Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 32
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Notas iniciais do capítulo

Depois de empacar em um pov e perder o que escrevi eu ressurjo das cinzas. Espero que vocês gostem :)



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A palha no chão fedia a única. Não havia janelas ou cama ou um balde para suas necessidades. Lembrava-se vagamente de ver as paredes vermelhas e uma porta de ferro antes do guarda jogá-lo. Depois que o trancaram naquele lugar a escuridão tomou conta da cela. A escuridão completa e absoluta.

Sentia como se estivesse morto. Morto como Robert e enterrado como o Rei.

– Ah, Robert. – Lembrava do amigo que conheceu na infância. Do rapaz alto, bonito e forte que tinha sido. Ele passava e donzelas suspiravam, todas queriam um tempo em sua cama esperando ganhar seu amor. O problema de Robert era que ele amava, amava todas elas, intensa e ardentemente, mas apenas por uma noite. O sorriso de Robert apareceu em suas lembranças.

O rei que ele encontrou em Porto Real era uma pessoa completamente diferente. Cansado, gordo e cego. Não fora feito para sentar em um trono e usar uma coroa, não... Robert enferrujou longe dos campos de batalha. Foi um rei ruim e um marido e pai pior ainda. Pensou em sua irmã, Lyanna, caso as coisas tivessem sido diferentes, teria ela se tornado o que Cersei Lannister se tornou?

A masmorra ficava sob a Fortaleza Vermelha, mais baixo do que ele se atrevia em pensar. Lá encima a rainha e o seu filho bastardo decidiam o que fazer com ele e com seus filhos, deuses as crianças, Sansa, Arya e Bran... A única alegria que encontrou foi o fato de Jon estar no Norte, ele teria poucas chances casos tivesse permanecido em Porto Real.

Malditos, pensou. Todos eles. Mindinho, Janos Slynt, Pycelle, a Rainha, o Regicida... Mas principalmente, maldito ele. O mais maldito de todos.

Estúpido – gritou com fúria –, Estúpido, burro e cego.

O rosto de Cersei Lannister flutuou a sua frente na escuridão. Tinha os cabelos com o brilho do sol e um sorriso cheio de escárnio. “Quando se joga o jogo dos tronos, ganha-se ou morre”, ela disse. Ned jogara e perdera e homens inocentes pagaram o preço de sangue por isso.

O tempo passou, dias ou horas, ele não saberia dizer. Pensou em Cat e aquilo doeu como uma faca em seu peito. A veria novamente? Tinha prometido que protegeria as crianças, mas falhara. Outra promessa quebrada. Pensou nos filhos que estavam no Norte, Robb, Rickon e Jon, pensou nos filhos que permaneciam aqui, Sansa, Arya e Bran.

Depois os pensamentos foram para tempos antigos. Seu irmão Brandon se postava alto e orgulhoso encima do seu cavalo, sua irmã Lyanna correndo pelos campos com uma espada na mão e flores no seu cabelo. Rezou para os Deuses Antigos, mas duvida que eles pudessem lhe ouvir ali.

Prometa-me Ned, disse sua irmã de sua cama de sangue.

Outra promessa.

O desespero já apertava sua garganta. O carcereiro entrava com água, mas nunca respondia suas perguntas e nunca tinha comida. Talvez Cersei pretendesse matá-lo de fome... Não, ela me quer fraco e debilitado, ela estava conseguindo o que queria.

Um dia, ou noite, não poderia dizer, a porta foi aberta. O clarão do archote fez seus olhos arderem por um instante. Pôde ver as feições do homem, não era o mesmo carcereiro de antes, esse era mais baixo e mais robusto.

– Comida.

– Vinho. – respondeu. – Beba Lorde Stark.

A voz lhe era familiar, mas ele demorou alguns momentos para reconhecer-la.

– Varys? – tocou o rosto do homem incerto. – Estou sonhando?

– Estou aqui Lorde Stark, agora beba.

– Esse é o mesmo veneno que deram a Robert?

– Ofende-me, - ele pegou o odre de sua mão e então tomou um longo gole – não posso comparar a boa safra que me deu antes, mas lhe garanto que não existe veneno aqui.

Ele devolveu o odre e Ned bebeu.

– Meus filhos...

– O mais novo conseguiu escapar e levou os três lobos junto com ele. A rainha mandou vários guardas atrás do menino e dos animais. – disse Varys. – Ninguém foi capaz de encontrá-lo, ninguém além de mim é claro.

