A Senhora de Nárnia escrita por Madame Baggio


Capítulo 4
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Eu estou feliz (e surpresa) com a resposta positiva que "Senhora" tem recebido! Eu estou me divertindo muito escrevendo e espero que vocês continuem gostando.

Esse capítulo será curtinho, mas importante para futuras referências! hahaha

Vale lembrar que eu estou adaptando muuuuuuuita coisa das histórias de Nárnia para caber tudo dentro do mundo que eu mesclei. Então, obviamente, muita coisa não vai ser compatível com os livros e filme.



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Legolas olhou a sua volta e viu os diversos representantes dos homens, elfos e anões cochichando entre si. A maioria ainda mal podia acreditar que os Narnianos não só existiam, como estavam ali. Mas aparentemente o problema maior era a jovem Rainha, eles não queriam uma mulher envolvida naquela conversa, “especialmente uma tão jovem e bonita”, um homem declarara.

Legolas e Aragorn haviam protestado contra isso, mas não receberam apoio algum. Elrond sequer se manifestara e Gandalf, por algum motivo, também se mostrava contra. Então eles optaram por uma coisa extremamente infantil, na opinião do príncipe elfo: deixaram apenas duas cadeiras vagas.

Enquanto aguardavam a chegada dos demais monarcas, Legolas deixou seu olhar cair no pequeno hobbit, Frodo Baggins, que estava sentado a sua direita, algumas cadeiras para la. O pequenino parecia querer desaparecer, enquanto olhares especulativos eram lançados em sua direção. Legolas lançou um olhar preocupado na direção de Aragorn, mas o guardião fez um gesto com a mão, indicando que estava tudo bem. O elfo não acreditava muito nele.

Silêncio caiu entre todos quando os Narnianos chegaram. Eles não pareceram surpresos com as cadeiras e não fizeram comentário algum, os dois reis sentaram-se em silêncio e o príncipe posicionou-se atrás da cadeira da Rainha.

Como estava bem ao lado do Rei Edmund, Legolas não viu necessidade de esconder o sorriso. Perguntava-se quem ia ser o primeiro a quebrar o silêncio e tentar tirar a Rainha do Conselho.

Finalmente Elrond pareceu perceber que todos esperavam que ele fizesse isso.

–Minha Senhora. –ele aproximou-se de Susan –Eu não creio que um Conselho que pretende discutir guerra, destruição e politica seja o lugar para um jovenzinha. Você não gostaria de retirar-se e aguardar seu irmão em seus aposentos?

Rei Edmund fez uma cara que deixava bem claro que Elrond tinha dito a coisa errada, mas para a surpresa de Legolas a Rainha não abriu a boca. Ela apenas arqueou a sobrancelha daquela forma atrevida, ergueu o queixo com superioridade e encarou Elrond em silêncio. O mestre elfo encarou-a de volta, mas foi o que cedeu primeiro.

–Você é jovem demais para entender o que estamos a ponto de discutir.

–Minha senhora não é jovem demais! –uma voz protestou.

Todos olharam em volta procurando a fonte de tal proclamação. De repente um camundongo subiu a cadeira da Rainha e colocou-se de pé no braço do móvel.

–Rainha Susan já lutou e venceu três guerras no nome de Nárnia. –o rato falou –Ela não é jovem demais.

–Um rato!

–Ele fala!

–O que é isso?

Elrond em si olhava chocado o animal diante de si. Sim, era um rato, mas era maior do que um rato normal. E ele ficava ereto como uma pessoa. Além de ter... Uma espada e um chapéu?

–Você é um rato. –Legolas não sabia se Elrond quisera que isso fosse uma pergunta ou uma afirmação. No fim a frase soou como algo entre ambas.

O rato suspirou.

–Por que eu sempre acabo ouvindo isso? –perguntou a rainha.

Ela lhe deu um sorriso gentil.

–As pessoas fora de Nárnia não esperam que você fale. –ela falou –Mestre Elrond, permita-me apresenta-lo Sir Reepicheep, Capitão da nossa Guarda Pessoal.

–Mas ele de fato é...

–Um camundongo? –Edmund cortou –Sim. Extremamente leal e cheio de honra. Você não pode ter um protetor mais confiável.

