Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 11
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Cersei não sabia por que decidiu ir até lá, era como se uma força maior do que ela a puxasse até aquela maldita casa no coração de Porto Real. Vestida com roupas de criada e um capuz negro escondendo a face, a Rainha se sentou na cadeira e encarou aquela mulher de sorriso ambíguo.

A mulher não era velha como aquela que lhe disse sua profecia, mas era tão horrenda quanto. Seu rosto era marcado por uma mancha negra que cobria toda sua bochecha esquerda, duas verrugas adornavam sua face, uma na testa e outra no nariz e seu lábio inferior era rachado por causa de uma cicatriz. Chamavam-na de Tallia, mas a mulher se autodenominava Hera.

– Vossa Graça. – Sua voz era grossa e capaz de causar arrepios no mais valente dos homens. – Eu sabia que viria.

– Como poderia saber?

– Eu sempre sei. – Na mesa de madeira comida por cupins, a mulher estendeu a mão calejada, - dê-me sua mão Vossa Graça.

Cersei hesitou, mas então o fez.

– O que quer saber.

– Você sabe o que eu quero.

– As respostas não mudam só por que uma pergunta foi feita diversas vezes, - os olhos negros da mulher fitaram os seus por longos segundos até que voltaram para palma da sua mão. – Sabe o preço minha Rainha.

Sangue. Com uma faca a mulher cortou o seu dedo e deixou três gotas caírem em um cálice prateado.

– Meus filhos...

– Marcados pelo o pecado, todos eles, até os que vieram do sangue do veado. – A mulher apertou sua mão até que começasse a doer. – O sangue pinta as paredes da Fortaleza Vermelha, sangue de Rei, sangue de príncipes e sangue de Lordes.

Rainha será… até chegar outra, mais nova e mais bela, para derrubar você e roubar tudo aquilo que lhe for querido.

Maggy a rã disse na sua cabeça.

– A morte espreita no salão... Ela está tão perto... Tão perto... – Um arrepio correu pelas suas costas. – O segredo... Alguém sabe o segredo, alguém sabe do vosso segredo.

– Qual segredo? – A mulher demorou a responder, mas quando o fez Cersei desejou nunca ter perguntado.

– Alguém sabe que seus filhos menores não passam de bastardos.

Seus olhos brilharam de raiva.

– O que você diz sua mulher tola. – Ela elevou a voz. – Eu posso mandar contar sua língua por tal mentira.

– Vossa Graça pode cortar minha língua ou até mesmo minha cabeça, mas a verdade não muda, ela nunca muda, seus filhos são fruto do incesto. – Sua mão tremeu por um instante. – Não é a mim que a senhora deve temer, quem acreditaria em alguém como eu? Iriam me chamar de bruxa e mentirosa. Entretanto alguém com mais credito, alguém a quem todos iriam escutar... Ele sabe, oh, ele sabe.

Ele... Cersei era cuidadosa, especialmente quando se tratava de Jaime. Jon Arryn sabia, mas o segredo morreu junto com ele. Quem mais poderia saber?

– Um homem que carrega a honra acima de qualquer coisa.

– Dê-me um nome.

– Não funciona desse jeito Vossa Graça... – Cersei queria cortar a cabeça daquela mulher e colocar nos muros do castelo. – Mas eu vejo algo junto a ele, um lobo... Sim... Eu vejo um lobo.

Lobo. Stark. Eddard Stark era um homem que colocava a honra acima de tudo, talvez alguém a quem os outros ouviriam... Especialmente seu marido, Robert acreditaria em qualquer coisa que o Stark dissesse.

– Todos os seus filhos serão questionados.

– Impossível. Os mais velhos são claramente filhos de Robert.

– Os homens acreditam no que querem...

Seu coração começou a bater rápido.

A traição está enraizada na sua semente, a traição e o pecado. A historia vai se repetir e a dor é o único fim que vão conhecer. A voz de Maggy disse novamente.

– Não deixarei isso acontecer, eu mesma vou cuidar disso. – Como ela sempre fez todos esses anos.

– Um destino uma vez traçado é difícil de ser alterado.

– Eu sou uma Lannister bruxa.

A Rainha levantou-se da cadeira pronta para partir, mas assim que virou de costas a voz da mulher voltou a soar; desta vez havia algo diferente... Algo que a fez arrepiar de novo.

