Maybe Someday escrita por SomeKilljoy


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal atrasado, seus lindjos. Espero que tenham tido boas festas.
Desculpem a demora. Eu sei que o capítulo está menor do que o costume e, embora eu soubesse o que mais escrever nele, sentia que já estava pronto assim. E eu gostei bastante dele 'u'
boa leitura~



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Se o intuito de Gray era monopolizar seus pensamentos, Tyler, a contragosto, devia admitir: ele estava obtendo sucesso.

Parecia que o loiro estava utilizando o tal termo “Os fins justificam os meios”. Porque esses “meios” estavam torturando Tyler, francamente. Só que, nesse caso, os "fins" não eram tão positivamente lucrativos assim. Somente eram irritantes. Quer dizer, o que Gray conseguiria sendo dono dos pensamentos do moreno?

Droga, por que diabos ele tinha que ser tão indecifrável?

E por que Tyler continuava insistindo em fazer tentativas falhas de decifrá-lo? Nenhuma pessoa normal faria isso. Até parecia que ele gostava de quebrar a cabeça com coisas inúteis, que gostava de se martirizar.

E não, ele tinha certeza que não gostava.

As coisas se sucederam como se nada houvesse acontecido. Como se Cameron não tivesse sido pego no flagra com a namorada (o que, na verdade, não era tão alarmante assim. O impressionante era que ele não tinha ficado emburrado. Milagres realmente aconteciam! Tyler vencera a aposta!), como se Gray não tivesse quase beijado Tyler anteriormente.

A pizza chegou após alguns instantes. Tyler franziu o nariz para o sabor que o gênio do amigo havia escolhido, mas seu estômago roncou em protesto, pouco se ferrando para seu paladar e, bem, ele foi obrigado a comer dois pedaços. Não queria nem saber quantos pedaços comeria se fosse uma pizza de pepperoni ou algo assim.

Depois, eles jogaram, alheios à qualquer situação que podiam se encontrar no momento.

Ah, desculpe, você deduziu que o “eles” incluía Tyler, certo? Não, ele era uma exceção. Para variar. O garoto prosseguia involuntariamente em desviar sua atenção do jogo na tela plana à sua frente para o jogo de vida ou morte em sua cabeça, danificando-o. Sério, lá estava uma confusão, efetivamente mais realista que qualquer a simulação de alta resolução de guerras presentes nos vídeo-games.

Era ou morrer no jogo ou na realidade. Tyler queria não ter que escolher nenhum dos dois. Mas, é, quem disse que algo que ele queria era atendido?

E, ah, como ele conseguia exagerar na figuração de tudo?

— Que merda, Tyler! — reclamou Cameron, ainda competindo com Gray, os dedos movendo-se freneticamente e alternando-se entre os botões coloridos. Ele inclinava o corpo desesperadamente para um lado específico, como se isso o ajudasse a jogar melhor, quase caindo do puff — o que seria engraçado em normais circunstâncias, se Tyler não estivesse pior que ele, claro. Afinal, era a quarta vez que apareciam os dizeres “Game Over” para ele. — O que aconteceu com você?

Tyler simplesmente apertou em “Try Again”, como se não estivesse fazendo isso o tempo todo nos últimos trinta minutos

— Por favor, não jogue como se tivesse paralisia na mão. — implorou o amigo.

— Ah, cale a boca.

Gray acabou rindo junto com Cameron. Tyler decididamente não gostava de ser motivo de riso. Por mais irrisória que fosse sua situação naquele instante.

E, tá, eles continuavam descontraídos um com o outro, mas, ainda assim, como Gray podia agir tão normalmente?

Depois da sexta, sexta, tentativa em vão, o garoto quase tacou desnecessariamente o controle que segurava no chão. Por sorte, Cameron o interceptou no ato, arrastando seu puff para trás para que ficasse em uma distância segura da televisão ou qualquer outra coisa “quebrável”.

— Certo, cansei. — declarou Gray, esticando as costas depois de levantar-se, e enxugou o suor no pescoço com a camisa, deixando uma parte de sua barriga magra e “atraente” exposta (talvez o leviano motivo para Tyler ter corado. Ou talvez não).

Tyler se perguntou que tipo de infeliz se cansava após vencer seis vezes consecutivas. Claro, ele havia gritado em sua mente para que parasse de humilhar – mas nunca esperaria que ele o obedecesse, já que 1) Gray naturalmente não lia mentes (ou será que lia? Vai saber) e 2) ninguém estava o levando a sério recentemente e 3) de nenhuma forma Tyler conseguiria fazer com que alguém como o loiro o obedecesse.

