Na Melodia do Amor escrita por J R Mamede
Ao sair do colégio após mais um dia de aula em Sweet Amoris, me deparei com Castiel conversando com um rapaz de cabelos brancos e trajes vitorianos.
Eu já presenciara a figura quieta do jovem na sala de aula, mas nunca conversara com ele. Percebia que ele era uma figura reservada, misteriosa e possuía um estilo muito diferente dos meninos da sua idade. A única pessoa com quem eu o via conversar era Castiel.
Reparei que aos pés do garoto havia um bloco de notas. Eu me agachei para pegá-lo, levantando-me logo em seguida para perguntar se o objeto pertencia a algum dos rapazes presentes.
– É meu. – afirmou o jovem de cabelos brancos. – Muito obrigado. Provavelmente, se você não o tivesse pego, eu teria perdido novamente.
– Não foi nada. – respondi de forma amigável.
Reparei que o rapaz tinha olhos com cores distintas: o olho direito era amarelado, enquanto o esquerdo era esverdeado.
– Já ia perder de novo esse bloquinho, Lysandre. – resmungou Castiel.
– Mas não o perdi. – retrucou Lysandre de forma calma. – Esta linda jovem não permitiu que isso acontecesse.
Ao dizer isso, ele pegou a minha mão direita e a levou aos seus lábios para beijá-la carinhosamente.
Eu sorri timidamente, estranhando o fato de um garoto da minha idade possuir gestos tão corteses e galanteadores.
Em pleno século XXI, ainda existia um senhor Darcy.
– Qual o seu nome? – perguntou o rapaz dos olhos heterocromáticos.
– Chiara.
– Belo nome, não é mesmo, Castiel? – disse Lysandre sorrindo, virando-se para o amigo.
– Tanto faz... – respondeu Castiel com seu costumeiro mau humor.
Era visível que o ruivo não queria que eu estivesse por lá. A minha presença o atormentava de alguma forma, então, como uma pessoa sensata, despedi-me de Lysandre, prestes a me retirar.
– Não, não vá ainda, bela Chiara. – poetizou Lysandre. – Diga-me: o que está achando de Sweet Amoris?
Usei o discurso costumeiro: estava gostando, era um lugar legal, pessoas bacanas, etc.
– Esse bloquinho é uma espécie de agenda? – perguntei, mudando de assunto.
– Não. – respondeu. – Escrevo aqui poemas e letras de músicas para a banda em que sou vocalista e o meu amigo ali, - apontou para Castiel. – é o guitarrista.
– Que legal! – disse com sincero entusiasmo. – Meu pai também é compositor.
Neste momento Castiel me observou com curiosidade, mas logo voltou a sua expressão fechada, pois percebera que a conversa entre Lysandre e eu se estenderia mais um pouco.
Falei sobre meu pai e os meus tios terem um estúdio no porão de casa. Comentei que estão sempre compondo músicas para comerciais e para algumas gravadoras. Também citei o fato deles comporem até para momentos do dia-a-dia do nosso lar.
– Verdade? – exclamou o rapaz de trajes vitorianos. – Que ambiente familiar maravilhoso que você vive, Chiara.
Concordei, pois era mesmo maravilhoso viver ao lado daqueles três homens: eram os meus três patetas, mas também os meus três mosqueteiros.
– E você também escreve letras de músicas? – era Castiel, o qual se fazia de desinteressado na conversa, porém, escutava tudo com muita atenção. – Toca algum instrumento?
– Não, não escrevo músicas. – falei. – E eu toco piano.
Castiel me fitou, como se estivesse absorvendo a informação. Quando se cansara por vez daquele papo, pediu para Lysandre o acompanhar.
– Vamos embora logo, Lysandre. – falou aborrecido. – Você sabe que eu não posso fumar aqui dentro da escola, senão a diretora vai me encher.
– Está bem. – suspirou Lysandre e, olhando para mim, disse: - Foi um prazer em conhecê-la, Chiara. Espero que tenhamos mais oportunidades de conversarmos.
– Eu também. – concordei.
O gesto do beijo na mão foi repetido.
Vi os dois rapazes saírem de Sweet Amoris, notando a distinção das personalidades.
Era como se o anjo e o diabo andassem juntos.
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