Our Secret! escrita por Ponyo, Nemarun


Capítulo 31
Pecados.


Notas iniciais do capítulo

ADIVINHA QUE VOLTOU NESSA BAGAÇA? õ/
MUITO obrigada pelo apoio! Sério mesmo, quase chorei com os comentários que me deixaram, isso realmente me ajudou muito e voltei com tudo agora u-u



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Pecados.

–Eu não sou louca.

–Eu não disse isso, Amélia. Estamos apenas tentando entender o porque...

–Vocês querem ver o quanto sou louca, mas eu não sou. - A doutora suspirou pesadamente e se virou para pegar algumas coisas na mesa ao lado. O consultório é tão branco e limpo, que me dá calafrios.

–Olha, já fizemos muitos exames diferentes, falta apenas mais alguns. Vamos tentar outro teste psicológico?

–Eu tenho escolha?

–Não, mas isso que torna as coisas divertidas! - Ela sorri com simpatia e coloca folhas com manchas sobre a mesa. - São cinco no total, poderia dizer o que vê em cada uma delas em ordem?

–Certo. Um anjo, um homem e uma mulher abraçados, uma rosa, um demônio e... - Pego a folha com cuidado e tento examina-lá mais de perto. É fraco o desenho, mas ainda sim dava para se notar algo. - Essa é a garota do meu reflexo.

–Hum. - A doutora pareceu triste e guardou todas as folhas novamente.

–O que foi? Respondi algo de errado?

–Não Amélia, é que... Era apenas uma folha comum metalizada. Mas não quero que pense nisso, o seu resultado é bastante normal. Vou te fazer algumas perguntas, pode responde-las com total sinceridade?

–Alguém mais vai saber das repostas delas?

–Não, não se preocupe.

–Então sim.

–Certo... Você esta passeando em um bosque e vê uma garota presa num posço. Em seu dedo há um grande anel de ouro. O que você faz?

–Salvo a garota.

–Você é casada e seu marido a ama muito. Ele viaja por um tempo e você tem um caso, você conta? - Demorei alguns segundos para responder.

–Sim, embora eu acha que isso nunca vá acontecer.

–E se fosse ao contrário? Se seu marido tivesse um caso. Você se separaria? – Só de pensar na possibilidade disso acontecer, começo a ficar nervosa. A doutora percebe e anota.

–Não...

–Você está no meio de um assalto. O ladrão tem uma faca, mas ele não sabe que você guarda um revolver. O que faz?

–Saco a arma e mato o ladrão.

–Muito bem, Amélia. depois continuamos com esses tipos de perguntas. Vamos tentar algo diferente. Como se sente sobre tudo que está acontecendo na sua vida?

–Sozinha e confusa.

–É verdade que anda ouvindo vozes?

–Eu não ouço vozes exatamente... É que toda vez que vejo meu reflexo, é como se ele estivesse me encarando. Eu tenho medo doutora.

–Não se preocupe, querida. -Um toque leve ecoou pela sala. Era alguém querendo falar novamente com ela. - Espere aqui, sim?

Ela se levantou em direção a porta e começou a falar sussurrando. Depois de algum tempo, ela olhou para mim e saiu. Ando rapidamente até o gabinete de arquivos que ela esqueceu aberta e procuro rapidamente por "Amélia".

Uau, é uma ficha bem pesada.

"Paciente sobre observação constante, danos cerebrais em níveis alarmantes. Sofreu agressão física e mental quando criança, se tornando um adulto violento. Sustentou a família sozinha e aos dezoito fugiu para a França.

Com altos graus de esquizofrenia e sofrendo de dupla personalidade (Podendo ter até mais, mas não temos confirmação ainda). Há muitas chances de sofre de psicopatia como a mãe já internada. Provavelmente o dano cerebral fez com que matasse e incendiasse a casa, a paciente não lembra de ter feito tais coisas. É uma ameaça parante a sociedade e deve ser internada imediatamente por tempo indeterminado."

