Maybe Someday escrita por SomeKilljoy


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Não tenho direito de delongar mais do que já o tenho feito, portanto, apenas desfrutem (e tentem não me matar).



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Tyler queria poder atribuir a culpa por suas ações ao sono, por não ter dormido bem na noite anterior. Mas seria uma mentira deslavada, porque estava desperto. Na verdade, achava-se no meio termo de “desperto”, porque seu processo de raciocínio continuava lento como se tivesse acabado de acordar de um período de hibernação, tudo por causa do turbilhão de pensamentos desordenados.

Gray acabara não se atrasando tanto assim. Chegara a tempo para o jantar, uns trinta minutos depois do horário marcado, e Tyler interpretou aquilo como uma forma de escapatória às perguntas singelas mas ao mesmo tempo embaraçosas com as quais Vanessa o bombardeava. Aquele diálogo havia se transformado em algo inegavelmente cordial, e ele já tinha se cansado de procurar por respostas adequadas a toda hora. Em algumas outras ocasiões, era mais fácil conversar com a garota, porque o principal tema recorrente deles era Esther, na maioria das vezes, sobre o que ele não precisava ponderar muito para encontrar vocábulos utilizáveis. Mas como esse assunto seria sem nexo no momento, dado que Esther estava a menos de dois metros de distância deles, talvez fosse melhor conversar sobre qualquer outra coisa. E, aparentemente, o que tinha de disponível resumia-se à vida de Tyler. E ele decididamente não se sentia livre para falar de sua vida agora.

O garoto tentara ser sutil depois da confissão de sua mãe sobre o convite de Vanessa, ao lhe ocorrer que aquele desconcerto todo era um tanto sem fundamento, então pôs-se a iniciar um bate-papo coloquial com ela, que depois se tornou bastante duvidoso. Já tinha percebido que a conversa deixava a ambos desconfortáveis, e após um breve instante de silêncio (que ele gostara mais do que a conversa em si), ela começara com perguntas do tipo "Então, como vai a vida?" e afins. O que piorou a situação.

Portanto, quando Gray chegou, ele deu graças aos deuses, crente que desta vez era mesmo Gray. Pelo menos, não estava enganado. Estava tão ansioso por sua chegada que o nervosismo anterior parecia ter se extinguido - embora este tivesse retornado posteriormente, como uma recordação permanente de que era assim como ele devia obrigatoriamente se sentir perto de Gray. Tentou exprimir um "Ainda bem que veio" nos olhos e no sorriso ao recepcioná-lo, mas muito provavelmente soou mais como um "Socorro", assim, ele resolveu transmitir isso em voz alta. Depois, o convidado devia ter segurado a risada quando Tyler se atribulou e não soube decidir se devia abraçá-lo de forma amigável ou não e acabou por estender-lhe a mão, como sócios ou amigos sem nenhum grau de afinidade. Pôde ver a cara de riso dele, e tentou disfarçar dando uma risada. Ela foi sem graça e nem um pouco genuína, mas contribuiu para suavizar o ar em volta deles.

Tyler se sentira estranho ao apresentar Gray aos pais. E à Vanessa, mas isso é detalhe. "Esse é Gray", sem nenhum subtítulo seguido deste, porque "meu amigo" seria... impróprio?, naquelas circunstâncias. Não sabia se era porque imaginava Gray em uma patente mais alta que "amigo", ou se queria que assim fosse. Talvez ele viesse antecipando inconscientemente o momento de apresentá-lo mais tarde, com outra definição, que a sensação que ele presumivelmente teria durante a eventualidade acabara arquivada em sua mente e influenciado em seu comportamento.

— Desculpe pelo atraso. Às vezes, eu não consigo ser muito pontual — tinha se desculpado Gray, depois de ter cumprimentado também a Esther, a qual havia bagunçado os cabelos em um jesto carinhoso, e suas amigas. Ele vestia calças de brim escuras e uma blusa de flanela, nada muito diferente do usual. A mãe de Tyler acabara de dizer-lhes que o jantar estava pronto, e rumavam para a mesa da sala de jantar quando ele disse isso.

— Mesmo? — Tyler sempre pensara que se enquadrava mais à designação "retardatário" do que ele, só andava fazendo um esforço a mais para não se atrasar frequentemente nos últimos dias. — Foram seus cachorros que te atrasaram? E aí, eles estão bem?

