A Senhora de Nárnia escrita por Madame Baggio


Capítulo 9
Capítulo 08


Notas iniciais do capítulo

SIM, EU ESTOU VIVA!!!

Sei que parece difícil de acreditar, mas eu to. Obrigada pelos comentários e pela paciência, eu sei que não mereço na maior parte do tempo... u.u



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Na manhã seguinte, quando partiram em barcos, Susan sentiu que finalmente podia respirar.

A conversa com o elfo não tinha sido agradável. Nunca era agradável lembrar-se daquela guerra ou de Rabadash.

Por um tempo, logo depois do ocorrido, ela tivera pesadelos nos quais Reepicheep nunca os alertara do perigo e o princípe conseguia colocar as mãos nela.

E Lucy... Sabia que a irmã não tinha feito por mal. Que eram comentários sem crueldade, mas mesmo assim...

–Bom, obrigada por essa, Sue. –foi o que ela disse tão logo a batalha terminou.

E alguns dias depois ouviu a irmã dizendo para Caspian que “a beleza de Susan era tanta que ela precisava literalmente fugir do pretendentes e mesmo assim eles criavam guerras pra te-la de volta”.

A amargura na voz de Lucy foi o que pegou Susan de surpresa. Caspian não ajudou nada, declarando que lutaria milhares de batalha para proteger a Rainha Gentil.

Talvez realmente tudo tivesse sido culpa dela.

Talvez não.

De qualquer jeito não era da conta daquele elfo curioso.

Ele estava começando a incomoda-la mesmo sem tentar. Precisava manter uma certa distância, porque havia coisas muito mais importante para prestar atenção no momento.

Não que todos parecessem perceber, ja que estavam com sorrisos idiotas depois de deixarem a Senhora do Lago, contentes com os seus presentes. Boromir era o único que, como ela, parecia feliz de estar se afastando das garras de Galadriel.

De alguma forma ela fora parar num barco com Gimli, Legolas e Reepicheep.

Estava encostada a proa do pequeno barco, com Reepicheep em seu joelho, contando suas conversas com os elfos.

Então Gimli suspirou.

–Eu recebi minha pior ferida nessa despedida, tendo olhado pela última vez para aquela que é a mais bela. –o anão falou -De agora em diante não chamarei nada de belo, a não ser o presente dela para mim.

–O que foi? –Legolas perguntou curioso.

–Eu lhe pedi por um fio de cabelo de sua cabeça dourada. Ela me deu três. –ele declarou orgulhoso, fazendo o elfo sorrir.

–A mais bela? –Reepicheep repetiu incrédulo –Não há mulher mais bela nesse mundo que minhas rainhas!

Susan revirou os olhos.

–Reepicheep, Gimli pode chamar de bela quem ele quiser. –ela falou com paciência –Embora, eu ache que é Lady Arwen a mulher mais bela que eu já vi.

–Ah sim. –Reepicheep concordou –Lady Arwen é muito bela. Porém, eu ainda acho que você e rainha Lucy são as mais belas.

–Sua lealdade é imensamente apreciada, Reepicheep. –ela falou sorrindo.

–Então beleza é uma característica de família? –Gimli perguntou sorrindo.

–Definitivamente. –Susan respondeu antes que Reepicheep abrisse a boca –Você precisa ver meus irmãos.

Reepicheep torceu o nariz.

–Não são exatamente o que eu chamaria de “belas”, mas...

Susan riu.

De repente pássaros voaram e algo pareceu atrair a atenção de Legolas na margem.

–O que foi? –Reepicheep perguntou alerta.

–Problemas.

XxX

Eles pararam num banco de areia pela noite. Havia uma fogueira. Gimli, Reepicheep, Merry e Pippin estavam trocando histórias, enquanto Legolas ouvia de longe, sem se intrometer.

Aragorn e Boromir estavam mais a frente, conversando baixo sobre algo.

Então ela ouviu a conversa entre Frodo e Sam.

–Coma um pouco, senhor Frodo.

–Não, Sam.

–Você não comeu nada o dia inteiro. Você também não está dormindo. Não pense que eu não percebi, senhor Frodo.

–Eu estou bem.

–Não, você não está! Eu estou aqui para ajudar você. Eu prometi a Gandalf que iria.

–Você não pode me ajudar, Sam... Não dessa vez. Vá dormir.

Ela viu Sam afastar-se com os ombros caídos.

Levantou-se, aproximou-se de Frodo e, sem dizer uma palavra sequer, sentou-se ao lado dele. Antes que o hobbit pudesse dizer algo ela pegou a ponta de sua capa e jogou por cima do ombro dele junto com seu braço e trouxe o pequeno para seu lado, bem perto.

–Susan? –Frodo chamou incerto.

