Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 31
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Foi uma longa caminhada até o fundo do salão, onde Joffrey esperava sentado no Trono de Ferro. O garoto vestia as cores de Robert e se portava como um Rei ou pelo menos, como algo parecido. Eddard não conseguiu evitar se lembrar de Gendry Baratheon, o verdadeiro herdeiro e Rei que estava agora deitado sem qualquer sinal de que voltaria a acordar. Gendry havia sido coroado pouco tempo depois da morte do pai, sua mãe, a rainha, tinha estado atrás dele, sussurrando coisas em seu ouvido todo o momento. O mais velho havia inspirado respeito e temor nos seus homens logo que se sentou no trono, Ned imaginava se o jovem Joffrey conseguiria tal feito caso algum dia tivesse a coroa. Ele não estaria em Porto Real para descobrir.

Cinco cavaleiros da Guarda Real dispunham-se em meia-lua em torno da base do trono. Trajavam armadura completam aço esmaltado do elmo às botas de ferro, longas capas brancas sobre os ombros e brilhantes escudos claros. Cersei Lannister estava lá junto com os dois filhos mais novos ao redor de suas saias verdes. A princesa Myrcella parecia uma copia da mãe em aparência, mas tinha um olhar preocupado que não combinaria com a Lannister. O príncipe Tommen tinha o semblante de alguém que preferiria estar em qualquer lugar menos ali.

Atrás do trono ainda havia mais duas dezenas de guardas Lannister.

– Lorde Eddard Stark – Joffrey começou – meu pai, o falecido rei, o tinha mais do que como um amigo, ele o considerava seu próprio irmão.

– Nós éramos muito próximos. – foi tudo o que respondeu.

Ned deu uma rápida olhada em seus homens. Todos pareciam estar tão desconfortáveis quanto ele. Mindinho também o olhou, mas ele não parecia tão preocupado. Ao menos cumpriu sua promessa e trouxe a Patrulha da Cidade.

– Meu amado marido e rei o amava Lorde Stark – quem falou agora foi Cersei, ela tinha um tom lamurioso tão falso quanto a inocência de uma prostituta. – Diga-me como foi capaz de tal ato.

– De que ato Vossa Graça se refere?

– Da sua traição! – disse Joffrey exaltado. – Mancomunou-se com meu tio Stannis que quer tirar o meu direito e dos meus irmãos.

Ned demorou apenas alguns segundos para perceber em que terrível armadilha caíra. As cartas, aquelas que Stannis lhe mandava, todas que ele havia guardado com o intuito de relê-las e descobrir o que fazer. Ned havia respondido uma recentemente, tinha confirmado suas suspeitas sobre os filhos mais novos da rainha e expressado sua preocupação sobre a sucessão real. Havia dito que o trono pertencia a Mya caso algo acontecesse a Gendry e Edric, mas Stannis respondeu que a paternidade dos mais velhos também deveria ser desconfiada. Deveria ter queimado as malditas cartas, esse sentimento apenas aumentou quando as viu nas mãos da rainha.

– Nega sua traição Lorde Stark?

Cersei perguntou com o rosto raivoso.

A princesa Myrcella e o príncipe Tommen pareciam tão surpresos quanto à maioria de seus homens. A menina olhou para a mãe chocada enquanto o garoto o olhou com pena.

– Lorde Stark não faria isso. – a princesa o defendeu.

– Você tem a inocência de seu pai Myrcella, ele também acreditou na amizade de Lorde Stark e olhe no que isso o levou. – Cersei passou a mão nos cabelos da filha e voltou-se a ele. – Nós lemos o que tem escrito nessas cartas, em sua ultima resposta ele diz que você concordou com ele, que apoiou suas depravadas mentiras.

– Não partilho de todas as convicções de Lorde Stannis. – respondeu.

– Mas partilha de algumas. – a rainha deu um sorriso perverso. – Dobre os joelhos Lorde Stark, jure que jamais se postará contra o rei e seus herdeiros, que sua lealdade pertence à Gendry e a Joffrey que cuida do reino com o mesmo cuidado e devoção do irmão, e que assumirá caso... Caso o pior aconteça. Nós aceitaremos sua demissão do cargo e você poderá voltar para aquele deserto cinzento que chama de casa. Seu filho mais velho será convidado para a corte, ele poderá restaurar o prestigio de sua Casa em Porto Real junto com minha filha.