– Uma mulher vermelha dança nas chamas e as sombras dançam ao seu redor... Ela sussurra verdades e mentiras enquanto gritos de dor ecoam pelas paredes negras... Vejo uma menina bonita e vejo o veneno escorrendo dos seus lábios... Dois garotos correm perdidos por uma floresta enquanto seus corações estão destinados a bater como um, mas o horror é tudo o que tem no fim da estrada... O fogo queima... O fogo queima até não deixar mais nada.

Cersei encarou a mulher que parecia estar em um transe.

– O que foi isso?

– O futuro Vossa Graça... – Até mesmo ela parecia assustada. – E ele é ruim.


.

.



– Você dormiu com ela.

– Não.

– Você dormiu com ela.

Gendry colocou a mão na testa sentindo a cabeça latejar.

– Não minta para mim, não ouse mentir para mim. – Bella gritou e então jogou uma taça vazia na sua direção. Ele desviou no ultimo instante. – Eu sei que ela esteve aqui, no seu quarto, antes do casamento, de noite.

– Eu não dormi com ela Bella.

– Acha que eu sou burra? O que diabos ela veio fazer aqui de noite? Jogar cartas? - Outra taça, essa quase lhe atingiu na cabeça – Você já colocou um bebê dentro dela? Aposto que sim.

– EU NÃO FIZ NADA.

Ela parou der repente e ficou quieta. Parecia surpresa e não sem motivo, em todos os quase dezessete anos de vida, Gendry podia contar nos dedos às vezes em que gritou com ela.

– Eu... Eu não fiz nada, eu juro. – Ela não respondeu então ele continuou. – Margaery esteve no meu quarto, mas nós apenas conversamos. Ela disse que queria passar um tempo sozinha comigo, conhecer aquele que será seu futuro marido, apenas isso.

– Ela não tentou te levar para a cama?

Sua garganta estava implorando por um pouco de vinho.

– Não. – Mentiu.

Ela havia insinuado uma coisa ou duas, mas o príncipe achou sábio não revelar isso para a irmã.

– Você sabe que é inevitável, na noite de núpcias eu irei me deitar com Margaery e produzir um herdeiro para o trono. – Ela sabia, mas sua irmã sempre foi boa em ignorar as verdades das quais não gostava.

– Você gosta dela?

– Ela é uma boa garota, gentil... Ela me levou para a baixada das pulgas, nós fomos a um orfanato e você precisava vê-la com as crianças e também com os adultos, nem sequer se importou em sujar o vestido, todos a amaram.

– Você a levou em um de seus passeios secretos, não foi?

– Sim.

– Um tolo, é isso o que você é, não vê o que ela está fazendo? – Gendry revirou os olhos para mais um ataque de raiva da irmã. – Margaery está lhe seduzindo e também aos nossos irmãos; os gatinhos que ela deu a Tommen, as cavalgadas com Mya, as conversas sobre livros com Edric, até mesmo na noiva do nosso irmão ela está querendo colocar suas mãozinhas...

– Não seja ridícula, Margaery está apenas sendo gentil com a futura família.

– Você está pensando que ela te ama? É isso? – Bella riu alto jogando a cabeça para trás, - seu idiota, ela ama a coroa que você vai botar na cabeça dela quando o nosso pai morrer.

– Já chega com essa estupidez Bella, não vou permitir que você fale assim da minha noiva.

Pela a segunda vez ela ficou quieta, mas agora não havia nenhum traço de surpresa no seu rosto, apenas raiva.

– Que sejam felizes.

Bella saiu apressada batendo a porta e ele sem pensar socou a parede e saiu do quarto logo depois. Do lado de fora Sor Preston Greenfield estava pronto para acompanhá-lo. Preston era baixo e seus cabelos loiros formavam uma tigela na sua cabeça, era um cavaleiro habilidoso com a espada, mas nem de longe seria o melhor que Gendry já viu.

– A Senhora Margaery esteve aqui meu príncipe, momentos antes da princesa Bella sair de vossos aposentos.

– O que ela queria? – Perguntou enquanto caminhava. Espero que não tenha ouvido a minha irmã.

– Ela não deixou nenhum recado meu príncipe, apenas foi embora quando eu falei que a princesa estava em seus aposentos.

Gendry suspirou. Falarei com ela mais tarde.

