Segredos de Dumbledore e Harry Potter revelados escrita por Monchito


Capítulo 1
Segredos de Dumbledore e Harry Potter revelados




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por Rita Skeeter

Parece que ainda há muito da vida de Alvo Dumbledore a ser descoberto. Em meu livro, eleito best-seller pelo Profeta Diário, A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore, revelei ao mundo o perturbado e, até então, misterioso passado do falecido diretor de Hogwarts, baseado principalmente em entrevistas com sua antiga vizinha, residente em Godric’s Hollow durante a infância do famoso bruxo e conhecedora de sua vida particular, Batilda Bagshot (interessados em saber mais sobre a infância de Dumbledore, seu pai e irmão criminosos e sua estranha amizade com o notório bruxo das trevas Gerardo Grindelwald, adquiram já meu livro, à venda na Floreios e Borrões). Contudo, mais um escândalo veio à tona com a descoberta de uma ampola de vidro e seu peculiar conteúdo: uma lembrança.

O Ministério da Magia tentou arduamente encobrir o caso, mas eu, fiel ao meu dever de revelar ao mundo toda e qualquer verdade oculta, investiguei a fundo e cheguei, através de fontes confiáveis, que por segurança não serão reveladas, à chocante história que abalará o mundo mágico e, com certeza, implicará na reedição dos livros de História da Magia. Os leitores mais incrédulos poderão tachar esta matéria como “teoria de conspiração” ou “sensacionalista”, feita apenas para vender jornais, mas, acreditem, meu editor não estaria publicando na primeira página a manchete que dá título ao meu artigo se não tivesse total confiança em mim e em minhas fontes.

Todos conhecem a história do auror Harry Tiago Potter, “O Menino que Sobreviveu”. Segundo a famosa história contada através de gerações, foi graças a ele que o famoso bruxo das trevas Voldemort foi derrotado duas vezes, a primeira, enquanto o auror ainda era um bebê de um ano de idade, e a segunda, com dezessete anos, na lendária Batalha de Hogwarts, em 1996. Harry Potter ainda é um ícone, um herói de grande estima de toda a comunidade bruxa. Famoso também por capturar bruxos criminosos e perigosos, é admirado por todos e inspiração de muitos os que aspiram à carreira da auror. Entretanto, tudo está prestes a mudar.

Recentemente, alguns artefatos curiosos foram descobertos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O diretor Vicente Gumbwell, grande parceiro e amigo do Ministério da Magia, revelou, há alguns anos, ao Ministro Thomas Humberbatch objetos da sala do diretor cujo valor é inestimável, devido à importância histórica e seus usos intrigantes. O próprio Departamento de Mistérios ainda está trabalhando para desvendar as aplicações práticas de alguns aparelhos encontrados. Já houve grande progresso no estudo da maioria dos artefatos, graças ao serviço de inteligência do Ministério da Magia, que realmente, pelos relatos de minhas fontes, merece aplausos por seu trabalho, já que a complexidade dos mecanismos que regem os objetos é inexplicável.

Certo, pode haver uma explicação: todos sabem que Alvo Dumbledore era por demasiado excêntrico. O bruxo era, e ainda é considerado um dos mais inteligentes que já existiram. Suas contribuições para o mundo da magia abrangem quase todas as áreas mágicas. Brilhante, mas muito controverso (não se esqueçam de ler A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore, onde conto com detalhes a conturbada vida do nem-tão-perfeito-assim ex-diretor de Hogwarts). Os objetos encontrados na sala do diretor da escola têm como possível autor o próprio Dumbledore. “Somente ele seria tão inteligente a ponto de inventar artefatos com tamanha complexidade”, dizem os Inomináveis. Será mesmo? Enfim, o fato é que, dentre os muitos aparelhos encontrados, existe um que é chamado de “Penseira”. Nela, é possível depositar lembranças extraídas da têmpora com um movimento da varinha e revê-las quando se deseja. É sabido que a Penseira não é invenção de Dumbledore. Alguns bruxos possuem a ciência de que é possível retirar lembranças de suas mentes e guardá-las e outros até possuem habilidade para fazê-lo.

