Youth escrita por Nikki Meyers


Capítulo 3
Charlie & Ella


Notas iniciais do capítulo

Muitíssimo obrigado à Lets e Daisuke, essa capítulo é para vocês.



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James Collins jogou pela terceira vez uma pedra em direção à janela da residência dos Humphrey, fazendo-a ricochetear contra a grade e cair para lado de fora, mas, mesmo assim, nunca tivera intenção de fazê-la entrar pela janela, queria apenas a atenção dos moradores da casa. E a obteve, assim que um grande rosto com cabelos ruivos se espremeu contra o vidro, mostrando o dedo médio para o garoto na rua abaixo, antes de desaparecer novamente, acompanhada de uma grande comoção na casa.

Ao que parecia, Ella Humphrey não acordara de bom humor naquela manhã. Aquela não era uma grande novidade para o garoto, era apenas mais um de seus afazeres em sua nada tediosa rotina.

― Você não poderia entrar pela porta da frente, como uma pessoa normal? ― Assim que porta da casa foi aberta, revelando os gêmeos, o menino se pôs a revirar os olhos. Ele definitivamente não era uma pessoa normal, e eles, mais do que tudo, sabiam daquilo.

Conhecia Ella e Charlie Humphrey desde que se entendia por gente. Não que os pais deles fossem melhores amigos ou algo assim, talvez nunca tivessem se aproximado se não fossem os filhos. Haviam feito o primário juntos e depois, mesmo com a mudança de escolas, eles haviam mantido contato; mesmo depois de tanto tempo, nos sábados ou feriados ainda podiam ser encontrados reunidos em volta de um velho fliperama na mercearia da esquina, não importava quanto tempo passasse. E agora estava ali, depois de tantos anos, para acompanhá-los para sua nova escola; o fato de ter sido expulso da antiga não lhe importava tanto assim, até mesmo o agradava.

― Caramba, Humphrey. Depois de todos esses anos, acho que vocês ainda não me conhecem. Eu não quero ser uma pessoa normal ― seus olhos fitavam a menina, que por um momento o encarou atônita, antes de finalmente quebrar o contato com um dar de ombros, tomando a dianteira.

Aquele era um trio um tanto estranho, sem dúvidas era. A menina, agora à frente, vestia o uniforme da escola, anormalmente excêntrico para ela. Achava isso injusto, era como se quem o houvesse criado apenas quis satisfazer os desejos das mais belas estudantes, mas não Ella.

Não para alguém gordo, não para alguém que fosse ao menos próximo dessa palavra.

Ella era uma dessas grandes pessoas, e se odiava principalmente por isso. Algumas vezes pensava em perder peso, queria se tornar igual às outras meninas. Queria ser bonita, ela queria muito. Queria que garotos como Charlie ou James olhassem para ela, mas não conseguia. Pela primeira vez queria ser desejada, afinal, não poderia ser tão difícil assim. Parecia ser tão fácil para alguns; talvez se o seu interior importasse mais, alguém poderia ao menos olhar para ela. Não como uma amiga, longe disso, como uma namorada.

― Não desconte sua raiva nas pedras, Ella. Acho que não fizeram nenhum mal para você. ― Os olhos extremamente verdes que antes se encontravam abaixados, fitando pequenas pedrinhas que chutava para fora de seu caminho, agora se encontravam olhando fixamente para uma estranha criatura ainda não catalogada pelos seres viventes.

Os que pensavam que a conheciam extremamente bem chamavam-na apenas de Agatha Wright, porém ninguém a conhecia tão bem quanto eu. Nunca tive pena dela, na verdade, não posso expressar o que sentia quanto à ela. Aquela garota era apenas uma das raras pessoas que não sabiam nada do que estavam fazendo, e por esse mesmo motivo, eram extremamente felizes, ou talvez fosse exatamente o contrário. Afinal, não faço a mínima ideia do porquê das pessoas ainda me ouvirem; nunca digo nada de bom, sempre trouxe um profundo mau agouro.

Os braços da garota se encontravam segurando um pequeno cigarro, que em poucos minutos levaria à sua boca, um par de olhos azuis elétricos sorria divertido para todos, enquanto os fitava entre as madeixas azuis-escuras que possuía. Se alguém algum dia pôde sorrir apenas com seus olhos, esse alguém foi esta garota. Ela viveu tão extremamente quanto qualquer um.

