Os sete filhos da rainha escrita por Florrie


Capítulo 10
9


Notas iniciais do capítulo

Não pensava em colocar esses pontos de vista agora, mas então eu comecei a escrever e eles vieram kkk ... Quase como um capitulo extra.



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Ele sonhou outra vez com Jeyne Poole.

Desta vez foi quase como uma memória. Ele voltou ao dia em que a encontrou sentada na margem do lago de águas tão negras quanto ébano, perto da árvore-coração. Theon decidiu ir até o bosque sagrado por um estranho impulso, sua família adorava o Deus Afogado, mas no Norte os únicos Deuses que escutavam eram os Antigos. Quando chegou se surpreendeu em ver aquela garota ali e quase não a reconheceu sem sua companheira Sansa Stark.

A garota Poole, assim como a filha mais velha de Lorde Stark, preferia a cultura do Sul e sempre rezava no Septo para os Sete – nunca para os Antigos.

– O que você ta fazendo aqui? – Ele perguntou.

– O que você está fazendo aqui? – Ela rebateu.

Theon acordou amaldiçoando todos os malditos Deuses que colocavam tais besteiras em sua cabeça.

Era bem verdade que depois daquela tarde gelada em que a encontrou no bosque houve outros encontros. Inicialmente foram frutos de estranhas coincidências, um dia em que ele a encontrou nos estábulos, outro em que ele a flagrou encarando a grama coberta por uma neve de verão no lado de fora dos muros de Winterfell... Ambos trocavam poucas palavras, mas com o tempo as palavras tornaram-se frases que se tornaram conversas.

– Vou lhe contar um segredo. – Eles estavam no topo de uma torre inativa. Sua capa forrava o chão e os dois estavam sentados encarando a parede. – Torta de limão não é minha comida predileta, não que eu odeie, mas não acho tão boa assim.

– Você e Sansa só comem isso.

– Eu disse a ela que era minha comida predileta também. – Os dois riram.

– Eu sou uma porcaria lutando com uma lança.

Ela o encarou sorrindo.

– Pensei que você fosse bom em tudo.

– Quase tudo.

Ninguém nunca soube daqueles encontros secretos. Ele nunca contou para Robb e Jeyne nunca mencionou nada para Sansa. Não que houvesse o que contar, tirando alguns ocasionais beijos rápidos e flertes inocentes, nada aconteceu. Theon não iria se arriscar em engravidar a filha de um vassalo de Eddard Stark e ele – surpreendente – gostava das conversas com Jeyne, não queria estragar isso.

Nem mesmo quando ele passou a ocasionalmente sonhar com a garota Poole enroscada nele na sua cama.

– Em Porto Real tem bailes e torneios como nas canções, – eles estavam de volta à torre que ninguém usava, nas vésperas da viagem de Lorde Stark para a capital dos Sete Reinos. – Minha mãe até costurou um vestido novo para mim, todo verde com flores bordadas.

Jeyne estava animada com a idéia da viagem. Theon nem tanto, ver a garota partir o incomodava mais do que ele jamais iria admitir.

– Vai sentir minha falta? – Ela perguntou. – Vamos, responda.

– Não. – A garota não ficou triste ou preocupada com sua resposta, ela apenas riu.

– Eu sei que vai.

– Você não sabe de nada.

– Eu também vou sentir sua falta. – Ela agarrou seu rosto com as duas mãos e lhe deu um beijo que durou mais do que os outros. Quando se afastou suas bochechas estavam coradas. – Eu devo ir.

Aquele foi o ultimo beijo entre eles.

Dois dias depois ela partiu junto com a comitiva do Norte e os sonhos com Jeyne passaram a atormentar suas noites.

– Theon? – As batidas na porta o lembraram do mundo exterior. – Vou levar Rickon para a floresta, você vem?

– Dê-me um minuto.

O Greyjoy colocou suas vestes e saiu do quarto dando de cara com Robb.

– Vamos?

– Você não costuma dormir tanto, estava sonhando?

– Não é da sua conta Stark, vá se preocupar em imaginar sua noiva Baratheon e me deixe em paz. – Ele pretendia que aquilo saísse como uma brincadeira, mas sua voz saiu em tom ácido.

– O que foi que te mordeu hoje?

– Nada que uma boa mulher na minha cama não possa resolver.


.

.