A porta se abre e a doutora me olha assustada e corre até mim para pegar a ficha das minhas mãos. Rasgo com força a folha e pulo pela janela aberta rapidamente.

(...)

Bato na porta de madeira branca ainda mas rápido e forte do que a ultima vez. Felizmente Genevive mora próximo a o consultório e ninguém me avistou na rua. Céus, se ela não estiver eu não sei para onde ir.

–Já vai! Onde é o incêndio droga? - A porta de abriu e Serena olhou perplexa. É um tanto estranho ver sua mãe apenas de regata branca e cueca cinza, mas confesso que adoro essas coisas diferentes que fazem Serena única. -Pollyanna? Ai meu Deus! Você esta bem? O que está fazendo aqui? Não importa, está aqui e é isso que importa.

–É que eu meio que fugi.

–Eles te machucaram? Fizeram experimentos que nem aqueles dos filmes?

–Serena...

–Temos que processar esses malucos!

–Serena! Por favor, temos que conversar seriamente.

–Tudo bem querida, entre . -Ela me deu passagem para entrar e trancou a porta com cuidado logo depois. A casa de Genevive continua a mesma, a não ser pelas dezenas de caixas espalhadas por todos os cômodos. Eu fico feliz por ela ter nos abrigado depois do incêndio, "Me ofenderia não ficar, você faria o mesmo por mim" ela dizia toda vez que pedia desculpas pela bagunça que estávamos fazendo.

–Amélia? - Lysandre colocou o bloco de desenhos do colo de qualquer jeito no sofá e correu para me abraçar. É tão bom estar perto dele novamente, por mais que toda vez que eu veja seu braço tenho vontade de chorar.

–Eu não tenho muito tempo para falar, eu liguei para o Sr. Hayashi antes de vir aqui para que ele me buscasse.

–Por que fez isso?

–Uma coisa de cada vez... Isso é cheiro de pizza? - Lysandre sorriu e apontou para uma das caixas de pizzas ainda cheia em cima da mesa de centro. Sentei no sofá e peguei uma grande fatia, isso provavelmente iria me engordar mas lá onde estava sendo mantida não me davam coisas muito gostosas, apenas coisas saudáveis como frutas e remédios de todas as cores e formatos possíveis. Lys e Serena se sentaram no sofá a minha frente e ela pegou três pedaços de pizza maiores que os meus. É incrível o fato de dela e do meu pai comerem quilos e mais quilos de comida por dia e nunca engordarem... Sou a ovelha negra da família? - Seu cabelo está com algumas partes em branco, Lys. Está parecendo um cara de meia-idade.

–Não, um cara de meia idade sexy. - Disse Serena com bom humor, já devorando a segunda fatia.

–Estou com preguiça de pintar, além de ser meio difícil agora que estou tentando me acostumar com... -Uma onda de tristeza veio com tudo em mim. Era minha culpa por ele estar assim. - Ei! Não estou dizendo que odeio isso ou algo assim, lembra que sou Ambidestro?

–É, Amélia. Não se preocupe, Lysandre ainda pode bater punheta. - Me virei e vi Miyuki, sorrindo vestindo short e uma camiseta de Rock, com uma garrafa de Whisky na mão. Ela tinha chegado um pouco antes de eu ter ido embora. Sabe toda aquela tristeza que eu tinha sentido? Foi embora e estou me segurando para não rir. - Não me olhe assim, seu albino! Você sabe que eu já vi!

–Como assim "Albino"? Você é mais branca do que eu!

–É, mas eu sou gostosa e isso meio que anula o "albinismo".

–Essa palavra existe? - Falou Serena já na sua quarta fatia.

–Espere... Como assim "Já vi"? - Disse fuzilando Lysandre com o olhos. Que tipo de coisas acontecem com esses dois?

–É... - Lys me olhou por um instante um pouco corado e voltou a atenção para Miyuki.

–Eu me divirto tanto aqui! - Serena disse sorrindo e finalmente parando de comer pizza e desligando a TV. - Mas brincadeiras a parte, onde você estava esse tempo todo? A polícia simplesmente disse que estavam mantendo você sobre custódia e de repente não tivemos mais noticias suas!

