Maybe Someday escrita por SomeKilljoy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Soo, here I am, postando minha primeira original decente (I hope)
Só avisando que os capítulos geralmente terão 3.000 palavras, mas pode variar para mais ou para menos - minha inspiração e vontade de escrever às vezes me ferram q
Qualquer erro me avisem, OK? Meu Word não tem correção ortográfica, e, mesmo eu ter lido e relido umas quinhentas vezes, pode ter algum :')
Eu não tenho muito a dizer, então nos vemos nas notas finais mesmo. Espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/553622/chapter/1

Se havia algo que Tyler estava sentindo a falta desesperadamente, era de um capuz em seu casaco. Porque se houvesse um, ele poderia muito bem ocultar o enorme letreiro luminoso dizendo “OLHE PARA MIM! ESTOU PARECENDO UM TOMATE!” que eram suas bochechas.

Ele pouco se importava se não era permitido usar capuzes em sala de aula. Não que sua professora fosse enxergar, sentando no fundo de uma classe com quase trinta alunos. E, de qualquer jeito, era por uma boa causa.

Bem, um capuz era a melhor solução, mas daria o mesmo resultado se ele achasse algum material pesado e mortífero que ele pudesse tacar na cara de paisagem de um Gray Lee que estava o encarando desde o início da aula. Mas, bem, a menos que uma borracha fosse tachada como “pesada e mortífera”, não seria tão eficiente assim.

O mais irônico era que a professora de Química, também conhecida como senhora-não-deixa-nada-passar, tinha deixado passar. Gray estava com o rosto voltado para si por quase duas horas e ninguém tinha dito uma palavra sobre isso. “Claro, isso é perfeitamente normal e aceitável, vamos deixar Tyler como um mais novo objeto de observação e deixá-lo corando cada vez mais”, pensou o garoto, irritado.

Ele já tinha tentado de tudo. Tentara ignorar e fingir que nem notara, porém foi insuportável ter que sentir aquele olhar basicamente o sufocando e ignorá-lo. Tentara encarar de volta, mesmo estando cinco fileiras de distância, Gray na terceira cadeira e Tyler na última, mas não queria fitar os olhos cinzentos-azulados. Tudo menos isso.

Havia um motivo por trás daquela encaração toda, claro.

Tyler só gostaria de saber qual.

Mas Tyler era desinformado – e esquecido – por natureza. Sabia que era especialista em não se lembrar ou se informar das coisas. Um exemplo foi o dia anterior, que caíra em um domingo, ele passou o dia inteiro em casa, debaixo das cobertas e relendo um livro qualquer que achara em sua estante. Seus planos também incluíam assistir animes e jogar video-game, mas o temporal que caía aos borbotões fora de sua casa impediu isso. Assim, passou horas e mais horas passando de página e páginas, seguindo preguiçosamente as palavras – que mal conseguia captar pela falta de atenção – com os olhos. Até que ficou com aflição e foi checar em seu celular se tinha alguma mensagem, onde achou uma porção de “Você vem ou não?”, “ANDA LOGO, NÓS ESTAMOS ESPERANDO” e “Você me traiu” enviadas pelo seu amigo Cameron.

Confuso, Tyler ligou três vezes para Cameron, o qual não atendeu nenhuma delas. Esse era o ponto negativo de ser amigo do cara. Ele tinha um talento abominável de permanecer emburrado por muito tempo e por coisas insignificantes.

Ele devia ter se esquecido de algum compromisso. Dando de ombros, voltou à leitura.

Seja como for, ele teve que aturar o rubor na face e os olhos cinzentos pregados em si até o sinal de fim de aula bater, às 12h00, e sair com as mãos enfiadas nos bolsos do moletom e com pressa.

— Eeei, Tyler! Espera aí! — disse alguém quando chegou à portaria para esperar o ônibus escolar (ele odiava ir de carona, mas era melhor do que andar cinco quarteirões até sua casa). Não um mero alguém. Ele.

O garoto engoliu em seco e, virando-se lentamente e fingindo estar tranquilo, encarou Gray.

Ele era só um pouco mais alto que ele. Os olhos ora cinza e ora azuis não expressavam nada, como de costume, embora fossem os mais brilhantes que Tyler já tinha visto. Os cabelos claros sedosos e com alguns cachos estavam caindo em seu rosto, mas não o suficiente para que cobrisse aquele sorriso. Tyler teve que desviar o olhar da boca do outro para que não parecesse suspeito.