― Você também não deveria fumar a esta hora da manhã.

A estranha garota abriu um pequeno sorriso ao andar calmamente até o pequeno trio. Seus braços passados em poucos segundos pelos pescoços dos dois garotos, seu sorriso alargando-se ainda mais, como uma garotinha para quem o Natal havia chegado adiantado, se ela algum dia chegou a ter algum.

Não gostava de fazer o que as pessoas achavam que faria.

Agatha repudiava a ideia de se tornar uma pessoa normal; Ella adoraria a ideia de ser lembrada como uma pessoa ao menos próximo do normal. Ela era o completo oposto da amiga; a outra era bonita e sabia bem disso. Algumas vezes pensava em ser como a outra, pintando os cabelos exoticamente ruivos e usando lentes em seus olhos pacatamente verdes; se ao menos eles fosse faiscantes, poderia ter algo em que se segurar dentre todas as suas imperfeições. Eram de um verde pântano, sujos e estragados, daria de tudo para trocá-los por qualquer outro. Gostaria de ter a habilidade da garota de preparar respostas para cada situação, ou até mesmo a leve oscilação de humor que a menina possuía. Até mesmo a coragem para passar seus braços gorduchos pelo pescoço de algum outro garoto que não fossem seus primos menores seria de uma grande ajuda.

Sempre ficava em segundo plano. Mas se quisesse um conselho, a menina dos cabelos da cor do céu poderia dá-lo. Todos morrem sozinhos, não seria diferente para qualquer um.

― Vamos chegar atrasados. ― declarou Charlie após um breve momento de silêncio, com um revirar de olhos, ao checar o horário em seu relógio de pulso, recebendo apenas um dar de ombros em reposta.

Não era como se eles realmente se importassem com aquilo, mesmo a escola se localizando apenas alguns quarteirões à frente. Talvez isso se devesse também ao fato de que o mesmo estava enganado; Ella havia adiantado o horário em cinco minutos, isso sempre impedia o irmão de chegar atrasado nos compromissos, pelo menos para o restante do mundo.

*

Assim que o pequeno quarteto adentrou a sala de aula, James não viu muita diferença de sua antiga escola. Pelo menos até colocar os olhos no homem sentado na mesa destinada ao professor, os pés firmemente colocados sobre a mesma. Um suéter um pouco pequeno fora colocado apressadamente, suas calças sociais se encontravam empoeiradas, como se a houvesse deixado esperando em seu armário muitos dias antes da data, o par de óculos, que na maioria das pessoas dava um ar de inteligência, apenas servia para destacar ainda mais o sorriso malicioso no outro. Um professor um tanto estranho em sua opinião, na opinião de todos. Não que isso importasse realmente para o homem.

Assim que o professor levantou seu olhar, antes firmemente voltado para o relógio acima de sua cabeça, o menino não se impediu de dar um pequeno sorriso. Aquele não era um professor comum, e James Collins odiava coisas comuns. Talvez gostasse daquela escola ainda mais que o esperado, mas ela precisava de mais que um professor anormal para isso; precisava de estudantes anormais, então o menino saberia que se daria bem ali, talvez muito bem.

― Vai entrar ou não? ― sussurrou uma voz em seu ouvido.

Ele poderia ter tentado imaginar quem fosse, poderia ter apenas liberado a passagem, mas escolhera, dentre todas as alternativas, encarar a menina que o abordara. Aquele definitivamente foi o ponto alto de seu dia.

Loiros. Seus cabelos eram quase que completamente loiros, seus olhos de um castanho mágico encontravam-se fitando calmamente os seus. Ela parecia uma estranha obra de arte abstrata; quanto mais pensasse que a entendia, você se encontrava realmente longe de verdadeiramente entendê-la. Suas roupas eram curtas demais para o ambiente em que se encontravam; já seu rosto se encontrava parcialmente pintado por um grande raio. Uma menina fora dos padrões da sociedade, e quem quer que a olhasse podia ver claramente que não se importava nem um pouco com aquilo.