Russell Merryweather tinha os traços bonitos da mãe e o cabelo laranja do pai. Os dois foram apresentados quando a comitiva Tyrell chegou a Fortaleza Vermelha, Tommen não gostou dele na primeira vez que o viu. O garoto o tinha visto em um momento vergonhoso e riu como se tivesse ouvido a piada mais engraçada do mundo, o príncipe corou e quis correr para longe, mas isso era algo que a criança gorducha do passado faria; não o novo Tommen que estava a alguns passos de se tornar um homem.

Caso seu desejo valesse de alguma coisa, Tommen nunca mais veria aquele menino, entretanto sua mãe tinha outros planos. Ela estava interessada em fazer com que os dois ficassem amigos, não há muitos meninos da sua idade Tommen, era verdade e todos os mais velhos preferiam ficar com seus irmãos, um príncipe precisa de amigos. Para agradar sua mãe ele concordou passar algum tempo com Russell.

– Você luta como uma garota. – Disse o menino depois que o derrubou pela a terceira vez.

– Não é gentil ou educado falar isso para outras pessoas.

– Você continua lutando como uma garota.

– Arya Stark é uma garota e eu já a vi lutando e não tenho problema nenhum em lutar como ela.

Russell revirou os olhos e levantou a espada de madeira.

– Você é sempre assim tão chato?

– Você é sempre assim tão rude?

– Vamos lutar príncipe e prove que não luta como uma garota.

Ele foi derrubado pela a quarta vez depois disso.

A convivência com Russell foi melhorando com o passar do tempo. Logo o garoto parou de falar zombarias contra ele, mas sempre tinha algum comentário maldoso contra outras pessoas.

– Não fale isso.

– Por que não? Ela é retardada. – Respondeu enquanto apontava para Lollys Stokeworth. Tommen agarrou a mão do menino e a abaixou rapidamente.

– Não é legal falar assim das pessoas e Lollys não é má.

– Não disse que ela é má, disse que ela é retardada.

Tommen sempre acabava brigando com Russell por causa de suas ações e o garoto sempre revirava os olhos e prometia não fazer mais – promessas essas que ele quebrava na maioria das vezes –, no entanto o príncipe não podia dizer que o Merryweather era completamente mau. A primeira vez que viu o lado bom do seu amigo foi depois de uma das explosões de Joffrey.

Tommen estava sozinho no quarto analisando o hematoma que seu irmão tinha deixado na sua barriga. Desta vez Joff o bateu porque ele não o deixou machucar Sor Salto – um dos gatinhos que Margaery lhe deu –, seu irmão o chutou repetidas vezes e então partiu irritado amaldiçoando até sua sexta geração.

Russell apareceu no seu quarto der repente e logo viu a mancha na sua barriga.

– Foi Joffrey? – Tommen não fazia a menor idéia de como Russell sabia.

– Não.

– Você está mentindo. – Ele sentou ao seu lado no chão. – Você deveria bater nele também.

– Ele é meu irmão.

– Ele é um idiota. – Russell tocou de leve na sua barriga o que fez um grunhido de dor escapar dos seus lábios. – Você pode vir comigo para Mesalonga um dia, o que acha? Não é como se você fosse ser Rei de qualquer maneira, nós podemos ficar lá e nadar no Vago ou cavalgar nos campos de rosas douradas. Eu deixo você levar esses seus gatos estúpidos e Joffrey vai ser proibido de entrar.

– Meus gatos não são estúpidos.

Russell riu.

– A gente pode ir até Dorne ou até a Cidadela.

Ele não era mais o menino rechonchudo de seis anos que acreditava em tudo o que lhe diziam. A infância está acabando meu príncipe, disse-lhe o Meistre uma vez. Ainda assim Russell falava de um jeito como se aquilo fosse realmente acontecer e o príncipe se deixou acreditar que era possível.

– Quando eu for Lorde de Mesalonga você pode ser meu braço direito.

– O único jeito de você ser um lorde descente. – Russell deu um soco no seu braço, mas acabou rindo. Tommen o acompanhou.

– Eu sou o melhor seu idiota.

Sua mãe ficou satisfeita em ver que a amizade dos dois evoluiu. Para onde quer que ele fosse Russell estava junto: os dois exploravam o castelo, treinavam no pátio, assistiam os cavaleiros experientes lutarem na frente dos canis, conversavam sobre cavalgar até Mesalonga e até brincavam com seus gatos no seu quarto nas tardes quentes de Porto Real.

Foi em uma dessas tardes que algo estranho aconteceu.

Algo que fez com que ele fosse até os irmãos com uma pergunta curiosa.

