–Steve... Steve, calma me fala o que aconteceu você está bem? Cadê o Mark? – Eu estava em pé, pouco me importava com meu pé e se eu precisava de repouso.

–Sim... Sim eu estou, Mark e eu precisávamos nos separar, eles nos cercaram, Mark disse que ia atrasa-los para mim, disse pra eu me esconder então entrei no armário e a ultima vez que vi Mark ele estava pulando a janela, não sei se saiu da escola, se fugiu ou se continua aqui dentro.

–Merda, conseguiu alguma coisa pelo menos? –Helena se referia a comida.

Steve abriu a bolsa que carregava, ate então eu não tinha a visto.

–Temos comida ai para um mês, obrigada Steve, mas agora... Acho que precisamos sair daqui. – Sara se juntou a conversa.

–Sim, nós precisamos, mas como vamos levar Jack? E a Lynn não pode correr... – Steve parecia preocupado.

–Precisamos nos arriscar, vou chamar Anna e Abby... – É mesmo, meu deus, onde estavam as duas? Desde que acordara não tinha as visto, me esqueci completamente delas.

Helena foi chama-las.

–Onde elas estão? –Perguntei a Sara.

–Abby estava muito mal, se trancou na sala do lado, provavelmente esteve chorando bastante. Anna não parou de vomitar desde que chegamos aqui, está no banheiro.

Quando Helena voltou com as duas garotas dei um enorme abraço em Anna.

–Pensei que não tinha resistido. – Ela disse

–Que isso, foi só um machucadinho no pé. – Disse, mas ao ficar totalmente em pé, senti fortes dores que me fizeram me contorcer um pouco.

–Calma ai Lynn, poupe suas energias, precisamos sair daqui. – Steve estava ao meu lado. Assenti dando uma pequena risada.

–E você Abby, está bem? – Perguntei a loira.

–Desde quando se importa comigo? – Ela me respondeu

–Desde somos um grupo tentando sobreviver. – Disse no tom mais sincero possível, eu não gostava nem um pouco de Abby, mas não podia me sentir assim, pois agora todos somos um só, precisaríamos confiar um nos outros, e para isso precisaríamos nos dar bem.

Ela me olhou, talvez um pouco desconfiada.

–Sim, eu estou bem, apenas com uma dor de cabeça, mas nada que me impeça de fugir. – Ela parecia mais tranquila.

Soltei um leve e rápido sorriso em sua direção.

–Gente, tá, e agora? Jack continua desmaiado, ele é um pouco pesado para ser carregado. – Helena checava sua respiração.

–Eu posso ajuda-lo a carregar. – Steve disse.

–Eu também... Já que não sou boa em matar essas coisas. – Sara caminhou ate Anna e lhe entregou o machado.

–Tudo bem, Helena, Lynn, Anna e Abby, por favor, peguem as outras coisas e vamos embora daqui.

Todos assentiram, nos arrumamos e fomos embora da diretoria.

Helena e Anna caminhavam na frente pois estavam armadas, eu estava logo atrás com Abby ao meu lado, e Steve e Sara atrás de mim carregando Jack.

–Você ainda tem esperança de que Mark esteja vivo? –Anna me perguntou baixinho.

–Não sei... Talvez esteja. Não sei.

–Se ele saiu da escola... Acho que não sobreviveria muito tempo sozinho.

–Ele pode estar aqui dentro ainda, e se ele voltar à diretoria para nos procurar?

–Ele é esperto, vai acabar nos encontrando, ou nós o encontraremos.

‘’Assim espero’’ Disse em meus pensamentos.

Depois disso, caminhamos em total silencio, todos estavam apavorados, se um bando daquelas coisas aparecesse estaríamos mortos.

Estávamos no corredor das salas de aula quando escutamos um estrondo vindo do final do corredor.

–Mark? – Logo levantei minha cabeça após perguntar baixo para mim mesma.

Da sala de aula saíram cinco zumbis, e estavam vindo em nossa direção.

–O que vamos fazer? – Steve perguntou do fundo.

–Vamos dar um jeito. –Helena disse, Anna virou e concordou com a cabeça.

Então elas foram para matar os zumbis que um dia foram conhecidos, estava tudo indo bem, até que um dos zumbis agarrou Helena por trás e ela não conseguia se soltar.

–Ah merda. – Exclamei e corri (tentei correr) em sua direção. – Me dê seu machado. RÁPIDO.

Ela assim fez, jogou o machado por cima do zumbi, que caiu no chão e mais zumbis estavam em nossa volta, da onde saíram eu não sei. Livrei Helena do que a agarrava, como ele não conseguiu a morder foi um milagre, devolvi seu machado, pois ela estava com mais problemas do que eu.

Quando fui sair do motim para tentar achar algo para ajuda-las um zumbi me agarrou o braço me puxando com força e me fazendo bater contra a parede. Sua boca já estava em ansiedade para se encontrar com minha carne, ele estava quase alcançando quando senti sua cabeça caindo sobre meu busto. Que nojo.

–Obrigada, Helena. – Eu estava ofegante, quase havia morrido.

–Não tem de que.

–Esta tudo bem? É seguro ir? – Steve gritou lá de trás

–Sim, pode vir.

–Alguma coisa aconteceu, tinha muitos deles aqui... – Abby disse examinando o local entrou em algumas salas e logo saiu com um pedaço de pano em mãos. -Mark estava vestindo uma calça dessa cor, não é? – Um pedaço de pano cinza que estava ensanguentado.

–Ai meu Deus... – Exclamei quase de imediato.