–Se seu atacante não pisar nele antes. –Legolas ouviu um anão cochichar para o outro.

–É um prazer conhece-lo, Mestre Elrond. –o rato fez uma curvatura –A beleza da sua cidade só pode ser comparada a beleza das estrelas do céu e ao sorriso de sua bela filha.

Aragorn arqueou a sobrancelha.

–Eu... Obrigado, Sir. –Elrond falou, finalmente recuperando sua calma e graça.

–Mas, como eu dizia... –o rato, Reepicheep, continuou –Minha Rainha foi coroada aos 12 anos, após vencer sua primeira guerra! E depois disso ainda enfrentou com sucesso duas guerras! Ela não é uma princesa de vidro, que deve ser escondida e protegida!

O olhar de Elrond voltou-se para Susan, em surpresa.

–Três guerras?

–Sim. –ela confirmou –A primeira foi para libertar Nárnia do controle da Bruxa Branca, que governava num inverno que já durava cem anos. Logo depois disso fomos coroados. Eu tinha 12 anos e Edmund tinha 10, mas minha irmã caçula tinha apenas 8. Depois lutamos contra os Telmarianos, que queriam governar Nárnia e tira-la de nós. Nossa última guerra foi há dois invernos, quando conhecemos Cor. Essa foi contra os Calormanos, mas essa batalha... –ela finalmente abaixou os olhos, parecendo entristecer-se ao lembrar-se da luta.

–Foi vencida e agora vivemos um tempo de paz. –Edmund cortou, então esticou a mão e segurou a da irmã –Susan é uma guerreira, como todos nós aqui. O fato de sermos jovens, ou dela ser mulher, não afeta o que já vivemos. Nós lutamos pelo nosso país porque acreditávamos que podíamos fazer uma diferença. Essa é a razão de termos viajado tão longe, para entrarmos numa luta que não é exatamente nossa.

–Nós acreditamos em lutar pelo que é certo e justo. –Susan completou –Eu sei que o fato de eu ser mulher incomoda muitos de vocês. Mas eu sou rainha por merecimento, como vocês estão aqui representando suas raças por merecimento também.

Isso fez um silêncio cair entre os homens.

–Eu acredito que os Narnianos merecem nossa confiança por terem feito um caminho tão longo apenas para vir ao nosso socorro. –Aragorn declarou levantando-se –Eles têm o direito de participar desse Conselho tanto quanto os outros.

Alguns participantes expressaram concordância, enquanto outros mantiveram-se em silêncio. Gandalf e Elrond trocaram um olhar, ao que o mago sorriu levemente e acenou positivamente.

–Pois bem. –Elrond declarou, então ficou de pé em frente a sua cadeira -Forasteiros de terras distantes e velhos amigos. Todos aqui foram convocados para responder á ameaça de Mordor. A Terra-Média está a beira de destruição. Ninguém pode escapar. Ou se unem, ou cairão. Cada raça está presa esse destino, a essa maldição singular. –ele deixou suas palavras pesarem no silêncio, querendo que todos sentissem o perigo que corriam -Mostre o Anel, Frodo.

O pequeno hobbit levantou-se de sua cadeira, parecendo desconfortável com o número de pessoas que o olhava. Tirou algo do bolos e colocou no centro do círculo. Algo pequeno, brilhante, um anel. O Anel.

Frodo voltou para o seu lugar, onde pareceu imensamente aliviado de não ter mais o Anel consigo.

–Então é verdade. –Boromir falou e respirou fundo, levantou-se -Eu vi num sonho... –olhou para o Anel –O céu do Oriente ficar negro. –andou em direção ao Anel –No Oeste uma luz pálida resistia. Uma voz que clamava: “Seu fim está próximo. A perdição de Isildur foi encontrada. A perdição de Isildur... –esticou a mão, como se fosse o Anel.

–BOROMIR! –Elrond levantou-se num pulo.

Mas foi Gandalf quem tomou uma atitude. O mago levantou-se e proclamou palavras negras, que pareceram trazer as trevas para o círculo. Um dos anões gritou em protesto, enquanto Mestre Elrond pareceu sentir dor. Boromir acabou recuando até sentar-se em seu lugar novamente.