– Eu tinha sua idade, - estavam ele, Gendry, Edric e Joffrey no quarto do seu irmão mais velho. Gendry contava sua historia com um cálice de vinho nas mãos. – Ela era muito bonita, uma... Uma garota das Terras da Tempestade, cabelos negros e olhos azuis, foi estranho no inicio, mas foi bom também.

– Eu também tinha onze anos, ela se chamava Beth e era mais velha dois anos, - Edric riu, - a garota me agarrou em um dos corredores e depois saiu correndo.

– Beth? Qual Beth? – Gendry riu. – Uma loira gordinha da Campina?

Edric corou e aquilo foi o suficiente para responder a pergunta.

– Eu tinha dez anos - Joff começou, - e ela praticamente me implorou por um beijo e depois ainda pediu para que eu lhe tirasse a virtude, não o fiz, pois ela não era digna de tal honra.

Seus irmãos olharam para Joffrey com um olhar de quem não acreditava em nenhuma palavra. As historias dele não eram exatamente dignas de credito.

Depois Tommen foi até Myrcella, a mais próxima a ele de todos os irmãos. Ela corou quando ele perguntou e ainda lhe deu um cascudo na cabeça.

– Isso lá é pergunta para se fazer? – Sua irmã perguntou furiosa e voltou para os jardins rapidamente.

Aquela atitude já era uma resposta.

Sua cabeça ainda estava doendo quando ele encontrou Mya e Bella juntas no pequeno salão da rainha. As duas estavam conversando e sorriram ao vê-lo se aproximar.

– Quando vocês beijaram alguém pela a primeira vez?

Tommen protegeu com as mãos a cabeça de possíveis cascudos, mas tudo o que recebeu foram risadas. Mya jogou a cabeça para trás do mesmo jeito que o Rei fazia, Bella era mais discreta e soltava risinhos com as mãos tampando os lábios. Pareciam surpresas, mas não envergonhadas.

– Não deixe a Septã ouvir você perguntar isso Tommen.

– A pobre mulher ficaria escandalizada, - Bella o puxou para junto dela e o abraçou da mesma forma que a mãe deles costumava fazer, - você perguntou aos meninos? O que eles responderam?

– O Gendry disse que foi esquisito...

Bella logo o interrompeu.

– Esquisito? Bom saber.

– Com você também foi esquisito? – Perguntou.

– Podemos dizer que sim. – Bella sorriu, - e você Mya?

– Foi horrível, - ela riu, - eu bati o dente no dele e o menino espirrou na minha cara, fiquei furiosa e sai correndo chorando.

– Com quem foi?

– Você nunca vai saber. – A mais velha então voltou à atenção a ele. – Não conte a Septã Tommen, eu odiaria ter de ouvir um sermão sobre o que é e o que não é adequado para uma princesa.

– Eu não conto, juro.

– Agora me responda, - Mya começou depois de trocar um olhar suspeito com Bella, - por que esse interesse? Será que você...?

– Vamos Tommen, qual o nome dela?

Tudo o que ele conseguiu fazer foi corar e olhar para o chão.

Elas insistiram durante vários minutos até se conformarem com a derrota, na primeira oportunidade o príncipe correu do salão com o rosto ainda em chamas. Talvez perguntar aquilo pros irmãos não tenha sido a melhor das ideias.

Russell o encontrou enquanto ele caminhava para o quarto.

– Minha mãe fez um brinquedo para Senhora Bigodes. – O garoto colocou uma boneca de pano na sua mão. – Por que você ta assim todo vermelho?

– Eu não to vermelho.

Russell não respondeu, apenas riu.

Quando já estavam no quarto brincando com os três gatos Tommen pensou que era uma pena o fato de que ele jamais poderia contar para os seus irmãos com quem foi seu primeiro beijo.


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Notas finais do capítulo

O legal é que eu pensei em Theon e Jeyne antes mesmo de pensar em Gendry e Bella, mas ele não iria aparecer tão cedo - mas minha inspiração é uma caixinha de surpresas.

A ideia com o Tommen foi parte palpite da minha irmã e parte eu, tinha planejado usar isso em um dos outros irmãos, mas acabou que desisti e ai surgiu Tommen, o mais novo que está entrando agora no que se considera em Westeros fim da infância. Ele é aquele garotinho fofo que está começando a descobrir que o mundo é um pouco mais complicado do que lhe contaram.

O que acharam? Excêntrico demais? kk isso que dá juntar minhas ideias com as da minha irmã.
Beijos ;*
Desculpem qualquer erro.