Suas mãos ficaram frias com o terror.

– Mas não se preocupe Lorde Stark, não pretendo entregar uma pobre criança para a rainha. Tenho uma querida amiga que sofreu na mão do nosso ainda mais querido príncipe, ela precisava de um meio para desaparecer e eu lhe dei um. – ele deu um longo suspiro pela sua expressão desconfiada. – Não o culpo por não confiar Lorde Stark, afinal, sua confiança acabou lhe dando um gosto amargo na boca. Eu o asseguro que essa amiga será boa para seu filho, ela conhece vossa família, viveu em suas terras e de certo modo, tem alguma lealdade para com o senhor.

– E as meninas?

– As meninas eu temo que não tiveram a mesma sorte. A rainha mantém a mais velha junto dela e a mais nova passa boa parte do seu tempo trancada no quarto, não é uma garota muito tratável, é melhor que fique longe das vistas do príncipe, ele não tem grande amor pela a menina.

O homem deu uma pausa antes de falar:

– Compreende que é um homem morto Lorde Eddard?

– Ela não me matará, Cat tem seu irmão.

– O irmão errado e ainda assim, temo que sua esposa o perdeu. Deve estar nas Montanhas da Lua agora.

– Se é verdade então me mate agora, corte minha garganta e acabe com isso.

– Não desejo seu sangue.

– E o que deseja então?

– A paz. Eu lutei por ela senhor, protegi Robert Baratheon de seus inimigos por todos esses anos, uma pena que não fui capaz de protegê-lo de seus amigos. – o homem respondeu. – Que loucura o levou a dizer aquelas coisas para a rainha?

– Eu...

– A rainha virá visitá-lo em breve Lorde Stark.

Lentamente ele ergueu os olhos.

– Por quê?

– Ela o teme, mas existem outros inimigos a se temer, inimigos com mais poder... Seu querido irmão está nas terras fluviais lutando contra os senhores do rio. O irmão do rei forma seu exército e clama que os filhos dela não passam de bastardos. Em Dorne, os Martell ainda se ressentem pela a morte de Elia e seus bebês. E também temos seu filho e os homens do Norte.

– O que ela quer de mim?

– Que confesse seus crimes, que diga que é um traidor e mentiroso, que sirva de barganha para a paz com seu filho. Afinal, o jovem Robb não tem apenas um exército do seu lado, ele tem a preciosa filha da rainha, a princesa Bella. Creio que se esqueceu dela quando eu disse que o senhor era um homem morto, poderia ter me respondido que a princesa seria um escudo entre você e a morte.

– Meu filho não faria mal a sua esposa por causa das ações da mãe.

– Talvez não, mas a rainha não sabe disso. Ela ama os filhos Lorde Stark, tanto quanto uma mãe é capaz. Mya e Bella estão longe de seus dedos e Edric e Gendry estão dormindo. Ela certamente vai querer suas meninas seguras, não vejo uma vida muito longa para o sobrinho de sua esposa, o jovem Robert vai morrer e então o galante Harry tomará seu lugar como senhor do Ninho e então Mya será senhora do Vale, a princesa pode não ter a crueldade da mãe, mas ela jamais lutaria contra a família.

“Já Bella, bem, das crianças ela e Joffrey sempre foram os mais próximos da mãe. Ela é quem está mais longe, caso o desejo da rainha fosse concedido, seu filho estaria morto e a princesa viúva e de volta para casa, mas acho que mandá-lo para a Muralha e fazer da menina senhora do Norte é satisfatório também. A rainha teria a paz que tanto quer e seus filhos estariam a salvo.”

O eunuco sorriu.

– Confesse Lorde Stark, confesse e os salve.

– Quer que eu pise na minha honra?

– Sua honra salvará suas meninas milorde? Ou esqueceu-se delas? Prometo-lhe que a rainha não o fez.

– Tenha piedade, elas são apenas meninas.

– Rhaenys Targaryen era apenas uma menina também, ainda mais nova que suas garotas. Uma coisinha preciosa e doce. Ela tinha um gatinho preto que nomeou como Balerion. A pequena princesa gostava de fingir que ele era o dragão negro de mesmo nome, Balerion, o Terror Negro. Os Lannister a ensinaram rapidamente a diferença de um gatinho para um dragão. Quantas facadas foram mesmo? Meia centena, para matar uma garotinha. Isso se não formos comentar o modo como o bebê Aegon foi morto.

