Our Secret! escrita por Ponyo, Nemarun


Capítulo 27
Sereia Urbana.


Notas iniciais do capítulo

Capitulo maroto saindo do forno.



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Cem

48° Dia.

–Você tem certeza disso? Não sei o que podemos descobrir. - Lysandre segurou minha mão delicadamente. Senti um arrepiou percorrer meu corpo.

–Lys... Pode ficar ao meu lado?

–Eu sempre vou ficar. -Ele beijou minha mão ainda junto a dele. - Vamos quando passar da meia-noite. Se formos antes ainda haverá muito movimento.
Estamos sentados no grande sofá da antiga casa de Lysandre. A casa ainda é a mesma, com exceção do pó e móveis com grandes panos brancos os cobrindo. A casa o lado onde ou morava também está no mesmo estado. Lys a comprou logo depois da minha partida.

–Não devia ter comprado ela.

–E deixar outra pessoa descobrir nosso segredo? Sem chance.

–Deve ter sido bem cara.

–Leigh é podre de rico, expliquei nosso caso e ele concordou em comprar. -Ele deu outra tragada no seu cigarro e sorriu.- Estamos no Brasil novamente...

–Estava com saudades de falar meu idioma natal nas ruas sem ninguém me olhar feio. - Peguei o cigarro da boca de Lys e o coloquei na minha, o manchando de batom vermelho.

–Não devia fumar...

–Você fuma.

–Exatamente, eu sei o mal que isso causa.

–Sintia saudades disso. -Fechei meus olhos e senti o vento passar pela grande janela. É tão boa essa sensação. -Da gente juntos assim, conversando sobre besteiras e agindo como se não tivéssemos problemas.

–Eu também. - Ele pegou outro cigarro da carteira. Acho que percebeu que eu não ria devolver o seu. - Quem era o cara das fotos? Na sua casa na França tinha algumas fotos suas e de um homem de cabelo castanho... Pareciam bem felizes.

–E éramos. O cara é Kentin.

–Kentin? Esse nome não me é estranho...

–Ele estudava conosco. - Dou outra tragada e lembro dos sorrisos sinceros dele. Sinto muitas saudades do meu Ken.- Depois ele conseguiu me achar na França não sei como e saímos algumas vezes.

–E depois?

–Ficamos noivos.

–Noivos?!?- Lys pareceu se engasgar e me olhou perplexo.- Não me lembro de você comentando isso!

–Não me lembro de você comentar que se casou... Mas isso não importa. Depois de uma semana do pedido, fomos a um restaurante comemorar e...

–E...? - Respirei fundo e foi como se tivesse ouvido os gritos novamente.

–Ele caiu da escada e sofreu um AVC. A ambulância não chegou a tempo...

–Sinto muito.

–Não sinta, isso foi a quase três anos.

–Eu queria estar tido lá, para te dar apoio.

–Mas você não esteva. -Senti meus olhos enxerem de lágrimas, mas antes que elas caíssem os braços de Lys envolverem meu corpo. Era quente e confortável. Joguei o cigarro de qualquer jeito no chão e retribui. -Por que você sempre vai embora? Por que nunca fica comigo?

–Eu prometo que vou ficar.

–Não fala promessas a quais não pode cumprir.

–Eu vou cumprir essa. - Lys segurou meu rosto e me beijou gentilmente. Seus lábios ainda são como eu me lembrava, macios, finos e com gosto de hortelã. Ele provavelmente iria se separar e pedir desculpas, mas antes que fizesse isso o puxei para mais próximo. Lysandre pareceu gostar disso.

Suas mãos foram parar na minha cintura e as minhas no seu pescoço. O beijo não era mais calma e sim voraz, como se fosse o último que iriamos trocar. Ele mordeu meu lábio inferior e depois arrancou um leve chupão, me fazendo arrepiar.

