Maybe Someday escrita por SomeKilljoy


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Então, galera, eu acabei de escrever o capítulo segunda-feira (eu fiquei das quatro horas da tarde até as dez horas da noite e escrevendo) e só tive tempo para postar no SS. Foi mal por estar postando mais tarde aqui ^^
De qualquer forma, eu adorei escrever um cap do Gray. Não sei se o próximo vai ser dele ou do Tyler.
Boa leitura ^^



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Gray devia parar de arriscar tanto assim. Devia parar de se deixar levar pela adrenalina do momento.

Era assim na maioria das vezes. Não chegava a ser impulsivo, mas estava quase lá. Se quisesse fazer algo, ou se simplesmente sua intuição apontasse para algo, ele ia lá e fazia, sem pensar duas vezes. Não costumava a escolher as palavras cuidadosamente antes de falar. Era meio que... à base do improviso. Para ele não havia nada errado nisso. Afinal, não era como se estivesse abandonando suas obrigações ou com vontade de cometer alguma espécie de crime sem um motivo plausível. Suas ações tinham motivos; só não tinham um planejamento que certas pessoas considerariam como “adequado”. Gostava de ficar fixo ao presente; sem divagações exageradas sobre o passado ou o futuro. Odiava ter a cabeça cheia de preocupações. Era a melhor maneira de seguir feliz com a vida, com um equilíbrio entre obrigações e vontades. Tinha consciência de seus deveres. As consequências teriam que ser sofridas e os preços teriam que ser pagos mais tarde, mas ele era capaz de suportá-los. Sempre dava um jeito. Contanto que mais ninguém saísse prejudicado por seus atos, tudo bem.

Quando se tratava de algo (ou alguém) muito importante, aí sim ele se colocava no dever de parar para refletir sobre suas futuras ações – porém, era um pouco raro elas saírem como o planejado. Como dá para perceber, ele era péssimo em estratégias.

Um ponto negativo era que havia vezes que ele percebia que cometera um erro gritante e corria em busca de uma solução – quando isso acontecia, ignorava todo o resto, se xingava de tudo o que se podia imaginar, chegava a desesperar-se e jogar todo o resto de sua vida pelos ares, até ter resolvido tudo. Podia acontecer de sua vida acabar se desmoronando em uma reação em cadeia – como dominós caindo uns em cima dos outros –, e as coisas começarem a dar errado seguidamente, mas essa era uma possibilidade que Gray fazia menção de não cogitar.

No entanto, apesar de tudo isso, até que tinha uma mente organizada e era uma pessoa tranquila. Um problema de cada vez; uma solução de cada vez. Pensamentos positivos. Tudo irá se resolver. Era um lema bom para se seguir.

Um ponto positivo era que geralmente ele sabia a hora ideal para se fazer tudo.

Infelizmente, o seu problema atual era que ele não sabia a hora ideal para se fazer nada. Sentia como se andasse às cegas: à beira de um penhasco cheio de problemas irremediáveis ou a ponto de dar de cara com um obstáculo que infernizaria sua vida pelo resto dos dias.

Mesmo assim, continuou. Gray era persistente.

O pensamento que arriscar não era tão bom assim floresceu em sua mente ao perceber os vários olhares de descontentamento sendo enviados a eles, e que nem todo mundo encararia dois homens de mãos dadas naturalmente. Não queria causar problemas a Tyler. De jeito nenhum.

“Tarde demais”. Não iria passar de confiante para arrependido de uma hora para outra. Então, apertou a mão do outro com ainda mais força, como que para transferir parte de sua confiança a ele.

— Ei, Gray, sério, assim você vai parar a circulação da minha mão! — reclamou Tyler, ao que já entravam no shopping. O ar condicionado livrou ambos daquele calor insuportável.

Gray diminuiu um pouco o passo – nem sabia porque exatamente estava andando tão rápido – e riu baixinho. Tyler pedia de minuto em minuto para que ele soltasse sua mão, já que não tinha nenhuma razão para segurá-la agora. Mas, francamente, se ele queria separar as mãos tanto assim, poderia fazê-lo por si próprio. Gray não estava segurando-a com força agora, e era só puxá-la para soltá-la – o que ele não fez.