Apenas mais uma das grandes fanáticas por alguém chamado David Bowie, mas aquela sempre possuiu algo a mais, algo que os fazia apaixonarem-se perdidamente por ela.

― Claro que vou. ― sua voz não passou apenas de um sussurro rouco, quase que completamente inaudível, meio falado, meio gaguejado, como se estivesse em choque, e talvez estivesse mesmo.

Mas isso não o impediu de andar em passos trôpegos em direção à carteira mais próxima dos amigos que pudesse encontrar. Os olhos de Charlie não paravam de seguir a estranha menina, que agora rumava para o fundo da sala, caminhando em meio de grandes gargalhadas parcialmente abafadas. Os meninos eram estranhos, quase que completamente. O que se podia dizer o mesmo da menina, na opinião de Ella. Mas talvez fosse só inveja, ela só queria ser desejada.

― Vocês poderiam parar de babar na garota. ― A menina que falara agora olhava diretamente para os garotos de uma das primeiras fileiras, seu corpo meio virado para trás apenas o suficiente para que eles se incluíssem em seu campo de visão. Seus olhos castanhos escuros fitavam-nos com divertimento, Ella gostou da menina imediatamente. ― Vocês nem a conhecem direito, ouvi dizerem que veio de uma cidadezinha no meio do nada.

― Não conhecemos você também. ― retrucou Charlie, seus olhos desviando-se finalmente da estranha criatura.

― Eu sou Sandy Fowley, agora vocês me conhecem. ― Um meio sorriso se abriu em seu rosto, um sorriso tão quebrado quanto a menina que o carregava. Mas ela não queria que notassem, então apenas deu-lhes as costas, não conseguiria sorrir por muito mais tempo.

Ela não precisou. Naquele exato momento, o professor havia se posto de pé, assim que o último dos estudantes encontrara o seu lugar. Ninguém poderia negar que ele era um tanto estranho. Um giz fora pego apressadamente, enquanto o homem se dirigia à lousa de madeira. Após finalmente acabar ali, as seguintes palavras se encontravam em uma caligrafia curvada, mais parecendo montes de rabiscos:

"Anthony Warnock - Artes"

Uma péssima matéria para começar o dia, e com professores piores ainda. Os antigos alunos ainda podiam se lembrar da professora Stokes, uma mulher um tanto charlatona, que era maluca por artes. Uma matéria demasiadamente ridícula, que se consistia em passar aulas rabiscando em uma folha sobre pessoas e mais pessoas, artistas e mais artistas que já foram há muito esquecidos. Na certa, aquele seria um tanto semelhante com Hammer, que dera aula já fazia alguns anos. Seu curso era uma completa ironia, que consistia em se fazer desenhos dos mais derivados artistas, para então o professor sumir com eles ou simplesmente ignorá-los, pois não estavam a altura dos grandes pintores. O que ele queria, afinal, eram apenas alunos do penúltimo ano.

― Pronto, eu já me apresentei. E não estou com a mínima vontade de saber quem são vocês. Então, calem a boca e façam o que quer que sempre façam nas aulas. ― começou Warnock, seu olhar se voltando para cada estudante presente na sala, como se desafiando que alguém questionasse sua ordem. Ninguém fez isso, e se tivesse feito provavelmente o homem não teria percebido. Após terminar de encarar rapidamente o último aluno, tirou um walkman do bolso do casaco antes de finalmente se sentar e esquecer o mundo ao seu redor.

― Como ele quer que entremos em uma faculdade, assim? ― perguntou Ella após as últimas palavras do professor, virando-se novamente em direção aos dois garotos, esquecendo-se quase que completamente de Sandy Fowley; a outra a agradecia mentalmente por isso. Suas mãos fazendo um gesto amplo, apontando o ambiente, que de um minuto a outro se enchera de pequenos sussurros. ― Ele é um péssimo professor.

― Ele é um ótimo professor. ― corrigiu Charlie, arrogante.

― Não é não.

