Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 14
Jogo




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Todo mundo já estava jantando quando eu cheguei em casa. Apesar de tudo, Wana cozinhava muito bem. O cheiro da carne fez meu estômago roncar. Me servi e fui para a mesa comer com eles. O mau humor de hoje cedo havia dado lugar há uma felicidade temporária.

Comi vorazmente e até elogiei a comida.

Wana parecia incomodada com alguma coisa. E meu pai estava sorrindo como faz tempo que eu não via. Ele parecia satisfeito. Naquele momento parecíamos uma família de verdade.

— Como foi na escola hoje? – Perguntou ele meio acanhado. Não tínhamos esse tipo de relacionamento de pai e filha.

— Foi divertido. Eu acho. Eu treinei hoje

— Sim, que bom. Semana que vem vamos ter outra reunião. Quero que você treine bastante. Zun quer fazer uma demonstração.

Eu imaginei que Zun era o nome ou apelido do líder da UCG.

Meu pai me tratava como igual por causa dessa nossa nova ligação. Nem imagino o que aconteceria se ele soubesse que eu sou uma espiã.

Dormir feito uma pedra. Wana não veio me acordar de manhã. Eu sabia que essa simpatia dela comigo tinha os dias contados.

Acordei antes de o sol nascer, decidi ir à piscina para treinar.

Pés firmes no chão e concentração. Com isso eu podia fazer qualquer coisa. Sinto como se a água me ajudasse. Talvez um dia eu aprenda a nadar.

Um dúvida me atingiu em cheio

Eu estava me esquecendo de alguma coisa. O que eu havia esquecido?

— O relatório! – Sem querer acabei falando alto.

O que eu iria fazer? Eu nem sabia como era esse relatório. Subi rapidamente para o meu quarto. Eu não lembro se eu tinha papel ou caneta. O tempo foi passando e eu fui me desesperando. Já era hora de ir para a escola. Talvez eu arranje uma desculpa.

Cheguei na escola mais cedo . Era a entrada dos outros estudantes, os quais os dobradores chamam de normais.

Eu senti saudades de quando minha maior preocupação era uma prova de matemática ou enfrentar a Suki.

—Se concentra no relatório Mira! -Eu disse para mim mesma.

Entrei junto com os alunos normais. Eles me olhavam torto, mas desviavam o olhar assim que eu os encarava. Procurei Hina. Mas não a vi em lugar nenhum.

Eu to ferrada. Eu não quero ver como o Sina fica quando está bravo.

Chego à ala oeste e esbarro em alguém.

— Você pode olhar para onde anda?

— Minha querida, quem está distraída é você.

Aquela voz fria. Eu sou a pessoa mais azarada do mundo. De todas as pessoas que eu queria encontrar ele está no final da lista.

Olho para ele com um olhar acanhado.

— Me desculpe.

— Pelo jeito a senhorita anda muito distraída por causa do nosso pequeno relatório não é?

E ele tinha que tocar nesse assunto. Eu realmente tive esperanças de que talvez ele esquecesse.

— Sim, claro.

— Creio que hoje é seu dia de sorte.Consta na sua programação aula de combate com a Professora Tenar. Você terão um pequeno exercício em equipes, por causa disso seu prazo para o relatório foi estendido em mais um dia. Queremos você bem concentrada no exercício. Não é?

— Sim. Vou me esforçar.

— Claro que vai. Quero todo esse esforço em palavra escritas amanhã.

E ele seguiu seu caminho.

Senti o peso que saiu das minhas costas. Que alivio. Ainda terei que ver como faz um relatório. Espero não esquecê-lo novamente.

Pela primeira vez a sala estava vazia. Eu realmente fui a primeira a chegar. Pensando nisso o que o Sina estava fazendo aqui tão cedo. Acho que é assunto do Governo. Não quero me envolver mais do que já estou.

Sentei no meu lugar. A sala parecia ainda maior quando se está sozinha. Deito minha cabeça na mesa. Começo a cochilar. Espero que ninguém me veja babando.