Ned apertou os punhos.

– Temo que não posso fazer isso. – respondeu sombriamente. Ela estava tão determinada a trazer o assunto que não lhe deixou escolha. – Seu filho não tem direito ao trono em que se senta. Na ausência de Gendry e Edric, a princesa Mya é a verdadeira herdeira, depois dela Bella e depois desta Lorde Stannis.

– Mãe, o que ele quer dizer? – perguntou a princesa Myrcella à rainha num tom de lamuria. – Porque ele disse isso?

Mentiroso! – Joffrey gritou com o rosto vermelho.

– Coloca idéias nos ouvidos do meu marido, faz com que ele permita que minhas preciosas filhas sejam levadas pelos seus aliados e pelo seu filho, e agora quer retirar o direito de meus filhos menores. – disse Cersei. – Condenou-se com sua própria boca, Lorde Stark. Prendam-no, prendam esse traidor.

Era hora da luta. A Guarda Real e os guardas Lannister moveram-se em direção dos seus homens. Agora é hora. Ele então ordenou ao comandante da patrulha, Janos Slynt, que prendesse a rainha e seus filhos. Os homens que Mindinho lhe prometera poderiam ter seu propósito agora.

– Homens da Patrulha! – gritou Janos, colocando o elmo.

Com uma estocada violenta, o mais próximo dos homens da patrulha espetou as costas de um de seus homens. Foi assim que começou. Os mantos dourados partiram para cima deles, Ned viu, perplexo, cada um daqueles que lhe eram leais caírem no chão com o corpo coberto de sangue.

Enquanto todos morriam ao seu redor, Mindinho tirou o punhal de Ned da bainha e o apontou para sua garganta.

Avisei para não confiar em mim. – disse. – Deveria ter me escutado.


.

.



O céu era rosa e ouro quando o sol surgiu sobre o Vale. Mya havia chegado ao Ninho ainda de madrugada e agora, já na segurança do castelo, ela desjejuava junto a Harry, Myranda Royce e Cynthea Frey, protegida da senhora Anya Waynwood. Os três estavam em completo silêncio, mesmo Myranda que sempre tinha algo esperto para falar. Ela suspirou, havia ouvido boatos de que a senhora Lysa tinha o humor inconstante, desejava poder falar com seu tio, descobrir o que poderia ser feito para que ele fosse libertado, mas a princesa temia que seus apelos não fossem chegar aos ouvidos da mulher.

Depois de comer, ela foi chamada por um dos homens Arryn. Harry segurou delicadamente seu braço e a puxou para um canto afastado do salão. Ele parecia nervoso.

– Não vão me deixar ir com você. – ele falou.

– Já esperava por isso. – a senhora Lysa não gostava de Harry e nem dos sussurros que corriam pelo vale de que ele seria o próximo a comandar aquelas terras. Seu marido era o próximo na linha de sucessão depois do jovem Robert, e este é um menino doente... Harry usava como escudo o símbolo dos Hardyng e dos Arryn, mas naquela visita, ele escolheu apenas o de sua família, tudo para não causar mal estar com Lysa Tully. – Eu posso fazer isso sozinha, se esquece de onde venho?

– Não, mas Lady Lysa não é alguém que se deva subestimar. – a mão dele pousou em sua barriga. – Em seu estado...

– Estou grávida, não doente. Eu preciso falar com ela Harry, você mesmo ouviu o que está acontecendo para fora do Vale. – ela colocou as mãos no seu rosto e o puxou para um beijo. Seu peito palpitou e ela quis mais, contudo, freou seus impulsos. Não era hora ou lugar para tal. Harry estava sorrindo quando se afastou. – Eu ficarei bem, agora cabe a você ficar longe de problemas.

– E quando é que eu arrumo problemas Mya?

O tom de brincadeira dele aliviou o ambiente.

– Creio que a resposta para essa pergunta seria o tempo inteiro.