Sim, seus pensamentos estavam tomando rumos ridiculamente estranhos. E não, não se orgulhava disso.

Gray e o amigo de pele mais escura iniciaram um diálogo sobre próximos lançamentos no vídeo-games, que eventualmente passou a incluir o quanto Tyler estava piorando nos jogos, que não foi nem um pouco relevado pelo menor, que começou a mexer sem nenhuma razão aparente no celular. (O que o levou à conclusão que agora ele devia estar fazendo o papel do emburrado no recinto no lugar de Cameron. Viu? Sua vida estava ficando recheada de controvérsias!). Por fim, recebeu uma mensagem supostamente urgente de sua mãe que pedia que ele fosse para a casa (“Rápido, é uma surpresa!” – como se as “surpresas” vindas das mães valessem a pena depois que você já ultrapassou os dez anos de idade) e ele decidiu escutá-la só dessa vez. E foi assim, simplesmente, que ele levantou-se, agradeceu formalmente demais pela pizza e etc., se despediu e foi embora, deixando para trás duas pessoas erguendo as sobrancelhas.

Qual não foi seu susto, portanto, quando estava esperando o elevador chegar e notou Gray atrás de si, carregando uma mochila nas costas, depois do mesmo ter soltado um espirro.

Poxa, será que tinha que deixar tão na cara? Idealizava-se, assim, que tinha saído logo em seguida por causa do moreno, ou que só fora lá por essa mesma causa. Será que não? Ah, não, ao ir para lá, ele nem sabia de sua presença no apartamento...

Mas, bem, que parecia que ele estava seguindo-o, parecia. Um stalker, talvez?

Os dois entraram no elevador. Tyler apertou o botão para o saguão e não perguntou nada, mas Gray, como se devesse tal satisfação (é, o menor gostou de como isso soou), acabou por se explicar, dando de ombros:

— Tenho de ir à loja, você sabe, e, hm, distribuir uns papéis por aí.

O garoto não sabia o por quê de Gray ter começado a distribuir papéis de repente e nem do que eles eram a respeito, então só pôde responder um célebre e interessado:

— Hm, legal.

O maior sorriu de canto.

— Quer que eu te acompanhe até sua casa? — ofereceu, balançando o corpo nos pés.

Aquilo poderia ser por pura gentileza e ser bem intencionado, conter segundas intenções, ou exemplificar aquelas situações de “somente por educação então por favor recuse para não me dar trabalho”. Apostava em uma das duas primeiras. Pelo menos, fazia sentido e não era nada absurdo, já que Gray sabia que sua casa ficava a caminho da loja e ele devia estar indo a pé (sim, ele já havia ido lá, antes de tudo começar a ficar “estranho”). Oportunamente, podia se dar o luxo de usar uma acessível e imaculada desculpa para abdicar aquela boa vontade (ou esperava que fosse isso) de Gray.

— Hm, estou de carro.

— Então posso te acompanhar até o carro?

Tyler suspirou, dando-se por vencido, sorriu e assentiu. No final das contas, não havia porque negar aquilo.

O elevador abriu-se e ambos saíram.

— Gray... você acha que Cameron sabe de alguma coisa? — questionou Tyler, assim que passaram a saída do hotel. Gray se virou para ele, ainda andando, agora de costas, embora fosse o de olhos castanhos que sabia onde o carro estava estacionado e quem deveria ir na frente para guiar o caminho.

— Não. Como saberia? — Ele deu um sorriso zombeteiro. — Aliás, saber do quê? Não foi você quem disse que não há nada do que saber, “nada entre a gente”? Está insinuando que mudou de ideia?

O moreno abriu a boca para mandá-lo ficar calado, mas isso provavelmente seria um convite, aos olhos do mais alto, para dar uma risada e continuar transtornando-o com suas provocações. Abaixou os olhos. Mudar de ideia... Não era como se tivesse mudado de ideia antes ter de revertê-la, certo? A questão sempre havia sido singular... exatamente o oposto daquilo que havia idiotamente pronunciado antes.

— Receio que... não posso continuar negando isso, não é? — disse baixinho, mas alto o suficiente para que o outro pudesse ouvir, arranjando coragem sabe-se lá de onde para olhá-lo nos olhos.