Entretanto, a Penseira é um objeto raro e sua confecção ainda permanece um mistério, o que torna Dumbledore ainda mais intrigante. Teria ele construído o artefato, achado, ou até mesmo, por que não dizer, roubado de alguém? O fato é que muitas lembranças do ex-diretor foram encontradas na mesma sala onde foi achada a Penseira. Eu não tive acesso a essas lembranças (o que é uma grande perda, eu poderia trazer ao mundo A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore – Parte II, já imaginaram? Quanta coisa ainda deve estar escondida!), mas uma ampola em particular, encontrada recentemente dentro de um dos misteriosos aparelhos que produzem barulhos estranhos e que outrora pertenceram a Dumbledore (o que o bruxo pensava? Que ninguém investigaria suas invenções? Ou que ninguém seria capaz de desmontá-las? Talvez sua genialidade tenha, agora mais do que nunca, se tornado questionável), contém aquelas que talvez sejam as lembranças mais importantes do ex-diretor de Hogwarts e que geraram uma grande polêmica e prometem revolucionar o mundo mágico. Abaixo, relato, em texto narrativo, em primeira mão a todos os leitores do Profeta Diário o conteúdo das lembranças.

Estão Alvo Dumbledore e Severo Snape na sala do diretor, em Hogwarts. O ex-diretor contempla, sério, sentado em sua cadeira de espaldar alto e com as pontas dos dedos unidas, o homem sentado à sua frente, com seus cabelos oleosos caindo sobre seu rosto. Este possui um olhar frio e expressão de preocupação.

– Tem certeza? – pergunta Dumbledore, olhando o outro por cima dos seus oclinhos de meia-lua.

– Sim, diretor – responde Snape. - Temo que sim.

– Você fez um bom trabalho, Severo. Acredito que tenha corrido perigo mortal ao descobrir isto.

– O Lorde das Trevas não percebeu minha presença, diretor. Se o tivesse feito, certamente eu não estaria aqui para contar ao senhor.

– Tem razão, Severo. Tom devia estar por demasiado concentrado. Nada lhe escapa. A notícia deve tê-lo abalado.

Snape limita-se a assentir com a cabeça, fazendo seus cabelos muito pretos balançarem. Os dois se encaram por um tempo, parecendo procurar alguma solução para o que acabaram de descobrir.

– Obrigado por vir me contar, Severo – diz Dumbledore, por fim. – Irei discutir o assunto com a Ordem em breve. Sem dúvida, é algo de extrema importância.

O outro se levanta, faz uma pequena reverência e sai, deixando para trás um Dumbledore com a cabeça apoiada nas mãos unidas e de olhar distante, pensativo.

A cena se distorce para revelar outro cenário. Desta vez, Dumbledore está sentado numa cadeira de uma pequena mesa numa cozinha qualquer. À sua frente, estão Tiago e Lílian Potter.

– Eu entendo a situação pela qual vocês estão passando, mas só posso confiar em vocês para esta missão e acredito que será de grande ajuda, tanto para a causa quanto para vocês.

O casal se entreolha um momento para quase que instantaneamente dizerem, sérios:

– Nós aceitamos, Alvo.

– E obrigado por manter a discrição sobre... Bem, você sabe - diz Tiago, abraçando Lílian pelos ombros.

– Pois muito bem – diz Dumbledore, com um sorriso de soslaio. – Agora só está nos faltando acertar os detalhes da missão.

A cena esmaece novamente e em seguida aparecem Snape e Dumbledore mais uma vez na sala do diretor. O primeiro, desta vez, está de cabeça baixa, chorando copiosamente por baixo da cabeleira oleosa. O outro está silencioso, as mãos unidas sobre a mesa. Não expressa pena ou compaixão pelo bruxo que chora. Apenas observa por um momento para em seguida dizer, com voz grave:

– Ela morreu heroicamente, Severo.

– Você a pôs nisso, não foi? Você a designou para a missão e agora ela está morta por sua causa! - diz Snape, baixo.

– Ela e Tiago prontamente aceitaram a missão. Eram os únicos em que eu podia confiar, além de você.

– Os dois tinham acabado de ganhar uma criança, Dumbledore! - respondeu Snape, levantando a cabeça e a voz. Seus olhos estavam muito vermelhos e inchados, assim como seu rosto.

– Eram perfeitos para o caso, justamente por isso - diz o outro, frio.

O outro abaixa a cabeça novamente. Continua chorando e soluçando. O bruxo à sua frente também baixa os olhos, sem ter o que dizer. O primeiro a falar, depois de algum tempo, é Snape.

– E as crianças?

– Estão seguros. Cheguei logo em seguida à casa onde estavam Tiago, Lílian, a mãe das crianças e Voldemort. A jovem estava gravemente ferida, mas viva. Acredito que tenha sido ela a matar o casal, depois de terem subjugado o Lorde das Trevas. Então, com a ajuda de alguns aurores, a prendemos e eles a levaram para Azkaban. Não souberam dos bebês. Eu mesmo tomei as crianças em meus braços e as entreguei para Hagrid, para que as levasse em segurança ao local em que eu designei. É claro, tivemos de implantar uma história falsa no mundo mágico para que não houvesse alardes e, bem... criássemos um herói que supostamente salvou a todos da tirania de Voldemort. E nosso trabalho começa agora, Severo. Conto com sua ajuda, agora, mais do que nunca.