Mya, então, se afastou dele e voltou para o guarda que lhe trouxe a mensagem. Ela o seguiu sozinha pelos corredores do Ninho até chegar a uma grossa porta. O homem bateu duas vezes e anunciou sua intenção. Só depois a porta foi aberta e ela entrou cuidadosamente. Lá dentro estavam três pessoas. Imediatamente reconheceu à senhora Lysa vestida de veludo creme com um cordão de selenitas ao redor do pescoço. Mya a tinha visto uma vez, quando foi conhecer o Ninho com os Waynwood meses antes. Ao seu lado esquerdo, estava de pé uma mulher bonita que só poderia ser a tão citada Lady Catelyn. Diferente da irmã, a senhora Stark era mais magra e esbelta, seus cabelos ruivos tinham mais brilho e seus modos eram mais comedidos. Olhá-la lhe fez lembrar-se da jovem Sansa, prometida de seu irmão, Mya poderia dizer de quem ela herdou a beleza. No lado direito havia um homem, que ela reconheceu como sendo Sor Brynden Tully, o Cavaleiro do Portão.

Lady Lysa a analisou desconfiada, como se ela fosse um soldado inimigo. Talvez eu seja.

– Cat, está é Mya Baratheon, a filha mais velha do Rei. – disse a senhora Lysa para a mulher ao seu lado. – Alteza, está é minha irmã, Catelyn Stark.

– Muito prazer senhora. – respondeu sem esquecer-se de seus modos. – Posso ver agora de onde sua filha mais velha herdou a beleza.

A senhora Catelyn pareceu suavizar com a menção de Sansa.

– Sansa será mais bonita do que eu jamais fui. – respondeu. – Espero que seu caminho até aqui tenha sido tranqüilo.

Ela teria respondido caso Lysa não tivesse interrompido.

– Então, a que devo a honra de sua visita?

Mya mexeu as mãos nervosa, temeu que pudesse falar algo que fosse desagradar à mulher.

– Eu gostaria de conversar sobre meu tio, Tyrion Lannister, que é mantido cativo aqui. – assim que falou, o rosto da mulher se fechou completamente. O humor dela é instável, lhe disseram, tenha calma. – Gostaria de ter uma palavra com ele.

– Quer conversar com o meu prisioneiro?

– Meu tio é um homem inocente, ele não tinha quaisquer motivos para atentar contra a vida de vosso falecido marido. – sua reposta saiu mais ríspida do que desejava. Amaldiçoou-se por isso e se apressou em dizer. – Creio que deva ter motivos para suspeitar do meu tio e prendê-lo, mas eu lhe garanto que Tyrion Lannister não é um assassino, sua prisão está trazendo conseqüências terríveis...

– Conseqüências. – a senhora Lysa falou baixinho. – É como chama a agressão do seu avô nas terras do meu pai?

Ela sentiu o rosto ficar vermelho. Ela teria dito que não havia como ter certeza que era seu avô o mandante daqueles ataques, contudo, Mya previu que suas palavras não melhorariam a situação.

– Seu tio, o Regicida, está reunindo uma hoste em Rochedo Casterly. – Lysa continuou.

– Tenho certeza que meu tio está movido pelo sentimento de proteger seu irmão mais novo. – Ela suspirou. – Tudo o que eu peço é uma palavra com meu tio, gostaria de ouvir o que ele tem a dizer.

– Você poderia permitir que ela encontrasse o tio. – a senhora Catelyn disse em seu favor. – Não haverá perigo nisso.

– Talvez consigamos um fim para esse problema. – sor Brynden falou.

– Não há nada que eu gostaria mais do que ver toda essa confusão ser esclarecida.

Um minuto de silencio se seguiu depois disso. Mya temeu que não tivesse conseguindo convencer Lady Lysa a lhe conceder um momento com seu tio, mas assim que a mulher falou ela pôde respirar aliviada:

– Pois bem, que assim seja, você terá seu tempo com o anão. – a mulher então sorriu e Mya soube que algo ruim viria disso. – No entanto, meu prisioneiro não poderá sair de sua cela, se quiser falar com ele terá que ser lá.

– Lysa! – Catelyn Stark exclamou surpresa.

– As celas não são lugar para uma mulher grávida. – disse o homem.

– Esses são meus termos e ponto final.

– Pois bem, eu os aceito Lady Lysa.



Harry havia lhe contado um pouco sobre as celas do céu, contudo, uma coisa era ouvir e outra era ver por si própria. Quando o terrível carcereiro Mord abriu a porta ela quase soltou um grito. Dois outros guardas e também Sor Brynden a tinham acompanhado, os homens se olharam temerosos, como se não quisessem que ela entrasse, mas Mya precisava.

