Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 3
Transição




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Sempre me sinto bem na luz do sol, o calor sempre foi atraente, o fogo sempre foi cativante. Mas hoje os raios de sol estão machucando minha pele. Acho que estou andando a mais de uma hora. Me sinto desidratada, estou ofegante e meu pés estão doendo. E para piorar estou perdida. Nunca estive desse lado da cidade.

O meu bairro é considerado perigoso, mas acho que comparando, onde eu estou pode ser ainda pior. Ando por mais alguns minutos, até chegar ao que parece ser uma loja. Entro e uma senhora com um aspecto bondoso me cumprimenta . Tateio os meus bolsos e vejo que tenho 5 yuans, o suficiente para comer alguma coisa, mas não para voltar para casa. Pego uma garrafa de água e um saco de biscoitos. Levo a até o caixa.

— São 4 yuans . – Ela me diz.

Entrego o dinheiro a senhora.

— Você não é daqui. — Ela afirma.

— Não, é que eu acabei me perdendo. – Abro o pacote de biscoitos e como rapidamente.

— Ah, pobre criança. Você precisa de ajuda?

— Não quero incomodar! - Falo bebendo metade da água.

— De maneira nenhuma. Diz-me onde você mora?

Paro de comer. E noto uma estranha movimentação na rua. Escuto meu nome e olho para uma pequena TV nos fundos da loja. Tem um foto minha estática na tela, e as palavras desaparecida. Eles vão me prender. Eu não deveria ter atacado a Suki.

Sinto um medo descontrolado, me sinto angustiada. O que acontece em seguida é rápido. Dois homens entram na loja. Eles estão vestidos como civis, mas alguma coisa me diz que não são. Um deles vem em minha direção. Olho para trás e a senhora não está mais lá. Preciso conseguir escapar! Tento dobrar a água que está na garrafa. Não tenho muito domínio, mas é o suficiente para me ajudar a sair daqui.

— Por que não disseram que ela era uma dobradora?—Foi a última coisa que eu escutei deles antes deles caírem contra a vitrine.

A vitrine se estilhaçou. Corri e não olhei para trás.

Na paisagem desconhecida, somente uma coisa se destaca. O rio Yue Bay, é gigantesco, assustador e possui uma beleza perigosa. Ele está me chamando.

Vejo que aquelas pessoas não estavam sozinhas. Mais alguns homens estão correndo atrás de mim. Entro em pânico e corro no meu limite. Passo correndo, desviando do transito e chamando uma atenção desnecessária. Preciso chegar até o Yue Bay.

Ouço uma voz longe. Estou sendo chamada, é uma voz conhecida. Olho para trás somente por alguns segundo e vejo a professora Kiha em um carro da polícia.

Por que minha vida é assim? Quando acontece uma coisa boa, eu me descontrolo. Meu pai fala que essa é uma das características dos dobradores de fogo, eles são intensos e possuem um pavio curto. Mas como uma ironia, eu sou uma dobradora de água. E mesmo assim eu estrago isso.

Claro que eles estão me alcançando. O carro é rápido, eu sou um pouco sedentária. Minha única chance é o Rio.

Corro até o píer principal. O carro para a alguns metros e Kiha sai do carro junto com o meu pai. Fico surpresa e aflita, eles trouxeram meu pai , para convencer a me entregar.

— Mira! Por favor, saia de perto do rio. Temos que conversar. – Fala Kiha visivelmente aflita.

Eu não respondo, só viro para o Rio. Ele está me chamando. Eu sinto uma conexão incrível. Eu sempre tive medo dele, por causa do que houve com a minha mãe. Mas hoje a única coisa que eu desejo é me jogar.

— Mira. Sua professora está falando com você. Venha para cá agora. — Ouço meu pai falando. Eu sei que quando ele fala assim comigo é por que ele vai me bater. Ele está muito zangado.

Meu pai mudou seu comportamento comigo há uns quatro anos atrás. Quando ele se casou novamente. Ele me bate sempre que eu faço alguma coisa que ele não gosta. E isso acontece sempre.

Olho para a multidão que agora está me observando. Será que eles acham que eu sou uma suicida?

— Mira! O rio está te chamando?! -- Fala Kiha.

Olho para ela e confirmo.

— Por favor. Ele também está me atraindo. Desde alguns anos, as água do Rio Yue Bay atraem dobradores de água, não sabemos o por quê. Mas cinco dobradores já desapareceram nas suas águas.

Tudo o que ela diz não faz sentido. O rio não faria isso. Eles estão tentando me enganar. Querem me prender. Eu não posso ser presa.

— Você está mentindo. – Falei com convicção.

— Você não está me dando opção. – Disse ela enquanto empunhava uma arma de dardos.

Virei de costas e encarei os últimos raios de sol. E assim um pouco da minha coragem foi junto com ele. A imensidão de água estava cada vez mais atrativa. Talvez a única coisa que o rio queira é minha vida. Talvez eu poderia reencontrar a minha mãe. Dei um passo para frente e assim ouvi a arma sendo acionada. Senti a vibração do ar. E senti o impacto em um dos meus braços.

— Até a próxima Mira – Ouvi o rio dizer por fim antes de perder a minha consciência.

Eu estava em uma completa escuridão. Nunca tive medo do escuro. Pensei no fogo e uma chama surgiu na minha frente. Assim a luz foi ficando cada vez mais intensa, até machucar os meus olhos.

Abri meus olhos e percebi que eu estava no meu quarto. O que eu divido com os meus irmãos. O mesmo cheiro de gesso molhado e eucalipto. A cama em que eu estava não era minha, normalmente eu durmo em um colchão no chão. A cama fica para os gêmeos. Eu estava sozinha. E eu pude ouvir algumas vozes no outro cômodo. A memória dos meus atos me atingiram em cheio.

— Assim vocês podem se mudar até o fim a semana. – Disse uma voz masculina que eu não conhecia.

— Estou tão feliz. Finalmente ela terá alguma utilidade. – Wana , minha madrasta fala.

— Cala a boca. – Ouço meu pai dizendo seriamente.

— Vamos levá-la conosco essa noite. Ela vai acordar confusa, e talvez esteja um pouco perigosa. – Kiha disse.

Ouço passos vindo em minha direção. Corro para a cama em que eu estava e finjo dormir. Os passos continuam e sinto uma baixa no colchão. Uma mão alisa meus cabelos.

— Negros como carvão. – A voz masculina que agora me dá arrepios fala.

— Você consegue carrega-la Sina?

— Pode deixar, eu cuido dela.


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