— Ah, sim, estão. E você sabe disso, falamos deles ontem, esqueceu? — Ele sorriu. — Parece que você desenvolveu uma espécie de afeição por eles, mesmo não tendo os conhecido ainda. — Seu sorriso se atenuou minimamente. — Mas Mikey...

— O que tem ele? — questionou, esquecendo-se que ia dizer que não era sua culpa se afeiçoar por cachorrinhos; afinal, eram cachorrinhos. Que pertenciam a Gray.

— Nada. Esquece.

Ele ergueu uma sobrancelha. Não era sempre que Gray se impedia de falar alguma coisa, por isso não insistiu. Ele pareceu grato por isso. Talvez fosse alguma coisa séria. Fez uma nota mental para lembrá-lo de interpelá-lo mais tarde. Não que isso fosse eficaz

Escalope de frango e uma salada diversificada estavam servidos à mesa. Sua mãe devia estar mesmo entusiasmada, imaginou, para se dar o trabalho de preparar tanta comida. Em dias comuns, derivados de ovos e macarrão eram o que predominavam naquela casa nas refeições. Não que fosse ruim - ela não era nenhuma exímia na cozinha, só que não deixava de ser bom - mas se tornava um tanto enjoativo ter de comer os mesmos pratos sempre.

Sua mãe logo começou a abrir conversa com Vanessa, e seu pai por fim entrou nessa quando tocaram em um assunto relacionado com produtos comerciais (como, ele não saberia dizer), e depois os três pareciam ter mergulhado de cabeça na temática, se levar em conta seus gestos e expressões exagerados (sério, o que estava acontecendo ali?). Não havia se incomodado em participar. Por outro lado, ele e Gray começaram a conversar à parte do resto da mesa, quando o último havia lhe perguntado, em um tom meio enfático demais, em surdina:

— Thay, quem é ela? — Gray indicou Vanessa com o olhar. Ela continuava entretida na discussão comercial e de-sei-lá-o-quê. Enquanto isso, Esther, Joy e Juliet comiam imensas bolas de sorvete de limão siciliano e fatias de pudim em tacinhas de plástico (por precaução. Elas eram mestras em quebrar utensílios de vidro) numa combinação não tão adequada, exultantes e sentadas no chão sobre o tapete aveludado da sala de estar em frente à televisão, as costas contra a mesinha de centro, após terem acabado seus pratos às pressas.

Tyler deu de ombros. Ele estava satisfeito de que, por enquanto, não havia cometido nada que pudesse ser usado contra ele. Algo como "Então, um dia eu fui à casa de Tyler e ele derrubou refrigerante na própria roupa e se engasgou com um naco de frango! Você tinha que ver a cara dele, hilária!" Seu coração, no entanto, antagonicamente ao que era de se imaginar, aumentava o ritmo das palpitações a cada segundo. Assim, esse momento não devia tardar a chegar, então tinha que manter a calma e evitar ser o ele de sempre.

— Às vezes, minha mãe paga a ela para cuidar de Esther quando ninguém pode fazer isso. Ela mora aqui perto. Não é ninguém importante. — respondeu.

— Por que ela tá aqui?

— Minha mãe a chamou.

— Sim, mas, tipo, por quê?

Tyler o encarou.

— E isso importa? — Ele ia dizer para ele não se preocupar, porque ela era legal, mas aquele interrogatório por parte dele era meio suspeito. Ele quase sorria com a constatação de que Gray parecia bem decidido em perguntar tudo aquilo, como se fosse uma questão importante. "Será que é ciúmes?"

Por um instante, Gray pareceu embaraçado, mas logo conseguiu reivindicar sua postura desinibida de sempre.

— É que eu gostaria de ficar sozinho com você hoje — esclareceu, sorrindo ao vê-lo corar, para depois levar o garfo à boca com a maior naturalidade do mundo.

Tyler sentia como se fizessem cócegas na parte interior de sua barriga, o que devia ser bem doloroso, se fosse parar pra refletir.

— P-para quê, exatamente? — inquiriu.

— Nenhum motivo aparente. Alguma sugestão? — brincou ele, quando acabou de mastigar.

— Ahn... Conversar? — arriscou. "Tyler, você é uma criança!" Escutou o subconsciente insultá-lo.

Gray deu uma risada. Um bom motivo para rir seria por causa da voz de Tyler ter se esganiçado levemente, como um indício de que ele não tinha isso em mente na realidade.