–Ele pode ainda estar vivo, nós só encontramos um pedaço de pano, que pode nem ser dele, sem pensamentos negativos agora, pois o mundo já está “negativo” demais por agora. – Helena nos consolou.

Sequei algumas lagrimas que involuntariamente caíram do meu rosto.

–Tudo bem, já sabemos que andar dentro da escola não é uma boa ideia, ainda mais com as armas escassas que nós temos... – Anna ficou pensativa.

–Anna, vem aqui, onde ficam as escadas de emergência? – Abby deu quase um pulo ao pensar nessa ideia.

–No outro prédio, do outro lado... – Os olhos de Anna brilharam ao perceber a ideia de Abby.

–Não podemos passar por dentro da escola, certo? – Ouvi algumas exclamações. – Então, passaremos pelo telhado. – Abby parecia orgulhosa de si mesma por ter uma ideia que poderia salvar nossas vidas.

–Sim, ótima ideia... Caramba Abby, você é incrível. – Helena estava com os olhos brilhando.

–Aquela passagem para o telhado, que subimos antes... Onde fica? – Disse para quem quisesse responder.

–Não muito longe, na verdade, é no próximo corredor. – Anna apontou para a curva próxima.

–Ótimo, vamos até lá. – Steve, depois de muito tempo assegurou.

Viramos na curva para subirmos as escadas e encontramos o portão totalmente aberto e rastro de sangue no chão. Sem ninguém dizer nada, continuamos a subir.

Conforme íamos chegando ao topo, nos deparamos com restos de corpos jogados por todos os lados, sangue por toda a parede e um cheiro horrível.

“Mark, eu te odeio por me fazer se preocupar com você. Espero que esteja ai em cima”. Pensei comigo mesma.

Ao chegarmos totalmente na parte de cima da nossa escola estava um verdadeiro banho de sangue.

–O que diabos aconteceu aqui? – Sara bradou.

–Se Mark ainda estiver vivo, ele vai ser meu protetor, porque olha... – Anna brincou.

Escutamos um ruído vindo do outro lado do prédio, onde se encontravam as escadas.

–Abaixem-se... – Clamei, e todos obedeceram.

Vimos uma sombra andar pelo outro lado do prédio, não pude ver se era humano ou não, pois estava de noite.

–Esperem...

–AH, MAS QUE MERDA, ESTOU COBERTO DE SANGUE. – A pessoa do outro lado gritou, chamando a atenção de um zumbi que se encontrava no chão. –CALA A SUA BOCA SEU PEDAÇO DE CARNE PUTREFICADO AMBULANTE. – e acertou a cabeça do zumbi com um pedaço de sei lá o que.

–Mark... – Tudo que consegui dizer antes de sair correndo, quase caindo entre o enorme vão entre um prédio e outro.

Abby me segurou.

–Calma ai, também estou feliz em vê-lo, mas ele já está do outro lado, espere um pouco. – Abby parou e procurou Mark nas sombras. –Mark, Mark está ai? Somos nós... – Abby gritou esperando por respostas, alguns segundos se passaram.

–Abby? Ah meu deus, estão todos bem? Todos vivos? – Mark respondeu gritando.

–Mark, estamos todos aqui. –Senti algumas lágrimas saírem de meus olhos. Estava feliz que ele estava vivo. Sequei-as e continuei – Como você está?

–Um pouco podre, mas bem. – Escutei alguns risos, e não pude deixar de sorrir também. – Vocês precisam vir para cá, as escadas de emergência estão logo ali.

–Como você conseguiu passar? – Anna se juntou a conversa.

–Eu quase morri por isso, mas vim por dentro da escola.

Fiquei meio confusa.

–Então, quem matou os corpos que estão jogados aqui? – Anna pareceu ler meu pensamento.

–Corpos? Eu não sei... Nem cheguei a passar pra esse lado ai. – Mark também parecia confuso.

–Tudo bem, estamos falando um pouco alto demais por conta da distancia, e precisamos atravessar logo pro outro prédio, como vamos fazer isso? E no escuro? – Steve tentou andar um pouco para nosso lado, mas o peso de Jack o impediu de ir muito longe.

–Começaremos fechando o portão, obviamente. – Helena disse indo em direção à escada.

–Ótimo... – Disse apalpando a única coisa que me separava de cair do prédio, e fui seguindo, ate encontrar uma parede e sucessivamente, a escada que dava acesso ao telhado. – Pessoal, achei.

Nesse momento, Helena voltou correndo, ofegando.

–Pessoal, temos alguns probleminhas, acho melhor andarem rápido.

Quando acabou de falar, pude escutar os gemidos e ruídos dos zumbis.

–Eles estão na escada né? AH MAS QUE MERDA. – Anna disse, socando a parede ao meu lado.

–Precisamos ir rápido. Steve ajude-me a colocar Jack no telhado para atravessarmos. – Helena foi rápida e já estava na minha frente.

Com certa dificuldade, eles finalmente conseguiram levar Jack ate o telhado.

–Pronto, podem vi... – A fala de Steve fora cortada com um estrondo alto vindo da escada. – meu deus... MEU DEUS...

Eram muitos deles, Anna e Abby correram para a escada, mas não ia dar tempo de eu conseguir subir.

–Corram. – Foi tudo que pude dizer as duas.

–Mas e você? AH MEU DEUS, CORRE LYNN. – Anna se exaltou ainda subindo as escadas.

Não pensei por muito tempo.

–Seja o que Deus quiser. – Fechei os olhos e respirei fundo.

Corri e pulei.