Com cuidado ela entrou e se horrorizou mais com as acomodações do lugar. Era uma cela miseravelmente pequena, talvez cinco pés de uma parede a outra e onde, em outros calabouços mais agradáveis, estaria uma parede o piso terminava e começa o céu. O piso ligeiramente inclinado fez suas mãos tremerem e sua coragem diminuir. O vento gelado bateu contra seu rosto a fazendo arfa.

– Mya? – só quando seu tio falou que ela o notou ali. O pequeno homem estava sentado por cima de um lençol fino. – É você mesmo?

– Sim tio, sou eu.

Aproximou-se com cuidado e sentou ao seu lado. A visão do céu aberto lhe causou arrepios.

– Aquela mulher a prendeu também?

– Não, eu pedi para vê-lo.

– Aqui?

– Aqui não era bem onde eu queria, mas foi o que ela me concedeu. – respondeu suspirando. – Sinto muito que esteja preso aqui tio.

Tyrion Lannister soltou uma risada fraca.

– Alguma noticia de Porto Real?

– Mamãe me escreveu, ela está furiosa com o ocorrido.

– Mas não tem nenhum bom plano para me tirar daqui, eu suponho. – Mya abaixou os olhos sem respostas. Tudo o que sua mãe falou foi sobre a desonra, nada sobre como concertar aquele erro. – Não fique assim, sua mãe nunca foi boa em pensar quando está com raiva.

– Tio Jaime juntou alguns homens pelo o que ouvi.

– Decerto tentará me vingar, mas para isso precisarei morrer e a idéia não me agrada.

Mya olhou para a porta e depois aproximou seu rosto do seu tio. O vento ruidoso abafaria suas palavras, ela tinha certeza.

– Existe algo que eu possa fazer?

– Diga-me o que está acontecendo para lá dessas paredes. – ele pediu.

– Muito do que eu sei são ruídos tio, as Terras Fluviais relatam ataques, eles dizem que um homem gigante vem saqueando suas terras e matando seus homens.

– Posso adivinhar quem seja.

Mya nada respondeu, ela gostaria muito que aqueles feitos não fossem ordens de seu avô, mas até mesmo seu tio parecia admiti-lo.

– A tensão é alta, imagino que todos estão tendo um mau tempo em Porto Real.

– Sim, devem estar. – o homem ajeitou-se na cela como se procurasse um modo mais confortável de se sentar. Mya duvidava muito que ele fosse encontrar. – Imagino que isso não ajuda em nada minha causa, mas não tem problema, existe um modo seguro de me tirar daqui.

– Qual seria?

– O rei pode ordenar minha libertação ou mesmo pedir para que ele próprio me julgue. Temo que sua mãe esteja cega pela raiva e não veja a saída na sua frente, mas você pode fazer isso por mim. Eu terei muito mais sorte com um julgamento presidido em Porto Real pelo vosso irmão, a senhora Lysa não tem quaisquer provas sobre o sangue que coloca em minhas mãos, que apresente seu caso perante o Trono de Ferro e os senhores da terra.

De fato um bom plano, mas... Seu rosto ficou sombrio.

– Não lhe contaram tio?

– O que?

– Gendry... Ele foi envenenado no banquete antes do seu casamento. Edric também foi vítima.

Tyrion Lannister ficou em silencio por alguns segundos antes de perguntar:

– Estão mortos?

– Graças aos Deuses não, mas eu sei que todos têm poucas esperanças.

– Então Eddard Stark senta no trono agora?

– A ultima carta de Tommen conta algo diferente. Aparentemente Joffrey se nomeou regente.

Seu tio riu.

– Joffrey, aquele garoto sentando no trono, nem em meus piores pesadelos eu poderia prever isso.

– Joff não é tão ruim assim.

– Você o vê com olhos gentis Mya, mas aquele menino no trono fará um estrago de proporções épicas. – ela achou melhor não responder. – Deuses, quantas coisas aconteceram desde que fui trancafiado aqui?

– Temo que muitas.

– Bem, creio que terei que achar outra saída desse lugar. – o homem então olhou para o céu. – Sempre há outra saída.

– Eu o ajudarei, falarei novamente com Lady Lysa.

– Você pode tentar, mas não acho que vá adiantar muito. – seu tio levou sua mão até sua barriga e deu um discreto sorriso. – Agora vá embora, aqui não é lugar para uma princesa, especialmente nessa condição.

– Eu... Fique seguro. – disse desviando o olhar para a imensidão azul.

Seu tio soltou uma risada parecida com as que ele costumava dar depois de contar uma piada suja.