Me sinto leve como se nada pudesse me tocar. Estou sentada em um grande animal e nós dois estamos voando. Eu sempre quis voar. O vento passa por mim como se pedisse permissão. O céu está azul, mas logo a frente um nuvem negra está me esperando. O vento fica forte e me derruba eu caio e caio.

— Mira! Acorde!

Um voz conhecida chama.

Eu abro os olhos e vejo o cabelo de Meelo sobre o seu rosto. Olho para ele. Ele parece assustado. Será que falei enquanto dormia?

— Oi Meelo. Acabei cochilando. Se eu disse alguma coisa estranha, por favor esqueça.

Olho a redor, estamos sozinhos. Noto uma grande quantidade de papel voando pela sala. Será que Meelo fez alguma coisa?

— É que você estava tendo um pesadelo.

— Acho que estava. Não me lembro de muito. Só de cair.

O olhar dele está abismado.

— Você não tem nada para me contar?

— Não. Tipo o que?

— Ah esquece. Acho que estou vendo coisas por causa do Stress.

Ele não parece ser o tipo de pessoa que fica estressado.

Ficamos em silêncio por um tempo.

— Ah sim, a professora Tenar pediu para eu ver se tinha alguém na sala. A aula hoje é no campo.

— Então mesmo chegando cedo. Eu estou atrasada?

— Não. Ainda falta alguns minutos. Suni ainda não chegou para variar.

Eu segui Meelo que não parecia muito a vontade comigo. O que será que eu fiz enquanto dormia?

Achei que a escola não poderia ser maior. O campo era um grande espaço aberto, maior até que a quadra de esportes da outra ala. O lugar era verde e possuía diversas barricadas e obstáculos. Não havia nenhuma fonte de água visível. Como nós dobradores de água iríamos batalhar?

Praticamente toda a turma estava lá. Tenar a professora estava explicando alguma coisa.

— Hoje vocês estão proibidos de usar qualquer tipo de dobra. Vocês vão ter que se virar como gente comum. Temos equipamento de Paintball. Cada equipe terá um rei e três guardas. O rei tem uma vida, os guardas terão três vidas, ou seja, poderão ser baleados até três vezes. Cada equipe receberá três armas. O rei não atira. A equipe que acertar mais reis ganha. E assim que o rei da equipe for alvejado à equipe é desclassificada. Ou seja. Ganha o time que tiver o rei vivo.

Paintball não é aquele jogo que os ricos jogam? Acho que nunca tive contato com nada parecido. Estou animada para ser uma guarda!

— Professora minha equipe ainda não está completa – Falou Meelo

— Suni não é? Vocês terão que começar sem ela.

Olhei para o lado verificando as equipes e percebi Riku ao meu lado. Quase tomei um susto.

— Você tem que avisar quando chegar perto de alguém assim. Nem ouvi você chegando.

— Me desculpe, é que as pessoas costumam não se importar.

— Você tem que se impor mais Riku. Você faz parte da melhor equipe da sala.

— Você sabe ser convencida.

— Eu não sou convencida. Eu realmente tenho certeza que somos a melhor equipe.

Riku sorriu um sorriso sincero que me contagiou.

— Você fica mais bonito sorrindo.

Eu não deveria ter dito isso, ele ficou ruborizado e não disse mais nada.

Meelo parecia nervoso.

—Eu odeio esse tipo de competição. Mas temos que tentar ganhar. O primeiro lugar irá ganhar 50 pontos. E bem hoje aquela toupeira se atrasa.

— Quem é que você está chamando de toupeira, passarinho?

Nosso grupo se virou para Suni que sorria.

— Eu nunca estive tão feliz em te ver. – Meelo falou.

— Eu sei que te faço feliz, Meelozinho.

— Não me chame de Meelozinho! Ah deixa para lá. Temos que nos organizar. Quem aqui vai ser o rei?

E todos apontaram para mim! E eu achei isso um absurdo.

— Não!

— Mas você é a quem tem menos experiência com isso. – Falou Meelo seriamente.

— Aposto que você nunca jogou paintball e nem sabe como atirar – Zombou Suni

— Eu também acho melhor. – Completou Riku

— Até você Riku!?

E não teve mais conversa, eu era a donzela que deveria ser protegida.


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