Na Melodia do Amor escrita por J R Mamede


Capítulo 13
Capítulo XIII




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Ao chegar ao colégio, percebi uma multidão em volta do quadro de avisos que ficava no corredor de Sweet Amoris. Todos pareciam alvoroçados e alegres com alguma notícia.

Aproximei-me, mas era impossível ter uma visão nítida. Tentei afastar algumas pessoas para chegar mais perto do quadro, mas foi em vão.

Fiquei esperando o grupo se dispersar para poder saber o que tanto despertava a atenção dos alunos.

– Chiara! – chamou-me Rosalya animadamente, após sair, com certa dificuldade, da multidão. - Você não sabe o que irá acontecer no colégio.

Realmente, eu não sabia, visto que nem ao menos conseguira chegar perto do quadro de avisos.

Não fui rápida o bastante para respondê-la, pois a garota adiantou-se.

– Um show de talentos! – apressou-se a falar minha amiga, dando saltinhos de alegria e batendo palmas de entusiasmo.

– Show de talentos? – perguntei confusa.

– Sim. – afirmou Rosalya. – É uma apresentação em que cada aluno poderá mostrar ao público os seus dons.

– Pelo visto já estão sabendo da novidade. – disse Nathaniel, aproximando-se de nós. – Vai ser muito legal. No ano passado tivemos apresentações maravilhosas.

– A minha foi a melhor. – vangloriou-se a garota de longos cabelos brancos. – Fiz um pequeno desfile de moda com a minha coleçõe Primavera/Verão. Todo mundo adorou as minhas roupas. – disse Rosalya com satisfação.

– Verdade, Rosalya. – concordou Nathaniel. – Mas tivemos muitos alunos com apresentações muito boas. Tanto é que a ganhadora foi a Violette com as suas pinturas, lembra?

Esse comentário pareceu não agradar muito à Rosalya. Mas antes que ela dissesse alguma coisa, Alexy e Armin apareceram, juntando-se ao pequeno grupo.

– Vocês viram? – perguntou Alexy. – Vamos ter um Show de Talentos!

– Acho que irei apresentar como zerar um game. – comentou Armin.

– Creio que ninguém se importará com isso, Armin. – aconselhou seu irmão. – Quem irá ficar assistindo um cara jogando videogame?

– Muita gente, fique sabendo. – retrucou Armin.

Enquanto cada um discutia o que poderiam fazer para o Show de Talentos, eu finalmente pude ver o aviso no quadro. O folheto era bem chamativo e com os seguintes dizeres:

Mostre o seu talento para a Sweet Amoris!

Participe do Show de Talentos e mostre ao mundo o que sabe fazer.

O cartaz dizia que os alunos poderiam fazer qualquer coisa relacionada à arte e à cultura: peças de teatro, leitura de pequenos textos, recitação de poesias, dança, exposição de desenhos, moda, música.

O prêmio para o ganhador seria um enorme troféu, além de uma quantia considerável para a poupança. Os alunos teriam permissão para votar na melhor apresentação, mas também haveria uma banca examinadora com alguns professores a avaliar.

Observei o folheto e devo ter lido umas dez vezes.

Pensei que nunca conseguiria me apresentar em público, portanto, Show de Talentos para mim, estava fora de cogitação.

A minha timidez era um dos fatores que me bloqueava, mas não era só isso. Creio que eu tinha medo da reação das pessoas diante a minha exposição. Sempre preferi ser a plateia, ao invés de ser a apresentadora.

Era mais seguro e singelo, na minha opinião.

– E você, Chiara? – escutei Alexy atrás de mim. – O que irá apresentar no dia?

– Nada. – respondi.

– Como assim “nada”? – retrucou Rosalya. – Todo mundo participa.

– Todo mundo, menos eu. – disse com um meio sorriso no rosto. – Não gosto de palcos.

Todos ficaram me olhando, sem entender muito, mas não persistiram com o assunto, deixando-me a sós com o quadro e seu folheto.

Continuei a ler e o destaque para mim era a palavra música.

Cantar em público era algo que eu não faria. Talvez tocar o meu piano, porém, a visão de centenas de desconhecidos me encarando, deixava-me angustiada.

Com certeza, na hora, eu iria esquecer-me completamente das notas musicais corretas, fazendo-me, assim, passar vergonha.

– Você deveria participar.

Escutei uma voz atrás de mim e, ao me virar, tive a visão do ruivo rebelde.

Sorri para ele, o qual fez o mesmo e ficou ao meu lado olhando o quadro de avisos. Ficamos por um tempo ali observando, lado a lado, encostando nossos braços.

– Não tenho coragem de fazer isso. – disse eu, por fim.

– Eu também não tinha. – falou Castiel, virando-se para me olhar nos olhos. – Mas consegui superar esse medo, e tenho certeza que você também conseguirá.

Suspirei, sem saber muito o que dizer. Não sei se acreditava muito na história de que Castiel tinha medo dos palcos. Ele era tão forte e determinado. Por outro lado, Castiel sempre se mostrou uma caixinha de surpresas; era um rapaz imprevisível.

– Você tem um talento. – disse ele, segurando o meu queixo, forçando-me a olhá-lo nos olhos. – Eu o presenciei, lembra?

– Mas eu não consigo tocar piano, muito menos cantar na frente de outras pessoas. – falei. – Apenas toco e canto para o meu pai e para os meus tios...

– E para mim. – sorriu Castiel, fazendo meu coração acelerar.

– Sim. – concordei, corando um pouco. – E para você.

Castiel continuava a segurar meu queixo e me fitava com ternura. Era tão contrastante a forma que eu o observava nos últimos dias: antes, ele era um rebelde idiota; agora, ele era um sujeito carinhoso.

Com o tempo, fui percebendo que o ruivo possuía essa casca de garoto indócil e indomável, mas sua alma era serena e tranquila. Seu espírito era artístico e sensível, embora imperceptível.

Com Castiel perto de mim, consegui sentir melhor o seu cheiro: mistura de colônia masculina com odor de tabaco. Não me importava com o cheiro de cigarro em suas roupas. Confesso que até gostava.

Ambos olhávamos fixamente um para o outro. Castiel começou a aproximar seu rosto ao meu, porém, fomos interrompidos pelo barulho do sinal, alertando-nos que a aula já iria começar.

O ruivo e eu nos separamos rapidamente, assustados com o ruído forte que ecoava pelos corredores de Sweet Amoris.

Castiel pigarreou e disse:

– Vamos para a aula? – estendeu a sua mão esquerda para mim.

– Vamos. – sorri e dei-lhe a minha mão direita.

Senti a sua pele quente sobre a minha, dando-me choques de excitação.

Estava contente em ir para a aula acompanhada pelo ruivo e, pelo jeito que me olhava, acho que ele também.


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