– Não se preocupe menina, eu não tenho planos de me jogar para a morte, como eu disse, eu aprecio muito estar vivo.


.

.



Tudo estava bem até que foram trancadas no quarto sem motivo aparente.

Sansa observou a irmã correr até a janela e ficar lá por quase um minuto procurando alguma coisa. Depois que não encontrou a menina se virou e disse:

– Apenas guardas Lannister, nenhum do nosso pai.

– Papai deve tê-los chamado. – respondeu sem estar muito certa agora. De fato, esperava que os homens do Norte as estivessem esperando na entrada do castelo, mas ao invés disso, tudo o que viu foi um pátio vazio. – Não se preocupe, em breve voltaram para nos dar respostas.

Arya não a escutou, simplesmente correu até uma das paredes e tocou em uma das pedras como se tocasse em um tesouro.

– O que foi?

– Eles não vão encontrar Agulha, eu a escondi muito bem. – as palavras de Arya não lhe fizeram sentindo, por isso, decidiu ignorar.

– Por que será que escolheram seu quarto? – Sansa se perguntou irritada. Gostaria de estar em meio as suas coisas, não as de Arya. – E Bran... Deuses, nosso irmãozinho está sozinho do lado de fora, espero que o resgatem rápido e tragam também os lobos.

– Pois eu espero que não os encontrem.

– Por que diz essas coisas Arya? – seu tom de voz se elevou e o rosto da sua irmã ficou vermelho.

– O que acha que vão fazer com os lobos sua tola? Vão matá-los.

– Papai jamais permitira.

– E onde ele está agora? Por que fomos trancafiadas em um quarto pelos Lannister?

Sansa desviou o olhar. Ela está certa, uma voz sussurrou na sua cabeça. Desejou ter sua Septã ao seu lado agora, mas os homens a levaram para longe. Não, a rainha disse que eu sou como uma filha para ela, prometeu que me deixaria ficar junto com Edric...

– Se está tão confusa, então vamos pedir respostas.

Ela andou até a porta e bateu.

– Com licença, tem alguém ai fora? – não recebeu nenhuma resposta, então bateu de novo, mas dessa vez conseguiu ouvir um grito de dor não muito longe dali. Sansa deu um salto para trás e Arya se encolheu assustada.

Afastou-se devagar sem tirar seus olhos da porta. Era como se esperasse que a qualquer momento fosse aparecer um monstro terrível pronta para matá-las. Suas mãos tremiam, na verdade, todo seu corpo tremia. Voltou para a cama e sentiu as lagrimas descerem pelo seu rosto. O som do aço continuou do lado de fora, era estranho, pois Sansa cresceu com aquele som ecoando no pátio, não houve um dia em sua vida que não tivesse ouvido duas espadas se cruzando, mas dessa vez... Dessa vez a luta era real. Por que estão lutando? Perguntou-se confusa... E quem estaria lutando? Os guardas de seu pai não foram visto por elas, talvez... Não, parede pensar bobagens.

Elas teriam todas as suas respostas em breve.



Vieram buscá-las no terceiro dia.

Escolheu um vestido simples, de lã cinza-escura, com um corte despretensioso, mas ricamente decorado no colarinho e nas mangas. Foi uma luta abotoar as presilhas de prata sem ajuda, Arya era inútil, ela tinha decidido ficar deitada na cama sem falar nada desde o dia anterior.

– Estou certa de que todos estão bem. – disse para a irmã. – A rainha responderá todas as nossas perguntas.

Sansa ignorou o resmungo da irmã.

Sor Boros Blount, da Guarda Real, veio escoltá-las até a presença da rainha. Ele era um homem feio, com peito largo e pernas curtas e arqueadas. Tinha nariz achatado, bochechas caídas, cabelos grisalhos e quebradiços. Ele trajava o manto branco preso em um broche em forma de leão.

– O senhor está magnífico hoje, Sor Boros. – Sansa lhe disse.

Uma senhora precisava se lembrar da educação.

Arya, por outro lado, pareceu morder a língua ao seu lado para não dizer alguma besteira.

Sansa esperava que Sor Boros as escoltassem aos aposentos reais, mas, em vez disso, foram levadas para a grande sala do Trono. Homens de mulheres da corte estavam todos presentes. A rainha parecia magnífica em seu vestido carmesim, ela estava de pé, ao lado do trono, onde o príncipe Joffrey se sentava com uma expressão séria.