O outro apenas levantou a cabeça, olhou com piedade para Dumbledore, para em seguida abaixar a cabeça novamente.

A cena muda novamente e estão Alvo Dumbledore e Minerva McGonnagall em uma rua escura. Esta está falando com voz trêmula.

– ...vão escrever livros sobre Harry! Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele!

– Exatamente. - diz Dumbledore.

A cena muda novamente.

Estão Snape e Dumbledore novamente na sala do diretor.

– Diretor, devo confessar. Às vezes eu me pergunto se isso é justo. Os garotos têm de saber, Dumbledore!

– Não, Severo.

– Alterar a realidade... Isso não é certo!

– Para o bem de todos, sim, é certo.

– Você está criando estes meninos como porcos para o abate!

– A metáfora é um tanto pesada, Severo, mas, sim, é válida. Já expliquei a você. O destino reservou a estas crianças um futuro sombrio. Mais sombrio e tenebroso do que o de seu pai. Que vida teriam os filhos de Voldemort, que nunca foi capaz de amar e só pensava em si mesmo e no poder que ele sempre almejou, com Bellatrix Lestrange, uma Comensal da Morte submissa e iludida? Os herdeiros dessa união cuja única finalidade era gerar alguém que fosse sangue do sangue de Voldemort e que atendesse às qualidades que este preza em seus aliados, as dele mesmo, teriam o poder e a ambição sombria do pai e o ódio da mãe. Não, o mundo está melhor sem que Harry e Hermione saibam quem são seus verdadeiros pais.

– Diretor, sabe que eu o prezo por demais e que o admiro muito, mas... Obliviar os Dursley, fazer com que acreditem que têm um parentesco com bruxos e que Harry é seu sobrinho; os Granger e fazê-los acreditar que Hermione é sua filha; iludir a comunidade bruxa e fazê-la acreditar que Harry “Potter” é “O Menino que Sobreviveu”, quando na verdade, ele é filho de quem supostamente ele derrotou?

– Os meus planos já estão entrando em ação. Harry será educado e treinado para ser o herói da comunidade bruxa e derrotará Voldemort. O menino da cicatriz em forma de raio será um símbolo, um motivador. O sangue que corre nas suas veias é o sangue de Voldemort. Isso trará consequências de muito valor para nós. Harry terá vantagens em batalha por isso, somadas ao poder e as habilidades que herdou do pai.

– Diretor... E se o Lorde das Trevas voltar e descobrir o paradeiro de seus filhos? Como você irá protegê-los? – diz Snape, cada vez mais eufórico.

– Ninguém sabe do paradeiro dos filhos de Voldemort, Severo. Ele com certeza não entendeu o que aconteceu na noite em que tentou matar Lílian e Tiago Potter. Bem, para falar a verdade, nem eu entendo. Sei apenas que o filho deles morreu junto com os pais e que Voldemort, ao atacar os Potter, foi subjugado. E isso foi um ótimo álibi para nós. Dissemos que o menino sobreviveu, a comunidade bruxa engoliu e agora temos o plano perfeito. Trocamos as crianças. Isso é assustadoramente comum no mundo dos trouxas. E mostrou-se útil para o mundo bruxo. Harry deverá enfrentar o pai, com a ajuda da irmã, e ninguém deverá saber sua verdadeira identidade. E mais, eu duvido muito que Voldemort, com sua relutância em nutrir qualquer tipo de sentimento positivo com alguém, interesse-se em procurar por suas crias, caso um dia volte.

– Você criou uma realidade alternativa! Você não tem esse poder, Dumbledore! – diz Snape, com alta voz. - Eu não aceito fazer parte disto! Seu plano tem falhas, você não vê? Está velho demais e com o ego embebido de vaidade! Você não é um deus, Dumbledore!

O ex-diretor levanta-se e de repente a sala fica mais escura e turva. É possível perceber Snape encolhendo-se na cadeira enquanto Dumbledore se levanta e diz, com a varinha em punho e com uma voz que não a sua:

– Eu tenho o poder, Severo Snape. Tenho e vou usá-lo. E ninguém vai me impedir. Espero poder contar com seu silêncio.

A última palavra parece ecoar pela sala enquanto um clarão a preenche. Em seguida, o ex-diretor abaixa a varinha, senta-se novamente e a sala volta à sua iluminação natural. Snape endireita-se e seus olhos estão vidrados. Dumbledore retoma sua expressão gentil de velho, porém mais sério, e diz:

– Pelo Bem Maior.


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