Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 22
21


Notas iniciais do capítulo

Bem, estive em semana de prova. Tive que estudar e de quebra fazer três trabalhos monstros, mas finalmente estou livre e cantando let it go pelo mundo.

Bem, preciso dar uma corridinha na narrativa, pois coisas precisam acontecer para finalmente entrarmos em uma nova "fase" da historia. Por isso já nesse capitulo eu adiantei algo que eu planejava escrever mais para frente. Talvez teremos um pequeno salto no tempo em breve, nada de anos tá, tipo, um ou dois meses.

Beijos ;*



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Naquela noite ela sonhou com o Rochedo Casterly.

Não tinha estado muitas vezes na casa da sua mãe, mas Bella lembrava-se de todos os detalhes. O salão de entrada tinha paredes esculpidas com grandes leões imponentes e havia uma enorme tapeçaria vermelha que remontava tempos de conquistas e glorias. Esse é Lann querida, sua mãe tinha lhe dito apontando para o homem dourado que tinha sido bordado com fios de ouro. Bella conhecia a historia – era sua predileta –, o homem que roubou o Rochedo da família Casterly usando apenas a sua inteligência, ela sonhava em ser tão esperta quando o seu ancestral. Ele também roubou o brilho do sol para colorir os seus cabelos, seu tio Jaime complementou enquanto bagunçava os seus fios negros. Na época Bella desejou poder roubar o brilho do sol também.

Além da tapeçaria, havia estatuas de leões que eram maiores do que ela. Gendry não gostava, dizia que pareciam vigiá-los, mas Bella havia ficado encantada.

Ela estava de volta ao salão, mas tudo estava vazio. Apenas a tapeçaria ficou, contudo Bella não a achou magnífica como costumava achar, Lann a olhava de uma forma estranha, quase assustadora. É apenas um sonho estúpido, ela andava tendo muito desses.

Na passagem pelo o Gargalo – aquele lugar terrível –, ela teve sonhos com os irmãos e também com lobos. Primeiro ela viu Mya casando-se com um rapaz bonito, depois ela viu seu irmão casando com Margaery e colocando uma coroa dourada na sua cabeça, Edric também apareceu, estava de braços dados com Sansa que parecia estar ainda mais bonita. Até seus irmãos menores apareceram com alguém, Joffrey e Tommen estavam de mãos dadas com duas garotas parecidas e Myrcella sorriu para um jovem de rosto agradável. Todos eles estavam felizes. Logo depois ela se viu, estava de braço dado com alguém que ela não podia ver o rosto. Parecia tão amarga quanto à sua mãe em seus piores dias.

O segundo sonho foi com lobos. Era uma alcatéia que a cercava em uma floresta coberta de neve. Você é uma de nós agora, o maior deles trazia um manto e colocava em sua cabeça. Em seguida Bella sentia seu corpo se transformar e antes que pudesse dizer nada ela havia se tornado uma loba.

Pelo menos aqui não há lobos. Apenas leões.

– Bella?

A voz da sua mãe a chamou e ela atravessou o salão de entrada e parou em outro cômodo muito maior do que o anterior. As paredes vermelhas lhe eram vagamente familiar e as enormes janelas iluminando parte do ambiente trouxe algumas poucas recordações. Era como se aquele lugar fizesse parte de uma memória há muito tempo esquecida.

– Mãe? – Chamou.

Mas não houve resposta.

Foi então que notou duas camas na frente da grande lareira. Incrivelmente, não foi o fato de ter duas camas ali que a surpreendeu e sim o fato delas estarem cobertas por colchas verde musgo com veados dourados bordados.

Bella se viu obrigada a se aproximar.

Quando o fez notou que havia duas pessoas deitadas.

Seu coração saltou no peito. Na primeira cama estava seu gêmeo, Gendry. Ele vestia roupas negras com o símbolo dos Baratheon bordado no peito. Seus cabelos negros pareciam maiores e uma coroa dourada adornava sua cabeça. Ela tocou o seu rosto e tentou acordá-lo. Não adiantou.

Na outra cama estava Edric. Ele parecia sereno, como se estivesse sonhando com algo bom. Ela andou até o irmão menor e o sacudiu.

– Acorde Edric.

Também não funcionou.

– Vamos Edric, sou eu Bella, acorde. Vamos para a biblioteca ler. – Nenhuma resposta.

Nesse momento ela começou a ouvir vozes. Ajoelhada ao lado de Edric estava o espectro de Sansa Stark, não podia vê-la direito, era como se sua imagem estivesse em segundo plano. Mas Bella podia ouvir os seus lamentos. Na cama de Gendry a imagem de uma mulher loira depositou um beijo na testa do seu irmão e então outra, de cabelos castanhos encaracolados e olhos de corça, passou os dedos pelo o rosto do seu irmão, mas ela parecia quase irritada.