Lysandre desceu a boca para meu pescoço e minhas mãos desceram até sua camisa, quando comecei a desabotoar ouvimos a música calma vindo do celular de Lys. Ele bufou bravo e disse alguns palavões em russo.

–Uma ligação?

–Não, despertador... Temos que ir encontrar sua mãe.

–Bom... Ela pode esperar um pouco. - O puxei novamente.

Gemidos abafados sairão por minha boca.

Roupas foram parar no chão.

O sofá saiu do lugar.

Lysandre ganhou arranhões por toda suas costas.

Novas marcas vermelhas estavam por todo o meu corpo.

Meu coração acelerou a cada beijo...

Percebo que sou novamente a garota de dele.


(...)

–Tem certeza que é aqui? - Apertei com força a mão de Lys. Esse lugar não é muito convidativo.

–Absoluta. -Bati novamente na porta de madeira. Estamos no prédio em que Serena mora ou trabalha, é velho e juro que vi pelo menos dez caras com armas ou entrando em quartos com prostitutas. - Quando eu marquei ela disse que...
A porta se abriu um pouco e uma luz fraca invadiu o corredor.

–Vocês são os das 01h00min?

–Sim.

–Estão com sorte, meus outros clientes desmarcaram e estou com a noite inteira disponível. - A porta se abriu completamente e entramos.

Era um apartamento pequeno e estranhamente limpo e organizado, com móveis velhos mas em bom estados. Tudo tinha tons neutros e vasos de flores estavam espalhado. Mas o que mais me chamou a atenção foi a mulher que abriu a porta, minha mãe.

Seu corpo é esguio e media pelo menos 1,75 cm. Não tinha muito peito mas sua cintura era fina e suas coxas grossas e torneadas, seus cabelos eram longos e negros, com cachos perfeitos que chegavam a cintura, a pele é morena mas não parecia ser a cor natural. Em seus olhos havia maquiagem forte preta que só destacavam ainda mais o verde deles.

Vestia apenas uma lingerie vinho que destacava sua curvas, embora tivesse mais de 35 anos, não parecia ter mas de trinta. Não sei por que, mas a unica palavra que veio na minha mente para descreve-la por completo é "Sereia Urbana".

–Vocês são tão novos... -Ela olhou tristemente e apontou para o sofá marrom. - Sentem e deixem o dinheiro na mesa, não faço coisas esquisitas sem ver o dinheiro antes. Bom, eu esperava dois homens mas não tenho nada contra uma mulher no lugar... E antes que eu esqueça, nada de drogas. Estou limpa a três anos e pretendo continuar assim.

–Não somos clientes.

–Policiais? Traficantes? Não me importa, não tem nada ilegal aqui.

–Não, viemos falar sobre seus filhos. -Eu continuava quieta e encarava Serena. Minha boca abria mas não saia som, ainda bem que Lysandre está comigo.

–Não tenho filhos. - Ela sorriu com crueldade.

–Sim, você a muito tempo atrás... - Ela nos encarou por alguns segundos e seu sorriso murchou.

–O que vocês querem afinal? Não quero falar sobre isso, eu já segui em frente.

–Mas eu não. -Serena me encarou por alguns segundos e depois seus olhos se arregalaram. Um sorriso sincero brotou em seus lábios.

–Pollyanna?


(...)

49° Dia, Antiga casa da Amélia.

Suas mãos estavam no meu rosto o acariciando com ternura, ela parecia olhar cada detalhe do meu rosto. Estou tão feliz.

–Não acredito... É você mesma! Eu te procurei durante tanto tempo! Todos me disseram que você e seu irmão estavam mortos ou que nunca existira, que era apenas um efeito de drogas fortes ou algo assim. Mas olha pra você! Está aqui ao meu lado!

Lysandre chegou com uma bandeja com três cervejas e lanches de pão de forma. Sentamos todos na mesa e nos servimos.

–Eu tenho tantas perguntas para te fazer Pollyan... Amélia, onde esteve esse tempo todo? A mulher má te tratou bem?

