Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 2
Perdida




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De todos os elementos que eu sonhava em dobrar, água era a minha última opção. Quando eu tinha seis anos minha mãe morreu afogada no rio Yue Bay, por isso eu nunca quis aprender a nadar, eu nunca tive qualquer afinidade com a água. E quando ela disse aquelas palavras “ Você é uma dobradora de água” Eu não acreditei.

Todos ficaram olhando para mim durante um tempo. A cara de Suki se dobrou em um sorriso falso. E junto com Hina e a professora, eu fui levada para a enfermaria.

Me deitei na maca, minha garganta ainda estava doendo. Mas eu estava tonta, como se alguma coisa tivesse sugado toda a minha energia.

— Você deve estar cansada. – A professora me disse.

— Só estou um pouco tonta.

— Isso é normal, nenhum dobrador inexperiente consegue fazer o que você fez na piscina. Isso requer muita energia.

— Mas eu não posso ser uma dobradora, eu não tenho nenhuma ligação com a tribo da água. Minha família imigrou da Nação do fogo na guerra dos cem anos.

— Você deve algum parentesco mínimo. Sabe , seria impossível se você não tivesse, a menos que...

— A menos que?

—Que você fosse a avatar. – Ela me deu um sorriso torto.

Isso realmente seria impossível, apesar dos sonhos estranhos que eu ando tendo, eu prefiro acreditar que alguma avó ou avô do passado teve um caso com alguém da tribo da água.

E eu nem tenho certeza se eu dobrei a água mesmo. Pode ser que alguém tenha me salvado. Quem eu quero enganar, eu senti um conexão com a água da piscina.

— Não se preocupe, nós vamos fazer um pequeno teste com você. — A professora disse percebendo minha confusão.

Hina estava no canto do quarto me encarando com admiração. Olhei para ela e dei de ombros, e depois sorri. Esse era nosso código para conversarmos depois.

Hina saiu da enfermaria e me deixou sozinha com a professora.

— Meu nome é Kiha, sou professora da terceira turma de dobradores. Dou aulas para crianças da sua idade. Vou falar com o diretor para agendarmos seu teste para amanhã. – Ela disse finalmente se apresentando.

— Amanhã?

— Sim, o diretor não está na cidade hoje.

— Entendi.

— Vou te deixar sozinha hoje. Por favor, amanhã me encontre na ala oeste, sala 15. Irei marcar seu teste para ás nove da manhã. Peço sinceramente que você venha.

Os olhos dela expressavam sinceridade.

— Estarei lá. - Falei com sinceridade.

Kiha me deixou sozinha. Várias coisas se passaram pela minha cabeça. Se eu realmente for uma dobradora de água, isso mudará minha vida e de toda a minha família.

Não sei se era por causa do cansaço, mas eu despenquei, quando eu acordei, tinha esquecido que estava na enfermaria. Ao me levantar notei que minha roupa estava seca. Olhei pela janela e notei que o sol já estava no seu ponto mais alto. Provavelmente era meio dia. Sai do quarto e vi que a enfermeira estava me encarando.

— Você estava dormindo tão bem que não quis te acordar.

Fiz uma reverência e agradeci.

Ao sair do quarto notei Hina adormecida em um banco.

— Hina? – A sacudi.

Ela me viu e se espreguiçou.

— A professora Kiha me deu permissão para ficar aqui. – Ela disse se desculpando

— Por que você não entrou?

— Não queria incomodar seu sono.

Hina sempre tenta não me incomodar. Ela sempre fica se desculpando.

— Que horas são?

— Ah, já passa da hora do almoço. Você está com fome?

Quando ela disse isso meu estômago roncou.

— Então vamos almoçar! – Ela chegou à conclusão.

O refeitório estava barulhento. Quando entramos todos pararam e olharam para nós. Eu podia sentir todos os olhos em cima de mim. Enquanto andávamos as pessoas desviavam do nosso caminho. Todos saíram da fila, e ganhei meu almoço de graça, apesar de querer pagar, a moça do caixa não quis aceitar de jeito nenhum.

Acho que todo mundo sabe do incidente na piscina.

Nos sentamos.

Nunca estive com tanta fome antes, e olha que na minha casa racionamos comida. O cheiro da carne de Koi Elefante era delicioso. O sabor era ainda melhor.

Eu estava comendo com muita voracidade. E quando terminei Hina mal tinha tocado na comida.

— Você está bem? – Perguntei

— Eu estou ótima! É que eu queria conversar com você, quer dizer se você quiser.

— Ah, tudo bem! O que você quer saber?

— Me desculpe por perguntar! Mas por que você nunca me contou que era uma dobradora de água. – Ela falou rapidamente e atropelando as palavras.

Nesse momento o refeitório que já havia recuperado o barulho ficou em silêncio novamente. Acho que não só Hina, mas todos queria saber um pouco sobre toda essa bagunça que estava sendo a minha vida.

— Eu também não sabia. A professora Kiha disse que terei que fazer um teste amanhã para confirmar. Sabe pode ter sido outra pessoa.

— Entendi.

Eu podia sentir a compreensão nos seus olhos. Desde que nos tornamos amigas, eu nunca escondi nenhum segredo dela, ela é a pessoa que escuta todos os meus problemas, me sinto bem em confiar nela.

— E como você está? Eu deveria ter perguntado antes, me desculpe.

— Eu não me sinto diferente.

Nesse momento Suki entra no refeitório. O meu mundo para. A raiva que eu estava sentindo volta. Eu me levanto, e vou ao seu encontro.

Ficamos de frente uma para a outra.

Eu sinto a tubulação de canos que passam pelo teto do refeitório, sinto a água na cozinha, até a água que esta nos copos das pessoas. É só eu me movimentar que ela vai fazer o que eu quero. O poder ofusca todo o resto.

Um dos canos estoura e a água vem até mim. É só me movimentar corretamente que uma grande massa de água está ao redor da cabeça de Suki. Quero que ela sinta o que eu passei. Ouço gritos ao longe. Mas ignoro. Suki cai de joelhos no chão.

De repente sinto uma pressão na água que estou controlando. Como se ela se puxasse para longe. Mas eu sigo firme. Eu fiquei submersa por bem mais tempo.

Uma massa de água me empurra para trás. E eu perco minha concentração. Suki desaba no chão tossindo muito. E Kiha vem ajudá-la. E é ai que eu caio na real.

Eu tentei matar alguém! Mesmo que seja Suki! Eu não tenho esse direito.

Saio correndo. Às lágrimas eu não consigo controlar. Elas estão ofuscando a minha visão. Quando percebo, eu já estou fora do prédio. Vou em direção ao portão, e saio. Corro mais, e mais e percebo que eu estou perdida.


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