Então Gandalf calou-se e foi como se a luz tivesse voltado. Elrond lançou um olhar ofendido ao mago.

–Nunca antes alguém ousou proclamar palavras dessa língua aqui em Imladris! –ele falou por entre os dentes.

–Eu não peço seu perdão, Mestre Elrond, porque o Dialeto Negro de Mordor pode ainda ser ouvido em todos os cantos do Oeste. –o mago declarou -O Anel é completamente Mau. –alertou a todos, sentando-se.

–É uma dádiva. –Boromir insistiu levantando-se –Uma dádiva aos inimigos de Mordor. Por que não usar esse Anel? –dirigiu-se a todos -Já faz tempo que meu pai, o Regente de Gondor, tem contido as forças de Mordor. Graças ao Sangue de nosso povo suas terras permanecem seguras. Dê a arma do Inimigo a Gondor. Vamos usa-la contra ele.

–Você não pode controla-lo. –Aragorn interferiu -Nenhum de nós pode. O Um Anel responde apenas a Sauron. Ele não tem outro Mestre.

Boromir comprimiu os lábios e virou-se para Aragorn.

–E o que um guardião saberia sobre essa questão? –perguntou rudemente.

Legolas não pôde suportar a arrogância do homem. Podia não ser problema dele, mas não ia deixar alguém falar com tanto desrespeito ao seu amigo.

–Ele não é um mero guardião. –disse levantando -Ele é Aragorn, filho de Arathorn. Você é vassalo dele.

Boromir olhou chocado para Aragorn.

–Aragorn? –quase gaguejou -O herdeiro de Isildur?

–E herdeiro do trono de Gondor. –Legolas completou, apenas pela satisfação de coloca-lo em seu lugar.

Havo dad, Legolas. –Aragorn pediu, parecendo desconfortável com o assunto.

–Gondor não tem rei. –Boromir falou para Legolas -Gondor não precisa de um rei. –completou, dessa vez para Aragorn, mas mesmo assim sentou-se em silêncio.

–Aragorn está certo. Não podemos usa-lo. –Gandalf falou, voltando ao problema inicial.

–Vocês tem apenas uma escolha. –Elrond disse -O Anel deve ser destruído.

–Então o que estamos esperando? –um anão perguntou.

E mostrando toda a falta de delicadeza característica de sua raça, o anão levantou-se, pegou o machado do outro ao seu lado e avançou para o Anel, atingindo-o em cheio com a arma. No impacto ele foi jogado para trás, o machado despedaçado e o Anel sequer foi riscado.

–O Anel não pode ser destruído, Gimli, filho de Glóin, com nenhum poder que temos aqui. –Elrond informou ao anão, que estava sendo levantado por seus companheiros -O Anel foi forjado nas chamas da Montanha da Perdição. Somente la pode ser destruído. Deve ser levado as profundezas de Mordor e lançado de volta ao fogo de onde veio. –pausou -Um de vocês precisa fazer isso.

A revelação foi recebida com silêncio absoluto. O único som passou a ser o das folhas caindo.

–Ninguém vai simplesmente entrando em Mordor. –Boromir falou num suspiro -Seus Portões Negros são guardados por mais que apenas orcs. La existe um mal que nunca dorme. O Grande Olho está sempre vigilante. É um descampado árido infestado por fogo, cinzas e pó. O próprio ar que se respira é um gás venenoso. Nem com dez mil homens poderia fazer isso. É loucura.

Legolas levantou-se, indignado pelos constantes problemas que esse homem vinha trazendo a reunião.

–Não ouviu nada do que Mestre Elrond disse? O Anel deve ser destruído!

–E suponho que você acredita ser capaz de fazê-lo? –Gimli, o anão, provocou.

–E se fracassarmos? –Boromir pressionou -E então? O que ocorrerá quando Sauron recuperar o que lhe pertence?

–Eu prefiro morrer a ver o Anel nas mãos de um elfo! –Gimli continuou, o que fez os outros elfos de Mirkwood levantarem-se em afronta. -Ninguém confia nos elfos!

Uma discussão começou, com pessoas se levantando e palavras sendo trocadas de forma dura. Eles não estavam indo a lugar algum.