– Princesa?

Uma voz suave lhe trouxe de volta a realidade.

Jeyne Poole a encarava com seus grandes olhos castanhos. A menina parecia um tanto receosa de estar ali, vestia um vestido azul escuro e seus cabelos foram deixados soltos – aparentemente, aquela era a moda nortenha.

– Já passou do meio dia princesa, a Senhora Catelyn temeu que vossa alteza estivesse doente.

Bella revirou os olhos. Uma princesa não podia mais dormir?

– Diga que já estou descendo.

– Precisa de ajuda para se arrumar?

– Não.

E a menina partiu.

Jeyne tinha sido uma boa escolha. Quando seu tio citou Myrielle, Bella quase teve um infarto. Não iria agüentar ter aquela garota irritante lhe rodando todo santo o dia. A menina Poole, mesmo que de baixo nascimento, parecia ser dócil o suficiente para obedecer a seus comandos.

Bella andou até seus baús e tirou um bonito vestido azul com longas mangas. O tecido grosso lhe aqueceria e combinaria com suas peles. Ela vestiu-se e deixou os cabelos soltos, Mya sempre dizia que seus cachos eram bonitos demais para serem presos. Por fim colocou uma jóia discreta, um cervo prateado.

Quando saiu do quarto encontrou Sor Balon a esperando com seu manto branco como leite. A princesa se perguntava se ele ficaria com ela para sempre. Provavelmente não, assim que se casasse, Sor Balon deveria voltar para Porto Real. Afinal, que serventia ele teria naquele lugar onde nada acontecia?

– Bom dia Sor.

– Está um bonito dia princesa.

Ele a lembrou de Sor Arys Oakheart, o seu cavaleiro predileto. Além de bonito e gentil, era consciente do seu dever e sempre tinha uma fofoca da corte para compartilhar. Bella gostava quando Sor Arys a acompanhava em seus passeios. Era extremamente agradável conversar com ele.

Diferente de Sor Arys, Sor Balon não tinha muitas fofocas, mas era tão gentil quanto o mais velho.

Desceram as escadas e atravessaram alguns corredores até chegar ao salão onde o desjejum devia ter sido servido. Agora não havia ninguém na mesa e sua barriga roncou. Bella corou, uma princesa não deveria fazer isso.

– Irei providenciar algo na cozinha princesa.

– Obrigada Sor.

O cavaleiro partiu e ela sentou-se. Aquele lugar parecia ainda mais cinza na luz do dia. As paredes se erguiam de maneira imponente, mas não podia ser comparado com a Fortaleza vermelha. Um suspiro escapou dos seus lábios. Você vai ter que aprender a gostar daqui, afinal, esse seria seu lar para sempre.

E pensar que ela poderia ter se casado com qualquer outro. Talvez com o herdeiro da Campina – irmão daquela rosinha insolente –, não tinha nenhum amor especial pelos Tyrell, mas ela se lembrava das bonitas historias sobre o lugar. Campos de rosas que perdiam a vista, frutos tão doces que faziam sua boca derreter, músicos e bardos cantando suas canções nas ruas. Parecia um bom lugar para se viver.

– Princesa.

Ela reconheceu aquela voz.

Robb Stark entrou no salão segurando um longo arco. Ele tinha os cabelos da cor do fogo e olhos azuis como o céu límpido. Era bonito, ela tinha que dizer, não do jeito que esperava que um nortenho fosse, mas bonito o suficiente. Não parecia em nada com Gendry, era forte, mas não tinha o porte do seu irmão, seu olhar era mais sereno, diferente do mar revolto que ela sempre via ao observar os olhos do seu gêmeo.

– Bom dia.

– Devo pedir algo nas cozinhas? – Perguntou o rapaz ao se sentar na sua frente. – Imagino que não tenha comido.

– Sor Balon já foi providenciar algo. – Ela sorriu. Seja agradável como uma flor. – Sinto muito me demorar tanto na cama, mas a viagem foi bastante cansativa.

– Não há problema. Deve descansar o quanto achar necessário.

Ela sorriu novamente e dirigiu os olhos em direção da entrada, uma cabeça chamou sua atenção. Era uma menina e assim que viu que foi notada saiu correndo.

– Quem era?

– Roslin Frey. – Ela se lembrava de ter sido apresentada a alguém com esse nome, mas sinceramente, não sentiu que devia dar importância. – Uma protegida da minha mãe.