O filme começaria às 14h00, e eram 13h38 ainda. Foram antes comprar os ingressos – dois para um filme de terror que, na verdade, Gray não ansiava muito para ver. Assistiria só porque Tyler queria assisti-lo e porque não tinha outro filme aparentemente decente na programação.

Ainda tinham alguns minutos antes do filme, então ficaram observando as vitrines de algumas lojas. O shopping estava um pouco vazio – o que era um pouco estranho. Gray continuaria de mãos dadas a Tyler sem problemas (Já foi mencionado que ele era persistente?), mas o de olhos cor-de-mel finalmente lhe tinha escapado, e agora parecia manter uma distância confortável entre os dois, por precaução.

“Que infantil”, pensou Gray. Mas ele sorria.

Decidiram já entrar na sala de cinema uns dois minutos depois e estavam a caminho quando três garotas conhecidas se encontraram com ele. Tyler ficou um pouco desconcertado e Gray aproveitou seu momento de confusão para capturar-lhe a mão novamente. Recebeu como resposta um olhar de adversão e vários puxões em tentativas falhas de se soltar.

— Gray! — exclamou Sue Walker, os olhos verdes iguais os da irmã brilhando, o cabelo castanho escuro preso em um rabo-de-cavalo, as duas amigas ao seu lado acenando, fingindo surpresa. Gray resistiu a tentação de fugir dali no mesmo instante. Gostaria que ela ao menos soubesse disfarçar. Sue olhou para o lado e ergueu as sobrancelhas. — E, oi, ahn... Tyler?

Tyler acenou com a cabeça, olhando para os pés, falando um “Oi” baixinho.

Gray adorava seu lado tímido. Ainda assim, não entendia aquela a reação. Sue não era uma garota especial, Tyler não devia ficar nervoso por causa dela.

Sue olhava para Tyler como se ele fosse a coisa menos interessante do planeta. Como ela podia olhar para ele assim? O olhar dela pousou nas mãos dos dois, confusa. Tyler percebeu e deu desnecessariamente um beliscão na de Gray – que doeu – para soltá-lo, tendo sucesso dessa vez.

— Ahn... É, oi — cumprimentou Gray. — Sue... posso falar com você um minutinho? Sabe, em particular.

Sue assentiu avidamente, corando um pouco, e o seguiu com um entusiasmo exagerado. Quando pensou que estava longe deles o suficiente, Gray lhe disse:

— Sue...

— Sim?

— Por favor, pare de olhar assim para mim. — disse, suspirando. — Olha, eu sei que... você sente alguma coisa por mim. Desculpe, mas você deixa bem na cara.

Ele não poderia ter sido mais direto. Mas já estava se aborrecendo com isso. Era impressionante como aquela garota conseguia encará-lo sem parar, quase toda vez que se viam. E, ao contrário da irmã, ela era um tanto... insuportável. Ele não poderia ser persistente nem se quisesse se fosse comparado a ela.

Sue piscou e piscou de novo, em confusão e descrença. Por fim ela disse:

— Bem, eu tinha que deixar na cara, não acha? Você é meio ruim para perceber. — “Não sou não. Eu só não tenho interesse algum”, pensou Gray. — Você que tinha que me convidar para sair, mas, é... Quer combinar alguma coisa?

Gray coçou a nuca. Aquilo era desconfortável.

— Bem, não... Escuta, desculpe destruir suas esperanças ou alguma coisa assim, mas... não tem a mínima chance de acontecer. — A boca de Sue ficou um pouco aberta. Ele se curvou para sussurrar em seu ouvido: — Eu não sinto atração por mulheres. Sinto muito.

As palavras simplesmente haviam surgido em sua mente e ele as proferiu, sem mais nem menos.

Sue olhou para ele. Então olhou para Tyler, que estava a alguns metros de distância, em um silêncio tenso com suas amigas. Então para Gray de novo e seus olhos se arregalaram com a compreensão.

— Ah! Então vocês...

— Não, não! Quer dizer, ainda não. — Ele lhe deu uma piscadinha. — Mas não conte para ele, certo? — “E para mais ninguém, por favor, por favor, por favor”, insistiu mentalmente.

Gray, então, saiu andando até Tyler, e ambos foram em direção à sala de cinema, comprando a pipoca e os refrigerantes antes de entrarem.

— O que você falou para ela? Ela parece estar tão... surpresa. — disse Tyler.