Gray parou, alarmado; então, o sorriso que lhe direcionou foi tão veemente, tão honesto, que sentiu-se por se derreter ali mesmo, todas as células de seu corpo suspirando impotentes em harmonia.

— Tyler, e daí se Cameron soubesse? — indagou, mais curioso do que seriamente pensando no assunto.

Sentiu-se exasperado por algo que fora tão difícil de proferir pudesse ser deixado para trás assim, mas respondeu, enquanto voltavam a andar em direção ao carro, Gray agora ao seu lado:

— Sempre depende de qual seria sua reação, acho... Por isso, se for uma reação negativa... Melhor prevenir do que remediar, certo?

Viu-o torcer o nariz, não respondendo.

Enfim tinham chegado ao carro, e Gray já se despedia e ia embora, até que Tyler acordou. Atrasado, mas, amém, não tarde demais.

— Ei, Gray! Quer carona?

 

 

“Concentre-se, não vai bater o carro agora, olhos à frente”. Mesmo com essas ordens impostas por si mesmo, era impossível não olhar vez ou outra de esguelha para Gray. Ele folheava um dos seus álbuns de desenho – um antigo, cujos desenhos guardados nele eram péssimos –, mesmo tendo exigido para que nem o tocasse (ele estava morrendo de vergonha, também. Não queria que tivesse uma ideia errada de quão mal ele desenhava), que parecia mais concentrado no que fazia do que Tyler. Não podia evitar ansiar ver a expressão do outro diante de seus desenhos. Mas, basicamente, não era por isso. Parecia até que, depois daquele sorriso, Tyler passara a vê-lo de um jeito diferente. Seu coração, pelo menos, ainda não tinha se recuperado daquela visão, batendo fortemente contra seu peito. Ele também não estava lá essas coisas.

Voltou os olhos para o semáforo, no vermelho, à sua frente. Não devia se permitir ficar nervoso como antes fazia. Não podia. Gray estava quieto lá, no seu canto. Não era como se pudesse agir de forma “suspeita” de repente.

Quem diria que algum dia ele viria a ficar assim... cujas paixões, quando não eram nulas, eram tão duradouras quanto um copo de sorvete intacto antes de derreter abaixo do sol escaldante.

A primeira conversa de verdade que tivera com Gray fora umas duas semanas antes de sentir algo por ele, por parte de uma apresentação entre eles de Cameron. Fora quando descobrira sobre os gostos do outro, como, por exemplo, das bandas que ele costumava ouvir, que assistia (não tantos) animes como ele e os tipos de livros que lia. De qualquer forma, eles não chegaram a ser “amigos” propriamente ditos. Ficaram mais próximos só nos últimos dias – e agora Tyler se perguntava: “Por que demorei tanto para conhecê-lo melhor?”

E ele, de alguma forma, sabia que Gray pensava assim também. Afinal, diante de todas as incertezas sobre o garoto ao seu lado, sabia que ele não era alguém que brincaria com seus sentimentos (já tinha sanado suas dúvidas quanto a isso). E ambos estavam a um passo a frente, agora.

Fazendo sentido ou não, sabia brevemente que era um grande avanço onde eles se encontravam agora.

Minutos antes de chegarem ao lugar destinado, Gray comentou, guardando o álbum no porta-luvas, onde o havia achado:

— São melhores do que pensei.

— Está brincando? Esses daí são horríveis!

— Se você considera isso horrível, não queira ver como são os meus desenhos — alertou Gray, rindo.

— Ahn... Você desenha? — perguntou Tyler, as sobrancelhas arqueadas, virando a última rua para chegar à loja.

— “Tem muita coisa que não sabe sobre mim” — declamou ele, fazendo sinal de aspas com os dedos. Certo, ele não tinha esquecido aquilo. — Não, não desenho. Só um aviso prévio para você não se assustar com meus bonecos palito.

— E-ei, você ainda se lembra disso?

Gray virou o corpo para ele, enquanto estacionava o carro em uma vaga em frente à loja. Estava basicamente um deserto lá – nem imaginaria o que o outro conseguiria vender. Além disso, eram quase onze horas da noite.

— Claro que sim. Digamos que... essa frase meio que mexeu comigo. E aí, o que mais não sei sobre você?

Tyler deu de ombros.