Ned fechou os olhos afastando aquelas terríveis lembranças.

– Acha mesmo que os Lannister terão piedade de suas meninas? Pois se acredita nisso é mais tolo do que julguei. – Varys andou até a porta e então disse. – Pense com cuidado nas suas próximas escolhas Lorde Stark, pois o próximo visitante pode trazer a cabeça de Sansa ou quem sabe de Arya.


.

.



A tropa montou acampamento nas terras acidentadas e a cada dia que passava mais homens pareciam chegar e se juntar ás tropas nortenhas. Bella havia conseguido convencer Robb a levá-la com ele para o Sul, mesmo sob protesto de muitos dos seus homens. Achou que se adaptariam com sua presença, mas já fazia um numero razoável de dias e todos a olhavam com certa desconfiança. Eu sou o inimigo, tinha noção disso e tentava fazer o possível para parecer uma senhora Stark ao invés de uma princesa Baratheon. Não levou consigo nenhuma peça de roupa vermelha, nem mesmo seus preciosos colares de rubis, não precisava lembrar para aquelas pessoas que tinha sangue Lannister.

Esperavam as tropas vindas do leste e quando estas chegassem eles partiriam o mais breve possível. Enquanto não acontecia Bella decidiu que seria bom dar uma volta com seu cavalo. Na sua vinda para Winterfell ela não aproveitou a viagem devidamente, estava irritada demais para isso, mas agora, com mais calma, ela poderia apreciar as longas planícies montanhosas e aproveitar a brisa gelada.

Jeyne Poole e Roslin Frey a acompanharam junto com os guardas destinados a ela. Uma senhora devia ter damas de companhia, era verdade, mas se pudesse realmente escolher teria trazido apenas Jeyne, contudo, Roslin foi posta do seu lado e Bella não estava em posição de reclamar. Cavalgaram por entre os homens até chegar aos limites do acampamento, observou, do alto de um pequeno morro, o resto de terra que ainda percorreriam. Roslin parou do seu lado segurando as rédeas do seu cavalo. Ela tinha delicadas flores no seu vestido e o cabelo preso em uma redinha simples.

– Fosso Cailin não fica muito longe daqui. – disse ela e Bella sorriu como se estivesse satisfeita com a resposta. – E então vem o Gargalo e depois as Gêmeas.

Suspirou. Ela não podia ser cruel com Roslin, mesmo que o modo como aquela garota corava junto de seu marido a irritasse profundamente. Era tão obvio que a tolinha havia caído de amores por Robb, mas novamente, Bella não estava em posição de fazer mais nenhum inimigo.

– Você verá sua família, está feliz?

A garota corou um pouco surpresa pelo modo gentil como ela tinha perguntado. Mesmo Jeyne parecia um tanto chocada.

– Eu... Eu estou senhora, será bom rever minhas irmãs.

– Ouvi que têm muitas delas. – a garota exibiu um sorriso constrangido.

– De fato tenho.

Bella então olhou para Jeyne.

– Depois das gêmeas estaremos em Correrrio. – onde seu tio poderia estar lutando agora mesmo contra Edmure Tully, segundo os relatos que chegaram ao seu ouvido, Jaime Lannister estava batalhando contra os senhores do rio.

Temia pelo o que viria a acontecer quando chegassem lá. Temia pelo o que iria encontrar.

Cavalgaram mais um pouco até que ela decidiu voltar. Deu meia volta com o cavalo e passou pelos guardas. Estava farta deles. Pareciam mais estar vigiando um refém do que protegendo sua senhora. Novamente passou pelos soldados, poucos a conheciam de fato, mas o vestido cinza e o grande manto com um lobo nas costas deveriam sanar suas duvidas. Todos abaixaram a cabeça e alguns poucos a cumprimentavam, ela os respondia com decoro e gentileza.

Chegaram a sua tenda onde Roslin e Jeyne a ajudaram a tirar o manto pesado e afrouxar o espartilho. As garotas dormiam junto a ela em todas as noites, mesmo que Bella tivesse dito a Robb que não era necessário.

– Seus pesadelos voltaram, não foi? – ele tinha respondido. – Será bom ter companhia à noite.

