Maybe Someday escrita por SomeKilljoy


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

QUE SAUDADES, MDS
É, gente, demorei mais do que esperado. Como vocês sabem, viajei por duas semanas, aí tive que recuperar matéria na escola, e tive umas duas semanas de prova e montanhas de tarefa, teve encerramento de bimestre, teve trabalho escrito do grupo da feira de ciências sendo forçado minha goela abaixo, mas, no fim, consegui finalizar o capítulo dia 27 de setembro de madrugada. Mas tô postando só agora, porque, hoje, dia 11/10, é uma data que eu não poderia deixar passar em branco. Sabem por quê?
PORQUE HOJE É O ANIVERSÁRIO DE MAYBE SOMEDAAAAY ☆ミヾ(∇≦((ヾ(≧∇≦)〃))≧∇)ノ彡☆ UM ANINHO, GENTE! Passou rápido demais, nossa gdsajsa *u* (Fiz contagem regressiva para chegar 00h01, vocês não tão entendendo, tava roendo a unha de ansiedade e antecipação :'D)
Gostaria muito de agradecer (mais uma vez) à Mellorine ya pela recomendação, e a todos os outros leitores pelos +100 comentários e +150 acompanhamentos. VOCÊS SÃO INCRÍVEIS. Ano passado eu nem sonharia em ter isso tudo. Vocês são umas das minhas maiores motivações; então, obrigado, mesmo.
Obrigado àqueles que acompanham a fic desde o início de tudo apesar de todos os trancos e barrancos, e que foram percebendo minha evolução na escrita com o passar do tempo, sendo que eu acho o começo (com começo digo do capítulos 1 ao 8, risos e lágrimas) dessa fic precário para caramba. Obrigado àqueles que pegaram a fic já andando, e que continuam comigo aqui. E obrigado aos leitores novos e a todos que ainda estão por vir! ☆ヾ(*´▽`)ノ
Mais uma vez, obrigado ;w;
Agora chega de encher linguiça, vão ler essa coisa que me foi trabalhosa para caramba hayuahguha Mas apesar disso, eu nunca me diverti tanto em um processo de passar tudo pro papel, e espero que gostem de ler o cap tanto quanto gostei de escrevê-lo!
Boa leitura!~



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A primeira coisa que registrou ao abrir a porta – com uma brutalidade ansiosa e desastrada que o fez desejar partir dessa para melhor – foi um latido penetrante festejando por sua recepção. Antes que pudesse fazer algo um pouco mais plausível do que deslumbrar-se com aparências alheias, como, por exemplo, seguir uma conduta educada e cumprimentar aquele à sua porta, sentiu um peso extra tão súbito para cima de si que teria caído se não tivesse posto um pé para trás a tempo, cambaleando.

— Ei, alto lá! May, você está causando uma péssima primeira impressão, sabia? — Gray exclamou, puxando e esticando a guia da coleira peitoral e fazendo uma cadela de pelos pretos vistosos recuar, empinada nas duas patas traseiras. Tyler recobrou o equilíbrio e sorriu para a cadela, que, uma vez sentada, ultrapassava facilmente a altura do seu joelho. Ela emitiu um latido grave e vibrante, diferente daquele que soara quando atendera a porta. Estava explicado. Dois outros cães a seus pés encaravam-no com expectativa, olhos cintilando como se ele fosse algum pedaço de carne suculenta ambulante. Tyler ergueu os olhos antes que ficasse tempo demais com eles para baixo, porque talvez pudesse ser interpretado como falta de educação, apesar de muito improvavelmente ter sido mais que cinco segundos. — Oi, Thay! E aí, vamos? — Ele acenou brevemente, os cantos dos lábios curvados em um sorriso. Era difícil se lembrar de um dia em que ele não exibia um desses. Sorrir desse jeito devia ser inerente a Gray.

— Oi. — Retribuiu o aceno, querendo demonstrar um pouco mais de entusiasmo, mas ao mesmo tempo não sabendo como. Não iria sair saltitando por aí dizendo “Yaaay, esse dia vai ser um máximo!”. Esperava que sorrir fosse suficiente. Se era para Gray, tinha que ser para ele também, ou seria muita injustiça. — Claro, vamos lá.

Ia dizer algo mais, só que os dois cães – ambos menores que May, graças a Deus – levantaram-se em suas patas traseiras ao mesmo tempo para farejá-lo, sustentando o próprio peso com as patas dianteiras em suas pernas e abanando as caudas freneticamente, e foi impossível não tornar a descer os olhos. Nunca tinha sido tão torturante ser incapaz de olhar para dois sentidos ao mesmo tempo.

— Eu, ahn, posso fazer carinho neles?

— Que espécie de pergunta é essa? Claro que pode! Só cuidado que eles mordem. — Tyler, que estava inclinando o corpo e estendendo a mão para acarinhá-los, recolheu-a imediatamente, como se tivesse acabado de tocar em uma superfície em brasa. — Brincadeirinha — admitiu, o sorriso agora ligeiramente sacana. Tyler semicerrou os olhos para ele, fingindo aborrecimento, dando continuidade ao que ia fazer. Com a destra, coçou atrás da orelha de um, o de pelagem cor-de-mel, enquanto permitia que o outro cheirasse-lhe a outra. E, eventualmente, lambesse. Ele fez um barulho enojado de brincadeira, mas, na realidade, não estava nem aí. Gray riu, parecendo entretido.

— Baloo, Mikey e May, né? — quis saber, em seguida.

— Aham.

— Acho que vou roubá-los de você — disse, sincero.

— Pfft, nem por cima do meu cadáver!

Eles riram para, em seguida, ficaram se entreolhando – Mikey e Baloo ainda querendo inalar a essência de Tyler ou algo assim, alheios ao restante –, fazendo-o se sentir um pouco melhor por não sentir tanta urgência em desviar os olhos. Volta e meia e seus instintos primários gritavam-lhe que estaria enrascado se continuasse sustentando aquele olhar por muito tempo, mas preferiu os ignorar.

Estava grato o bastante por não existir mais nenhuma tensão compacta entre eles – pelo menos, por enquanto.

Gray, que tinha suavizado o sorriso, o reforçou. Então, pegou nas pontas de sua mão ao se aproximar, enviando uma procissão de correntes elétricas através de suas terminações nervosas, e, como se não bastasse, encostou os lábios no canto de sua boca tão rapidamente que nem teve tempo de reagir.

Um minuto depois, sua temperatura corporal estava tão alta que não seria de se admirar se acabasse soltando fogo pelas ventas ou se derretesse a calçada sob seus pés.

O latido reverberante de May foi de grande ajuda para que tomasse alguma atitude, com a mesma eficiência de um balde d’água gelado jogado na cara. Tyler foi trazido à realidade com um solavanco, repentinamente ciente de suas imediações. Felizmente, nenhum pedestre parecia muito interessado em assistir ao que quer que estivesse se passando com os rapazes naquele momento.

Ambos olharam para a cadela arfante de língua pra fora, e Gray agachou-se para mimá-la com um cafuné.

Tyler pigarreou, friccionando o antebraço esquerdo com a palma direita. Gray direcionou as íris à sua pessoa, à espera de ouvir alguma coisa por parte dele. Estapeando-se mentalmente, conseguiu dizer:

— Eu, ahn, posso levar um deles, se você quiser.