–Esse é um remédio antigo para praticamente todos os males do mundo. –ela falou séria –Abraço de irmã mais velha. Fique quieto e aceite graciosamente.

–Você não é minha irmã. –ele argumentou.

–Irrelevante.

–E eu acho que sou mais velho que você. –ele falou, mas ela podia ver um pequeno sorriso.

–Você nunca ouviu que garotas amadurecem mais cedo? –ela insistiu apertando o abraço.

Frodo riu bem de leve e finalmente apoiou a cabeça no colo dela.

–O que a Senhora te deu? –ele quis saber.

–Nada. –Susan falou –Eu ja tenho todos os presentes e graças que eu preciso, Frodo. Não havia nada que ela pudesse me oferecer.

Ele ficou em silêncio, então...

–Ele não te tenta? –ele perguntou de forma bem quieta –O Anel?

–Nem por um segundo. –ela falou sincera –Eu posso sentir a malícia dele como um piche, pegajoso e sujo. Nada tão tentador, tão vil, vale a pena.

A mão de Frodo fechou-se em volta do Anel.

–Você tem medo!

Frodo e Susan viraram-se para olhar para Boromir ao ouvirem essa frase.

Ele e Aragorn estavam discutindo.

–Eu tenho medo. –Frodo admitiu.

–Eu também tenho. –ela falou docemente –Mas coragem não é ausência de medo, é o triunfo sobre ele. E nós vamos triunfar, Frodo. Todos juntos.

XxX

O que quer que tenha sido o problema entre Aragorn e Boromir na noite anterior, ainda não tinha sido resolvido. Os dois mal se olhavam e o silêncio tinha sido pesado até todos entrarem nos respectivos barcos.

A visão dos Argonath, os reis do passado, fora um momento de maravilha em uma jornada que começava a pesar no coração de Susan. Sua fé era inabalável. Era o que gostava de acreditar.

Porém...

–Cruzaremos o lago ao anoitecer. –Aragorn estava explicando quando desceram para a margem -Esconderemos os barcos e continuaremos a pé. Chegaremos a Mordor pelo norte.

–É mesmo? –Gimli falou, ironia pesando em sua voz -Não passa de uma simples questão de não nos perdermos em Emyn Muil, um labirinto intransponível de rochas afiadas como lâminas. E, depois disso, fica ainda melhor. –continuou, fazendo Pippin, que estava ao seu lado, ainda mais desconfortável -Um charco podre e malcheiroso, estendendo-se até o horizonte.

–Esse é o nosso caminho. –Aragorn falou de forma paciente -Eu sugiro que descanse e recupere suas forças, Mestre Anão.

–Recuperar as minhas... ?! –Gimli gaguejou incomodado.

Susan viu Legolas e Aragorn trocarem palavras rápidas em cochichos mais a frente.

–Onde está Frodo? –Merry perguntou de repente, atraindo a atenção de todos.

Susan olhou em volta desesperadamente. Com um nó na garganta percebeu que Boromir também não estava ali.

XxX

Aragorn devia estar pensando a mesma coisa que Susan, porque partiu correndo pela floresta. Todos estavam buscando por Frodo, mas a Rainha procurava por Boromir.

O Capitão de Gondor não era uma má pessoa. Ele estava confuso, assustado e desesperado para salvar seu povo. Tantas inseguranças não davam uma boa combinação.

Susan sabia, no fundo de sua alma, que se Boromir machucasse Frodo, nunca se perdoaria. Tinha a impressão que aquele Anel maldito sabia a mesma coisa.

Reepicheep tinha desaparecido, ajudando na busca pelo hobbit, mas ela sabia que o rato nunca estava muito longe dela.

Ouviu os gritos. Os orcs os tinham encontrado.

Começou a correr em direção ao barulho, porém, surpreendentemente, a primeira pessoa com quem deu de cara, foi Frodo.

Os dois congelaram, os olhos de um grudados nos do outro. Frodo tinha folhas no cabelo, devia ter caído algumas vezes.

–Boromir... –ele começou, então parou, olhos virados para o chão.

O som de orcs ficou mais próximo.

Susan esperava que não fosse a última vez que via Frodo, porque podia ver nos olhos dele: o hobbit estava partindo, deixando-os.

–Corra. –ela falou séria.

Frodo olhou assustado para ela, mas assentiu e passou pela Rainha.

Parou alguns metros a frente, para lançar um último olhar para ela. Susan estava parada, arco em mãos, olhando para ele.

Então virou-se para frente e disparou a primeira flecha.

Susan tinha que segura-los o máximo possível, mesmo que fossem muitos para ela. Mesmo estando sozinha.

–Majestade! –Reepicheep veio correndo por entre as folhas.

Ela suspirou aliviada.

–Sabia que podia contar com você para me proteger, Reep. –ela falou com um sorriso.