O único momento em que dormiu sem as meninas foi na noite em que ele próprio veio procurá-la. Estava cansado, dava para notar pelas olheiras debaixo dos seus olhos, e parecia um pouco incerto sobre o que fazer. Aparentemente ele só queria algumas horas longe de planos de guerra, perguntou sobre suas memórias boas e ela, um pouco surpresa pelo rumo da conversa contou sobre um dia em que trocou de lugar com seu irmão Gendry, eles eram pequenos e ninguém poderiam diferenciá-los. No fim do dia ela tinha adorado e queria repetir, mas seu irmão odiou cada segundo e se recusou a trocar de lugar novamente.

Robb riu e aquele foi um dos poucos momentos bons que tiveram ultimamente. Era quase como se os problemas tivessem ficado para fora da tenda. Ela mesma deixou a raiva e o ressentimento de lado por alguns instantes, aqueles dois sentimentos podiam esgotar uma pessoa.

– Eu tento imaginá-la com roupas de menino, mas simplesmente não consigo.

– Eu sou uma garota de muitas faces. – respondeu.

– Não negarei isto.

E então veio o silencio que ela quebrou.

– Nunca tentou lutar de saias? – perguntou atrevida e ele jogou a cabeça gargalhando. – Eu devia ter uns doze anos quando disse ao meu pai que seria uma ideia maravilhosa fazer um torneio onde todos os homens lutassem de saias.

– Isso seria algo interessante de se ver.

– Papai disse algo parecido e Jon Arryn falou que eu não deveria dar idéias ao meu pai, pois era bem capaz dele seguir em frente.

Ela sorriu e outro silencio caiu entre eles.

Dessa vez foi Robb quem o quebrou.

– Você é tão... Tão inconstante.

– O que quer dizer?

– Às vezes está rindo e contando historias engraçadas enquanto nadamos nos lagos aquecidos e em outro momento parece tão fria quando a própria Muralha, uma fera esperando o momento do abate. – ele pareceu apenas o jovem rapaz que era, não o comandante de uma tropa inteira. – Agora mesmo me conta sobre homens lutando em vestidos, mas amanhã estará completamente diferente.

Ela quis lembrá-lo de que estavam marchando para uma possível luta contra sua família. Quis falar de como nunca foi seu desejo vir para aquele pedaço do mundo e se casar com um completo estranho. Mas não fazia sentido então ela apenas respondeu:

– Sou uma garota de muitas faces, lembra?

E se rendendo a sua resposta ele se aproximou lentamente e a beijou. Na manhã seguinte, quando acordou, Robb já tinha partido.

Jeyne saiu da tenda por alguns minutos e Roslin lhe serviu um pouco de vinho. A garota Poole voltou inquieta.

– Eles chegaram.

– Quem chegou? – perguntou Roslin.

– Os homens que faltavam, devemos marchar em breve. – ela correu até Bella e prendeu novamente seu vestido. – Jon... Quer dizer, Lorde Jon está com eles.

Jon, seria muito bom ver um rosto amigo. Mandou que Jeyne se apressasse e então saiu da tenda sem se importar muito se as meninas ou mesmo os guardas a acompanhariam. Passou pelos soltados que festejavam a chegada na nova tropa até avistar encima de um pequeno morro Robb abraçando Jon. Os dois irmãos pareciam contentes em se verem, Jon riu como ela o viu fazer pouquíssimas vezes. Ao lado deles havia outros lordes, entre eles um que ela não reconheceu. Ele era pálido e tinha olhos claros como se alguém os tivesse sugado a cor. Do lado dele havia um rapaz que compartilhava seus olhos, que sorriso estranho ele tem.

Mas não se importou com isso, apenas apressou o passo na direção dos homens e sorriu largamente ao ter os olhos de Jon sobre ela.

– Jon. – disse alegre. – É tão bom vê-lo.

– Alteza.

Ser chamada assim foi agradável.

Os dois se olharam por alguns instantes até que Robb colocou a mão no seu braço e apontou para o homem do lado de Jon.

– Este é Roose Bolton. – Robb disse e Bella forçou um sorriso. – Essa é minha esposa, Bella Stark.

Bella Stark, ainda soava estranho aos seus ouvidos.

– Lorde Bolton.

– Milady.

– E este é seu filho Ramsay. – o rapaz de sorriso estranho. Ele pegou sua mão e a levou até os lábios. Bella quis retirá-la imediatamente, mas a educação não permitiu.

– As historias não fazem jus a vossa beleza.