Gray pareceu um pouco desapontado, mas tentou disfarçar. Ele levantou-se do chão e entregou-lhe a guia de Mikey – que pareceu bem contente por isso –, uma aparentemente profissional, preta e que permitia que o dono ajustasse seu comprimento ideal.

— Vamos ver se ele não vai dar trabalho com você, esse fujão. — O cachorro latiu como que em desafio, e, de prontidão, começou a perseguir o próprio rabo, girando em torno do próprio eixo. Tyler não pôde se conter e se acocorou para observar mais de perto a irrefutável fofura do bicho de estimação, mentalizando que devia ser uma máximo ter um desses, enquanto o dito bicho de estimação mordiscava a ponta daquilo que devia ser a ele uma víbora peçonhenta e maligna que precisava ser eliminada.

O pensamento lhe ocorreu tão subitamente que até pôde escutar o "plim" quando uma lâmpada se acendeu sobre sua cabeça.

— Caramba, você ainda me deve uma explicação!

Gray arqueou uma sobrancelha.

— O quê?

— Ah, nem vem, você sabe muito bem o quê! — Tyler fez um sinal indicativo para a criatura que não mais abocanhava a própria cauda, mas que se contorcia no chão de barriga pra cima. Talvez estivesse se coçando ou sofrendo algum tipo de ataque epilético canino.

Pode-se dizer que era razoavelmente difícil testemunhar uma cena dessas e conseguir não morrer de rir.

— Ah, é, a história desse pestinha.

— Durr, de quem mais seria? — Mikey, a propósito, parecia bastante lisonjeado por ser o tópico principal da conversa, deitado imperiosamente no chão daquele jeito. Pelo menos havia parado de se debater. — Você disse que ia me contar, lembra?

Sua expressão facial adornada pelo divertimento, Gray criticou:

— Bem exigente da sua parte, não?

— Por que você demora tanto para responder? — Frustrou-se.

— E impaciente também — pontuou Gray, sabiamente.

Tyler bufou.

— Tudo bem, eu vou te contar no caminho. — Gray estendeu a mão para ele, e, muito embora ele conseguisse se levantar sozinho, a aceitou, espanando as roupas ao se por de pé. — Contanto que ande logo, é claro.

Tyler sabia que Gray era um leitor de mentes em potencial.

— Quem é impaciente mesmo? — inqueriu, para confirmar.

— Shh, vamos. — Ele passou o puxador da coleira de May para a mão esquerda, que já segurava a de Baloo, permitindo que a direita se esgueirasse pela lacuna de espaço entre eles e capturasse sua mão por entre seus dedos.

Como não sabia como reagir, não pôde repelir o gesto.

Batimento cardíaco errático ou não, não era como se esse fato fosse algo ruim, de qualquer forma.

 

# # #

 

O dia estava perfeito de acordo com os termos de Tyler: sem raios fulgurantes de sol para cegá-los, nem uma camada totalmente espessa de nuvens para deprimir o dia. Filamentos de luz solar incidiam sobre o solo, atravessando uma ou outra nuvem errante, de modo que projetassem sombras estendidas pelo solo. A temperatura também estava agradavelmente abaixo de amena, tudo numa sintonia que merecia considerações. Rajadas de vento fresco sopravam de quando em quando, como seria de se esperar de dias pré-invernais. O que não o fazia se arrepender da seleção de roupas pro dia, que, ainda que de mangas compridas, aparentemente não era o suficiente para impedi-lo de estremecer um pouco.

Gray, no entanto, não estava sentindo frio — ou pelo menos não deixava transparecer o contrário. Mesmo vestindo apenas aquela blusa de manga curta sobre o torso, ele agia como se estivessem em pleno verão. Tyler havia dedicado um tempinho para avaliar suas roupas, o que o deixara com a constatação de que sim, ele admirava seu senso de humor; a estampa da blusa retratava uma releitura até conhecida da Monalisa à la Ozzy Osbourne, com óculos escuros circulares, chapéu cilíndrico e uma guitarra trazida a tiracolo.

O parque costumava ser altamente frequentado, principalmente por ser um dos maiores que a cidade tinha a oferecer e por se situar próximo ao centro desta. Todavia, talvez em virtude de sua vastidão, nunca era de ficar apinhado de gente, e hoje não seria diferente. Segundo as parcelas de senso comum que Tyler possuía, a maioria das pessoas preferia sair de casa em dias mais ensolarados, embora ele nunca fosse entender o motivo.

Chegaram ao lugar rapidamente com alguns minutos de caminhada. Gray informara que aquela era sua rota mais comum quando passeava com os cachorros, enquanto Tyler, por sua vez, admitira que por mais que não visitasse o lugar cotidianamente, era realmente agradável e que talvez ele pudesse ir até lá mais vezes. Isso sem mencionar que a paisagem era de fato louvável — gramados verdejantes, córregos límpidos serpenteantes, bétulas e arbustos de corniso dispostos ao redor de bancos de madeira e alguns chafarizes, o trinado dos pássaros como música de fundo — e que isso podia muito ser proveitoso para algum dia simplesmente sentar-se à sombra de uma árvore e começar a rabiscar num caderno de rascunho.

Havia chegado à conclusão que não conhecia uma definição clara para o que tinham em mente ao estar ali. Talvez a perspectiva de um piquenique, ainda que clichê, não fosse tão divergente dos seus planos. Bem, nenhum dos dois havia se dado o trabalho de trazer uma daquelas cestas de vime trançado com comida, ou uma toalha, ou tudo o que fazia de um piquenique de fato um piquenique. Detalhe.

— Digamos que eu não esperava que isso fosse acontecer — disse Gray. Ele havia largado sua mão há algum tempo, no que parecia ser um gesto inconsciente, para deixá-la dentro do bolso da frente da calça. Tyler sentia um pouco de peso na consciência por estar grato por isso, mas não era sua culpa sentir-se autoconsciente ao extremo quando estavam de mãos dadas, no que se referia ao que toda e qualquer pessoa pudesse pensar ao vê-los assim. O prospecto de que um dia teria que se acostumar com isso de alguma forma só servia para deixá-lo ainda mais desconfortável. — E foi, ahn, uma surpresa descobrir que Mikey tinha fugido num momento de distração dos meus pais. Ele ficou perdido por umas duas semanas, acho. Foi uma droga, principalmente porque não tinha nada que eu pudesse fazer, sabe?

Tyler assentiu.

Gray soltou um suspiro pesado, mas deu de ombros.

Sempre dando de ombros.

— Bom, o que importa é que acabou. Agora pelo menos sei que preciso redobrar meu cuidado com esse daí — concluiu, enfim. A história compensara a demora, fato consumado. Gray resumira tudo num relato breve e conciso, desde o dia em que havia adotado Mikey, passando por sua desaparecimento até o dia em que recebera uma ligação inesperada de um número estranho, graças a qual o problema fora solucionado; tudo enquanto caminhavam. Tyler estava satisfeito. Ok, talvez a ligeira ausência de detalhes não lhe apetecesse, mas fazer o quê? Finalmente pôde preencher aquela lacuna de desconhecimento, sem ter de enfrentar mais provações, o que era um alívio – como não seria satisfatório?