Quando acabaram de jantar e comer a sobremesa (nem um dos dois misturaram pudim e sorvete como as garotas haviam feito), eles de fato conversaram. Até incluíram Vanessa na conversa, quando esta se juntou a eles no sofá da sala. Gray, no começo, parecia relutante em conversar com ela, mas depois ambos acabaram se dando bem (bem demais pro gosto de Tyler). Estava quase sendo excluído da conversa - cara, como ele odiava quando isso acontecia - quando Gray por uma espécie de milagre (haviam ouvido suas preces!) pareceu notar isso e lhe disse:

— Não acha, Thay? — Aí ele percebeu que a razão pela qual estava sendo excluído da conversa era por ter ficado abstraído do nada. Ele era um expert em se dispersar. Oops. Pensando bem, isso devia ser um efeito do sono, também.

—- Claro. – resolveu dizer. Gray sorriu para ele, contente por ter concordado, e o moreno sentiu uma crispação de culpa se apoderar dele.

 

# # #

 

Decorridos alguns minutos, Vanessa teve de ir embora porque teria uma prova importante no dia seguinte de manhã. Ele olhou para o relógio. Já eram 22h00. Apressou-se em perguntar se Gray tinha o costume de dormir cedo: ele deu de ombros e murmurou um "Tanto faz, na verdade. Só que realmente não posso ficar por muito mais tempo."

Eles subiram para o quarto de Tyler, e Gray comentou que era bem maior que o seu e que ele não devia desculpar-se pela bagunça, já que não estaria melhor se fosse ele morando ali. Um ponto em comum.

Sentaram-se na borda da cama dele, a televisão desligada, encarando o nada por tempo o bastante para alguém entediar-se, encaracolar-se no chão e adormecer. Foi basicamente nesse ponto que Tyler foi arrebatado por aquele nervosismo ordinário de que ele não sentiria falta nem em um milhão de anos e todos seus sintomas começaram a se propagar: desviar de olhar, suor nas palmas, afobação contida inexplicável, sumiço da habilidade de comunicar-se apropriadamente, respiração irregular e ritmo cardíaco equivalente ao de um bater de asas de um beija-flor.

Gray fingiu que não, mas ele sabia que o outro havia percebido sua súbita mudança de comportamento, já que ele pareceu avaliá-lo antes de despertar um assunto qualquer.

— Seus pais parecem pessoas legais. Você parece se dar bem com eles.

— Mesmo? — indagou. Ele encolheu os ombros. Estava meio surpreso com a afirmação. — Devo disfarçar bem, então.

— É assim, então?

— É. Quer dizer, mais ou menos. Não é assim com minha mãe. Ela é legal. Com ela é OK.

— O problema é seu pai?

Tyler meneou a cabeça, concordando.

— Posso perguntar por quê?

— É, bem... o problema não é totalmente ele. É a sua constante ausência. Eu simplesmente perdi o contato, entende? Viaja demais. Nem sei se o conheço direito.

Gray se mexeu, desconfortável, como se compreendesse essa sensação. Mas justo quando Tyler ia perguntar como era a relação dele com os pais, ele quis saber:

— A Esther convive bem com isso?

Dava para ouvi-la brincar com as amiguinhas no quarto do outro lado do corredor.

— É meio complicado... — Tyler esfregou as mãos uma na outra, os cotovelos apoiados nos joelhos, escolhendo as palavras com cuidado. — Claro, ela morre de saudades do meu pai, mas a vida dela continua. Ela sempre foi mais próxima de minha mãe, de qualquer jeito. Acredito que ela tem uma noção do que tá acontecendo. Ela tem idade o suficiente pra entender. Esther só não deve se preocupar. Não quero que se preocupe.

Silêncio. Imaginou que não estava deixando as coisas claras para a compreensão.

— É que... Meus pais andaram brigando. — Ele evitou olhar para o loiro ao admitir. Sentia uma mão invisível comprimindo seu coração. Cruzou os braços e esfregou as mãos nos antebraços. — Mas tudo bem. Sério. — Era como se tentasse convencer a si próprio, e a mais ninguém. — Se passar disso, caso qualquer coisa aconteça, eu vou cuidar da Esther.

Quando tomou coragem para olhar de viés para Gray, ele sorria.

— Você é o melhor irmão que Esther poderia ter.

Tyler passou a mão na nuca, acanhado.

— Eu me esforço. Sou o irmão mais velho, afinal.

— Só... não deixe essa responsabilidade cair toda sobre seus ombros.

— Eu gosto dessa responsabilidade. Exige pouco de mim. Sério, não é nada demais.

