Avatar: A lenda de Mira - Livro 1 Água escrita por Sah


Capítulo 11
Ideologia




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Eu realmente assinei minha emancipação. Mas eu ainda não sabia das consequência que isso traria para a minha vida.

Oficialmente eu como todos os dobradores do colégio, éramos agentes do governo. Voltar para casa depois de tudo o que eu tinha passado foi um dos meus maiores atos de coragem, eu engoli o meu orgulho. Uma das condições que eu exigi era que o meu pai não poderia ser preso por traição. Mesmo ele me tratando daquela forma, eu ainda o amo.

— Mira, que bom que você voltou, eu estava muito preocupada. – Wana mentiu.

— Ah, sim. Eu estou muito arrependida.

— Seu pai vai ficar muito feliz. Ele ficou até a madrugada te procurando.

Fico pensando se ele queria me encontrar por preocupação ou por vingança.

— E está tudo bem?

Olhei ao redor, a bagunça de ontem não estava mais lá.

— Sim, seu pai disse que você saiu do controle. Mas não se preocupe ele não está bravo.

— Ele vai voltar que horas hoje?

— Ah, ele disse que na hora do almoço estaria aqui. Acho que ele tem uma reunião hoje.

Voltei ao meu quarto, nada parecia ter sido mexido. Iria esperar para confronta-lo e ir até essa reunião com ele. Coloquei minhas próprias roupas. Eu fazia questão de usar pelo menos uma peça vermelha, mas hoje eu optei por azul. Eu teria que parecer bem convivente e arrependida.

Prendi meu cabelo em um coque, mas deixei algumas mechas caírem ao redor do meu rosto. Me olhei no espelho. Eu estava com olheiras aparentes. Dei leves batidas no meu rosto para adquirir alguma cor, meu nervosismo estava me deixando pálida. Desci para perto da piscina, meus irmãos estavam brincando felizes. Esvaziei minha mente.

Os movimentos de dobra d’agua são fáceis. Tudo consiste na maneira como você se movimenta e no seu estado mental. Kiha me disse que o elemento mais fácil de dobrar é a água. O fogo e o ar são os mais complicados por que são produzidos pelos dobradores e dependem muito do estado mental deles. Por isso os dobradores de ar são sempre calmos, e os de fogo sempre estão com a adrenalina no máximo.

Faço uma meia lua com o braço, estabilizo meus pés e me concentro no formato da água. Assim uma esfera perfeita de água se desvincula de todo o resto e vem até a mim. Meus irmão ficam impressionados. Eles sorriem e pedem para eu fazer de novo. Zikih e Zumi eles tem 5 anos e como eu eles se parecem muito com o meu pai. São muito impressionáveis e inocentes.

Sorrio para eles e dessa vez tento fazer uma forma mais divertida, mas a única coisa que eu consigo é uma espécie de chicote de água. Mesmo assim eles riem bastante.

— Onde você estava?

Me assusto a água cai de volta na piscina e me viro. Meu pai está na porta. Ele não parece bravo. Ele está com o cenho franzido, e só parece cansado.

— Eu acabei passando a noite na casa da Hina, uma amiga da escola.

— Que bom, fiquei preocupado.

Sinto a sinceridade dele, mas ainda estou desconfiada.

Zikih e Zumi mesmo molhados correm em direção ao meu pai e o abraçam. Todos ficam molhados, assim resolvo tentar seca-los. Eles se assustam quando as gotas de água se reúnem em uma forma na minha mão. Eu estou aprendendo rápido.

— Faz de novo? – Zikih fala entre risos.

— Talvez depois.

— Zikih, Zumi vão atrás da sua mãe. – Meu pai fala firmemente

Eles obedecem e saem correndo.

— Agora Mira, você e eu temos uma reunião hoje. E você vai comigo sem reclamar.

— Sim, eu entendo. Eu vou com você. – Falei com um aperto no coração.

Assim o clima melhorou, eu até almocei junto com todos, parecia que ontem nunca havia acontecido.

Meu pai me disse que o local da reunião era segredo e eu teria que ser vendada para ir até lá.