— Viu, não doeu, doeu? Não custa nada contar as coisas de vez em quando.

O de olhos azuis acinzentados acenou displicentemente com a mão.

— Nah, eu já sou um livro aberto. Tem que encobrir algumas coisas mesmo para não deixar desinteressante. — Ao receber um olhar de “tá falando sério?” do outro, até porque discordava total e plenamente daquilo, ele encolheu os ombros e ergueu as mãos num sinal apologético. — O quê? Um pouco de mistério não faz mal. — Um sorrisinho fez-se presente no canto dos lábios de Gray, e ele, estando imediatamente ao seu lado, acotovelou-o de leve no flanco, sugestivo. — Funcionou com você. Te fez ficar curioso, vai mentir?

De alguma forma, conseguiu manter a compostura. Entende-se por compostura um sorrisinho sem graça, mas, ainda assim, sem ruborizar. Um pequeno passo para um homem, um grande passo para a humanidade.

— Sabe, não precisa ficar tão convencido — aconselhou, levando na esportiva. — Hm, não importa; você tem mais o que contar. Rufem os tambores, pode começar.

— Olha, agora tá tão óbvio que você tá curioso que você não tem mais nada em sua defesa. Sabe disso, não sabe?

Tyler fez cara de pensativo. Depois, encolheu os ombros.

— É a vida — Em seguida, mexeu os punhos para cima e para baixo reiteradamente, a coleira de Mikey enrolada ao redor de seu pulso direito, como se estivesse batendo-os em uma mesa, como faria uma leva de crianças torcendo por algo: — Conta, conta, conta...

Era por isso que ele não podia se permitir ficar à vontade.

Gray riu normalmente, como se não estivesse presenciando um Tyler não-ineditamente passando vergonha bem na sua frente.

— Okay... Contar o quê, exatamente? — Tyler lhe deu uma explanação esbaforida sobre o quê, recebendo um assobio impressionado como resposta. — Sinceramente, se você se lembra dessas coisas, sua memória não é exatamente tão falha assim.

— Eu me atenho mais aos detalhes do que às coisas óbvias, não é minha culpa — retorquiu, incomumente satisfeito consigo mesmo por causa daquela réplica.

— Olha, isso é tão simples e sem graça que nem sei se é digno de nota — ele disse com uma tentativa de passar um ar de descaso, mas havia uma pequena nota de inconfundível incômodo na fala. Tyler se sentiu mal. Não queria que ele se sentisse compelido a desembuchar nem nada. Afinal, aquilo não era a droga de um inquérito. ­— Nem dá pra dizer que é alguma história para contar, é só uma informação extra. Minha demissão na loja se deu por nada mais, nada menos, por causa de um acordo com meus pais.

— Como assim?

— Não quero falar sobre isso — declarou, sem preâmbulos. Percebendo que fora incisivo demais, apressou-se em emendar: — Foi mal, Tyler. Mas é que o dia tá ótimo e não quero frustrar isso, sei lá, com uma coisa dessas. Juro que mais tarde eu te falo. Agora não. Tudo bem?

Tyler piscou, atônito. Na primeira vez que aquele assunto havia sido colocado em pauta, Gray havia soado tão displicente que era como se não fizesse a mínima diferença para ele.

— Eu não fazia a mínima ideia de que estava te incomodando, Gray. Sério... Desculpe.

Os cantos de seus lábios subiram em um espectro de sorriso.

— Não tem problema — consolou, envolvendo a mão do garoto com a sua e apertando-a rápida e afetuosamente antes de soltá-la. — Só deixa para lá.

Sentindo um aperto no peito, ficou assistindo as reações alheias de soslaio à medida que avançavam caminho rumo a algum lugar para permanecer. Gray mantinha um sorriso mínimo como se estivesse convencendo a si mesmo que tudo estava bem, um olhar perdido e um semblante meio melancólico. Não, melancólico não era a palavra certa. Transtornado era o que ele parecia. Nunca fora tão frustrante não saber de alguma coisa sobre alguém. E caramba, parecia que aquela frustração se estendia eternamente.

“Quero beijá-lo” Tyler notou, surpreso com a clareza de ideias dos próprios pensamentos.

Talvez em tempos anteriores ele fosse se reprimir pelo pensamento em si. Dessa vez, ele só podia lamentar-se por não ter condições de pô-lo em prática. Tampouco podia evitar se sentir injustiçado e abordado por uma pontada de raiva por isso.

Arrebatado por um súbito arroubo de bravura, ele acionou o dispositivo de “eu não me importo” do cérebro, seu melhor mecanismo de defesa.

E juntou sua mão com a de Gray, que o olhou como se tivesse acabado de anunciar que trabalharia como malabarista de circo todo final de semana daquele dia em diante.

— Não pergunte — demandou, resoluto. — Só não pergunte.

Eles seguiram caminho adiante.

 

# # #

 

Sentaram-se num dos bancos de madeira que o lugar disponibilizava aos montes, ladeado por duas árvores de porte médio cujos galhos lhes reservavam sombras, à margem de uma sinuosa trilha de pedras que desembocava em um campo amplo e plano alguns metros à frente. Gray havia continuado olhando-o com uma expressão impressionada desde aquela hora, o que precisava admitir como uma forma de alimentar ligeiramente seu ego. Os cachorros comportavam-se tão bem que era quase como se não estivessem presentes, mas, francamente, era impossível não notá-los; Tyler se via assistindo aos maneirismos caninos deles com tamanho fascínio que era como se nunca tivesse visto um cachorro na vida. Gray provavelmente estava achando graça disso.

Haviam comprado algo para comer havia alguns minutos; um carrinho ambulante vendedor de muffins estava de passagem e aproveitaram a deixa, Tyler tendo escolhido um de sabor do bom e velho chocolate. Gray havia pagado por um de mirtilo, juntamente de uma garrafa de água e três copos – um para cada um deles e outro para os cachorros, que acabaram se mostrando com tanta sede que o induzira a pedir mais um copo de plástico e mais uma garrafa de água.

— Eu sempre acabo me arrependendo de não trazer o pote de água deles, mas não é sempre que dá para trazer comigo uma mochila, então... — havia comentado Gray, agachado no chão, depois de terminarem de comer, durante o processo de dar água a uma sedenta May que fazia respingar o líquido para todo o lado enquanto bebia. Tyler contribuía ao saciar de mesma forma Mikey, enquanto Baloo deitava-se ao lado deles para descansar, ofegante; já havia passado sua vez.

Era para ser só uma pausa de alguns minutos por causa do cansaço dos cachorros (e das pernas de Tyler, mas ninguém precisava saber), mas a mesma cultivava um crescente desconforto que agigantava-se sobre ele conforme o tempo passava.

Entretanto, aparentemente, somente ele detinha tal impressão. Gray estava reclinado para trás, o corpo placidamente contra o espaldar do banco, os polegares enfiados nas presilhas do cós da calça, provavelmente imerso em divagações. Já Tyler inclinava-se para frente, cotovelos nos joelhos, estalando as juntas dos dedos e mordiscando o canto da unha do anelar uma vez ou outa, irrequieto, enquanto assistia os cães recobrarem sua energia invejável anterior.