— Só não extrapole. — insistiu Gray.

Não estou extrapolando. — retrucou, inflexível.

Ele o encarava nos olhos. Tyler queria poder pedir para que parasse. Murmurou:

— Foi mal.

Gray pareceu confuso.

— Por quê?

— Não devia falar dessas coisas tão abertamente.

— Por quê? Não confia em mim?

Tyler sorriu, tímido.

— Não tem por que não confiar... eu espero.

Ele sobressaltou-se quando sentiu os braços alheios envolvê-lo em um abraço lateral apertado.

— Você pode confiar. Tá? — Ele foi solto e fitou seus olhos, as íris castanhas não conseguindo se desafixar das azuis. O moreno engoliu em seco e murmurou um "Tá" surdo por entre os lábios, não podendo evitar sentir seu estômago se condensar em algo excepcionalmente gelado, como um freezer, e as borboletas voarem entre os vãos de suas costelas.

Essa sensação tão óbvia prenunciou o momento do beijo, que veio tão calmamente, depois do breve roçar de narizes e prolongado trocar de olhares, que quase pôde prever o exato segundo do contato entre os lábios.

Era quase igual à primeira vez, mas com algo mais. Era mais rítmico do que antes, porque agora Tyler estava tão completamente compenetrado no beijo quanto Gray. E Tyler estava agindo por intermédio próprio agora. E não sentia como se estragasse tudo.

Quando apartaram o beijo, o olhar dele se dirigiu imediata e automaticamente à porta do quarto, o coração falhando uma batida de medo. Felizmente, ela estava fechada.

Gray chamou-lhe a atenção com a pergunta "E aí, ainda tem gosto de hortelã?", fazendo-o rir e admitir que não se focara nisso, então não poderia afirmar com certeza. Em resposta, o loiro conduziu-o gentilmente pelo queixo até sua boca novamente, em um beijo mais acalorado e menos lento que o anterior. Em seguida, questionou a mesma coisa e Tyler respondeu que não sabia de novo, então o beijou mais uma vez, e mais uma, e outra vez, até que ele mentisse que sim, dava para sentir o gosto do maldito hortelã.

— Deve ser coisa da sua cabeça. Não como pastilha ou chiclete de hortelã há uns dois meses. — decretou Gray, quase chegando a gargalhar.

Tyler disse que ele tinha razão, dando outra risada. Perguntou-se se estava tão entorpecido na primeira vez que acabara inventando um gosto qualquer quando se beijaram.

Parecia que eles tinham acabado de criar uma piada interna.

 

 

Bem no momento em que ele percebera que tinha superado o nervosismo – como um herói que ultrapassa um empecilho para salvar uma vítima –, Gray disse que teria de ir embora dali a pouco. Seu pai havia acabado de lhe enviar uma mensagem de texto dizendo que estava indo buscá-lo.

— É, tá ficando mesmo tarde... — Tyler tentou não deixar sua decepção explícita e torceu para que não estivesse fazendo expressão de consternado. Eles levantaram-se quase simultaneamente, enquanto Gray ainda fitava o monitor do celular, como se quisesse deletar aquela mensagem e fingir que ela não existia. — Hm, já quer ir descendo? Eu posso esperar com você lá de fora.

O loiro aquiesceu, dando de ombros.

Desceram as escadas em silêncio, e o mais novo usufruiu dele para repassar os últimos minutos várias e várias vezes mentalmente, e até pôde imaginá-los no formato daqueles rolos de projeção de filmes fotográficos antigos. Gostaria de poder dizer que debateram sobre coisas interessantes, mas a verdade fria e crua era que, bem... passaram quase o tempo todo se beijando.

“Vou pensar sobre outra coisa. Tenho que pensar em outra coisa. Eu não posso pensar que estávamos sozinhos no meu quarto e... Droga.”

Seguindo aquela linha de pensamento, não era difícil concluir que, ao chegarem ao andar inferior, suas bochechas estavam tingidas de vermelho.

