Bufei.

— Isso é ridículo!

Matt me encarava como se não acreditasse no que estava vendo. Eu sei, minha reação estava sendo exagerada.

— Não é ridículo! — ele discordou — Eu não queria que você se preocupasse, Ashley. — ele suspirou — Você tinha acabado de se mudar, de novo. Estava se adaptando a uma nova cidade, nova escola e até mesmo uma família nova. Eu não queria contar porque sabia que você naquela época estava passando por situações complicadas e... — ele hesitou — Bom, eu tinha certeza de que se você soubesse, viveria aquele pesadelo de novo. Você sabe, Esme me contou sobre os pesadelos.

Eu assenti levemente enquanto roía minhas unhas.

Uma vez, logo quando me mudei para o Forks com os Cullen, eu tive um pesadelo enquanto meus irmãos e Carlisle estavam na caçada. Eu bati com a cabeça na cabeceira da cama e abri um ferimento enorme, deixando minha cama totalmente ensanguentada. Esme me socorreu, é claro. Naquela época eu era realmente frágil e não me adequava as mudanças constantes que tínhamos, logo os pesadelos aumentavam. Matt era o único amigo que eu tinha feito em Forks e Esme tinha medo de quê de alguma forma isso me fizesse sofrer, por isso, em uma das poucas vezes que Matt me levou para casa, Esme o convidou para jantar e enquanto eu jogava minhas coisas no quarto ela contava a Matt o que havia de errado comigo.

— Ela estava preocupada — eu voltei a me aproximar de Matt — Cada dia era uma surpresa para ela.

Matt assentiu e sorriu levemente.

— Esme é como uma leoa protegendo seu filhote. Eu faria a mesma coisa se estivesse no lugar dela.

Concordei.

— Mas então, tudo girou em torno de mim, não é? Você não se preocupou com sua segurança, Matt! Colocou tudo em risco com medo de quê eu tivesse um simples pesadelo? Rah! Fala sério! — resmunguei furiosa.

Ele revirou os olhos.

— Foi um dos motivos.— ele concordou meio contrariado.

Ergui as sobrancelhas e mordi as bochechas sem acreditar.

— Quais são os outros ? — Questionei

— Qual,você quer dizer. — ele limpou a garganta — Vergonha. Eu sei, você é minha...era — ele se corrigiu — Minha melhor amiga e eu não deveria ter vergonha, mas...eu tinha!

— Eu também teria — concordei — Não tive amigos em Creek Street. Quando alguém se aproximava e me fazia qualquer tipo de pergunta eu me esquivava. Era por isso que eu não fazia amizades, as pessoas me achavam...diferente. E depois, quando eu comecei a aparecer com hematomas surgiram comentários, fofocas. — eu suspirei — Eu não faria isso com você. Eu tentaria te ajudar de alguma forma.

Matt assentiu.

— De qualquer forma, eu achava que poderia aguentar um pouco mais, ganhar estabilidade e tirar minha mãe dali. Até que ela fez isso por conta própria e então ele começou a nos perseguir.

Assenti levemente enquanto digeria os fatos.

— Ele não vai mais atrás de ninguém a partir de agora. — disse por fim. Matt me olhou sem entender o quê eu falava — De agora em diante eu vou cuidar de você e de Emma, mas você tem que me prometer que vai me escutar.

— Que papo é esse ? — ele me olhou desconfiado e eu fiquei muda. — Ashley ? — ele insistiu.

Matt assentiu mas sua boca permaneceu levemente aberta.

Eu peguei o envelope que segurava e atirei para ele.

— Abra — disse simplesmente.

Ele o fez e analisou os documentos falsos que Jasper havia conseguido para mim.

— Ashley, o quê é isso ? — ele perguntou confuso — Eu posso ser preso por falsificação! — ele exclamou em desespero.

—NÃO!  — eu me atirei para cima dele —Apenas me escute, eu tenho um plano mas você tem que confiar em mim. — olhei para seus olhos esverdados que aquela altura estavam apavorados — Eu ainda sou sua melhor amiga, por favor deposite um voto de confiança em mim.

Eu contei então a Matt meu plano. Ele teria uma nova vida em La Push por um tempo e perto de sua mãe. Eu não lhe contei a parte dos lobos, é claro, não poderia! Mas disse que era um lugar seguro e que ele estaria a salvo. Quando ele perguntou como eu tinha tanta certeza eu gaguejei e não soube o que responder, ao invés de inventar qualquer coisa eu simplesmente pedi que ele acreditasse em minha teoria. Já haviam mentiras demais nisso tudo e eu não queria colocar Matt em mais uma.

— Eu vou pedir para que Emma passe aqui, assim você pode convencê-la.

— Se seu plano é tão bom assim, por que você não conversa com ela ? — desafiou.

Eu murchei.

— Ela é sua mãe. Vai acreditar mais em você do que em mim, além disso, vendo seu estado ela não iria embora mesmo que eu a arrastasse — murmurei baixinho — Você vai dizer a ela que precisa resolver algumas papeladas do plano de saúde, ou algo assim e que por isso vai depois. Eu quero ter certeza que você está cem por cento antes de viajar.

— Ah, claro espertinha, e onde é que vou ficar durante esse tempo todo ?

— Aqui, é claro. — dei de ombros — Eu vou me certificar de quê Esme deixe o quarto de hospedes organizado para a sua estadia.

— Ashley...

— O quê ? — perguntei irritada.

— Não acho que isso será conveniente, muito menos acredito que vai dar certo.

Eu bufei.

— Apenas faça o que estou pedindo dessa vez. Agora eu preciso mesmo ir, Seth deve estar irritado e preocupado.

— Ele tem motivos para sentir todas essas emoções ? — pergunto ele de repente.

Eu engoli em seco.Não podia lhe contar sobre a visão de Alice. Se Matt ao menos soubesse que Theodore era um problema pequeno perto do que estava ao seu lado eu tenho certeza de quê ele correria mesmo estando todo quebrado.

— Talvez — respondi simplesmente e lhe dei um beijo na bochecha — Carlisle deve passar por aqui logo para lhe dar alta, converse com a Emma. Eu vou ligar para ela assim que sair daqui.

— Você vai embora? Quero dizer, viajar? — ele perguntou hesitante. Eu sabia que estava pensando de quê eu fugiria novamente dele.

— Não vou a lugar algum — pisquei e acenei para ele, depois caminhei até a porta e fiz meu telefonema para que Emma viesse até o hospital.

Agora eu precisava enfrentar Seth e meus irmãos e contar que havia convidado Matt para ficar alguns dias conosco, e eu sabia que isso não seria uma notícia boa para a maioria deles.