O menino havia aberto a boca para retrucar novamente, fechando-a logo em seguida. A irmã era inteligente demais para aquilo; ela queria estudar, o menino não entendia aquilo. Não adiantava ir contra a menina. Sabia disso muito bem, desde os cinco anos. Quando insistira para a menina ceder seu brinquedo para ele, havia apenas ganhado um soco e ainda uma repreensão dos pais; ou aos doze, quando armara um plano bem simples, que se consistia em deixar um grande e belo balde de água à espera da menina na porta de seu quarto; nessa ocasião havia apenas ganhado o balde de água vazio jogado em sua cabeça, e a obrigação de secar o piso do quarto. Não queria algo pior aos dezesseis.

― Queria saber o que ele está ouvindo. ― a voz o despertara momentaneamente do transe, acompanhado dos outros; até mesmo Sandy havia se virado ao ouvir uma pergunta tão deslocada no momento, quase tão deslocada como a pessoa que a proferiu.

Os olhos, azuis como dois imensos céus, os olhavam divertidos, como se achassem graça do que haviam ouvido.Um meio sorriso havia sido aberto em sua boca, um sorriso que poderia ser comparado ao de Monalisa, mas o mesmo não se poderia dizer da menina que o possuía; Agatha Wright apenas queria roubar a cena mais uma vez.

― Vocês também não estão curiosos? Às vezes fico me perguntando, o que um professor escuta, a ideia de que ouçam música é um pouco estranha. Mas eles são pessoas, afinal. Só gostaria de saber o que ouvem. ― as palavras haviam jorrado de sua boca, não rapidamente, mas calmamente. Ninguém ousou interrompê-la, até que ela mesma terminasse.

Seus olhos que antes fitavam o professor curiosamente, agora haviam se voltado em direção à porta, e finalmente parando ali. O quer que tenha visto a alarmou, e ela apenas os deixou ali, indo embora tão repentinamente quanto chegara. Ela tinha apenas sorte demais, tal como o novo professor. Naquele momento, a porta da sala fora rapidamente aberta, como se quem quer que o tenha feito desejasse que sua vinda fosse uma surpresa, e talvez tenha sido mesmo, pelo menos para a maioria dos alunos. Mas certamente não fora para a menina, nem mesmo para Warnock, que no exato momento em que a vice-diretora adentrou o recinto, encontrava-se posicionado corretamente a frente da sala. Um giz magicamente aparecera em suas mãos. A única lembrança do walkman que estivera usando era o próprio instrumento, que apenas pôde ser vislumbrado pelos alunos dentro do casaco do homem.

Eles eram sortudos demais, mas o mesmo não se podia dizer do restante da sala. Algumas carteiras se encontravam viradas umas contra as outras, formando pares. Alguns alunos haviam se sentado no topo de algumas delas, com expressões estupefatas do rosto. Apenas uma menina não a exibia; Ella Humphrey era inteligente demais para isso. Alguns palavrões foram ouvidos, mas a maioria dos estudantes estava apenas concentrada demais em voltar para seu lugar, e em poucos minutos era como se ninguém nunca houvesse se mexido.

A vice-diretora tinha um pequeno sorriso estampado no rosto, como um pai que havia flagrado seus filhos fazendo algo errado. Mas diferentemente do que aconteceria em outra ocasião, ela não começara a gritar depois de tê-lo dado. Apenas sorriu, o primeiro sorriso verdadeiro que havia dado em meses; aquela situação lhe era quase que completamente familiar, a única diferença era que atualmente não era mais uma daquelas adolescentes que tentavam aparentar não ter feito nada de errado.

― Só vim saber se estava precisando de algo. ― riu ela. ― Acho que não.

A mulher apenas deu mais uma olhada na estranha sala, antes de sair do aposento pela segunda vez naquele mesmo dia. Quando finalmente seus passos puderam ser ouvidos se distanciando pelo corredor, os alunos soltaram a respiração que nem ao menos haviam percebido que prendiam. Eles haviam se salvado por pouco; na verdade, apenas pela boa vontade da mulher.

― Meu coração está acelerado, juro mesmo. ― A menina posicionava suas mãos sobre o peito, enquanto fingia fazer força para respirar. ― Se ele tivesse dado aula, nada disso teria acontecido.

― O que seria duas vezes pior. ― retrucou James seco. ― Espero que todas as aulas dele, sejam assim. ― completa com um meio sorriso. ― Tirando a parte em que a Sra. Grant entra, é claro.

