Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 12
Frustração




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Eu acho que as pessoas desse grupo sofrem um tipo de lavagem cerebral por esse cara, todos ficam em silencio quando ele fala e só dizem alguma coisa quando são perguntadas. Nomes nunca são falados.

Em um momento sou convidada a subir no palanque. Mas não sei o que dizer então eu recuso.

— Mostre a todos suas habilidades.

O homem fala para mim.

Meio receosa eu o obedeço e faço um simples truque com a água de uma garrafa que estava no palanque. A maioria fica bem impressionada. Acho que eles nunca tiveram contato com um dobrador. Olho para o meu pai e vejo uma centelha de orgulho, o que me faz ficar ainda pior.

Quando a reunião termina, o local é evacuado rapidamente. Resta uma dúzia de pessoas. Sou mandada para uma sala anexo que eu não sabia que existia. Meu pai fica sozinho com aquelas pessoas, eu não consigo ouvir o que elas dizem.

Minha cabeça está cheia, não sei se conseguirei permanecer nessa farsa. Eu não sei direito os que eles pretendem mas eu sei que não é coisa boa. No último ataque da UCG noticiado três pessoas morreram. Meu pai disse que não tinha nada haver com aquele ataque, mesmo ele dizendo que alguns tem que se sacrificar pela liberdade.

— Mira, vamos indo. – Meu pai diz aparentemente nervoso.

Saio com ele. Sou vendada novamente.

Chegando em casa, meu pai entra no quarto nervoso. Sou deixada sem nenhuma explicação. Olho para o relógio e vejo que o dia praticamente acabou. Como alguma coisa e vou deitar.

Estou em um barco à deriva, não vejo terra em nenhum local. O ar está rarefeito. Olho para o céu e não vejo o sol. Tudo está claro, mas o sol não está lá. Uma rajada de vento iça a vela que apareceu magicamente. E sou soprada em direção ao vazio.

— Mira!

Abro os olhos e vejo Wana me sacudindo.

— Já está na hora da escola!

Ela nunca havia me acordado antes.

— Que horas são?

— Falta menos de uma hora para a aula. Seu pai já levou os gêmeos para a nova escola deles.

Sinto uma pontada na cabeça.

— Não aconteceu nada de estranho?

— O que você quer dizer?

— As coisas ainda estão no lugar?

— Claro que estão? Por que não estariam?

— Deixa para lá.

Pelo jeito aquilo não aconteceu de novo. Tive receio que se tornasse frequente. Não quero mais pensar nisso. Tem muitas coisas na minha cabeça. Se eu não pensar, posso até esquecer.

Me arrumo rapidamente. Pego um pão e saio correndo.

Vou a pé para a escola. Fica a apenas 10 minutos da minha nova casa. Antes eu tinha que andar um pouco mais de 30 minutos e pegar o bonde.

Chego e procura a Hina. Não a encontro entro rapidamente, não quero chegar atrasada. Já que ontem eu não fui.

Entro na sala e vejo quase todo mundo lá, menos a Suni. Me sento do lado de Riku.

— Achei que você tinha desistido. – Ele diz

— Ah, é que eu estava em uma missão secreta.

— Isso é serio?

Olho para ele com um sorriso. Falei a verdade, mas queria que ele pensasse que era uma brincadeira.

— Claro que não. Você acredita em tudo que te dizem? Só foi uma brincadeira entre amigos.

Ele me encarou.

— Me desculpe é que eu não tenho amigos, e não sei como funcionam essas brincadeiras.

— Claro que tem, eu sou sua amiga não sou?

Ele ficou um pouco acanhado e percebi ele corar.

— Acho que sim.

Espero que ele não se apaixone por mim.

— Que aula é agora?

— Acho que é Genetica II.

Interessante, talvez essa aula me ajude a descobrir algumas coisas.

O professor que entra na sala é rechonchudo. È praticamente da minha altura. Seu cabelo é castanho e puxado para trás.

— Bom dia!

Ele diz com uma voz grave e marcante.

— Hoje iremos ter uma pequena revisão para situar nossa nova aluna.

Acho que pelo menos eu não vou ficar tão perdida, mas a insatisfação da sala é evidente.

Ouço algumas vaias.

— Uni, talvez você queira nos dizer o que você sabe sobre a sua própria genética.

Uni me lança um olhar de desaprovação, e se levanta.

— Meu pai e minha mãe não são dobradores, mas meu avô materno era. Na teoria eu teria 25% de chance de ser um dobrador. Mas eu só tenho 0,25 % de chance. Meus filhos terão menos ainda.

— Muito bem Uni pode se sentar.

Acho que esse Uni é um dobrador de fogo.

— Agora Meelo, explique a situação dos dobradores de ar.

