode ainda a fazia rir. Uma mão por uma orelha, pensou amargamente.

Só desamarravam seus pulsos de noite para que ela pudesse comer um pouco de pão duro e tomar água. Ela agradecia aos Deuses por isso.

Não trocou muitas palavras com Jaime desde então, ele parecia completamente perdido em seus pensamentos, e abatido.

– Jaime... - Um dia, quando todos estavam distraídos, ela chamou seu nome. Não podia ver seu rosto pois estavam de costas um para o outro. - Eu não deixarei que me matem. - Foi a unica coisa que pôde dizer.

– Eu farei com que me matem antes de te matarem. - Respondeu de imediato, parecendo um tanto irritado. - Novamente parece que sou o prisioneiro valioso, e dessa vez, creio que safiras não farão com que eu te salve.

Brienne deu um sorriso fraco com a memória. Não tinha certeza que sairia viva desta, mas não podia dizer isto à Jaime. Continuaram em silêncio por muito mais tempo.

Nesta noite, Melisandre falou com seus homens, e a garota ouviu:

– O Senhor da Luz me disse que a Muralha está correndo perigo, precisamos levá-los até lá e queimar Brienne o mais rápido possível, para que Azor Ahai possa matar as criaturas da noite.

– Senhora, com licença... - Brienne se sobressaltou quando viu que Jaime também escutara e pior, estava se intrometendo. - Se eu sou o seu querido Azor Ahai e esta é a espada Luminífera... Me explique como vou virar herói, matar os Outros e conquistar donzelas com a mão esquerda? O seu Senhor da Luz não disse para você que sou uma porcaria lutando com ela?

– Quando você sentir o poder da Luminífera, será um homem diferente. - A mulher vermelha respondeu, olhando-o com seus olhos incendiantes.

– Eu gosto muito do homem que eu sou, não quero ser diferente. - Deu um sorriso irônico para a mulher. - Sabe, como eu disse, sou muito ruim com a mão esquerda. Mas ainda posso cortar sua garganta. - Jaime falou, sério, fitando-a com os olhos de esmeralda, e Brienne pôde ver que havia muito ódio neles.

A mulher vermelha apenas deu um sorriso e se virou para seus homens.

– Senhora, - começou Brienne. - quanto tempo levaremos para chegar à Muralha?

– Está tão ansiosa assim para ser entregue ao Senhor da Luz, Senhora Brienne? - Perguntou Melisandre, abrindo um sorriso.
Não, respondeu em pensamento. Estou ansiosa para matar Stannis.

A única motivação da Beleza de Tarth agora era vingar seu Rei Renly.

xxx

Após mais três dias intermináveis, chegaram à Muralha. O frio parecia congelar os ossos de Brienne.

Chegando ao pátio do Castelo Negro, avistou um rapaz com vestes negras, cabelo, barba e olhos igualmente negros e frios. E, ao seu lado, estava Stannis. Brienne desejou matá-lo ali mesmo.

Na presença deles, Jaime foi solto, e ajudaram Brienne a descer do cavalo, e continuou atada às cordas.

– Senhor Comandante Snow, Vossa Graça. - Melisandre fez uma referência. - Aqui está Sor Jaime Lannister, Azor Ahai renascido, e a legítima espada Luminífera. E esta é Brienne de Tarth, a mulher cuja precisamos sacrificar.

Snow? É um bastardo do Norte, pensou Brienne. Deu uma olhada no Comandante, e percebeu que ele carregava uma espada com o cabo em formato de um lobo branco. Arregalou seus olhos de safira.

Quando os guardas a estavam levando, gritou:

– Jon Snow! - O rapaz se assustou ao ouvir seu nome, e encarou a Brienne de Tarth. - Jon Snow, eu estou em uma missão para resgatar Sansa Stark, sua irmã, não é?

– Fique quieta! - Um dos homens da mulher vermelha gritou, enquanto ora levavam, ora arrastavam, Brienne até sua cela.