— Ahn, que foi? — perguntou, apoiando-se na parede.

— Por que você não avisou?

— Avisou... avisou o quê?

— Que não iria! — Gray revirou os olhos. — Escuta, não que eu ligue para isso. Eu sei que estava chovendo. Mas nós dois ficamos te esperando um tempão. E Cameron está puto com você, você sabe.

O menor suspirou. Então, ele realmente havia perdido um compromisso. Com Cameron e Gray. Desde quando ele saía com os dois?

— Sério, eu não faço ideia do que está falando.

Gray fitou-o por longos segundos antes de dar uma risada, que fez aumentar ligeiramente o ritmo do coração de Tyler.

— Você esqueceu mesmo, não é? Bem que Cameron me avisou que você era meio “cabeça nas nuvens”.

— Avisou, é? — disse Tyler com uma falsa voz monótona, já acostumado com as reclamações de Cameron sobre ele, correndo os dedos pelos cabelos castanhos e lisos. — Mas o que foi que eu perdi, hein?

— Cinema. Pensei que estivesse ansioso para aquele filme de terror. Íamos comprar seu ingresso, mas achamos melhor não. — Gray levantou uma sobrancelha. — Por que está fazendo essa cara?

Tyler apontou um dedo para a frente, a boca formando um “o”, e Gray se virou a tempo de ver uma cabeleira castanha saltar em cima do moreno.

— Ahhh, Thaay, eu te adoro, seu esquecido! — Lana Walker soltou o amigo do abraço esmagador para exibir os dez dólares em suas mãos.

Lana não batia muito bem da cabeça, na opinião de Tyler. No entanto, isso não a impedia de ser sua melhor amiga. Com cabelos castanhos longos e ondulados e grandes olhos verdes que convenciam qualquer um a fazer qualquer coisa (no sentido literal), ela gostava de apostar e sair espalhando por aí que era uma legítima fã de seriados, principalmente de The Walking Dead, por causa de seu sobrenome Walker.

— Dez dólares. Legal. — comentou Tyler, um pouco agradecido pelo loiro ao seu lado ter diminuído a aproximação.

— Eu ganhei eles por sua causa! — disse ela com aquele sotaque britânico, um sorriso maníaco brincando em seus lábios. — Apostei com Cameron que você daria um bolo neles e ganheeeeeei! — ela cantarolou a última parte.

Tyler não pôde evitar sorrir. Provavelmente o motivo pelo qual gostava dela fosse por ela saber fazê-lo rir, embora soubesse que existisse o lado sério dela também.

— Você e o Cameron se conhecem? — indagou Tyler.

— Bem, nunca nos falamos antes. Mas é que, quando ele combinou com você de sair e tal, eu estava por perto, e vi sua cara de “Não presente no momento”. Então, bem, era uma oportunidade! Agora, eu ganhei. — Ela fez uma pausa, pensativa. — Você e Cameron são muito amigos, certo?

— Desde infância. — confirmou.

— E eu também sou sua amiga, certo?

Tyler torceu o nariz, mas ela pareceu levar aquilo com um sim.

— Por que você não apresenta seus amigos uns aos outros?

Tyler deu de ombros.

— Para quê?

Lana suspirou, como se percebesse que o amigo não tinha jeito, e fingiu não ouvi-lo, voltando-se para o garoto ao lado.

— E aí, Gray?

— Oi — Gray acenou com a cabeça.

— Pena que eu não apostei com você também. Estaria com vinte dólares agora... Tanto faz. Então...

Tyler não ficou para ouvir o resto — afinal, Lana sabia irritar quando queria por ignorar as pessoas —, pois seu ônibus tinha chegado. Ele subiu no automóvel em passos apressados e escolheu uma cadeira do fundo para se sentar. Assim que se acomodou, jogando a mochila no chão aos seus pés de qualquer jeito, colocou os fones de ouvidos e escolheu qualquer música, passou a refletir. O ônibus geralmente demorava uma eternidade só para partir do local, tendo que esperar os outros passageiros, então ele tinha bastante tempo para isso.

O que estava acontecendo com ele?