Baloo bocejou sonoramente, emitiu um ruído parecido com um choramingo e pousou o focinho entre as patas dianteiras, deitado aos seus pés. Mikey farejava o solo, o rabo malhado indo de um lado para o outro. Gray esticou uma mão para acariciar May, sentada defronte ao banco, cujos olhos castanhos fitavam-nos esperançosamente, uma das patas nodosas posta sobre o banco dentre o espaço que separava Gray e Tyler por centímetros.

Ouvindo as costas estalarem como vigas de madeira sendo trituradas, Tyler endireitou a coluna e finalmente recostou-se adequadamente no espaldar do banco.

— Olha, parece que vai chover — alertou, ao olhar para cima e ver nuvens carregadas se aproximando.

Gray conferiu, parando de dar atenção à cadela por um minuto.

— Você tem razão. É melhor a gente ir indo. — Ele coçou a nuca e suspirou, resignado. — Uma pena.

Aconteceu tão rápido que não era nem de se surpreender que seu processamento mental do ocorrido tenha se dado mais lento que o normal.

Em um momento ambos estavam se pondo de pé, Gray precisando levar apenas a coleira de Baloo, as alças das coleiras de ambos Mikey e May cingindo os pulsos de Tyler – depois de alguma insistência, ele havia obtido o prazer do encargo de transportá-los consigo. Não havia parecido uma ideia com altas tendências a desfechos catastróficos antes. Antes.

Um segundo depois, no entanto, a labradora preta estava ereta e em posição de alerta, e Mikey latia para alguma coisa, não sabia se defensiva ou ameaçadoramente. Ouviu-se o farfalhar de folhas de um arbusto em frente a eles, uma figura minúscula e peluda emergiu dele, e os cães arrancaram, como fariam cavalos de corrida após ouvir o tiro de partida.

Tyler, infeliz como era, não dispôs nem de um milésimo de segundo para perceber em que tipo de situação estava inserido antes de ser praticamente arrastado pelas duas criaturas que outrora havia considerado benignas.

Soltou um palavrão, enquanto se empenhava diligentemente para não ter o rosto amortecendo a queda – por um momento o chão parecera terrivelmente próximo. Ouviu Gray exclamar seu nome ao longe, à medida que seus passos trôpegos conseguiam se tornar coesos o bastante para que não corresse mais o risco de dar de cara no chão. Não sabia se queria que o outro viesse socorrê-lo ou se o preferia bem longe, para que não presenciasse aquela vergonha. Mas não era como se realmente tivesse tempo para poder pensar mais profundamente sobre isso, de qualquer forma.

Tentando tomar as rédeas da situação, Tyler pôs todo seu peso a seu favor para conseguir parar os cães, tentando fixar os pés ao solo. O que acabou gerando-lhe um desequilíbrio tremendo, e fez com que, num momento de distração, Mikey escapasse dele, latindo. O cão saiu em disparada, ficando na liderança e deixando May – que continuava levando Tyler a reboque – para trás, a coleira esvoaçando atrás dele servindo como um soco no estômago para o garoto.

E então Mikey virou depois de uma árvore, rumando para uma área verde em declive, algo como uma ladeira, e, como Tyler sabia que May estava seguindo a mesma direção numa perseguição inoportuna, tudo o que pôde pensar foi algo parecido com santa mãe de Deus por favor não.

Ele respirou uma golfada de ar e se preparou para seu destino perverso.

 

 

Talvez alguns dias, semanas, meses ou anos mais tarde, quando Tyler rememorasse aquele dia e seus eventos um tanto inimagináveis, numa epítome perfeita daqueles dias nostálgicos em que você mentaliza uma compilação de memórias da sua vida para recordar-se pelo simples prazer de se sentir melancólico e com saudades, um sorriso pudesse brotar em seu rosto. Talvez ele sentisse alfinetadas de dor na barriga e se dobrasse de tanto rir da própria desgraça, ou uma ou outra lágrima de riso marejasse seus olhos. Talvez ele pudesse até patentear o episódio ao mundo, compartilhá-lo com alguém e duvidar que esse mesmo alguém fosse capaz de equiparar-se a ele no quesito situações-vergonhosas-já-vivenciadas.

No entanto, por ora, tudo o que ele conseguia pensar era no que tinha feito para merecer aquilo.

O pior de tudo, talvez, era saber que a culpa nem era dele. Sua pagação de mico havia sido, pelo menos hoje, totalmente intermediada pela força de circunstâncias externas.

No último minuto, ambos os cachorros – May acabara por escapar-lhe também – haviam parado de correr; o esquilo que estavam perseguindo havia escalado uma árvore na descida da ladeira, empoleirando-se em um dos galhos e chilreando como que em desafio pros cachorros, que retrucavam latindo e sondando a árvore, à espreita.

Mas, bem, até aí, o estrago já tinha sido feito.

Tyler havia descido pela menos a última parte da ladeira rolando, depois de tropeçar em um tufo arrancado de grama orvalhada e escorregadia, acabando com roupas manchadas de terra e membros esfolados.

No final, ele havia se levantado, de punhos cerrados, como quem acaba de se levantar de uma luta perdida, mas de cabeça erguida. Nem se dera o trabalho de espanar as roupas para se livrar de alguma sujeira, porque o dano devia ser irreparável.

Ele contara até dez, suprimindo a vontade de gritar e de passar por alguma crise existencial envolvendo argumentos sobre como aquilo era injusto, sobre como se soubesse que isso aconteceria nem teria saído de casa, ou melhor, nem teria nascido, e blá-blá-blá.

E ele se encaminhou até os cachorros, pisando duro, apanhando suas coleiras e tentando com todas as suas forças não fechar a cara.

Gray havia os alcançado minutos depois, parando em frente a ele depois de vir correndo, ofegante, acompanhado por Baloo. Subsequentemente, ele viu as consequências dos acontecimentos atuais, e franziu o cenho, abismado.

— Ai, meu Deus. O que foi que aconteceu com você?

Era uma sorte ele não ter visto.

Tyler, no entanto, não mais acreditava em sorte.

— Eu desci a ladeira rolando — respondeu, inexpressiva e redondamente.

— Você o quê? — Ele soava incrédulo, de sobrancelha erguida e olhos arregalados.

Eu desci a ladeira rolando — repetiu, resignado.

A compreensão iluminou os olhos de Gray. Ele abriu a boca para exprimir alguma coisa, e depois a fechou, porque não tinha nada que pudesse dizer.

Tyler sabia que ele estava segurando o riso, por pura consideração, também. Exalou longamente, reconhecendo que seria crueldade privar alguém de rir de algo tão irrisório como sua existência.

— Você pode rir — sentenciou, baixinho.

Gray não teve o descaramento de desatar a gargalhar na sua cara nem nada, mas era aparentemente impossível se conter, então ele curvou-se em meio ao riso reprimido e segurou-o pelos ombros, enquanto dizia, num tom que só quem está se esforçando para não morrer de rir pode emitir:

— Cara, você tá bem?

Ele assentiu.

E, surpreendentemente, começou a rir também, porque era rir para não chorar. Ele podia escolher entre ou ficar com um temperamento ruim pelo resto do dia e estragá-lo, ou aceitar de bom grado aquilo como só mais uma ocorrência pela qual qualquer ser humano poderia passar.

E, francamente, a última parecia uma ótima opção.