– Se me matarem, nunca poderei protegê-la. - Gritou seu ultimo apelo.

– Levem Sor Jaime para uma cela bem longe da Senhora Brienne. - Ordenou a sacerdotiza.

Como sou estúpida. Jon Snow nunca vai acreditar em mim, foi o que pensou em quase duas horas sentada em uma cela nas masmorras de gelo, fitando a parede.

E, dessa vez, ouviu um barulho de passos lentos. Se virou para as grades. Já estava mais do que na hora de trazerem algo para comer, pensou.

Mas em vez de comida, ela reconheceu o Comandante da Patrulha, Jon Snow indo em sua direção, segurando uma tocha para iluminar seu caminho.

– O que você está fazen...

– Shhh. - Interrompeu Jon. - O que você quis dizer que está em uma missão para resgatar Sansa?– Sussurrou.

O coração de Brienne deu um pulo. Ainda há esperança, não conseguindo conter um meio sorriso.

– Prometi à Senhora Catelyn Stark, enquanto a mesma era viva, de levar suas filhas para ela em segurança. Contudo, ela morreu. - Disse, preferindo omitir a parte em que havia ressuscitado. - Mas minha missão continua. Estava indo em direção ao Ninho da Águia, quando Sor Jaime e eu fomos pegos.

Jon estreitou os olhos.

– Por que o Regicida está te ajudando?

Brienne comprimiu os lábios antes de responder.

– Eu sei que é difícil acreditar, mas... Ele mudou, Senhor Jon. - Sentiu que seus olhos estavam levemente umedecidos. - Eu preciso resgatar Sansa. Ou morrer tentando. - Fez uma pausa para analisar o rosto do rapaz. - Não morrer queimada.

– E como você sabe que ela está no Ninho da Águia?

– Tínhamos dúvidas. Nossas opções eram Ninho da Águia ou Muralha. - fez uma pausa - Claramente ela não está aqui.

Jon pareceu perturbado por alguns instantes, parecia tentar por os pensamentos em ordem. Após o que pareceu séculos para Brienne, ela obteve sua resposta:

– Esteja acordada à meia noite.

Lorde Snow imediatamente se virou e foi embora em passos lentos e silenciosos, sem olhar para trás. Brienne começou a se sentir mais esperançosa.

xxx

Mais tarde, entregaram dois pães duros, uma fatia de bacon e cerveja aguada para Brienne, que comeu tudo sem reclamar. Estou faminta, percebeu. Preciso de forças para hoje a noite.

Após isso, não conseguia ficar quieta. Precisava ser paciente, mas estava nervosa com o que aconteceria a seguir. Como será que está Jaime?, se pegava se perguntando a mesma coisa a cada cinco minutos ou menos.

Se revirava na cela, como se nenhuma posição que sentasse fosse boa o suficiente, tudo doía e tudo incomodava.

Então ela ouviu passos lentos. Seu coração começou a bater mais rápido quando viu que era Jon Snow. Está na hora de sair daqui, pensou, ansiosa. Se levantou imediatamente, esperando até Lorde Snow abrir sua cela.

– Pegue este saco, aqui contém comida suficiente para dois dias. Não posso dar mais do que isso, se não vão suspeitar. E aqui tem dois odres com água. - Brienne assentiu e pegou ambos. - Aqui está a chave que abre a cela de Jaime, está do lado oposto da sua, nas masmorras do outro lado do castelo. Então tenha muito cuidado para não chamar a atenção de ninguém até chegar lá.

– Obrigada, Lorde Snow.

– E antes que eu me esqueça... - Jon entregou-a sua espada. - Aqui está.

Brienne sorriu, e disse:

– Ela se chama Cumpridora de Promessas.

Jon sorriu docemente e começou a guiá-la para fora das masmorras, em seguida virou-se para o lado oposto que a dama de Tarth teria que seguir.