Um carro iria passar para nos pegar, e eu não poderia falar nada com ninguém sobre isso. Eu hesitei, mas concordei com os termos.

Eu ouvi quando o carro chegou. Meu pai colocou um venda em meus olhos e eu o segui. Assim quando chegamos eu não tinha ideia de onde nós estávamos. A venda só foi retirada quando estávamos dentro do que eu imagino ser o prédio. A sala era mal iluminada. Dava para ver os tijolos das paredes. Um palanque se destacava no centro. Não havia qualquer outro móvel além do palanque, também não havia janelas, só a porta pela qual entramos. Se houve um incêndio nessa sala, poucos conseguiriam sair. Havia cinco homens e uma mulher quando chegamos. Dois deles pareciam cansados e estavam com as roupas bem surradas, o restante estavam até bem vestidos.

— Essa é a minha filha. – Falou meu pai ao homem de terno escuro com os cabelos para trás.

— Sim, nosso trunfo.

Eu não sabia o que ele queria dizer por trunfo, mas eu sabia que não era nada bom.

Ficamos em pé sem falar nada por alguns minutos. Sem apresentações ou qualquer coisa, todos pareciam estarem imersos em seus próprios pensamentos. Assim as pessoas foram chegando. De diversas classes sociais, sem conversarem nada uma com as outras, só leves cumprimentos com a cabeça.

O homem de terno se aproximou do palanque.

— Hoje iniciaremos a décima quinta partilha de informações da UCG. A partir de agora, quem quiser fazer suas reivindicações pode subir ao palanque.

Uma fila se formou. A primeira a subir no palanque foi uma senhora de feições duras, ela usava o uniforme da Fábrica Airo, que fabricava matérias aeronáuticos.

— Ninguém aqui sabe nada de mim. Mas eu posso ser a pessoa mais velha daqui. Eu vi uma excelente democracia virar essa ditadura. Há 20 anos não temos nenhuma eleição direta, isso vai contra todos os princípios da fundação de Republic City, minha avó viveu na época de nosso grande e bondoso, Avatar Aang. Ela me contava como era essa época e assim eu vejo que apesar de tudo o que aconteceu era muito melhor que a nossa. Hoje não temos condições dignas de trabalho, eu já tenho mais de 70 anos e trabalho 13 horas por dia, para receber metade do que uma pessoa com um terço da minha idade recebe. O governo só está interessado nos ricos. Eles só estão preocupados com a guerra que se aproxima.

Muitos aplaudiram em seguida. A palavra guerra ressoou na minha mente por alguns segundos. Me senti em um dejavú.

A senhora desceu do palanque e as pessoas que seguiram a falar, reclamavam do Governo e falavam de uma guerra que estava se aproximando.

Quando alguém falava todo mundo se calava. Depois de pelo menos 10 depoimentos, o homem de terno subiu ao palanque.

— Obrigada por suas contribuições. Agora temos que falar do Festival. Na última reunião um dos nossos membros mais antigos nos confiou um grande segredo. Ele e sua família agora estão sob proteção do governo, eles os instalaram em uma casa em uma área rica e esperam que eles sigam sua regras. E sabem por que isso aconteceu irmãos?

— Eles estão recrutando! - Ouvi alguém dizer ao longe.

—Sim, a filha do nosso querido membro se descobriu como uma dobradora. E o governo já colocou suas garras em cima dela. Todos sabem que desde a morte de nossa querida Avatar Korra as coisas começaram a desandar. Antes até 20% da população era composta por dobradores de diversos elementos, nas duas últimas gerações esse número não ultrapassa 1% e por isso o Governo quer colocar a mãos em todos os dobradores disponíveis. Mas agora nós temos um trunfo, a filha de nosso saudoso membro se ofereceu para nos ajudar no dia do festival.

Eu me oferecei a quê? Eu nunca concordei com nada além de vir para essa reunião. Esse cara fica usando fatos para distorcer a percepção das pessoas.

Todos estão totalmente atentos às palavras dele.

— No dia do festival vamos tirar esse Governo do Poder, e uma nova era de paz vai começar.


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