Ele tinha um jeito estranho de falar e um olhar ainda mais estranho. Aparentemente não era a única que compartilhava dessa opinião, pois sentiu Jon se remexer incomodado perto dela.

– Obrigada senhor.

Robb então os convidou para descansarem e os homens passaram a andar ao seu redor. Nesse momento Jon veio até ela.

– É bom revê-la também, mesmo que as condições não sejam as melhores.

– Sim, as condições poderiam ser melhores, mas mesmo assim fico genuinamente feliz em vê-lo.

– Eu digo o mesmo alteza.

– Nós somos irmãos por casamento Jon, não deveria me chamar de alteza e sim de Bella.

– Eu não sei alte...

Ele se interrompeu e ela não pôde evitar sorrir.


.

.



Ele estava tão sujo que mesmo sua mãe teria dificuldade em reconhecê-lo. Seu cabelo, antes ruivo, agora estava parte marrom por causa da terra, as roupas eram farrapos se comparados com o que foram um dia, entretanto, mesmo assim uma pessoa de bom olho poderia notar o lobo pequeno na sua manga. Bran precisava se manter escondido ou seria pego pelos homens dos Lannister.

Isso quase aconteceu duas vezes. A primeira foi quando soldados procuraram perto de uma gruta onde ele tinha se escondido. A entrada era coberta por raízes e plantas trepadeiras que vinham de uma enorme árvore encima deles. Ele ficou escondido com os lobos na sombra e só depois de muitas horas teve coragem de sair e checar se estava seguro. A segunda foi quando ele se misturou entre um grupo de plebeus vindos das Terras Fluviais. Enquanto ouvia relatos terríveis, Bran planejava surrupiar um pão ou qualquer outra coisa que pudesse comer. Os soldados carmesins chegaram no momento em que ele se preparava para tirar um pão da cesta de um senhor. Os homens perguntaram sobre um menino nobre e ruivo, Bran gelou de medo e esperou o momento em que alguém o veria e apontaria na sua direção, entretanto, ninguém o fez. Duas mulheres apontaram em direções opostas e um senhor jurou que tinha visto um menino nobre e ruivo em uma taberna que ficou para trás.

Os guardas seguiram viagem e Bran tratou de desaparecer na floresta. Depois disso ele evitou as estradas.

Caminhou por vários dias, dormiu na chuva, escalou as árvores para conseguir frutos e continuou andando. Isso durou até o momento em que uma mulher gorda o viu perambulando sozinho. Ela vestia roupas feitas de farrapos coloridos, tinha o cabelo escuro cheio e olhos castanhos de tamanhos diferentes. Os lobos estavam escondidos nas árvores e observaram quietos enquanto a mulher se dirigia a ele.

– O que um jovenzinho faz sozinho na floresta? – ela perguntou. – Não sabe que é perigoso?

– Eu estou bem. – respondeu rapidamente.

– Parece faminto. – ela disse e foi então que a viu apertando os olhos na direção da sua roupa. A mulher esticou o braço e apalpou o tecido. – o menino tem um tecido bom demais para ser gasto nessa floresta. – ela então pegou o seu cabelo e mexeu afastando um pouco a sujeita. – E o cabelo ruivo demais para exibir por essas bandas. Não sabia que os homens da rainha procuram por um menino ruivo, assim como você?

– Bem...

– Eles passaram pela minha taberna, mas devem voltar e procurar por aqui muito em breve. Sorte sua, menino, que eu sou uma mulher muito generosa e posso ajudá-lo. – ela se aproximou e ele se afastou. Podia sentir os lobos prontos para atacarem. – Eu tenho um amigo que conhece seu pai, Lorde Stark.

– Não sei do que está falando.

– Sabe sim menino e os homens da rainha saberão no momento em que colocarem os olhos em você. Meu amigo o conheceu em Porto Real e ele pode ajudá-lo. Os homens o chamam de Mindinho, sabe quem é?

Ele conhecia Mindinho, o homem que sempre passava um tempo no escritório do seu pai. Ele tinha lhe contado que havia sido um grande amigo de sua mãe.

– Vou escondê-lo no porão menino, já procuraram por você lá, não vão revistar novamente. Quando estiver seguro eu o ajudarei a partir.

– Como não sei que você não vai me entregar por um saco de ouro?