Despistar os guardas não foi difícil, apesar de Brienne ser enorme. Todos pareciam distraídos e congelados. Não achavam que algo de ruim ia acontecer. Então Melisandre não preveu isto em suas chamas?, se perguntou, seu ódio por ela e por Stannis aumentando cada vez mais em seu peito.

Estava sem a armadura, então não precisava se esforçar muito para não fazer barulho.
Brienne evitou os guardas entrando pela janela de um corredor onde havia várias portas que levavam para os quartos dos homens da Patrulha da Noite. Aqui dentro não há guardas e está muito escuro, mal enxergo minha própria mão, pensou. Só tenho que chegar até a janela mais próxima do final do corredor, e estarei perto da masmorra onde Sor Jaime se encontra.

Então Brienne começou a ouvir vozes vindas de uma das portas.

– Eu ainda sou seu legítimo Rei!

– É claro que é, Vossa Graça. Descobrir que Jaime Lannister é, na verdade, o Azor Ahai renascido não muda nada. Você continua sendo meu Rei, continua tendo um papel importante na salvação de Westeros.

As vozes se calaram por alguns instantes. Brienne colocou o ouvido na porta para ouvir melhor.

Eu não acredito em você. Não me parece muito confiante.– Fizeram outra pausa. - Vá embora, quero dormir. Mas nossa conversa não acabou.

– Como desejar, Sua Graça.

– Melisandre, se me trair pelo Regicida, eu a mato. Lembre-se disso.

– Nunca trairia Vossa Graça.

– Está dispensada.

Rapidamente, a garota correu em passos silenciosos e se escondeu na escuridão do corredor. A mulher vermelha passou pelo lado oposto onde ela se encontrava. Sentiu um calor estranho e sobrenatural no ambiente, que parecia vir da sacerdotiza.

Aquele é o quarto de Stannis. Sua mão se fechou em um punho. Se matá-lo, não sei se vou ter tempo de chegar até Jaime. Ouviu o trinco da porta do quarto do homem se fechando.

Hesitou por muitos instantes, mas percebeu que pensar muito não adiantaria em nada. Chutou a porta de Stannis com toda a força que encontrou. Ela quebrou em algumas partes. Chutou de novo. E enfim, ela abriu.

O homem se encontrava na frente de sua lareira, olhando para chamas. Quando ouviu o estrondo, se levantou depressa e encarou Brienne.

– O que está fazendo aqui?

A Beleza de Tarth foi em sua direção, já com a espada na mão.

– Meu nome é Brienne de Tarth. - Disse, enquanto se aproximava. Seus olhos de safira nunca estiveram com um brilho tão perigoso. Antes que Stannis pudesse ter consciência do que estava acontecendo, ou se defender, a dama enfiou sua espada em seu coração. Viu o brilho dos olhos daquele monstro se desvanecendo, e nunca pensou que se sentiria tão feliz. - E isto é por Renly.

Largou-o no chão e fitou-o por alguns instantes, com desdém. Falhei com você, Renly, pensou, e de repente toda aquela noite voltou em sua memória. Sentiu lágrimas caindo. Mas eu te vinguei, como eu prometi que faria.

Ela ouviu passos vindo em sua direção por causa do barulho que fizera. Guardas, pensou desesperada. Preciso correr. E assim o fez.

Pulou da janela, e percebeu que estava certa: precisava ter escolhido entre fugir com Jaime ou matar Stannis. Sabia que seu cavaleiro não corria perigo, já que ele era valioso para Melisandre, por ser Azor Ahai.

Chegou até o estábulo, pegou um cavalo e deixou a chave da cela de Jaime apoiada em uma mesa de madeira. Perdoe-me, Sor Jaime. Precisava matar Stannis, não tive escolha. Se não o tivesse feito, me arrependeria pelo resto da minha vida.

Chorando, - não saberia dizer se de tristeza ou felicidade; talvez ambos - Brienne de Tarth fugiu de Castelo Negro em busca de Sansa Stark.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Comentem, por favor hahaha