— Nada demais.

Ele também devia parar de mentir.

 

# # #

 

— Dá para você parar de rir, por favor? — pediu Gray, baixinho, vendo Tyler quase se contorcer de tanto rir na cadeira ao lado.

— Não, espera! — Ele riu mais um pouco. — Você tem mesmo medo desses filmes?

— Não é medo... É só...

Okay, talvez aquela fosse a primeira vez que via um filme de terror propriamente dito. E toda vez que alguma coisa acontecia de repente, demônios apareciam do nada na tela ou sangue era jorrado de algum lugar, Gray dava um pulo na cadeira. Os óculos 3D não ajudavam em absolutamente nada. Só não tapava os olhos com as mãos porque Tyler o zoaria por isso pelo resto da vida.

— Tudo bem — Tyler parou de rir e voltou sua atenção ao filme. Ao contrário de Gray, ele parecia estar gostando. Basicamente, Gray só continuava ali pela pipoca. E, bem, por Tyler. Não que a última parte importasse alguma coisa. — Quer pipoca? — sussurrou, os olhos atrás dos óculos ainda fixos na tela, oferecendo o saco de pipoca.

Gray enfiou uma mão dentro do saco de pipoca e pegou algumas dela, sentindo seus dedos roçarem nos de Tyler minimamente. Depois de tanto tempo de mãos dadas, aquilo não deveria fazê-lo sentir nada. Mesmo assim, os dois trocaram um olhar rápido porém significativo, fingindo que nada havia acontecido depois.

O garoto nunca havia pensado que sair com Tyler seria tão divertido e... bom. Ele o conhecia há alguns meses. Ele sempre parecera legal – uma ótima pessoa, um amigo leal. Tímido no começo, mas ia sendo mais si mesmo conforme se acostumava e conhecia mais as pessoas. E Gray queria muito conhecer mais dele.

O filme pareceu durar uma eternidade. A pipoca já tinha acabado quando chegou a parte dos créditos e as pessoas começaram a se levantar, depois de se recuperarem do final chocante. Gray estava se levantando da cadeira também , ponderando se conseguiria dormir de noite, quando Tyler o puxou de volta.

— O quê?! Você gostou tanto do filme que quer ver os créditos também? — indagou Gray, aturdido.

— Fale mais baixo. E, respondendo sua pergunta, não. É porque sempre há uma continuação depois dos créditos nesse tipo de filme.

— Ah. E quanto tempo falta para acabar?

— Somando tudo, uns dez minutos.

“Tempo o suficiente para conversarmos”, notou Gray.

— Então... Já enviou a inscrição para aquela competição de desenho que vai participar?

Tyler arregalou os olhos.

— Ah, droga! Eu esqueci de completar tudo! Na verdade, eu só tinha escrito meu nome, e nem pensei nisso quando saí da loja com pressa, nem sei porque eu estava com pressa. — Ele corou. — Bem... sei sim... Mas...

— Ei, calma! — tranquilizou-o Gray. — Está na loja, OK? Eu te entrego amanhã, na aula.

— Ah... — Ele respirou fundo. — Valeu — Olhou ao redor, vendo todas as pessoas fazerem fila para sair da sala de cinema, deixando-os sozinho naquela sala imensa. As luzes ainda estavam apagadas. — Sério que ninguém vai ficar para ver? — Então arregalou os olhos, o rosto voltando à vermelhidão, olhou para Gray, ao redor de novo, e enfim fixou os olhos em sua mão. Como se a ideia de ficar sozinho com o mais alto o incomodasse...

Gray levantou uma sobrancelha. O que será que ele estava pensando? Observou-o morder o lábio nervosamente, deixando-o um pouco vermelho, e uma sensação nova percorreu seu corpo. Os lábios dele pareciam ser tão macios...

Tyler pareceu notar Gray ficar fitando sua boca, levantou-se abruptamente e disse:

— Quer saber? Acho que não vai ter nada depois dos créditos. Vamos embo-

Foi a vez de Gray puxá-lo de volta ao assento.

— Por quê? Vamos conversar enquanto esperamos — Tyler assentiu, relutante. — Certo... O que você vai desenhar para competir?