Os olhos da menina se reviraram em um sinal de clara impaciência, mas o menino já havia desviado sua atenção para outro ponto, juntamente com Charlie. Os dois olhavam fixamente a estranha menina com o grande raio em seu rosto, que agora conversava com um menino na carteira vizinha da sua. Ela não viria cumprimentá-los, sabiam muito bem desse fato e o desprezavam em uma grande escala.

― A gente podia ir lá falar com ela. ― tentou Charlie, seus olhos nem por um segundo desviando-se da estranha figura, recebendo apenas uma negativa por parte de James.

Era normal os novos alunos procurarem amizades em seu primeiro dia, durariam pouco na escola sem elas. Mas normalmente era sempre o novato o primeiro a se apresentar, não o contrário, como o menino sugerira.

Mas as regras nasciam para serem quebradas, como os tabus. E eram exatamente os adolescentes que os quebravam; talvez se esquecesse disso depois, mas eram. Algumas pessoas tinham seus próprios jeitos de se rebelarem contra o sistema; alguns desrespeitavam pequenas regras, outros passavam um pouco dos limites, e ainda havia uma pequena minoria que tentava ocultar o fato de que as estavam quebrando, ou nem ao menos sabiam que as estavam burlando, mas todos estavam quebrando-as; de um modo ou de outro, eles estavam.

Os meninos não foram falar com ela; nem todos os costumes deveriam ser quebrados.

Eles apenas ficaram ali, observando-a de longe. Ao que parecia, a menina não havia percebido esse fato, e se havia, não demonstrara nenhuma reação. Ella havia apenas dado as costas aos meninos, focando completamente em Sandy e Agatha, que com ajuda havia iniciado uma conversa. Realmente não queria ficar vendo o quanto achavam-na bonita, e quanto mais a elogiavam, sentia ainda mais o peso de seu corpo. Não precisava de ninguém para lembrá-la daquilo, ela mesma sabia, mesmo os outros sempre negando o fato. As outras pessoas diziam que era bonita, ela não acreditava nem um pouco neles. As pessoas às vezes mentiam para deixar umas as outras felizes. A menina apenas queria que alguém não mentisse mais para ela, assim poderia desmoronar completamente. Ela teria um motivo para isso.

― Ela não é tão bonita assim. ― começou Sandy,a cada palavra dos garotos sobre a estranha menina das madeixas douradas. Ella murchava ainda mais sobre sua cadeira. Agradecia a menina por tentar ajudá-la, mas isso não era verdade. ― Quero dizer, quem vem em seu primeiro dia de aula com o raio do Bowie?

― Completamente ― Nem mesmo conseguia abrir um sorriso; os únicos resquícios de que poderia ter se aberto um, rapidamente apagados por Agatha, que havia discordado completamente das opiniões da garota.

Ela já havia feito aquilo, apenas emuma outra ocasião.

Os minutos seguintes se passaram em um silêncio constrangedor, até que finalmente o relógio se dispôs a bater as horas esperadas, terminando a aula. Ella foi a primeira a sair da sala, deixando Sandy para trás. O mesmo ocorreu com James, que de uma hora para outra pareceu despertar de um longo transe, abandonando o amigo ainda na sala, enquanto se misturava aos alunos no corredor para a próxima aula. Eles teriam aquela aula sozinhos, não se importavam de estar ou não juntos.

Mas aquilo não passara nem mesmo uma vez na cabeça de James Collins. Ele estava preocupado com outra coisa completamente diferente. Queria descobrir o nome da misteriosa garota com coragem o suficiente para aquilo, tentando localizar a menina dentre a multidão para abordá-la. Em um momento, pensou ter visto um amontoado de cores vibrantes, desaparecendo logo em seguida. Quando finalmente se deu conta de que não conseguiria encontrá-la, o corredor já se encontrava quase que completamente vazio. Os professores encaravam cada aluno que passava por eles com uma carranca, como se os desafiando a não entrarem em suas salas.

As pessoas eram estranhas, quase que completamente. James Collins gostava desse fato. Os adolescentes apenas queriam ser seus próprios heróis, por apenas um dia ou até o fim dos tempos. Apenas por um dia, nos seus casos


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será postado em, no máximo, uma semana. Me desculpem pela demora.