Our Secret! escrita por Ponyo, Nemarun


Capítulo 28
Miyuki sem Vodca.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, final de ano é sempre corrido e a "Gênia" que vos fala está de recuperação em três matérias... Tenso.



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DOIS AVISOS IMPORTANTE:Primeiramente, escrevo isso aqui pois tenho medo de vocês não lerem as notas finais.

1°:Quem leu o capitulo anterior no dia em que foi lançado e é leitor fantasma, quero avisar que ocorreu um erro de digitação um pouco importante na última frase. O certo é "Sou Amélia E Pollyanna."

2° Quando terminarem de ler, peço que vão para o primeiro capitulo e leiam novamente apenas o começo. Eu mudei. Obrigada pela atenção!

Miyuki sem Vodca.

50° Dia.

Pollyanna!

Minha cabeça doí, é como se tivesse caído ou de ressaca.

Pollyanna!

Sinto algo quente passando sobre meus cabelos. É tão bom...

–Pollyanna! Filha, você está bem? - Abro meus olhos e tudo parece girar. - Céus, fiquei preocupada.

Aos poucos a tontura diminui, estou setada no sofá da minha antiga casa. Serena está segurando minha mão e passando as mãos pelos meus cabelos com o olhar aliviado.

–O que aconteceu?

–Você desmaiou. Lysandre me contou sobre Ivan.. Céus, eu nem sei o que dizer! Me desculpe, a culpa é minha por você ter ficado assim.

–Não, tudo bem, só preciso de um tempo para me acostumar a tudo isso... Lysandre?

–Ele saiu para comprar remédio para dor de cabeça.

–Ótimo, tenho um tempo a sós com você. Vou te perguntar antes que perca a coragem -Sento no sofá ainda com um pouco de dificuldades, meu corpo ainda dói um pouco. - Você realmente mora naquele prédio?

–Sim, a pouco mais de quatro anos. Sei que é perigoso, mas é a unica forma de atender meus clientes e conseguir pagar o aluguel em dia.

–Não diga clientes Serena.

–Desculpe, sei que deve ser horrível ter uma mãe com meu oficio... Mas não tenho opção! Eu tendo sair várias e várias vezes, mas com que dinheiro vou sobreviver? Ninguém em hipótese nenhuma iria me contratar para algum emprego e nunca me casei.

–Você podia fugir de tudo isso!

–Não posso! Tenho cli... Tenho fregueses que se apegaram muito a mim e não me deixam em paz. -Serena levantou o vestido leve preto até chegar a costela, onde tinha uma cicatriz profunda. - Aconteceu isso na ultima vez que tentei.

–E se você fosse para bem longe? Garanto que eles não te achariam!

–Amazonas? Talvez Argentina?

–França.

–França? -Seus olhos se arregalaram e Serena levantou incrédula.- Pollyanna, não tenho dinheiro nem para comer, imagina viajar para lá!

–Eu moro na França! Tenho uma floricultura, você pode me ajudar nela. - Levantei e segurei suas mãos. Não conseguia parar de sorrir com a ideia dela morando comigo. -Podemos ser uma família! Eu, você e minhas irmãs. Não terá que se preocupar com nada, tem um quarto vago e as vendas sempre são ótimas, já imaginou?

–Eu, morando na França com minha recém descoberta filha... É surreal!

–Você aceita? - Serena ficou pensativa e com o olhar perdido. Deve ser estranho para ela acordar um dia e descobrir sobre tudo isso, ter a chance de mudar de vida.

–Aceito. - Ela sorriu e me abraçou.

(...)

Lysandre se sentou ao meu lado. Estamos embaixo do Ipé, apenas perdidos em lembranças em nossos últimos momentos no Brasil.

–Gostei no novo corte de cabelo. - Passo minhas mãos por eles. Não eram mais longos ou castanhos, e sim loiros curtos na altura do queixo e repicados.

–Vai se acostumando, toda vez que algo importante na minha vida acontece eu mudo eles. Já foram rosa, castanho, pretos, raspados...

–Não consigo te imaginar desse jeito rebelde. -Ele sorriu. -Serena já está terminando de empacotar suas coisas, parecia muito feliz... É muito legal o que está fazendo. Ambre e Andrea estão sabendo de tudo isso?

–Ligo para elas todos os dias e conto sobre tudo isso que está acontecendo. Não reagiram tão mal quanto pensei, só acharam meio esquisito. - Coloco minha cabeça sobre o ombro de Lysandre. - Elas disseram que estão com saudades suas e querem te ver antes de ir embora.

A vento ficou mais forte e a garoa começou. Em breve provavelmente um temporal vai cair.

–Lysandre, o que somos? - Ele me encarou um pouco surpreso e olhou para cima.

–No momento acho que somos amantes.