Os olhos de Tyler ganharam um novo brilho. O garoto começou a tagarelar sobre os milhares de desenhos que tinha que acabar em casa, e que tinha tantas ideias que não fazia ideia do que desenhar. Não sabia escolher se seria uma paisagem – que ele dizia ser seu forte – ou alguma pessoa importante ou um personagem original que ele inventaria. Ele também precisava separar os materiais: que tipo de papel, se seria com grafite, lápis pastel ou tinta. Procuraria por alguma referência legal, mas talvez não precisasse de fato dela. Tinha vontade de criar algo inovador – talvez algum tipo de universo alternativo. Ou então finalizaria algum de seus desenhos e o colocaria para concorrer ao prêmio.

Gray tentou absorver cada detalhe. O jeito entusiasmado dele de conversar... Tyler tinha que conversar assim mais vezes. Provavelmente encantaria qualquer um.

Cerrou os punhos. Sua vontade de beijá-lo aumentava cada vez mais, mas dessa vez, só dessa vez, resolveu não arriscar. Não queria afastar Tyler de si por alguma ação imprudente. Embora tivesse a sensação que o sentimento de ambos era recíproco, ainda tinha suas dúvidas...

— E é isso — Tyler finalizou seu discurso, um sinal de sorriso em seus lábios.

— Você vai ganhar — afirmou Gray.

— Você nunca viu um desenho meu, não tem como você saber...

— O jeito como você fala... É evidente que você tem talento.

— É só um hobby meu — murmurou Tyler, porém parecia estar um pouco lisonjeado, os cantos dos lábios curvados em um sorriso.

A última parte do filme tinha se iniciado. Entretanto, se Tyler viu isso, não se interessou e continuou a conversar com Gray.

Os dois saíram da sala quando as luzes se acenderam, rindo e envolvidos em uma conversa bem longa. Caminharam sem rumo pelos shopping, visitando algumas lojas por nada. Tyler comprou um sorvete no Mc Donald’s e os dois decidiram passar um tempo na livraria. E esse tempo passou tão rápido... Gray nunca fora de se distrair muito, mas perdia o foco sempre que Tyler dava uma lambida no sorvete e a boca ficava um pouco suja, ou quando ele ria, ou corava, ou...

Bem, se for para citar tudo, isso duraria um dia inteiro.

— Droga, eu preciso ir. — disse Gray, ao olhar o horário no celular. Levantou-se, ainda não acreditando que já eram 18h00.

— Ah — disse Tyler. — Espera aí, que horas são?

Gray respondeu.

Tyler levantou-se depressa, resmungando palavrões, e saiu da livraria, andando com passos rápidos em direção à saída do lugar. Gray apertou o passo para conseguir acompanhá-lo.

— Ei, para quê tanta pressa? — perguntou Gray, quando Tyler atravessou a rua (dessa vez sem tentar se matar) e chegou ao carro, que fez um “BIP BIP” quando ele o destravou. — Por que você sempre sai dos lugares com pressa?

Tyler finalmente olhou para ele.

— Não que tenha exatamente um motivo... — admitiu.

Gray soltou uma risada.

— Você é muito estranho. — comentou, com um sorriso torto, enquanto observava Tyler ficar um pouco ofendido com isso.

Eu sou estranho? Não fui eu que ficou te encarando durante uma aula inteira — defendeu-se Tyler, cruzando os braços.

“Eh? Ele ainda se importa com isso?”. Gray se aproximou dele, apoiando se no capô do carro. Tyler recuou alguns passos, nervoso. Era engraçado como ele supunha que Gray iria fazer alguma coisa o tempo inteiro. O maior o encarou, olhando-o nos olhos cor-de-mel. Adorava aqueles olhos. Aquela era uma boa maneira de contemplar a beleza deles sem ser acusado de alguma coisa.

— Bem, pelo menos eu tinha um motivo — retrucou Gray.

Tyler bufou, revirando os olhos. Os cabelos se moveram um pouco e ocultaram parte dos seus olhos, o que o deixou com um ar misterioso. Ele ficava bem assim.

— É, que, segundo você, foi uma vontade repentina. Uau, que motivo esplêndido.

“Ele ficou irritado.” Gray exibiu um sorriso malicioso. “Hm. Eu sou irritante?”

— Na verdade, eu queria que você me notasse.