XxX

Rainha Susan suspirou. Eles não estavam indo a lugar algum daquela forma.

–O que fazemos, Vossas Majestades? –Reepicheep perguntou, levemente preocupado.

–Por mim eles que se matem. –Edmund resmungou.

–Eddie! –Susan bronqueou.

–Bom, eles estão brigando quando deviam estar resolvendo o problema presente. –ele argumentou.

–E nós nunca fizemos isso. –Susan sugeriu irônica.

Nesse momento, Gandalf levantou-se para se unir aos outros, dando a Susan uma visão clara do hobbit Frodo.

Arwen tinha explicado a eles a situação pela qual passavam e Susan ficara profundamente tocada pela coragem do pequenino, principalmente por ser tão óbvio que ele preferia não estar ali.

Ela percebeu que seu olhar parecia fixo no Anel e ele tremia.

–Senhor Frodo? –perguntou delicadamente –Você está bem?

Ele quase pulou de sua cadeira, não esperando que alguém fosse falar com ele.

–Sua Majestade. –ele falou surpreso –Eu... Eu estou bem... –ele voltou os olhos para o Anel –Eu... –engoliu em seco e fechou os olhos –Eu o levarei. –falou quase que para si mesmo.

Susan trocou um olhar preocupado com Edmund, mas o hobbit parecera ter tomado uma decisão.

–Eu o levarei. –ele falou mais decidido, levantando-se –Eu o levarei!

Finalmente a voz dele subira o bastante para parar os outros. Todas as outras se calaram e os homens viraram-se para Frodo, incredulidade em suas faces.

–Eu levarei o Anel a Mordor. Embora... –ele hesitou -Eu não saiba o caminho.

Gandalf sorriu para Frodo e aproximou-se, colocando a mão em seu ombro em apoio.

–Eu o ajudarei a carregar esse fardo, Frodo Baggins, enquanto couber a você carrega-lo. –prometeu.

Aragorn moveu-se para perto, trazendo sua espada consigo.

–Se por minha vida ou morte eu puder protegê-lo, eu o farei. –ajoelhou-se diante do pequeno Hobbit, podendo olhar em seus olhos -Você tem a minha espada.

–E você tem meu arco. –Legolas declarou aproximando-se.

–E o meu machado. –Gimli, o anão que tentara destruir o Anel, declarou.

Boromir pareceu pensativo, então hesitante, mas finalmente levantou-se.

–Você carrega o destino de todos nós, pequenino. Se essa é a vontade do Conselho então Gondor também irá. –prometeu.

–E Nárnia também. –Susan garantiu levantando-se –Nós vamos lutar contra essa escuridão, lado a lado.

–Ei! –uma voz indignada chamou –O Sr. Frodo não vai a lugar nenhum sem mim.

Um hobbit de rosto redondo saiu correndo de trás de uma moita, colocando-se firmemente ao lado de Frodo.

–Não mesmo, já que é praticamente impossível separar vocês dois, mesmo quando ele é convocado para um Conselho secreto e você não. –Elrond falou, fazendo o rapaz corar.

–Ei! Nós também vamos! –mais dois hobbits saíram de trás de pilastras e vieram parar no meio do Conselho. A expressão dechoque de Elrond foi hilária –Precisaria nos amarrar num saco para nos deter.

–De onde eles estão brotando? –Edmund cochichou para Susan, que riu.

–De qualquer jeito, precisam de gente inteligente nessa missão... Demanda... Coisa. –o segundo hobbit falou.

–Isso exclui você, Pip. –o hobbit falou, revirando os olhos.

–Dez companheiros.... –Elrond começou, apenas para ser interrompido.

–Onze! –Reepicheep gritou do ombro de Susan –Minha Rainha não vai a lugar algum sem mim!

Elrond parecia estar pedindo paciência aos céus.

–Que assim seja. –ele declarou -Vocês serão a Sociedade do Anel.

–Ótimo! –Pippin falou sorrindo -Aonde vamos?


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Notas finais do capítulo

E agora sim, estamos prontos para começar a jornada.

Aplausos para Susan, que pôs todos os idiotas no lugar deles.

Amanhã eu vou postar um one-shot genderbender Lily/James.

Reviews, por favor!

B-jão