 

# # #

 

Gray havia sido capaz de parar de rir definitivamente algum tempo (também conhecido como uma eternidade) depois, o riso entremeado por recuperações de fôlego e frases como “Cara... foi mal, sério... mas não dá para não rir, simplesmente não dá”, ainda que de vez em quando ele soltasse um riso esporádico, e Tyler entendesse o porquê.

Agora, havia dois motivos para ir embora: a chuva que parecia estar por vir, e o fato que Tyler precisava trocar de roupas urgentemente. Se somado com o fato de que não queriam se atrasar para a performance à noite, três.

Portanto, chegaram à saída do parque, as pessoas lançando olhares para o estado lastimável em que Tyler se encontrava, e chamaram um táxi, cujo motorista seguiu o exemplo de todos aqueles que em algum momento haviam cruzado seu caminho. Mas, sinceramente, não se importava.

Bom, no começo não se importou, mas agora estava imaginando qual era a magnitude dos danos.

O taxista desceu totalmente o vidro da janela, deixando exposto um homem truculento de pele escura e expressão carrancuda.

— Eu geralmente permito o transporte de animais pequenos, mas tem três cachorros com vocês, e um labrador enorme. — Ele fiscalizou Tyler da cabeça aos pés, descendo os óculos escuros para a ponta do nariz para ver melhor sobre suas lentes. — Me pergunto o que houve com você... Foi mal, rapazes, mas nem sei por que iriam chamar um táxi se claramente sua intenção é passear com os cachorros.

O veículo deu a partida, parando novamente algumas quadras adiante a favor de outro cliente.

Gray o olhou com comiseração.

— Sabe, não está tão ruim.

— Infelizmente, eu sei que está. — Ele olhou para Baloo, que arfava, como que em busca de consolo. Haviam chegado num consenso não-verbalizado de que era melhor que Gray levasse May e Mikey dali em diante. — Tanto faz, vamos.

Gray havia sugerido que fossem a sua casa em vez da de Tyler, por estar localizada bem mais perto, ao ponto de terem que andar pouco – ele lhe emprestaria alguma roupa para substituir aquela –, então só aceitou que teria que andar em público naquele estado por mais algumas quadras. O lado bom era que não estava fazendo calor, porque isso sim seria a exemplificação perfeita para inferno. Por sorte, não pegaram chuva, mas bem no momento em que adentravam o saguão do prédio, as primeiras gotas começaram a cair. O chuvisco inicial transmutou-se em algo próximo a um temporal em questões de minutos.

— Será que tem alguma saída possível para seus pais não me verem assim? — perguntou, ao ver seu reflexo no espelho do elevador, desesperançoso. Haviam atravessado quase que sorrateiramente o caminho do lounge até lá, mas o recepcionista estava ocupado lendo uma revista, privando Tyler de maiores problemas quanto à integridade da própria imagem já danificada. — Não quero que pensem que o filho deles trouxe um sem-teto para casa. Assim, não que eu tenha algo contra os sem-teto ou ligue por ser confundido por um, mas são seu pais, então...

— Relaxa, acho que eles ainda não estão em casa.

Tyler enfiou as mãos no bolso e se balançou nos calcanhares.

— Se é o caso... — Observou o painel do elevador mostrar o progresso da subida e os números em ordem crescente, impaciente. — Seus pais... Eles, ahn, são muito ausentes?

Gray deu um sorriso de desdém.

— Ah, se são. — enfatizou. Tyler se sentiu tentado a escavar a questão mais profundamente, mas havia uma peremptoriedade no seu tom que o fez repensar. Ele, porém, prosseguiu, abruptamente: — Sabe, eles concordaram em me dar mesada para que eu parasse de trabalhar naquela loja por um tempo, e não era como se eu quisesse isso. Eles que decidiram. Querem que eu foque mais na escola — disse num tom de sátira, como se isso fosse algum tipo engraçado de absurdo.

Tyler se emudeceu. Reconhecia a situação como uma daquelas em que você fala mais que a boca, porque Gray não parecia satisfeito em ter contado; ele fez um muxoxo de desagrado, irritadiço, mas depois se recompôs, como se pensasse "Ah, já foi, não importa mesmo."

— Problemas com notas? — arriscou após um instante, com medo de ter tocado na ferida.

Touché.

As portas de aço inoxidável do elevador deslizaram, abrindo o caminho para o patamar desejado.

— Mas enfim, deixa isso pra lá, não é importante — pediu Gray, conduzindo-o pelo corredor até a porta do apartamento, com indiferença. Tyler já estava familiarizado com aquele prédio – claro, afinal, ele visitara-o tantas vezes desde que Cameron se mudara para lá que era o mínimo –, mas era como se essa familiaridade não fosse condizente com o momento, fazendo-o ter sentimentos de déjà vus bizarros. — Bom, pelo menos agora você tem suas respostas.

Gray retirou um pequeno chaveiro em formato de pata de cachorro do bolso da calça, enfiou a ponta denticulada de uma chave prateada na fechadura e girou o pulso, desativando a tranca e abrindo a porta com o ombro.

Os cães irromperam para dentro do lugar assim que Gray os livrou da guia, desafivelando-a de suas coleiras, rumando em direção ao corredor e sumindo do campo de visão.

O apartamento era espaçoso, mas não exagerado, percebeu Tyler ao esquadrinhar rapidamente o perímetro do recinto, padronizado nas mesmas proporções que o de Cameron e provavelmente dos outros do prédio. Começava com um pequeno corredor de entrada para se ampliar, dando na sala de estar à direita e na de jantar à esquerda, onde uma mesa de vidro se situava em frente a um balcão de granito que delimitava a área da cozinha.

Havia uma porta de correr de vidro blindado à direita. Semi-encoberta por um par de cortinas claras, levava a uma pequena sacada gradeada, pela qual podia-se ver o céu manchado pela matiz característica ao redor do sol poente, quase oculto pelas nuvens carregadas. A chuva havia diminuído de intensidade, também: provavelmente era uma daquelas tempestades inconstantes que, no final, duravam pouco tempo.

— Bem, sinta-se em casa. Você vem? — chamou Gray, apontando por cima do ombro, reclinado contra o batente pro corredor. Tyler se sentiu pescado por um anzol e regressado ao espaço-tempo atuais bruscamente. Ele fazia o tipo que gostava de se conscientizar quanto aos seus arredores, e se perguntava quanto tempo fazia desde a última vez que simplesmente parara para contemplar o desenvolvimento do crepúsculo; enquanto isso, seu lado artista resolvia dar as caras no momento mais malpropício possível, a mão comichando por um lápis e uma folha em branco.

— Foi mal. Cabeça nas nuvens como sempre, você sabe — disse redondamente, seguindo-o rumo ao seu quarto, cuja porta estava entreaberta. Gray deixou-o ir na frente depois de abri-la completamente, acionando o interruptor, e, depois que Tyler entrou, a porta foi fechada atrás dele.

— É, eu percebi. — comentou; dava para saber só pela voz que estava sorrindo.