–Mas depois que Miyuki conseguir o passe?

–Vamos tentar fazer dar certo, mesmo que custe milhares de passagens aéreas.

–Não vai funcionar.

–Te perdi uma vez, não quero te perder novamente Am... Como devo te chamar?

–Pode ser Amélia mesmo.

–E "Pollyanna"? Morreu?

–Ainda existe. .- Sorri e fecho meus olhos, sentindo as gotas de chuva no meus rosto. -Eu estava confusa sobre quem eu sou, mas porque não posso ser ambas?

–Então por quem estou apaixonado? - Ambro meus olhos e encaro Lysandre. "Apaixonado"?- Não me olhe com essa cara de baiacu.

O celular no bolso de Lysandre toca antes que pudesse dizer qualquer coisa. Ótimo, justo no momento em que iria me declarar.

–Ya slushayu... Khorosho, ya idu. - Lys desligou o celular com força e se levantou.- Ligue para Genevive e peça para que ela espere Serena no aeroporto e a deixe na sua casa.

–Por que? Aonde vamos?

–Voltar para Rússia, Miyuki está internada em estado grave.

Quando levantamos, eu me virei para olhar pela última vez a árvore. Vi um passarinho pequeno caindo e depois o mesmo morto no chão.

Não sei por que, mas sorri.

(...)

Demoramos um pouco mais de um dia para chegar a Rússia, principalmente por causa da tempestade de neve.

O hospital é triste, branco, calmo e me dá medo... Mas é tão quentinho.

–Vamos, a recepcionista disse que ela está na sala 29.-Subimos apresadamente ao segundo andar. Apenas segui Lysandre pois a numeração aqui na Rússia é totalmente diferente da que conheço.-É aquela última porta, com a enfermeira na porta.

Corremos para lá, mas antes que pudêssemos entrar a enfermeira nos barrou. Lysandre começou a falar em russo com ela. Nunca entendi muito essa linguá, mas Lys me ensinou umas coisinhas ou outras, acho que estão conversando sobre o estado de Miyuki.

A enfermeira acenou com a cabeça e se retirou silenciosamente.

–O que ela disse?

–Que Miyuki sofreu um acidente enquanto patinava no gelo. Não caiu na água fria, mas bateu a cabeça fortemente. Sofreu uma hemorragia no cérebro...

–Um AVC. - Irônico. Simplesmente irônico.

–Ela passa bem, felizmente o resgate chegou a tempo e não sofreu danos graves... -Lysandre parecia abatido e com o olhar triste. Não gosto de ver ele assim. -Estou com medo de entrar.

–Por que? Ela está bem e...

–Eu sei. Estou com medo de ela me acusar de não estar junto quando aconteceu.

–Ela jamais acharia isso Lysandre. Eu jamais achei, por que ela acharia? - Puxo ele pelas mãos involuntariamente a abro a porta. Uma forte luz invadiu e me deixou confusa durante um tempo, mas meus olhos se acostumaram com ela e pude ver Miyuki sentada na cama, comendo hambúrguer e mudando de canal.

–Olha só as pessoas que finamente lembraram da minha existência!- Ela pareceu surpresa por alguns instantes mas voltou a olhar para a televisão. -Sabia que já dormi com o médico que me atendeu? Ele é bem gostoso, consegui fazer com que ele me desse dois desses trapos que somos obrigados a usar no hospital. Coloquei um na frente e outro atrás, agora minha bunda não aparece mais.

–Você está bem Miyuki? - Disse me aproximando. Lysandre continuava parado na porta olhando como se não quisesse acreditar.

–Sim, apenas com dor de cabeça. Me proibiram de fazer um monte de coisas por um tempo, por exemplo não posso beber Álcool. Como uma pessoa que está na Rússia não pode beber Vodca?!? É a mesma coisa de ir no EUA e não poder comer hambúrguer ou ir na Itália e não poder comer massa! -Não conseguir conter uma risada. Miyuki era tão espontânea e sincera, era quase impossível alguém não se apegar a ela quando a conhece.

–Vai ficar quanto tempo?

–Uns dias, estou de "Observação". Sabe o que é mais estranho? Quando se estar de observação ninguém realmente te observa. Consegui fazer um amigo me comprar esse hambúrguer e ninguém veio até agora me impedir de comer. - Coloquei a mão na boca para tentar abafar o sorriso.- Se eles me fazerem ficar aqui até o ano novo, juro que vou fugir!

–É só o ano novo...

–Não é "Só o ano novo", vai ser o começo dos anos 2000! Um novo milênio! Sabe onde quero estar? Na maior festa do mundo!

–Time Square?