É a cadeira de Gendry. – sua irmã sussurrou irritada ao seu lado.

Sansa procurou pelas Tyrell e também pelo irmão. Tinha esperança de que os tivessem encontrado, mas infelizmente, nem Bran, nem Margaery e sua família estavam ali.

As duas foram colocadas de frente ao trono e fizeram reverencias. Arya a fez de forma desajeita enquanto Sansa foi perfeita.

– Finalmente chegaram, posso finalmente fazer o anúncio. – disse Joffrey. Sansa sentiu o coração pular de ansiedade. – Eu tive a infelicidade de descobrir um traidor entre nós.

Sansa sentiu a mão de Arya apertar a sua.

– Este traidor dizia-se amigo, ou melhor, irmão do meu pai. – quando ouviu as palavras do príncipe, Sansa sentiu estar perdendo o ar. Deuses... – Ele lhe jurou fidelidade, mas tão logo o rei morreu, conspirou contra seus herdeiros.

Joffrey então se levantou e disse:

– Eddard Stark está agora preso pelo crime de traição contra a coroa. Traidores não merecem perdão, eu lhes prometo que ele terá a punição merecida.

Um silêncio pesado caiu no recinto, mas foi quebrado pelo grito de Arya.

Mentiroso! – sua irmã esbravejou. – Seu mentiroso estúpido, meu pai não é traidor.

Sansa a olhou com terror. Joffrey disse alguma coisa a Sor Boros que se aproximou das duas e então empurrou Arya. O homem podia ser feio, mas tinha sua força. O empurrão fez Arya cair no chão, mas não tirou o fogo dos seus olhos. Sansa estava tão chocada com aquilo que quase não se moveu. Como poderiam fazer isso? Um verdadeiro cavaleiro jamais agrediria uma dama, seu juramento não permitia. Ela vai acabar se matando, antes que a menina pudesse dizer alguma coisa, Sansa correu e a abraçou.

– Fique quieta. – sussurrou baixinho. – Ou então vão batê-la de novo. – sentiu uma mão lhe agarrar o braço. Antes que fosse puxada ela pediu – por favor, fique quieta.

Quando voltou a olhar para o trono notou que Joff tinha o rosto vermelho de raiva. Sansa se ajoelhou rapidamente.

– Eu sinto muito pela minha irmã alteza, ela está chocada com essa noticia. Temo estar também, meu pai amava o rei como um irmão, ele jamais faria isso.

– Robert pensava assim. – a rainha respondeu. – Essa traição teria partido seu coração. Os deuses foram bondosos por o terem levado antes. Infelizmente criança, nós temos provas de que seu pai conspirou contra os filhos do rei.

Ele nunca faria isso!

Sansa olhou para Arya preocupada. Felizmente dessa vez ninguém moveu um dedo contra ela.

– Certamente deve haver um engano. Meu pai não cometeria traição.

– Temo que não exista nenhum engano. – a rainha respondeu.

– Semente de traidor é suja Vossa Graça. – o Grande Meistre Pycelle disse. – A traição lhe é natural, por isso defende tanto o pai.

Sansa sentiu as lagrimas voltarem. Havia prometido a si mesma que não choraria, mas agora, todas as suas promessas pareceram tão fracas e infantis. Ser uma senhora sempre, não chorar, nunca perder a educação...

– São apenas crianças Meistre, certamente não sabiam das maquinações do pai. – disse Lorde Petyr Baelish.

– Pobre Edric... Quando acordar terá uma terrível decepção. – falou a rainha. – Como eu poderia permitir que meu filho se case com a filha de um traidor?

Não! Eu o amo, eu juro que o amo, nunca irei traí-lo. Nunca.

Os cochichos voltaram. A platéia que assistia aquele terrível espetáculo fazia seus comentários. Sansa podia ouvir alguns dizendo que ela já não era mais indicada a se casar com o príncipe Edric. Ela amava Edric e ele a amava de volta, não era justo.

– Pare com esse seu choro. – Joffrey ordenou de forma rude. Sansa assustou-se, mas conseguiu engolir os soluços. – Levem-nas de volta para o quarto.



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Notas finais do capítulo

Desviando nas possíveis pedras.
Eu gostaria de deixar todo mundo feliz e saudável, mas que graça teria, não é mesmo?
Comentários são apreciados :)
Beijos ;*



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