–Pode me chamar de Pollyanna. -Sorri e segurei a mão de Serena gentilmente. - Morei durante um tempo na cidade grande mas aos cinco oito anos me mudei para Cherry. Minha infância foi normal, até a morte de Paul...

–O que aconteceu?

–Minha mã... Marie não aceitou muito bem e se tornou agressiva e meio lunática, aos dezoito me mudei daqui junto com duas outras irmãs.

–É uma pena o que aconteceu contigo e Paul... Queria muito ter sido a mãe de vocês, mas na época eu estava realmente mal, se Marie não tivesse roubado vocês, o governo levaria. - Ela ficou com o olhar triste mas depois voltou a sorrir. -Você e esse homem bonito são casados? Tenho netos?

Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, quando tentei falar algo em protesto Lysandre me interrompeu.

–Apenas namorando no momento. Você por enquanto não tem netos, mas garanto que quando casarmos você terá muitos. - Chutei a perna de Lys por baixo da mesa e o fuzilei com o olhar.

–Serena... Quem é o meu pai? Quem sou eu e qual minha origem?

–Bom... uma hora você teria que perguntar isso, não é mesmo? -Ela sorriu tristemente. - Não vou contar minha história pois você já deve saber, afinal me achou. Você é mestiça, eu e minha família somos todos espanhóis, vimos para o Brasil em busca de uma vida melhor. Já o seu pai... Faz muito tempo que não tenho noticias dela.

–O que se lembra dele? Qualquer informação é útil, vou procura-lo também.

–Seu nome é Ivan, ele era um namorado na época do colegial. Ele é um estrangeiro russo que veio morar no Brasil ao herdar uma chácara. Não acho que devia procurar ele, na ultima vez que eu o encontrei era casado.

Foi como se uma fagulha fosse acesa. Era como se tudo na minha vida estivesse conectado, Marie, Ivan, Lysandre, Ambre, Andrea, Miyuki e Serena.

Eu não me lembro quanto tempo fiquei parada olhando para o nada, mas minha mente não estava mais no meu corpo. Acho que Lysandre e Serena estavam gritando meu nome.

Meu coração palpita sem parar... Ele quer saber quem é que o comanda, Amélia ou Pollyanna?

Ele se transformou em um relógio de bolso dourado. Acho que caso eu não de uma resposta, ele vai parar como se tivesse acabado as pilhas. Eu estou tão confusa...

Amélia é uma garota doce, bonita e dedicada. Ama Ambre e Andrea.

Pollyanna é uma mulher misteriosa, sexy e que faria qualquer coisa pelo que realmente acredita ou deseja. É apaixonada por Lysandre e faria tudo para ter ele consigo.

Amélia tem Ivan e Marie.

Pollyanna tem a Serena.

Eu estou caindo de um abismo negro, é quieto, vazio e no final só há chamas. Logo chegarei ao chão e o relógio vai parar com o Tic-Tack.

Olhei para cima enquanto caio. Todos que amo estão estendendo suas mãos para que eu as segurassem. Pensei em voar para longe deles, mas percebi que minhas assas foram cortadas, arrancadas de mim.

Já consigo sentir as chamas queimando meu corpo. Fecho meus olhos esperando o fim chegar.

Mas não sinto as chamas ou dor, e sim duas mãos me segurando. Abro meus olhos e vejo Nathaniel, com a mesma idade que a minha, vestido como um cavalheiro e com assas brancas nas costas. Me sinto feliz e livre como nunca me senti antes.

Abro o relógio dourado e vejo meu reflexo pela lente. Minhas assas voltaram e Nathaniel foi embora, ele sabe que já posso voar novamente. Chego finalmente ao topo do precipício, todos ainda estão a minha espera com as mãos estendidas.

Passo por todos eles, os ignorando e seguindo para a luz forte .

Eu sou Pollyanna e Amélia.


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Notas finais do capítulo

O que dizer desse capitulo que eu mesma escrevi mas que gosto pakas?