Gray não parecia ter uma propensão muito grande por organização, o que serviu para reconfortá-lo: a cama estava com as cobertas amarfanhadas e havia um laptop sobre ela, que depois Gray viria a tirar, os materiais escolares estavam vazando de dentro da mochila jogada em um canto e esparramados no chão, e isso sem contar com os vários brinquedos de morder para cachorro assomando-se aqui e ali. No entanto, o quarto simplesmente não era amplo demais para chegar aos níveis estratosféricos de bagunça que o de Tyler poderia chegar. Nada disso o incomodou, exceto por uma coisa: as prateleiras acopladas à parede estavam com os objetos totalmente fora de alinho, CDs e mangás e livros tombados uns sobre os outros enviando-lhe pontadas de gastura e uma vontade compulsiva e doentia de pôr uma ordem naquele caos.

Desviou o olhar debilmente e ignorou aquele detalhe.

Gray dirigia-lhe o olhar de cabeça inclinada, escorado na porta do armário de compensado branco. Seu olhar era sutil e quase casual, mas sentiu-se dissecado de qualquer forma. Tyler imediatamente olhou para o próprio peito, esticando o tecido da camisa e avaliando o estrago mais uma vez, jocoso.

É, estava imunda. Como se ele tivesse rolado uma boa extensão de relva com aquela blusa.

O que não era exatamente uma mentira.

— Cara, só porque eu gostava dela... — comentou, fazendo um beicinho propositalmente cômico.

Gray riu e fez um indicativo com a cabeça para que se aproximasse.

— Vem cá, eu te empresto uma roupa.

— Obrigado por isso, de novo. Tipo, de verdade.

— O mínimo que eu poderia fazer. Hm, não temos uma massa corporal muito diferente, então acho que a maioria deve servir. — Ele se virou de frente pro armário e abriu uma porta, revistando as roupas nos cabides. — Quer escolher?

— Uh, eu não me sentiria confortável mexendo no guarda-roupa de outra pessoa.

Tyler vislumbrou um repuxar de lábios no rosto de Gray.

— Não de qualquer pessoa, Thay. Larga de ser recatado e anda logo.

Resmungando um "Eu não sou recatado" entredentes, Tyler pôs-se ao lado de Gray e espiou para dentro do armário.

Pelo menos naquela divisória, uma maré de camisetas aleatórias se enfileiravam em cabides desleixadamente desalinhadas – ele relanceou pelo menos três blusas de flanela, algumas de estampas aleatórias com desenhos que não ocupavam nem metade do espaço da peça. O resto era, praticamente, uma miscelânea de camisetas de banda, tantas que Tyler estava impressionado.

Ele avistou uma blusa que destoava um pouco do conjunto restante. Puxando-a pela bainha, mostrou-a a Gray.

— Ah, boa escolha — elogiou ele, sardônico, o polegar levantado em aprovação.

— Não acredito que tem uma blusa dessas, Gray — zombou, voltando a observar a peça monumental, uma blusa de mangas compridas com os polidos dizeres: "What the fuck is wrong with you?"

— Ei, não ofenda a blusa. Ela não lida bem com críticas destrutivas.

Tyler rolou os olhos para o alto, divertido.

Ele definitivamente gostava do senso de humor de Gray.

— Ok, pode ser essa aqui. Só espero que isso não acabe passando uma primeira impressão errada para seus pais ou algo do tipo.

Gray esticou-se para desenganchar o cabide e apanhar a camisa, entregando-a a Tyler.

— Não precisa querer impressionar meus pais tanto assim, tudo bem?

Tyler preferiu mudar de assunto, sondando um terreno mais amistoso.

— Tudo bem... Uh, a situação da calça está tão ruim quanto à da blusa?

Compelindo-o a ficar de costas para ele, Gray girou-o pelos ombros, de supetão, como se ele fosse algum tipo de poste manobrável.

— Tá sujo atrás — admitiu, objetivo, depois de um longo minuto de silêncio para, talvez, uma avaliação de melhor qualidade.

— Ah — murmurou, baixinho.

O anfitrião abriu a porta de outra divisória do guarda-roupa, retirou uma calça jeans – que até era parecida com a dele – e entregou-a a ele.

— Você prefere só se trocar? Porque você pode tomar banho aqui também, se quiser.

Tyler coçou a nuca. Odiava tomar banho em outro lugar que não fosse o seu banheiro, porque seus índices estabanados pareciam dobrar de tamanho. Contudo, não era como se tivesse escolha.

— Err, eu ia perguntar sobre isso, na verdade, mas não sei quanto tempo temos de sobra e tudo...

Gray riu sob a respiração.

— Bom, depende. Quanto tempo você leva para se arrumar?

Deu um sorriso amarelo, como quem diz “oops”.

— Não tem problema se a gente se atrasar alguns minutos. Nós ainda temos, ahn... — Gray checou no celular. — Uma hora, mais ou menos.

— Tem certeza?

— Tyler — advertiu ele.

— Não, é que, assim, você não tem culpa de eu ser um desastrado e não quero fazer você se atrasar ou...

Tyler. Tem certeza que gostaria de ir assim para lá? Porque, bem, se eu fosse você...

— Poxa, você disse que não tava tão ruim — acusou, teatralmente deprimido.

Gray o encarou, dissuadindo-o.

Tyler suspirou, dando-se por vencido, ainda que soubesse que aquilo devia ser algum tipo de ato suicida. Ele aproximou-se de Gray, cujas sobrancelhas ergueram-se em resposta, esticou os braços e passou-os por cima de seus ombros, de modo que os usasse como um suporte para eles. Sentiu as mãos firmes dele em sua cintura um segundo depois, de modo que ficasse ancorado ali, naquele lugar, naquela posição. Ele podia estar mais destemido que antes, fato, mas isso não impedia que o gesto lhe enviasse borboletas no estômago.

Estava se sentindo imensa e irreversivelmente fora-do-personagem, o que era como um grande ponto de exclamação rodeando positivamente sua personalidade. Todavia, com tudo o que tinha passado hoje, eram de se esperar duas alternativas: ou ele nunca mais teria coragem de sair de casa, ou coisas pequenas e minimalistas não teriam mais tanta potência para deixá-lo encabulado.

Com a aparição de um sorrisinho mínimo – e um pouco nervoso – no canto da boca, Tyler mencionou:

— Sabe, eu nunca sei se isso em você é perseverança ou só teimosia mesmo.

Gray bufou, simulando indignação.

— Se tem alguém teimoso aqui, esse alguém é você.

— Ah, é? — provocou. Umedeceu os lábios enquanto brincava com uma mecha do cabelo de Gray – ele tinha uma porção de cachos na região da nuca, por baixo dos fios mais lisos, tornando irresistível o impulso de enrolá-los no indicador e sentir a textura macia dele. — Discordo plenamente.

— Viu?

— O quê?

— Tá sendo teimoso agora.

Tyler revirou os olhos.

— Se opor a uma opinião não é necessariamente sinal de teimosia, Gray.

— Talvez, mas se opor a um fato atestado por testemunhas oculares – eu –, é. — Ele sorriu, presunçoso, como se dissesse "Vê como tenho razão?"

— Acho que somos dois teimosos, então.

Gray enlaçou-o ao conduzi-lo para uma maior proximidade com uma puxada do cós de sua calça, mantendo-os com os quadris colados. O garoto suprimiu um suspiro.

— Você acha — perguntou o loiro, mas com uma inflexão afirmativa, antes de, previsivelmente, envolvê-lo em um beijo.