O príncipe saudou os homens e mulheres da corte que passaram pelo o seu caminho e sorriu ao ver Myrcella brincando com um dos lobos Stark, sua irmãzinha não lembrava em nada a menina assustada que correu ao ver aquelas criaturas chegarem a Fortaleza.

– Pensei que todos estivessem nos canis. – Ele falou chamando a atenção da menina.

– Papai permitiu que Verão saísse, – ele então notou Bran escorado em uma das pilastras no pequeno pátio interno. – Eles estão crescendo muito, logo não vão mais poder ficar nos canis de qualquer maneira.

E isso seria um problema, especialmente para sua mãe.

– Os lobos são obedientes, eles não vão fazer nada. – O garoto Stark disse como se tivesse adivinhado o que ele estava pensando.

– Eu devo ir, – Myrcella o reverenciou e o garoto Stark apenas acenou com a cabeça, - até mais tarde Cella.

De longe ele viu Tyrek Lannister olhar para sua irmãzinha. Ela está crescendo, mais rápido do que o príncipe gostaria. Primo ou não ele vai precisar se lembrar de como é apropriado olhar para uma princesa, Gendry cuidaria de Tyrek mais tarde.

Voltou a caminhar, atravessou um corredor imenso e subiu um lance de escadas.

– Para onde estamos indo meu senhor?

– Estou apenas caminhando.

Qualquer lugar em que eu possa esquecer quem eu sou por alguns instantes.

– AI.

O grito o sobressaltou.

– Merda. Merda. Merda.

Ele conhecia aquela voz.

– Droga de gato.

A voz vinha de um pequeno salão usado por alguns cortesãos para pequenas comemorações. Arya Stark estava sentada do lado de uma pilastra com as duas mãos envolvendo o pé direito. Ela vestia um vestido azul surrado e seus cabelos negros foram presos em um coque no alto da cabeça.

– É a filha da Mão. – Sor Preston comunicou. – Está bem Milady?

A garota se assustou ao vê-lo ali.

– Não me chame assim. – Respondeu com a teimosia que Gendry lembrava.

– Mas...

– Não se preocupe com ela Sor Preston, Lady Arya prefere ser chama de loba ou talvez de selvagem.

– Eu não sou uma selvagem!

– Vá buscar alguém para ajudá-la Sor e eu ficarei de olho nela.

O homem partiu deixando os dois sozinhos.

– O que você fez? – Perguntou enquanto se aproximava.

– Eu tropecei enquanto tentava pegar o gato.

– E por que você estava tentando pegar o gato? – Ele se abaixou e delicadamente tocou no pé da garota. Ouviu quando uma exclamação de dor saiu dos seus lábios, mas a menina parecia orgulhosa demais para dizer que estava doendo. – Acho que você vai ter que parar de perseguir gatos inocentes por um tempo.

– Nem machucou tanto.

– Você é bastante teimosa Lady Arya, vai acabar se metendo em problemas por isso.

– Alguém já me falou isso.

– Talvez devesse escutá-lo. – Um sorriso formou nos seus lábios quando viu a menina revirar os olhos. – Como pretende se casar desse jeito?

– Eu nunca vou casar, nunca.

– Acho que está certa – Arya levantou os olhos e o encarou curiosa, – que homem seria louco o suficiente para querer casar com você?


.

.



– Disse o que devia dizer?

– Sim, meu senhor. – O homem jogou o saco de moedas que ela prontamente pegou.

Ele riu, chegava a ser fácil demais.

– Sei que o senhor não acredita, mas nem tudo o que eu falei foi falso, – a mulher sorriu o mais horroroso dos sorrisos. Uma mulher feia não serve para prostituta, mas pode facilmente enganar os idiotas que acham que podem vencer o destino. – O futuro é negro para aqueles que residem na Fortaleza Vermelha, mesmo para o senhor.

– Eu não lhe paguei por uma consulta bruxa.

A mulher riu, parecia um passarinho engasgando.

– Tenho pena daquelas crianças, – ele quis revirar os olhos, – a sua ganância vai custar caro para muita gente, inclusive você. Os Deuses cobram o preço dos nossos pecados, não importa o quanto você fuja, eles sempre cobram.

Avançou nela e sua mão rodeou o seu pescoço. A mulher o olhou assustada enquanto tentava se livrar do aperto.

– Guarde sua ladainha para quem acredita bruxa.

Quando a soltou ela se afastou como um gato amuado.

– Deuses não existem mulher, eles nunca existiram.




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Notas finais do capítulo

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