– Adorável. – Bella se perguntou se ele sentiu o sarcasmo na sua voz.

Uma criada tímida se aproximou com uma bandeja de madeira. Encima dela havia dois pedaços de bolo, frutas, mel e um cálice de vinho. O cheiro fez sua boca se encher de saliva. Teria preferido carne, mas aquilo já estava de bom tamanho. Quando a garota foi embora Robb voltou a falar.

– Eu gostaria de saber se você teria alguma objeção em se casar em frente ao represeiro. – A pergunta a pegou de surpresa. – Nós ainda nos casaremos no Septo, não se preocupe.

– Bem, por que não? – Os Stark adoravam os Antigos Deuses e ela sabia uma coisa ou duas sobre essa religião. Sua mãe certamente não aprovaria, mas Bella não se importava.

Dessa vez foi ele quem sorriu.

Ele tinha aquele tipo de sorriso das canções.

Talvez não fosse nenhum martírio casar com ele. Claro que ela teria de ignorar o fato de ter que ficar enterrada naquele lugar o resto de sua vida.

Novos passos chamaram sua atenção. Era a mesma menina de antes, mas agora ela não se escondia.

– Vossa mãe o chama Robb.

Robb? Quando foi que essa coisinha minúscula ganhou tanta intimidade?

Ela é bonitinha, mas nada que chamasse a atenção de ninguém. Ela olhou para o prometido e o viu responder a menina com o mesmo sorriso que havia lhe dado antes. Ela podia ser uma coisinha minúscula, mas homens não faziam muita distinção a isso.

– Obrigado Roslin. – Ele se despediu e saiu. A menina olhava o rapaz se afastar com as bochechas coradas e a mão no peito.

Lembrou-se das amantes horrendas que seu pai tinha. De como ele as levava para seu quarto e desonrava o nome de sua mãe tão abertamente.

Isso não iria acontecer com ela, não deixaria aquela garotinha Frey desonrar o seu nome.


.


.



Jon segurou as mãos de Joy e recitou as palavras que já tinha memorizado na cabeça.

Seu coração batia acelerado e sua mente divagava se aquilo não era um erro terrível. Mesmo se fosse ele teria de prosseguir, Lorde Stark foi bastante claro quando disse que ele deveria partir para seu novo lar o mais breve possível. Tomar conta do lugar, construir uma vida... Longe de Porto Real.

Seu pai andava estranho e uma sensação ruim lhe apertava o peito. Sonhos confusos o faziam acordar de noite suado e agitado. Sonhava com Sansa chorando, com Arya machucada e com o pequeno Bran tremendo de medo em um lugar escuro. Algo lhe dizia que ele seria necessário ali, mas ele jamais desobedeceria à ordem do seu pai.

O Septão disse algumas palavras e Joy se inclinou para beijá-lo. Jon encostou rapidamente seus lábios nos dela e ouviu, com as mãos tremendo, as palmas que as pessoas presentes batiam.

A pequena festa ocorreu no pequeno salão da Torre da mão, uma sala longa com o teto abobadado e espaço para duzentas pessoas. Não havia gente suficiente para encher o lugar, mas era o bastante para deixá-lo desconfortável. Ele e Joy sentaram lado a lado enquanto alguns presentes lhes foram dados. Uma lança de ótima qualidade do príncipe Oberyn Martell e um bonito tecido da amante do mesmo. Os Lannister presentes colocaram um pequeno baú cheio de outro e pedras preciosas encima da mesa e os Tyrell deram tecidos caros que fizeram os olhos de Joy se enxerem de brilho.

Sansa não agüentava em si de felicidade. Bordou um lobo negro em um lenço branco e lhe entregou.

– Quando eu me casar irei visitá-lo com Edric.

– Você será sempre bem vinda.

Depois veio Arya. Ela estava irritada por ele partir, tinha lhe implorado para ficar no dia anterior, mas Jon cumpriria o seu dever, mesmo com todas as lagrimas da sua irmãzinha.

– Eu que fiz. – Ela colocou um lenço maior que o de Sansa, também havia bordado um lobo, ou algo parecido com isso.

Jon notou que seus dedos estavam cheios de curativos.

– Obrigada irmãzinha.

A menina se virou sem responder. Ainda estava irritada.

Joy colocou a mão no seu braço e sorriu. Ela estava bonita. O vestido tinha pertencido à outra pessoa e foi ajustado as pressas, seu cabelo dourado foi preso em uma redinha com pequenas esmeraldas e seus olhos brilhavam como duas pedras preciosas.

– Ela vai ficar bem.

– Eu sei.

– Estou ansiosa para conhecer o Norte.