–Não, na casa dos meus pais. Vai por mim, se você nunca foi a uma festa deles, você nunca foi a uma festa de verdade! -Ela se virou para Lysandre com o olhar confuso e com as sobrancelhas erguidas. - Não vai falar nada cabeça tingida? Devia voltar ao seu cabelo natural branco e não esse preto. Honre os albinos como eu! Amélia, você que já transou com ele loucamente umas mil vezes, ele também tinge lá em bai...

–MIYUKI! - Disse Lysandre tão alto que acho que o hospital inteiro ouviu. Ele ficou um pouco vermelho e com os olhos fechados tentando se acalmar. Andou em direção a Miyuki e fez algo inesperado, a abraçou fortemente.

Nenhuma palavra mais foi dita, Yuki retribuiu o abraço com carinho e ficaram os dois assim por um tempo. Sussurravam coisas que eu não entendi e que pareciam piadas intimas.

Eles pareciam se amar tanto, como se fosse realmente marido e mulher. Não era um "Abraço de amigos, tinha algo a mais. Ele mal lembravam que eu estava ali.

Minha visão ficou embaçada, fecho meu punho com força. Começo a sentir algo estranho. Não é ciúme, é algo mais forte e raivoso.

É como se eu... Se eu...

Quisesse que Miyuki tivesse morrido ao bater a cabeça.

Balanço a cabeça com força e corro para a saída do quarto e hospital. Não consigo acreditar no que pensei! Tento que pensar com calma, o frio vai me ajudar.

Lysandre não foi atrás de mim, acho que entendo o por que. Sento no banco ao fundo do jardim do hospital, está tão frio mas quieto, o que é tudo que necessito no momento.

Como pude pensar em algo assim? Desejar que Miyuki morresse apenas por abraçar Lysandre! Foi como se algo tivesse tomado conta de mim, foi assustador...

Olho para minhas mãos. Estão com sangue, quando as fechei naquele momento minha unha perfurou a carne.

Ouço passos vindo atrás de mim. Me viro e vejo Miyuki, com o casaco e botas de Lysandre me encarando furiosamente.

–O qu...

–Não pergunte, tenho pouco tempo antes que alguém perceba que sumi ou morra de frio. - Senti minha face arder. Yuki tinha me dado um tapa forte na bochecha. -Escuta sua Vadia. Se você pensou que aquela cena significasse que amo Lysandre está completamente certa, eu realmente o amo e sempre amei. Mas não é do jeito que pensa! Ele é meu único amigo no mundo, a unica pessoa que realmente me apoiou.

–Mas eu vejo o jeito que ele te olh...

–E eu o jeito em que ele TE olha! Pare de ser estúpida! Já cancei dos dois fazendo burrada e não ficando logo juntos. Você faz ideia do que eu tive que aturar toda briga que ambos tiveram? E quando você foi embora? Nem vou comentar a vontade que tive de esmurrar a cara dele. -Ela suspirou pesadamente e refletiu por alguns segundos. - Vocês vão voltar para França, vão tirar aquelas porras de fotos, os cem dias vão acabar, vou pedir divórcio e os dois vão namorar, casar e viver felizes para sempre.

–E se...

–"E se" é meu rabo! Amélia, você jamais vai conseguir um cara que te ame tanto, não deixe isso lhe escapar... De novo. Eu juro que se não fizer isso, eu vou arranjar quem o faça. E não estou falando de mim.

–A Ex dele?

–Sabia que ela ainda liga para ele toda semana? Antes das fotografias, Lysandre pensou em voltar com ela.

–E por que desistiu?

–Adivinha? -Miyuki sorriu e correu de volta para a entrada do hospital, mas antes fez questão de gritar alto. -E desculpa pelo tapa! E antes que eu me esqueça, quando ele tirou o casaco para me dar, eu vi as costas dele cheio de arranhões. O que os dois safados andam fazendo?

Não sei o que estava mais vermelho, a marca da mão dela na minha bochecha ou meu rosto.

Passo a mão pelo meu rosto tentando aliviar um pouco o estresse. Não obtive resultado que queria e acendo um cigarro. A frase "Miyuki deveria estar morta" ficou martelando na minha cabeça e não conseguia pensar em outra coisa.

Um a um os cigarros foi se acabando e meu desespero aumentando. O vento sobre e sinto algo gelado no meu rosto, olho para a janela do hospital e vejo meu reflexo. Meu rosto estava cheio de sangue da mão que a pouco tempo machuquei. E eu gostei.

No que estava me tornando?


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Notas finais do capítulo

Acho que está um pouco obvio o que está acontecendo com Amélia, não?

Alguém ai tem Facebook? Se tiverem, me add :3 : https://www.facebook.com/profile.php?id=100004360534209 (E nada de ver minhas fotos u-u)

Todas essas últimas imagens foram retidas do DevianArt dessa diva aqui : http://nanfe.deviantart.com/