Ele andava se sentindo tão nervoso e desconfortável ultimamente... Especialmente na presença de Gray. Ao invés de pensar somente duas vezes antes de fazer algo, ele pensava e repensava um milhão de vezes antes de falar um simples “oi”. Às vezes, falando esse único “oi”, ele se arrependia e desejava ter ficado calado. E olha que geralmente ele falava bastante, pelo menos às pessoas mais próximas (não que Gray fosse uma pessoa próxima. Quem dera). Não entendia o motivo disso. Se é que existia um motivo para isso.

Por enquanto, seu rosto havia parado de ferver e ele torcia para que tivesse voltado à sua coloração normal. Não queria corar novamente dessa forma nunca mais. Aquela vermelhidão no rosto bastara para o ano inteiro. Ainda assim, continuava sentindo aquele frio na barriga – como se um novo Polo Norte tivesse se formado lá dentro – e aquela ânsia de vômito. E o tambor que havia substituído seu coração em seu peito continuava batendo descontroladamente.

Por quê?

Essas reações tinham começado há aproximadamente dois meses – primeiramente imperceptíveis – e se intensificado drasticamente nas últimas semanas. No começo do ano letivo, estava tudo perfeito. Tyler havia começado no colégio novo com o pé direito. Claro que ele jamais seria um desses “populares” que andam em “turminhas” e conversam com todos. Ainda assim, incluindo seu amigo de infância Cameron, que dessa vez estudaria com ele no mesmo colégio, fizera amigos o suficiente para não se sentir solitário. Como por exemplo Lana, que na época estava se sentindo deslocada por acabar de se mudar para os Estados Unidos, vinda da Inglaterra, após ter feito um ano de intercâmbio em Nova York e seus pais decidirem se mudar para o país. Infelizmente, a irmã dela, Sue Walker, não fora com a cara de Tyler, mas ele não se importava de fato. Também tinha Alan Mills, o representante da turma, um cara simpático e alto, que tentava bater papo pelo menos um pouco com cada um, tentando fazer todos participarem, mas eles só se falavam muito de vez em quando. Lacey Robsten, uma garota tímida porém doce, Josh Cox, um garoto animado que pensava até demais em sair, Kylie Mason, com quem Cameron vinha saindo ultimamente, mas que provavelmente não iria rolar – mais alguns exemplos. Bem, Tyler acreditava que já tinha trocado pelo menos algumas palavras com cada um de sua turma. No entanto, talvez as únicas pessoas que poderia considerar como amigos fossem Cameron e Lana. Isso era meio estranho, porque seus melhores amigos nem se conheciam direito, com os dois mal se falando, estudando em salas diferentes, ela na Sala A com Tyler e ele na Sala B. Mas, de qualquer forma, podia contar com eles dois.

E, bem, também havia Gray. Ele era um caso aparte. E bem complicado, por sinal.

Gray estudava na Sala A também e, apesar disso, parecia conhecer razoavelmente bem Cameron. Essa foi a impressão que Tyler teve ao ver os dois se cumprimentando como bons amigos, surpresos por se verem no mesmo colégio, no primeiro dia de aula.

— O apartamento dele fica ao lado do meu. Ele é aquele vizinho que eu já comentei com você algumas vezes. Sabe, aquele lá com quem eu preguei a peça do sapo-na-cadeira na mulher do saguão — esclarecera Cameron.

— Mas você pregou aquela peça, de acordo com o que disse, quando tinha onze anos — argumentara Tyler, lembrando-se vagamente quando Cameron lhe contara sobre a reação da mulher ao ter um sapo pulando nela (que não tinha descobrido o responsável daquilo até hoje). Ele assobiou. — Vocês se conhecem há tanto tempo assim?

O amigo assentiu.

— Então vocês não são apenas vizinhos. Devem ser quase tantos anos de amizade quanto o de nós dois — murmurou Tyler, meio emburrado.

— E você vai ficar com ciúmes? — o outro debochou, rindo, enquanto ele revirava os olhos. — É, mas eu realmente devia ter apresentado vocês antes.

“É, tarde demais, colega”, pensou Tyler assim que aquele dia veio à sua mente. “Agora estou agindo fora do normal graças a esse seu amigo.”