–A quanto tempo estou fora? No hospital ou sei lá onde fiquei, não tinha quase nenhuma janela e eu nunca sabia quanto tempo tinha se passado. - Serena olhou para Lysandre e depois Miyuki com o olhar apreensivo, como se tivesse se decidindo se contava ou não.

–Duas semanas e meia... Tentamos de procurar, mas ninguém dizia nada!

–Estou presa... Pelo assassinato de Rosalya e pelo incêndio. A audiência vai ser amanhã, e é sobre isso que vim conversar. - Suspirei fundo e vi que minhas mãos estavam tremendo. - Eu falei com Hayashi e vou me entregar e aceitar o primeiro acordo. Vou ficar presa durante vinte e sete anos.

–Espera ai, O QUE? - Serena arregalou os olhos e Lysandre me encarou incrédulo. Ouvi o som de algo quebrando e olhei para trás, é a garrafa de Miyuki que tinha caído no chão. Ela me olhava estática e parecia bem nervosa.

–Como assim? Caralho, não acredito que isso foi o melhor que meu pai conseguiu! Eu vou falar com ele, eu preciso de...

–Miyuki... Seu pai conseguiu sim um acordo melhor, ele iria alegar insanidade e eu iria ficar em um manicômio até estar "Curada" e mais seis meses na cadeia.

–E porque não vai aceitar?!? - Miyuki veio na minha direção e me segurou pela gola da camisa.

–Por que eu matei uma pessoa. - Aos poucos Yuki foi soltando a minha camiseta. - Não sei se percebeu, mas tirei uma vida.

–E-Eles não falaram nada sobre isso, apenas que você era suspeita... - Serena parecia ainda mais pálida que o normal.

–Eu também achava que só era suspeita, mas me mostraram fotos de mim mat... O pior de tudo, é que não lembro de ter feito nada disso! - Lysandre apenas observava tudo em silêncio. Deve ser muito difícil para ele, afinal Lys já amou Rosalya.

–Como você não se lembra de nada?!?

–Bom, ai é que está outro detalhe. Seu pai não queria alegar insanidade apenas para que eu não fosse presa... E sim por que é uma verdade. - Peguei a folha que a pouco tempo tinha rasgado e entreguei para Serena, que passou para os outros também lerem. - Eles fizeram muitos testes comigo, e em todos eles eu tive resultados instáveis. Eu juro que não fingi em nenhum deles, achava que eram apenas exames normais. Eu vim me despedir e pedir desculpas por tudo que fiz a vocês.

–N-Não pode estar falando sério Pollyanna! -Serena se levantou e me abraçou com o olhar triste. - Eu sei que não foi você que fez aquilo, nem mesmo se lembra! Olha, vamos conversar e tentar chegar a uma solução lógica?

Uma buzina alta ecoa e um silêncio desconfortável começa. Era o Sr. Hayashi, é hora de fazer o que é certo. Vou em direção a porta rapidamente, ouço Serena e Miyuki gritarem meu nome.

Lysandre foi o único que não falou nada.


(...)

Três dias depois.

–Amélia... Tem certeza que vai aceitar? São quase três décadas. - Hayashi suspirou pesadamente. -Sei que o que você fez foi errado, mas está doente, não teve culpa das suas ações.

–Não, tudo bem, sério, não estou triste nem nada. Sei que isso é o certo. - Olho novamente para o relógio no corredor. Faltavam dois minutos para a juiza nos atender. Não é necessário um julgamento formal, pois confessei. -Só estou aflita pelo fato de ter que deixar Andrea e Serena, sem contar o fato de Lysandre mal ter se dirigido a mim.

–Quanto a sua família, não me preocuparia. -Ele sorriu carinhosamente e também olha para o relógio pendurado. -Se Ivan continuar com o bom comportamento, vai ser solto em oito dias.

–Sério? Céus, isso é maravilhoso!