– Não vai sentir falta daqui? Ou da sua casa?

– Porto Real nunca foi um lugar muito agradável com bastardos e eu sempre fui solitária no Rochedo. Vou sentir falta das minhas primas, mas eu vou adorar começar essa nova caminhada ao seu lado. – Ela corou. – Vou finalmente conhecer a neve.

Ela era gentil e verdadeira, não tinha aquele ar de segundas intenções que a princesa Bella carregava. Balançou a cabeça afastando a Baratheon de seus pensamentos, ela pertencia ao seu irmão agora, já devia ter chegado ao Norte.

A voz de Sansa encheu o salão e Joy levantou-se querendo uma dança.

– Filho, posso falar com você um instante? – Seu pai se aproximou com o rosto solene e nada mais que um fantasma de um sorriso nos lábios.

– Claro. – Ele olhou para a esposa. – Dançarei mais tarde.

– Tudo bem. – Ela tentou esconder a decepção.

Andou ao lado do homem até uma parte mais quieta. Dali podia observar os casais dançando, os homens bebendo e as mulheres fuxicando.

– Estou orgulhoso de você Jon. Você terá uma boa vida, leve o ouro que ganhou no torneio e construa uma família. – Jon acenou positivamente. – Eu quero que saiba que eu não estou lhe mandando para o Norte por que não o quero aqui, estou fazendo isso pela sua segurança. Existem coisas que você não entende ainda... O lugar dos Stark é no Norte.

– As meninas e Bran vão continuar aqui.

Ele não quis parecer chateado.

– Talvez não por muito tempo.


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Harry a encontrou no pátio observando as estrelas.

– Vossa alteza não estava gostando da festa?

Ela apenas o olhou sem falar nada. O rapaz do Vale devia estar atrás de uma resposta.

– Fiz algo errado?

Não, mas estaria ela prestes a fazer?

– Sim.

– Sim? – Ele a olhou nervoso. – O que?

– Não é isso... Sim para a pergunta pela a qual você vem me importunando há semanas.

– Espera, quer dizer que...

Harry sorriu e a abraçou. Seu coração bateu rápido e ela se amaldiçoou por isso. Cerenna estava certa quando disse que ela não iria fugir do seu destino para sempre, é melhor que a escolha parta de você, sua irmã não teve a mesma sorte, o Vale era um lugar bonito, segundo contavam, e despertava um estranho fascínio na garota. Quando pequena costumava sentar aos pés de Jon Arryn e ouvir todos os tipos de historias.

Mya poderia escolher a sua futura casa e o seu futuro marido, seu pai não lhe negaria isso, não agora em tempos de paz. Harry tinha seus defeitos e um ego que ultrapassava os muros de Porto Real, mas também conseguia fazê-la rir e no fundo tinha um bom coração.

– Você é livre agora, não há necessidade de uma aliança no momento, sua irmã já saciou a vontade do seu pai, mas paz não dura para sempre. Qualquer coisa pode acontecer amanhã e talvez você seja obrigada a fazer juras para alguém de quem nunca vai gostar e ir morar em um lugar que nunca será seu lar para salvar sua família. – Sua prima disse naquele mesmo dia, assim que a manhã nasceu. – Aproveite enquanto pode, nunca foi dada essa chance a maioria das moças.

– Amanhã mesmo irei fazer o pedido ao Rei. – Ele se levantou e a levou junto. – Vamos dançar.

– Espere... – Pediu assim que notou Cerenna a observando de longe. – Vá para dentro que eu já entro.

Harry a obedeceu. Depositou um beijo na sua testa e foi para a Torre da mão. Sua prima se aproximou com um sorriso. Vestia o vermelho dos Lannister e tinha os cabelos presos em uma trança.

– Você disse sim.

– Está feliz?

– Claro. Espero que seu futuro seja brilhante no Vale. – A mão da loira se ergueu tocando o seu rosto. – Espero que tenha um casamento cheio de amor e todas aquelas coisas bobas que cantam nas canções.

– Você sabe que ele não se aproximou de mim por amor.

– Com certeza não, mas eu já lhe disse que ele te olha de uma forma diferente agora, Harry gosta de você e você gosta dele, talvez não seja amor, mas é um inicio. – Ela lhe deu um demorado beijo no rosto e quando se afastou olhou diretamente nos seus olhos. – Ele será um tolo se não amar você.

Mya riu.

– Se ele for mesmo um tolo, bem, acidentes acontecem o tempo todo.

– Você é inacreditável.

– Que graça teria se eu não fosse?


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Notas finais do capítulo

Comentários? Não? Sim?
Desculpem os erros que passaram por mim.
Beijos ;*