Joy e Juliet já tinham-se ido há uma hora mais ou menos, e Esther estava sozinha no sofá manuseando um carrinho de LEGO analiticamente, como se buscasse formas de desmontá-lo cruelmente. Quando ela viu os dois, largou o que fazia, correu na direção deles e pediu para que Tyler a pegasse no colo. Sinceramente, ela fazia isso apenas para envergonhá-lo na frente das visitas. Ele suspirou e se agachou para dar caminho para ela saltar em seus braços, rindo quase escandalosamente e exibindo o quanto o irmão estava à mercê de seus encantos. (Ele tinha certeza que era esse seu propósito.) Gray riu e bagunçou os cabelos loiros de Esther com a mão em punho, que nem havia feito quando a cumprimentara. Até aí tudo bem. Mas então ele inventou de fazer o mesmo no cocuruto de Tyler, que lançou-lhe um olhar de um misto de desaprovação e surpresa do tipo “O que deu em você?!”, o que o fez rir ainda mais. Esther riu em companhia. Seu rosto ficou mais vermelho ainda. As pessoas conspiravam para deixá-lo assim, viu só?

Depois de deixar a irmã em solo de novo e Gray dizer tchau a ela, passaram pela cozinha, onde sua mãe arrumava e lavava uma leva de louças, aninhando as limpas em uma pilha ao lado da pia. O filho teria oferecido sua ajuda com prazer, se não fosse por ela ter lhe dito mais cedo para não se preocupar com isso naquele dia. Foram até ela só para o convidado poder se despedir. Como não sabiam onde seu pai estava, Tyler lhe perguntou, e ela encolheu os ombros, displicente.

Finalmente, saíram pela porta da frente, onde o garoto tinha nutrido esperanças que não aconteceria nada demais. Ledo engano.

 

# # #

 

Primeiro, Tyler pensou que fogos de artifício explodiam em seu peito. Depois, se deu conta de que se tratava de seu coração.

Ele vasculhou ao redor, certificando-se de que eram os únicos presentes do lado de fora da sua casa, enquanto Gray esperava o pai buscá-lo dali a no máximo dez minutos, segundo o mesmo. Já devia ter se passado mais que isso, e nem sinal dele. A porta estava fechada, portanto, sem chances de mais alguém ter ouvido.

Ou seja, eram só ele, Gray, a rua sem qualquer vestígio de carros e pedestres, a noite silenciosa e a lua brilhante no céu estrelado.

Não podia impedir o pensamento de "Mas já?" repetir o tempo inteiro em sua cabeça, ecoando, como uma mantra. Na verdade, ele quase podia ver as palavras que expressavam sua dúvida, como se um letreiro em neon estivesse bem embaixo de seu nariz.

Olhou de novo para Gray, possivelmente a terceira vez desde a fatídica pergunta, como que para ter certeza absoluta de que estava falando sério. E estava. Sua expressão era quase a personificação da seriedade.

Ele respirou fundo, ponderando. Respirar fundo tende a acalmar as pessoas e a deixá-las ao alcance do uso de sua racionalidade. Ele se perguntou: "É isso o que você quer?".

Gray interrompeu seu fluxo de pensamentos.

— Sabe, não precisa responder agora. — Sua voz continha um pingo de desânimo, como se soubesse o que viria a seguir.

— Tudo bem. Vou pensar


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Notas finais do capítulo

E é aqui que eu me justifico, afinal.
Estou com um peso enorme na consciência, vocês não têm ideia :x Mas, para começo de conversa, tenho que enfatizar que eu reescrevi o capítulo não uma, mas duas vezes, porque não gostava do resultado. Aí eu ignorei minha decisão de escrever um capítulo na visão do Gray, e fiz da do Tyler. O que facilitou as coisas um pouquinho, mas demorou muito mais.
Outra coisa, toda vez que eu tinha ideia ou vontade de escrever, me faltava algo essencial: tempo. Eu tentei postar antes de viajar, mas nada saía. E tudo que saía, eu odiava e.e
O problema mesmo é meu perfeccionismo e autocrítica exagerados. Desculpa, galerinha, mas eu levo essa fic mais a sério do que devia. Ainda sinto que ela tem um monte de buracos não tampados, mas eu vou tentar arrumar tudo com o decorrer do tempo.
Quanto ao capítulo: sei que é filha da putice acabar assim, mas minha intuição apontava pra fazer isso xD
Outra coisa: não sei vocês, mas tive a impressão mínima que meu estilo de escrita mudou um bocadinho ._. Devo averiguar a impressão ou é só eu? u-u
Próximo capítulo... daqui duas semanas, okay? Só enquanto eu concilio minha vida. sdds 2014

Enfim, valeuzão para quem leu até aqui e não me abandonou, mesmo com essa demora colossal. Vocês são uns amores. Muito chocolate para vocês e um Feliz Páscoa adiantado! o/



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