Como todos os outros que tinham trocado até então, o beijo teve início não com suavidade ou delicadeza, mas com uma calma intrínseca. No entanto, gradativamente, ele foi evoluindo em termos de intensidade e cadência, até que Tyler, apertando os olhos, viesse a estreitar o alcance ao fechar os braços em torno do pescoço alheio, circundando-o, seu batimento cardíaco aumentando de ritmo em proporções sísmicas.

Ambos alternavam em inclinar a cabeça para lados opostos, dando espaço a uma maior exploração, apartando-se algumas vezes por questões de milésimos de segundos, visando recuperar ao menos um fio de ar, antes de voltarem ao que faziam. Tyler sentia-se entorpecido ao embrenhar os dedos nos fios de cabelo de Gray, o toque suave não dispersando-o de forma alguma.

Ao tempo em que sentiu as mãos de Gray partirem de sua cintura para suas costas, palmilhando a região enquanto pressionava seu corpo contra o dele, já estava completamente engolfado naquilo tudo. E ao tempo em que era cegamente direcionado à cama, e empurrado gentilmente contra ela, sua mente não mais conseguia confeccionar pensamentos coerentes.

— Gray, espera. — Deu com a língua entre os dentes, ainda atordoado, a respiração entrecortada, empurrando o outro de leve e só alguns centímetros longe dele. — Vamos ser justos, mas eu estou, bem... imundo. Admita que isso é no mínimo, ahn, inusitado. — Sendo justo de verdade, Tyler queria mais do que tudo se calar e seguir aquilo pelo o qual todo o resto de seu corpo clamava. No entanto, continuou, tentando manter a dignidade: — Você não se importa?

— Não, não me importo. E eu já disse que não está tão ruim assim — ressaltou, com algo próximo à impaciência.

Estavam tão próximos que ambas as respirações defasadas se mesclavam. Gray havia empregado mais firmeza no aperto em sua cintura, conseguia sentir agora.

— Não, eu quero dizer... De acordo com meus cálculos lógicos, provavelmente estou fedendo — disse, num tom exasperado.

Gray piscou. E então começou a rir, mas não uma risada do tipo zombeteira, e sim uma risada do tipo eu-não-consigo-acreditar-que-você-disse-isso-e-isso-é-basicamente-um-máximo. E do tipo eu-estou-quase-morrendo-aqui.

— Não está, não — Ele levantou a cabeça, que havia encostado em seu ombro ao tentar se controlar, lágrimas de riso nos olhos. — Você só tá cheirando um pouco a grama e a terra molhada, e, sinceramente, eu não considero isso um cheiro ruim. Na verdade, eu adoro.

Tyler mal estava consciente do tamanho do próprio sorriso.

— Bom, se é assim... — E o puxou pelo colarinho da camisa, ainda sorrindo durante o beijo.

De alguma forma, tinha a impressão de que Gray sorria também.

 

 

No final, ambos acabaram perdendo a noção do tempo.

Em um momento, eles tinham ao seu dispor alguns minutos que podiam ser de bom uso; no outro, estavam à mercê desses mesmos minutos que haviam se fragmentado para segundos como que em um passe vilanesco de mágica.

Talvez esse passe de mágica fosse alguma medida de precaução para curto-circuitos envolvendo os neurotransmissores do cérebro de Tyler, mas ele ainda estava um pouco revoltado; que os íons e outras cargas elétricas se perdessem no complexo de seu sistema nervoso, ele ainda era capaz de prosseguir com aquilo por muito mais tempo.

Infelizmente, sucessivos pretextos de “Ok, só mais cinco minutos” não pareciam ser o suficiente.

Subsequentemente, o garoto tomara o banho mais rápido da vida dele, suplantara o próprio recorde de agilidade para trocar de roupa e de alguma forma conseguira aproveitar com Gray o saldo (negativo) de tempo remanescente. Em seguida, depois de Gray alimentar os cachorros, saíram e incumbiram um táxi a levá-los a um restaurante inaugurado recentemente que Tyler nunca sequer ouvira falar.

A banda, que se intitulava No Ashes, já havia dado início à sua performance quando chegaram. As caixas de som e amplificadores, que ressoavam os acordes da guitarra e do baixo e repercutia a voz do vocalista, estavam dispostas nos cantos de um palco pequeno - este situava-se na área totalmente aberta do local, cercado por arranjos de plantas e mesas. O volume da música estava alto o bastante para abranger um campo de audição razoável, mas não ao ponto de ser ensurdecedor.

Encaminharam-se até uma mesa a dois aos fundos, próxima à área descoberta, onde poderiam apreciar a música e conversar simultaneamente; além disso, havia parado de chover, mas o ar permanecia agradavelmente úmido e fresco. Sappy tocava no plano de fundo, o timbre barítono do vocalista divergindo um pouco do tom do cantor original, Kurt Cobain, porém ainda se adequando à canção. Ouviu Gray cantarolar um “You’ll make him happy” enquanto ele e Tyler sentavam-se à mesa.

Observou a dinâmica do grupo musical, admirado pela sincronia existente entre as batidas rítmicas e vibrantes das baquetas na bateria, os acordes da guitarra e as notas altas alcançadas pelo vocal.

— Caramba, eles tocam bem — comentou, por fim.

— Realmente. E eu adoro essa música — emendou Gray, quando Comfortably Numb começou a tocar.

— Idem. — Ele fez uma pausa, pensativo. — Deve ser legal, sabe, saber tocar algum instrumento.

— Eu sei — informou ele. Tyler o fitou, um pouco surpreso. — Quer dizer, um dia cheguei a saber. Mas... eu não concluí as aulas e, bom, faz muito tempo.

— Oh. — Tyler angulou o corpo para frente, os cotovelos sobre a mesa, e sorriu, genuinamente interessado. — E o que você tocava?

— Violão. — Um sorriso cúmplice se mostrou em seus lábios. — Típico, né?

— Nah, nem tanto. Você ainda toca?

— Bom, não. Como disse, faz tempo. Enferrujei. E não é como se eu tivesse uma motivação. — Ele lançou um olhar que dizia “Desculpe desapontá-lo.”

Suspirou.

— Acontece.

— Quem sabe algum dia eu volte a tocar — sugeriu ele.

— Quem sabe — reforçou, sorrindo. — E quem sabe eu também pudesse aprender com você, uh?

Gray fez que não com a cabeça avidamente.

— Sem chance. Não sirvo para ensinar.

— Tudo bem, sou autodidata. — Tyler estufou o peito teatralmente.

O outro estreitou os olhos.

— Exibido.

Eles riram.

Continuaram confabulando sobre amenidades, enquanto alternavam sua atenção para a conversa e para a apresentação, que não oferecia trégua: a seleção de músicas era fidedigna à qualidade da banda. Em algum momento, depois de pedirem o que comer e seus pratos serem servidos, o tópico regente acabara sendo "cães versus gatos", no qual os dois apresentavam teses e antíteses a favor de um deles; o que talvez tenha sido um pouco injusto com os felinos, sendo que os dois eram óbvios amantes inexoráveis de cães e mal tinham convivência com gatos. No entanto, no fim, Tyler acabara pontuando que não havia por que querer eleger um melhor, e que se Gray argumentasse algum tipo de generalização comportamental sobre gatos - como julgar todos eles como frios e calculistas, por exemplo -, não seria legal; odiava generalizações. O outro acabara se mostrando de acordo, e chegaram à conclusão de que ambos eram adoráveis e ótimos animais de estimação.