–Sim, e lembre-se que você ainda tem direito a visitas senhorita Amélia.

–Senhores, o juiz vai atende-los.- Uma senhora simpática que devia ser a secretária sorriu e abriu a porta.

–Não devia ser uma juíza?

–Não, outra pessoa pegou o seu caso e insistiu para isso.

Entramos na sala e não pude conter um sorriso.

Lá estava ele, com cabelos negros curtos e vestindo terno preto. Seus rosto estava maduro por conta da idade, mas continuava tão lindo quanto antes. Faz tanto tempo que eu podia muito bem não ter reconhecido ele, mas esse maldito sorriso irônico o diferencia de todo mundo.

–Castiel! -Corri e o abracei com força, que logo foi retribuído.-Não acredito que não está na cadeia como todo mundo tinha apostado na escola!

–Olá pequena, vejo que embora todo esse tempo tenha passado, não cresceu. -Ele soltou uma risada e apertou a mão de Hayashi. -É uma honra conhece-lo Sr. Takamura.

–O prazer é todo meu. -Ele retribuiu o aperto e sorriu amigavelmente. -Aposto que isso tudo tem um dedo de Miyuki no meio.

–Sim, quando ela soube que a Amélia não iria aceitar o acordo, me pediu "Gentilmente" para pegar o caso. - Ele voltou o olhar sério para mim. -Olha Amélia, a Miyuki deve gostar realmente de você para fazer tudo isso. Se souberem que eu e você já nos conhecíamos, ela vai entrar em sérios problemas.

–Jamais vou entender aquela garota... Puxou a mãe com toda certeza.

–Ela é uma das únicas pessoas a quais ainda mantive contado depois da escola. Enfim, sentem por favor, temos muito a conversar. -Todos nós sentamos e comecei a suar frio. Eu tenho certeza do que vou fazer, mas mesmo assim tenho um pouco de medo. -Amélia, lamento mas seu pedido foi negado.

–Espere, como assim?!?

–Desculpe mas ninguém no seu... Atual estado pode ser presa, é contra a lei. -Castiel abriu a gaveta da escrivania e retirou uma pasta escrita meu nome. -Os advogados da família de Rosalya souberam disso e proporão um acordo. Você deve ficar internada por pelo menos quatro anos, nada menos que isso.

–Amélia antes que recuse, pense bem no que está acontecendo. Você não teve culpa de nada e não vai achar proposta melhor do que essa.

Fecho meus olhos e tento esquecer de tudo que está a minha volta.

Será que devo aceitar o acordo? Em parte todos tem razão, mas isso não iria anular o pecado que cometi. É tudo culpa daquela garota no reflexo? Não, ela não é uma simples garota, é Pollyanna.

Eu não sei mais quem sou, quero ser Amélia e Pollyanna, mas Pollyanna não quer Amélia.

Se ao menos Lysandre estivesse aqui para me ajudar... Bom, é claro que não vai estar nunca mais ao meu lado. Céus, eu matei a Ex-noiva dele! Ele jamais vai me perdoar e talvez deseje que eu morra na cadeia ou algo assim.

Cara, esse pesamento me deixou realmente triste.

–Eu já me decidi, eu acei...

Alguém bateu na porta fortemente me interrompendo. Por que toda vez que vou falar algo importante, isso acontece?

–Desculpe, preciso falar com os juízes urgentemente.- Castiel e Hayashi se entreolharam e resolveram seguir o homem. Fico sentada esperando, bem entediada por sinal.

Olho para o relógio digital preto em cima da pequena mesa. Já estou aguardando a quase trinta minutos. Resolvo levantar e abro com cuidado a porta para que não faça barulho, atravesso e vejo o grande corredor silencioso. Não tinha nada de anormal a não ser o "Pequeno" fato de Lysandre estar me encarando, sorrindo vestido com uma camisa social branca e uma calça jeans preta, uma câmera pequena pendurada no pescoço e sorrindo.

–Achou mesmo que eu ia te deixar ser presa e não fazer nada?


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