— Eu? Notar você? Do que diabos você está falando? — Gray não respondeu, e seu sorriso fraquejou. Okay, talvez um Tyler irritado não fosse tão legal assim. — Isso não faz sentido! Nós somos amigos, certo? Nos conhecemos há meses! Logo, eu notei você faz tempo.

Gray revirou os olhos.

— Você sabe muito bem que eu não estou falando disso.

Tyler abriu a boca para responder, fechando-a em seguida. Corou.

— E como eu não notaria você?

— Como assim?

— Você me entendeu! — Tyler respirou fundo, tentando se acalmar. Sua irritação ficou mais contida e sua voz voltou a se estabilizar na calma habitual. — Você é cheio de amigos e... tem uma boa aparência. Qualquer um te notaria. Eu que devia querer que você me notasse. Droga, você ao menos pensou antes de falar, cara?

“Bem, eu nunca penso”.

— Que seja. Eu estou indo — Fez uma pausa. Gray quase podia escutar as engrenagens girando dentro da cabeça dele. — Desculpe por essa explosão. Às vezes eu me irrito sem nenhum motivo aparente. Foi ótimo passar o dia com você, de verdade.

— Devíamos fazer mais vezes — acrescentou o loiro, agora com um sorriso sincero no rosto.

O moreno assentiu, dessa vez sorrindo também.

Compartilharam um momento de silêncio. Tyler ou tinha se esquecido que estava indo embora ou não estava mais com vontade de fazer isso. Gray mais uma vez fez menção de desmanchar esse silêncio, iniciando uma frase pela milésima vez só naquele dia com um “Então...”.

— Então... Você acha que eu tenho uma boa aparência?

Tyler fitou os pés.

— Talvez.

Gray se aproximou mais. Agora, estavam a poucos centímetros de distância. Ele ergueu a cabeça de Tyler, segurando-a delicadamente pelo queixo. Os olhos dele ainda se direcionavam para baixo e suas bochechas haviam voltado à coloração normal – aquele tom branco clarinho pela falta de Sol que Gray aprendera em poucos dias a admirar.

— Bom saber. Ei, Thay, olhe para mim. — pediu, baixinho, percebendo que era a primeira vez que o chamava pelo apelido.

Tyler o obedeceu, olhando-o nos olhos. Gray sentia um ligeiro frio na barriga, mas estava confiante em prosseguir com o que seja lá que estava acontecendo ali. Tirou a mão de seu queixo e admitiu:

— Você também tem uma boa aparência, sabia?

— Sabia — Tyler respondeu, simplista.

O sorriso de Gray aumentou. Tyler franzia os lábios e tentava aparentar desinteresse – o que não estava funcionando. Pela maneira como seus olhos fugiam de contato direto e que seus punhos estavam cerrados, ele devia estar bem nervoso, mesmo que por algum milagre houvesse parado de corar.

— Que bom.

— Pode calar a boca agora, por favor?

— Por que você não cala ela para mim? — convidou Gray, arqueando as sobrancelhas.

O de cabelos castanhos respirou fundo e fechou os olhos por um momento.

— Talvez eu faça mesmo. — disse.

— Duvido.

Gray resolveu jamais duvidar dele novamente.

Tyler anulou a distância entre os dois com um beijo. Mesmo sendo somente um toque de lábios, Gray percebeu que os dele eram quentes. Embora quisesse, precisasse de mais – de explorar aquela boca, de sentir os lábios roçando-se, de encontrar sua língua com a dele e conhecer seu sabor –, não avançou. Eles eram loucos por fazer aquilo em um lugar que todos poderiam ver. Então, só esperou que se separassem depois de alguns segundos, sem nem saber onde colocar as mãos.

— Não tente me desafiar de novo, idiota. — advertiu Tyler, um sorrisinho mínimo em sua boca, para depois entrar no carro, ligá-lo e começar a dirigir para longe. O loiro acompanhou o sumiço do seu carro, enquanto ele percorria mais e mais metros até não poder mais enxergá-lo.

Gray tentou tirar o sorriso bobo do rosto pelo resto do dia, mas não conseguiu.


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Notas finais do capítulo

Aposto que vocês tinham pensado que o Gray que ia beijar o Tyler! E que rolaria alguma coisa na sala de cinema! I'm right, isn't it? u-u
Geeente, eu estou com o sentimento que foi rápido demais >.< O que vocês acham?
Espero reviews, tá? :3
Kissus