Our Secret! escrita por Ponyo, Nemarun


Capítulo 13
Nove anos, Lysandre: Mudança.




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Nove anos, Lysandre: Mudança

Substantivo feminino.
Ato de mudar ou trocar. Pode significar Alteração, modificação, transformação (física ou moral).

(...)

Aos nove anos passei por uma coisa que mudou totalmente em minha vida, foi a pior lembrança que tenho e lembro dela detalhe por detalhe. Eu também lembro muito bem do acidente a seis anos atrás, mas vou deixar isso mais para frente.

Aquele ano ambos estávamos tendo conflitos internos. Você pela briga constante dos seus pais e eu pelo divorcio dos meus. Minha mãe já tinha dado a luz a minha irmã Nina, e por mais que as contas tivessem aumentado e o dinheiro começou a não render mais, eu estava feliz por ter uma nova irmãzinha. É claro que eles não estavam assim tão felizes.

Ambos ainda eram jovens quando tiveram a Leigh, meus pais tinham quinze anos e ambos perderam uma boa parte da sua vida cuidando de um bebê. Quando ele completou oito anos, o mandaram para um colégio interno e finalmente estavam livres para viver a vida deles, até que minha mãe novamente descobriu que estava grávida, e dessa vez de mim.

Não estou dizendo que eles eram péssimos pais e que nos odiavam, mas é obvio que trocar fraldas ao invés de ir para a formatura não deve ter sido muito legal. Uns messes antes de Nina nascer foi quando ambos começaram a ficar mais maduros, acho que finalmente tinham desistido de voltar a curtir a vida e aceitaram a responsabilidade.

Eu estava realmente muito feliz nessa época. Até descobrir que meus pais iriam se divorciar. O motivo?

Traição.

Duas pessoas que estavam juntas dês dos quatorze anos traiam um ao outro como se fossem dois adolescentes.

Não que tenha sido uma surpresa descobrir o motivo do divorcio, todos já sabiam que um traia o outro, até eles mesmos sabiam. Meu pai sempre voltava tarde do trabalho e minha mãe recebia visitas frequente na nossa casa... Acho que ela pensava que como eu era uma criança não sabia o que estava fazendo com nosso vizinho.

Essa estupidez deles iriam continuar até provavelmente Nina completar oito anos e ir para um colégio interno assim como eu e Leigh. Mas no dia em que ela nasceu e abriu seus olhos pela primeira vez, tudo desmoronou naquela casa.

Nina tinha lindos olhos raros de cor violeta, ninguém da nossa família tinha olhos assim. Minha mãe tinha engravidado de um de seus amantes e não do meu pai.

Bom, algumas semanas depois meu pai já tinha se mudado e se divorciado dela. Eu não ligava muito para aquilo, minha vida tinha continuado a mesma, eu ia para a escola e depois brincava com você, simples assim.

Até que eu tive um recital de piano e meus pais resolveram ir juntos a ele, com uma família feliz.

Eu me lembro que até as 22h00min eu estava "Vivendo um Sonho", eles estavam me dando atenção, comemos todos juntos em um restaurante e eu ganhei vários presentes. Minha mãe disse que foi a melhor música que ela já tinha ouvido, meu pai falou que estava orgulhoso do seu "Campeão".

Até que vimos um caminhão vindo em nossa direção, o motorista estava desmaiado no volante, não deu tempo de fugir.

Eu não gosto de falar muito do acidente, acho que ninguém gosta de falar sobre como foi ver toda sua família morrer na sua frente.

Quando as ambulâncias chegaram e os carros das policias também, eles não me acharam no carro. Eu lembro que tinha conseguido soltar o cinto e de ter corrido o mais longe possível, o que não foi muito pois tinha um corte fundo nas minhas costas e estava muito frio. Meu plano era correr escondido para minha casa e encontrar todos lá comendo e rindo, mas um garoto correndo e chorando com a camisa cheia de sangue não era um bom disfarce.

O enterro foi na Rússia, todos os meus amigos e parentes estavam lá para me dar força, mas eu senti naquela hora que nem meu irmão iria entender. Ele já tinha dezenove anos e era mais maduro para lidar com isso, meus amigos não conseguiam entender como era a perda. Você foi a unica que realmente me ajudou a passar por aquilo Amélia.

(...)

Aos nove eu também conheci Giovanna, a qual foi uma segunda mãe para mim durante esses anos. Ela foi tudo que minha mãe não foi e tudo que Rose tinha sido.

Ela sempre preparava coisas extremamente gostosas e me abraçava quando via minha notas altas, me deixava lamber a colher da massa do bolo e não se contentava até me fazer comer seis vezes ao dia. Deve ser coisa de italiano.

Nanna me ajudou a vencer a depressão que estava tomando conta de mim com a arte. Me ensinou a dançar, desenhar, pintar, fotografar e tocar. Até mesmo me ensinou um pouco de Italiano e outras linguás.

Mas de todos, fotografar foi a minha paixão. Eu não sei como algo tão simples me fez ficar tão apaixonado. Eu sentia a mesma sensação de quando tocava piano.


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