O garoto voltou ao presente quando o de cabelos acinzentados sentou-se na cadeira ao seu lado sem nem ao menos pedir permissão (não que ele precisasse realmente de uma, mas seria mais devidamente educado e menos claustrofóbico para Tyler).

Não disse nada, esperando que Gray falasse algo, mas ele aparentemente nem tinha percebido que estava ao seu lado. O ônibus se pôs a andar, e o de cabelos castanhos passou a encarar a vista na janela, as árvores e outros automóveis passando como borrões coloridos diante de seus olhos, enquanto espremia-se no banco e torcia para que esse silêncio não continuasse tão tenso assim.

Porém, ele não aguentou. Virou-se para um distraído Gray que ouvia músicas em um volume ensurdecedor e, tirando um dos fones do mesmo, perguntou:

— Por que ficou me encarando durante, tipo, a aula toda?

Gray olhou para ele confuso e depois sorriu.

— Ah, é você.

— E então?

— Bem, eu não sei exatamente. Deve ter me dado vontade na hora.

— Como assim, “deve”? — indagou Tyler, perplexo. — Como você pode não saber?

Gray deu de ombros.

— Eu sei lá.

Tyler bufou, cruzando os braços e olhando para o outro lado. Desculpas. Desculpas esfarrapadas. Quem diabos em plena consciência de seus atos ficaria com vontade literalmente do nada de encarar alguém durante horas por... por nada?

“Ele não é normal. Talvez seja alguma autodefesa minha eu estar agindo assim perto dele. Meus instintos devem saber que ele é algum alienígena. É, deve ser isso”.

— Hm, você sabe, Cameron vai ficar pelo menos três dias sem falar com você — começou Gray, mudando de assunto.

Tyler continuou encarando a vista através da janela, como se ela fosse verdadeiramente de seu interesse.

— Hm. Tá. Sei. E daí? — “Comece com frases pequenas, se você responder com frases pequenas, não vai acabar falando bosta”.

— Então... Eu estava pensando... A gente podia sair sem ele. Você ainda quer ver o filme, certo?

Tyler finalmente desviou seus olhos castanhos cor-de-mel para os de Gray. Àquele ponto, ele já estava corando.

— Está me convidando para sair? — perguntou, as sobrancelhas tão altas que deviam estar sumindo por baixo de seus cabelos, meio boquiaberto demais.

Gray demorou um pouco para processar o que ele queria dizer com aquela reação.

— Deus, você é... Esquece. O quê que tem dois amigos saírem juntos ao cinema? — o maior pôs a mão na testa e olhou para o outro lado. — Você não tem jeito. — Mas depois ele riu, como se aquilo fosse a piada mais engraçada de todas. O que aborreceu Tyler um pouco mais.

— Desculpe. — Ele olhou para o outro lado novamente, recostando a cabeça na mão enquanto apoiava o cotovelo no braço do assento. Era isso o que dava quando ele resolvia abrir a boca. — É. Pode ser. — “Embora eu não considere você exatamente como um amigo”.

— É minha deixa — comentou Gray, mais uma vez com sua incrível habilidade de não ligar para o que acabara de acontecer, quando o ônibus parou em frente a um enorme prédio de apartamentos. — Até mais.

— Até — murmurou em resposta, inaudivelmente.

 

# # #

 

— Eu preciso dormir — disse Tyler para si mesmo, jogando-se em sua cama naturalmente desarrumada.

Claro, ele não dava a mínima para bagunça em seu quarto. Contanto que ele conseguisse encontrar as coisas que precisava, tudo bem. Não tinha obrigação de viver em um lugar brilhando de tão limpo. No final das contas, para que limpar se iria se sujar todo de novo mais tarde?

Antigamente, sua mãe entrava em seu quarto toda hora para checar se estava limpo e, como nunca estava, cobrava a plenos pulmões que as coisas voltassem ao seu lugar. Com o passar dos anos, ela foi aprendendo a ignorar as coisas jogadas no quarto até que nunca mais entrou nele. Na verdade, não tinha importância. Tyler era organizado com tudo. Exceto pelo quarto, que era onde ele refletia seu estado mental e de espírito: uma bagunça, normalmente. Podia ser ele mesmo ali. O que, basicamente, significava que ele podia comer-dormir-pensar em sua bagunça sem que ninguém ligasse.