–Sempre, minha Rainha, até meu último suspiro. –ele falou sério.

Os próximos minutos passaram em borrões. Foram longos, intensos e cruéis. Susan mal podia acreditar que saíra deles viva.

Então ouviu o som da corneta de Gondor e seu coração gelou-se.

XxX

Susan nunca correra tanto em sua vida. Seus pulmões queimavam e a única coisa na qual conseguia pensar era que ainda estava longe demais.

Ia chegar tarde demais para ajudar Boromir, para ajudar os demais.

Onde estavam todos? Onde estava Aragorn? Legolas? Gimli? Os demais hobbits?

Reepicheep era mais rápido que ela, tinha sumido a frente.

Quando chegou a cena Aragorn estava ajoelhado sobre o corpo de Boromir, que estava coberto por flechas.

–Boromir! –ela gritou.

Legolas, que chegara logo em seguida, tentou segura-la, mas ela escapou. Suas pernas desabaram ao lado do corpo do capitão.

–Minha Rainha. –ele sorriu em dor –Que honra poder ve-la uma última vez.

–Não! –ela gritou –Você quer viver, Boromir? –exigiu.

–É impossível...

–Não me diga isso! –ela gritou –Você quer viver?

Ele fez que sim com a cabeça.

–Então lute comigo. –ela falou de forma firme.

Tirou o punhal preso a cintura de Aragorn e colocou o cabo deste entre os lábios de Boromir.

–Puxe as flechas. –ordenou ao guardião.

–Susan...

–Aragorn, faça o que eu digo! –ela ordenou, tirando a corrente que estava em volta do seu pescoço.

O cabo na boca de Boromir abafou os gritos de dor dele. Era bom. Se ele sentia dor, ainda estava vivo e lutando.

Quando Aragorn tirou a última flecha a Rainha abriu o pingente do seu colar.

–Boromir, Capitão da Torre Branca, que a graça de Aslan te cure, te proteja e, de agora em diante, te guie. –ela murmurou abrindo a boca dele.

Aragorn pôde ver, apenas porque estava logo ao lado dela, a gota vermelha que caiu dali na boca do Capitão.

Os olhos de Boromir fecharam-se como se este tivesse caído no sono e tudo ficou em silêncio.

Até ele abri-los de novo.

–Como isso é possível? –Aragorn falou em choque.

–Boromir! –Susan lançou os braços em volta do pescoço dele.

–Minha Rainha... –Boromir parecia em transe –Como... O que você...

–Esse era um presente da minha irmã, para um momento de grande necessidade. –ela sorriu, os olhos encharcados com lágrimas –Eu acredito que esse momento acabou de passar.

Boromir estava olhando para a garota como se a luz tivesse surgido bem diante de seus olhos.

–Minha Rainha, de hoje em diante, você tem minha lealdade e minha vida até o meu último suspiro. –ele jurou sentando-se.

–Só fique vivo, Boromir e eu estarei feliz. –ela falou.

Os demais finalmente aproximaram-se.

–Ah o elixir de Rainha Lucy! –Reepicheep comentou maravilhado –Não é a primeira vez que somos agraciados com sua força.

–Temos que ir. –Legolas falou apressado –Frodo e Sam ainda estão desaparecidos.

Aragorn ajudou Boromir a levantar-se e todos correram para onde tinham deixado os barcos. Bem a tempo de verem Sam de longe, do outro lado do rio.

–Rápido! –o elfo falou empurrando um dos outros barcos para a água -Frodo e Sam chegaram á margem leste. –então ele percebeu que Aragorn não estava se movendo -Você não pretende segui-los. –não era uma pergunta.

–O destino de Frodo não está mais em nossas mãos. –Aragorn falou sério.

–Então foi tudo em vão. –Gimli falou com pesar -A Sociedade fracassou.

–Não se continuarmos unidos. –Aragorn declarou -Não abandonaremos Merry e Pippin ao tormento e á morte. Não enquanto nos restarem forças. -prometeu -Deixem para trás tudo o que for dispensável. Viajaremos com pouco peso.

–Vamos caçar orcs! –Reepicheep declarou animado.

Todos trocaram olhares.

–Aye! –Gimli concordou.

Não tinha terminado. Não ali, não ainda. Não enquanto todos estivessem prontos para lutar. Não enquanto todos ainda acreditassem.

Susan não tinha nada, além de fé em seu coração.


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Notas finais do capítulo

Sim,o Boromir está vivo. Me julguem! hahahaha Eu fiquei muito apaixonada pela amizade dele com a Susan e não tive coragem de mata-lo.

Esse é o fim da Sociedade do Anel, vamos pular para As Duas Torres.

Comentem, por favor!

Nos próximos dias teremos várias atualizações e novidades. Aguardem!

B-jão