Meelo se levantou confiante.

— Fora o meu caso. Por que sou um descendente direto de um dobrador de ar por genética. A dobra de ar é uma grande loteria. Todo sabemos que a quase um século os dobradores de ar voltaram a aparecer. Com a convergência harmônica, eles se tornaram cada vez mais numerosos, surgindo em todas a nações. Meu bisavô, Tenzin, junto com a avatar Korra conseguiram restabelecer os nômades do ar. Mas como todas as outras dobras, os dobradores de ar também estão desaparecendo.

— Muito obrigada Meelo. – Falou o professor

Perai, se o bisavô dele se chama Tenzin, e Tenzin foi um dos filhos do avatar Aang.

— Caramba você é parente do avatar Aang?

Falei tão alto que todos olharam para mim. Meelo ficou vermelho como uma pimenta.

Ele recuperou a postura.

— Sou trineto do Grande Avatar Aang.

— Ah, me desculpe. Eu não sabia.

Depois dessa minha mancada. Eu me encolhi na minha cadeira e fiquei quieta.

— Mira, por favor compareça a sala do diretor.

O autofalante disse. Com isso todos olharam para mim.

— O que a queridinha anda aprontando. – Zelena disse com uma voz de deboche.

Resolvi ignora-la.

Chegando na sala do diretor. Quem estava na sala era Sina.

— Ah, pelo jeito você sobreviveu a reunião da UCG.

— Acho que sim. – Falei sem interesse.

— Espero que seu relatório já esteja quase pronto.

— Relatório?

— Sim, tudo deve ser protocolado. Não queremos nenhum erro ou informação errada.

— Eu não vou fazer um relatório.

— Você vai sim.

— Não vou. Eu já espionei meu pai para vocês. Eu não vou fazer a droga de um relatório.

Sina me olhou com seu típico olhar gelado.

— Ta bom. Eu faço. Mas vou fazer do meu jeito.

— Certo, quero o relatório até amanhã. Tudo deve ser totalmente discreto.

Sai da diretoria com muita raiva. Eles querem me fazer de escrava. Eu não sei se posso agüentar tudo isso. Minha vida apesar de tudo era bem melhor antes. Ser uma dobradora não é tão bom assim.

Tenho que controlar o que eu penso. Por que quando eu estou dobrando água tudo fica melhor. Apesar da minha afinidade com ela ser ainda rasa. E eu ainda não ter coragem de nadar. A conexão com ela é totalmente diferente. Quando voltei para a sala. Já era a aula de dobra especifica. E em apenas um dia eu me tornei a melhor da turma. Sinto a inveja dos outros. Hoje teremos uma pequena batalha de dobra. Dobrador contra dobrador.

Eu irei batalhar contra Opako. O segundo melhor.

Eu não deveria me gabar, mas isso está no meu sangue. Eu derrubei Opako tão rápido que ele nem pode revidar. Mesmo assim Kiha me olhou com pesar. O que ela quer de mim? Eu não vou ficar brincando com a água como os outros. Eu ataco sem rodeios. Sem piedade, sem rancor. E é nessa euforia eu consigo esquecer meus problemas. A raiva me tira das duvidas, me tira dos problemas, me faz ser eu mesma.

— Você não pode fazer isso Mira. – Kiha me diz no fim da aula.

— O que? Isso não era uma batalha? Esse não é o objetivo?

— Você está com raiva.

— Talvez eu esteja.

— Você não entende. A dobra de água tem haver com ....

— Por favor, hoje não. Eu ganhei a batalha, isso não basta? Com apenas 2 dias eu sou melhor que qualquer um dessa turma.

— Eu posso entender pelo o que você está passando.

— Não você não entende. Você nunca viveu na periferia, a pessoa que você mais ama nunca de maltratou, te bateu, te abandonou. Você nunca foi forçada a trair sua família.

Um gosto salgado atingiu meu paladar. As lágrimas caíram sem eu perceber. Eu descarreguei todas as minhas frustrações nela.

— Me desculpe Mira, eu realmente não sabia.

— Viu eu falei que você não entende. – Falei limpando as lágrmas.

— Mira. Eu não tive uma vida como a sua. Mas você não pode descontar nos outros. Vou te suspender dessa aula até a lua cheia. Na lua cheia vamos comparar suas habilidade com a dos outros.

Sai da sala com minha cabeça ainda cheia. Meelo estava me esperando.

— O que você quer?

— Nossa o que mudou tanto o seu humor. Você parecia um tanto animada quando descobriu quem eu era.

— Sim, agora estou de mau humor.

— Temos que treinar.

— Agora?

— você tem algo melhor para fazer?

Me lembrei do relatório.

— Não, não tenho nada melhor


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