Quando houve uma pausa na performance, pouco tempo depois de terminarem seus respectivos pratos, Gray se afastou por um instante para cumprimentar os amigos e congratulá-los pelos avanços na carreira da banda, então Tyler apenas pescou o celular do bolso como uma forma de se entreter nesse meio-tempo - parecia uma ideia melhor do que simplesmente encarar ou deixar o olhar pairar pelo ambiente, como se não tivesse nada melhor para fazer. Não sabia se queria ou não conhecê-los; tinha essa impressão de que havia uma barreira delimitando o seu espaço na vida de Gray e separando-o do resto, e não sabia se já era hora de transpô-la. De qualquer forma, tinha como consolo o fato de que eles estariam ocupados pelo resto da noite e que nem eram próximos de Gray, segundo o mesmo, e que ele só comparecera por causa de uma solicitação um tanto cordial e para apoiar a banda, além de ter tido certa curiosidade.

Acenou brevemente ao ver que estava sendo apresentado a eles, uma vez que o acompanhante apontou para ele. Eles retribuíram o aceno - uma garota franzina de cabelos crespos e figurino encorpado, espartilho e saia, e um cara alto e asiático de regata e calças surradas - antes de voltar a conversar com o amigo. Os outros integrantes da banda, o baixista e o vocalista, provavelmente os que Gray havia dito desconhecer, não estavam lá.

Voltando sua atenção ao aparelho celular, surpreendeu-se ao reparar na existência de uma mensagem não-lida do dia anterior, logo empertigando-se ao pensar que podia se tratar de algo importante.

Felizmente, era só Lana. Instantaneamente foi invadido pela lembrança que ela queria falar alguma coisa com ele antes e que nem havia trocado palavras direito com ela de manhã.

Quando verificou o horário do envio do "Posso falar com você agora?", a imensidão do vácuo que fornecera só o fez se sentir mais culpado.

Começou a digitar.

Tyler: Eu te juro que só fui ver agora. Foi mal

Mas enfim, o que foi?

Imediatamente apareceu que Lana estava digitando.

Lana: Bah, não era nada.

Tyler: Tem certeza?

Parecia bem urgente para mim.

O rapaz sentiu um nó massivo se formando no estômago, como um pressentimento ominoso que insiste em te assolar.

Lana: O que é que tem entre você e o Gray, hein?

Ele leu uma vez a mensagem. Releu-a. Ficou encarando-a até a visão se desfocar, ficando embaçada e indistinta.

Bloqueou a tela do celular.

Não. Apenas não.

Ignorou os bipes sinalizando as notificações de mais mensagens recebidas, o sangue zunindo de modo irritante contra o tímpano e uma queimação avolumando-se perto das têmporas, mas não ia deixar isso aborrecê-lo. Não pensaria nisso, decidiu enquanto se recompunha.

Gray regressou à mesa bem a tempo. Tyler se aprumou e tentou aparentar estar o mais relaxado possível enquanto ele se sentava ao seu lado.

— Seus amigos parecem legais — comentou, tentando com todas as forças voltar ao estado à vontade de antes. Era tão raro ele estar assim, devia imaginar que seria algo frágil e facilmente perturbável também.

— Como eu disse, não sou muito próximo, mas é gente boa. — Gray sorriu.

Tyler não pôde evitar; tornou abstrair-se e teve sua atenção novamente voltada à mensagem.

Ele imaginou as pessoas sabendo.

Sentiu gotículas de suor começarem a se formar em sua testa e a traçar uma trilha contínua em sua pele.

Não só Lana. As outras pessoas também. Seu pai, sua mãe, Esther, Cameron, o resto de sua família, os amigos menos íntimos. As pessoas que conviviam com ele no geral. Uma torrente vertiginosa de rostos rodou em sua mente, lembrando-o de cada um deles, e de como, apesar de tudo, apesar de conhecê-los e de confiar na maioria deles, não sabia se seria aceito ou rejeitado.

Ele imaginou as pessoas julgando-o por isso.

Seu peito parecia preenchido por chumbo, e sentia a bile subir-lhe pela garganta.

Cerrou os punhos. Tinha estado tudo tão bem quando ele pensara que ninguém saberia; devia ter reconhecido que a existência de imácula para um segredo como esse era impossível. Mas ele havia agido como se não se importasse esse tempo todo - isto sem mencionar seu estado de alheamento quanto a quaisquer problemas quase o dia inteiro. Simplesmente deixara de se preocupar por um momento. Quando segurara a mão de Gray em público, cercado por estranhos, sentira-se desconfortável e talvez até um pouco desamparado, mas não margeando um ataque de pânico. Por que estava sendo atingido em cheio por isso só agora? Não era como se nunca houvesse cogitado essas possibilidades, essas consequências. Talvez a rota dos acontecimentos dos últimos dias tivessem sim comprometido sua dosagem de preocupação quanto a isso, mas...

Pressionou os olhos ao fechá-los. Tinha estado tudo tão bem. Suas mãos estavam trêmulas; por isso, cravou as unhas nas palmas com mais força, como se isso fosse impedir a tremedeira.

— Tyler, você está bem? Está praticamente hiperventilando. — Ouviu o outro dizer, a entonação dele deixando transparecer as camadas de preocupação. Sentiu-o segurando pelos ombros, e abriu os olhos. Gray franzia o cenho.

Ele liberou o ar que nem tivera noção que estava suspendendo pela boca.

— Acho que Lana sabe sobre nós.


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Notas finais do capítulo

Ok, agora aqui eu posso desabafar dsjfsdjhfsd
Por incrível que pareça, esse cap me deixou mais inseguro que o cap 11. Não sei, tava com muito medo de acabar não conseguindo corresponder a todas as expectativas, então peço de verdade que comentem e opinem.
MAS EU AMEI MUITO FAZER O TYLER PAGAR MICO, VOCÊS NÃO TÃO ENTENDENDO DSHJFKDSFJHKDSAJ
Ah, e sobre os 8k. Juro que foram só esses caps que precisavam ser maiores, e que vou tentar voltar e manter a média de 4k. Mas não prometo nada, e espero profundamente que não repudiem capítulos grandes como algumas pessoas o fazem, porque, gente, acontece :’D
FINALMENTE CONSEGUI COLOCAR CRISE EXISTENCIAL NESSA FIC LALALALALA E aí, como reagiram a esse final? Bem contrastante com o resto do capítulo, eu sei xD Gostaram da colocação ou acham que poderia ser melhor? x.x Eu entendo a sensação do Tyler, então acredito que tenha ficado realista, mas… Uma segunda opinião nunca é ruim
Ah, em compensação à demora, já tô com o cap 13 um pouco adiantado. E vai ser no ponto de vista do Gray! Torçamos para que não aconteça a mesma coisa dos caps 9 e 10: eu começar na visão dele pra depois acabar odiando e reescrevendo tudo na visão do Tyler. (╯︵╰,)
É isso, gente, até mais! (´ ▽`).。o♡
PS: Quanto aos comentários não-respondidos: Eu juro que vou responder a todos. Desculpem a lerdeza. Prometo que daqui uns dias não vai ter mais nem um comentário sem resposta ❤️



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