— Vai ter que descobrir sozinho — disse, olhando-o nos olhos. As íris azuis acinzentadas desceram para seus lábios, até que Gray balançasse a cabeça, como se assim se livrasse de alguma ideia não válida, e replicasse:

— Ah, eu vou. Mais rápido do que você imagina. — Um sorriso. — De qualquer maneira, obrigado pela carona. Te vejo segunda, okay? — E ele abriu a porta do carro, já colocando uma perna para fora deste.

— É, ahn, espera! — pediu Tyler. Ele colocou a perna de volta e o fuzilou com o olhar, tipo um scanner.

— Que foi? — perguntou. Tyler não foi capaz de responder. Gray suspirou. — Ah, quer saber? Que se dane.

O moreno piscou, desentendido.

— Ahn, Gray?

— Olha, foi mal, okay? Não fique bravo comigo.

— Ahn... do que está falan-...

— Você está me deixando doido, sério. — interveio ele, exasperado. — Eu quero mesmo fazer isso. Não consigo mais me segurar.

Foi aí, claro, através de um simples ato, que Tyler compreendeu todas as palavras ininteligíveis recém ditas por Gray.

Fechou os olhos alguns segundos depois, espantando a surpresa, enquanto seu coração dava pulos e iniciava um número de acrobacia. Uma das mãos do maior estava encostada na lateral de sua cabeça, segurando-a gentilmente, e a outra apoiava seu peso no porta-luvas, enquanto as suas seguravam-se no banco em que estava sentado. Sentia-se prestes a entrar em combustão a qualquer instante, em contrapartida do frio levemente confortável que crescia em seu âmago.

Seus lábios, colados aos de Gray, entreabriram-se o suficiente para que as línguas se encontrassem, duplicando, efetivamente, as sensações. O loiro realmente parecia ter esperado muito por aquilo, explorando sua boca ansiosamente com a língua, enquanto os lábios se roçavam vagarosamente.

Tyler acabou por passar os braços em torno do pescoço de Gray, afagando seus cabelos. Apertou os olhos e abriu um pouco mais a boca, até que sua própria língua entrasse na boca alheia. Não era fácil discernir um sabor em si, mas, de qualquer jeito, era bom. Parecia levemente com hortelã. Gray tinha comido alguma pastilha?

Seus pelos se eriçaram e seu rosto foi invadido pelo rubor quando os lábios do loiro sugaram o seu inferior para entre eles, a língua adentrando em seguida sua boca, buscando maior contato e fazendo-o estremecer.

Finalmente se separaram antes que os pulmões explodissem, ofegantes.

Sorriram um para o outro, acanhados. Era assim o beijo de Gray...

Gray, tocando de leve a boca do de olhos castanhos claros com o polegar, lhe deu um último selinho de despedida e, sem maiores cerimônias, porém sorrindo convictamente, disse, antes de sair do carro:

— Eu te mando uma mensagem mais tarde.

Tyler concordou e, assim, observou-o, impotente, atravessar a porta da loja e sumir por trás das vitrines. Tocou os lábios formigantes, ansiando por mais. Não, não estava sonhando. Aquilo era bem melhor que um mero sonho. Olhou para a lua. Estava escondida por nuvens, mas, mesmo assim, estava mais brilhante que o normal, não estava?

 

 

Foi assim. O início definitivo. Algo grande começava ali. Não eram necessárias outras palavras. Independentemente se já tinha acontecido algo antes. Independentemente se tinham protelado para se dar conta do evidente. Independentemente de qualquer coisa. Algo grande, afinal, não precisava de dependência ou relação com nada.

Sim, algo grande. Tyler nunca fora alguém de grandezas. Mas sempre tinha uma exceção; uma primeira vez. Um início.

Se esse início teria um desfecho precipitado ou um final feliz, cabia a ele decidir.

Mas, francamente, quem liga para finais? Porque, no momento, não estava nem um pouco a fim de ouvir falar deles.

Pois era somente um início — que faria, definitivamente, enorme diferença.


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Notas finais do capítulo

Nyah, não corte minhas notas.
*Nossa, se a fic começou só agora, não quero nem saber quando vai acabar* Pois é, colega. MAS AGORA QUE A PORRA FICA SÉRIA.
E aí? Quero saber da reação of you guys.
Estou carente de mais comentários que digam suas opiniões sinceras, contendo críticas e o que digam o que acham que devo melhorar, seriously. Acho que mereço isso, né? Não? Okay...
Anyways, eu compenso o tempo perdido o/ Mas, para manter um ritmo, vou postar a cada 5 ou 7 dias. Eu vejo qual eu consigo manter mais
Adious, até o próximo~



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