Tyler percorreu o lugar com os olhos, sentado na cama, antes que se deitasse. Fala sério, nem era tão exagerado assim. Tudo bem que seus cobertores (ele costumava dormir com pelo menos três, independente da temperatura que se estava fazendo) ficavam caídos no chão e ele não arrumava a cama havia, tipo, uma semana. E que as roupas sujas – que deviam ter sido colocadas para lavar – estavam empilhadas em um canto. E que o lixo estava transbordando de papéis amassados e rasgados – desenhos que não deram certo, rabiscos e um ou outro papel de bala. E que nada era arrumado dentro de seu armário. E que alguns lápis de colorir estavam jogados no chão em tempo suficiente para acumularem poeira (eles tinham parado ali quando Tyler perdera a calma em um desenho e os tacara no chão – o que consequente quebrou as pontas deles, deixando-o ainda mais irritado). E que... Ah, você entendeu!

Ao menos seu rack de televisão e as prateleiras parafusadas à parede estavam em perfeita ordem. Tyler era organizado com as coisas que importavam: materiais de desenhos, livros, mangás, DVDs e vídeo-games (tirando o vexame com os lápis, que tinha ocorrido somente uma vez – graças a Deus). Além disso, era sua obrigação dar valor àquelas coisas. Economizava todo seu dinheiro para depois gastar em lápis profissionais, materiais, réguas, cadernos, livros e mangás que ele esperava o ano todo para sair um volume novo e jogos. Se sumisse alguma dessas coisas, provavelmente não seria só o seu quarto que ficaria bagunçado, e sim a casa toda, já que, se precisasse, ele desmontaria muros para encontrá-la.

Tyler pensou duas vezes se devia perder parte do seu tempo dormindo ou jogando, mas sua cabeça latejava tanto que se seus olhos captassem mais algum movimento brusco ou se ele ouvisse algo barulhento, ela explodiria.

Assim, com uma notável preguiça, levantou-se para fechar a janela. O tempo estava frio e o céu, nublado, e geralmente ele preferia deixá-la aberta. Mas ele não conseguia dormir no claro. Quando a fechou, deixando o ambiente escuro e seus olhos com uma dificuldade para se adaptarem à falta de luz, cambaleou até a cama, caindo nela (e, claro, batendo o joelho em sua quina), agarrou um dos cobertores que estavam esparramados sobre sua cama e, envolvendo-o com braços e pernas (sim, ele usava os cobertores mais para abraçar do que para se cobrir) e enfiando o rosto no mesmo, caiu no sono, bem mais rapidamente do que esperava.

 

 

Ele estava ficando perto demais...

Tyler olhou ao redor, sentado fixamente na cadeira e todos os músculos retesados, procurando alguma coisa que pudesse ajudá-lo naquela situação desconfortável. Obviamente, nada. Afinal, uma sala de cinema escura e praticamente vazia não proporcionava muitas formas de defesa a alguém. Além do mais, não queria fazer a burrice de ter que jogar a pipoca amanteigada em cima do outro.

Mais perto...

O garoto engoliu em seco. Se tinha tanta certeza sobre o que estava prestes a acontecer, por que simplesmente não impedia? Por que não o empurrava para longe?

Agora sua cabeça estava ligeiramente inclinada e os olhos, fechados...

Então, tarde demais. Logo Gray finalmente selava os lábios de Tyler com os seus, que mantinha os olhos abertos e arregalados, mas que foram se fechando devagar, até que ele começasse a corresponder o beijo como se também desejasse aquilo...

 

 

Tyler abriu os olhos. Seu coração estava desenfreado. Sua respiração, acelerada. E seu corpo, ensopado de suor.

Ele sentou-se na cama e respirou fundo, correndo os dedos pelos cabelos suados e massageando as têmporas. Parecia que dormir só tinha contribuído para a dor de cabeça.

Fechou os olhos e tentou se acalmar. Afinal, tinha sido um sonho. Só um sonho. Quer dizer, por que devia se preocupar com isso? Não significava nada... Mas...

Que diabos de sonho tinha sido aquele?

E como seus lábios podiam estar formigando se tinha sido um sonho?

E... por que, bem lá no fundo, ele queria que se tornasse realidade?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, é isso.Por favor, se gostaram, me avisem :D Vai me animar a continuar escrevendo.Nos vemos no próximo o/