– Por que meu amigo me deu o dobro do que você vale para a rainha e me dará o triplo quando eu ajudá-lo. Venha comigo rapazinho, porque se continuar sozinho tudo o que vai encontrar é a morte.

Bran fez um sinal com as mãos e os três lobos apareceram. A mulher deu um grito de terror e se afastou cambaleante.

– Esses são os lobos dos Stark, eu vou com a senhora, mas saiba que eles estarão vigiando, se fizer algo que não deve eles vão atacá-la e rasgar sua garganta. – disse do jeito mais ameaçador que encontrou. A mulher respirava com dificuldade e parecia ter perdido a voz. – Se me ajudar eles não a machucaram.

– E... Eu disse... Disse que tenho um amigo, ele vai ajudá-lo, prometo.

– Ótimo então. – olhou para os lobos e os três voltaram a se esconder. – Vamos.




Ele passou alguns dias escondido no porão. A mulher vinha lhe dar comida pelo menos três vezes ao dia e prometia que o amigo viria ajudá-lo. Bran começava a temer que talvez tivesse caído em uma armadilha, o momento mais tenso foi quando ouviu, lá de cima, homens cantarem cantigas Lannister. Quando a porta do porão abriu jurou que se tratava de um deles, mas era apenas a mulher lhe dizendo para ficar quieto. Ela não o entregou.

Depois de alguns dias Bran ficou impaciente para ir embora, mas ela lhe disse que não era hora, que poderia haver homens Lannister por perto.

Um dia, quando Bran planejava subir e partir de vez, a porta foi aberta e a mulher desceu, mas estava acompanhada de outra, uma mais jovem e muito mais bonita. A segunda mulher tinha o cabelo castanho arruivado e se aproximou sorrindo.

– Olá.

– Quem é você?

– Ela é sua companheira de viagem. – respondeu a dona da taberna. Ela carregava roupas e um pote marrom. – Eu disse que meu amigo iria ajudá-lo.

– Eu sou do Norte também Bran, na verdade, estava em Winterfell quando você nasceu.

– Está falando a verdade?

– Sim. Eu nasci em Vila Inverno, lembro das muralhas de Winterfell, do Jardim Sagrado, dos homens lutando no pátio, das poças termais. – ela sorriu, parecia sincera. – Meu nome é Ross.

Bran sentiu-se acalorado com o sorriso dela.

– E você será Ty. – disse a mais velha jogando uma muda de roupas na sua mão. – Agora se troque que nós ainda temos que escurecer seu cabelo.

Ele obedeceu aos comandos. Vestiu-se rapidamente e então se sentou deixando que elas jogassem um liquido escuro na sua cabeça.

– Ninguém irá acompanhá-los, apenas os loucos estão andado para esta direção. Fiquem longe da estrada e quando chegarem as Terras Fluviais tentem encontrar soldados amigos e não inimigos. – a mulher gorda disse e falou diretamente para Ross. – Sabe que o homem a quem chamam de Montanha está com seu grupo lá, não vai querer cruzar o seu caminho.

– Eu sei bem disso. – Ross respondeu.

– Aquelas feras, não poderão ser vistas...

– Não são feras, são lobos, lobos gigantes. – Bran disse irritado.

A mulher pareceu impaciente e revirou os olhos.

– Sim, sim... Seus lobos gigantes não devem ser vistos, mas creio que poderão ser úteis, grandes daquele jeito, devem fazer um bom estrago em um homem.

Quando estava pronto, Bran Stark, filho do Lorde Eddard Stark e de sua senhora Catelyn Stark, deu lugar a Ty Waters, filho de Ross. A mulher explicou o papel que ele deveria interpretar e Bran assentiu. No fim, a sua nova mãe entregou a mais velha um pequeno saco que parecia estar cheio de moedas.

– Mindinho agradece.

– Tenho certeza que sim.

– O resto virá em uma quinzena, quando estivermos longe daqui.

Suas roupas antigas foram queimadas e ele e Ross subiram. Era madrugada e o sol começava a nascer. Ross pegou na sua mão e levantou o capuz do seu manto velho, Bran fez o mesmo. Não havia ninguém por perto e o silêncio era assustador.

– Façam uma viagem segura.

– Nós faremos. – Ross respondeu. Passaram a caminhar pela floresta, depois de alguns minutos ela disse: - pronto para ir para casa Ty?

– Sim, mãe.



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Notas finais do capítulo

Sweet Ramsay aparece finalmente k
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Beijos ;*



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