SEGUNDO ESTÁGIO DO TÉRMINO: A RAIVA.

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Estou em meu escritório na SGC, atualizando o site da empresa. Segundo Ray, precisamos melhorar o layout se quisermos ser realmente uma ameaça no mercado. –Mas com quem competíamos? –Claro que ele odiou minha pergunta, e disse que devo ser mais visionária. Precisei me segurar para não enfiar o dedo na garganta, e simular um vômito!

–Felicity! –por falar no demônio... –Como foi o trabalho com o segundo bilionário, mais interessante de Starling?

–E quem é mesmo o primeiro? –questiono, sarcástica.

Ray apenas aponta para ele mesmo, com um sorriso encantador nos lábios. Não sei se contei, mas meu chefe é incrivelmente bonito, dono de um charme imenso, só que Palmer, é igualmente paranoico e chato. Simulo um sorriso para ele, tentando me livrar da conversa que viria a seguir.

–Então? Como foi, teve lágrimas? –Ray se senta à minha frente, a imagem do conforto, respiro fundo, contendo minha impaciência antes de responder.

–Não, não houveram lágrimas. Mr. Queen é muito interessante, e totalmente centrado. –defendo avidamente, desconhecendo o motivo e tal ato.

–Se não te conhecesse, diria que está apaixonada Fel. –provoca sorrindo, em resposta, mostro a ele minha língua, como uma criança de cinco anos, o só serve para o fazer rir ainda mais.

–Barry, me pediu para te lembrar do nosso almoço. –Ray se levanta caminhando em direção a porta. –Acho que Makena pode pegar o caso do Mr. Wilson desta semana. –Ele pisca antes de passar pela porta.

Slade Wilson é um cliente recorrente da SGC, talvez o único motivo de não decretarmos falência ainda. Ele sozinho representa 30% dos nossos lucros. Um milionário famoso, dono de diversas empresas, que conquista uma supermodelo por semana, e me deixa a tarefa de chutar a bunda delas, assim que encontra uma melhor. Geralmente eu acabo as apresentado para algum cara legal que dispensei recentemente, claro que essa é uma atividade extra curricular, da qual meu amado chefe não pode nem mesmo vir a imaginar um dia.

–Meu Deus! Makena não pode cuidar desse caso. –me levanto como um foguete. -E se essa for a mulher da vida do Mr. Queen?

Saio correndo atrás de Ray, e preciso de muitos argumentos e algumas chantagens emocionais, para fazê-lo acreditar que eu realmente precisava desse caso. Por fim consegui convence-lo, liguei para Barry me desculpando antes de marcar com a bola da vez do Mr. Wilson em um restaurante próximo aos Glades.

–Helena Bertinelli? –pergunto, me aproximando da mesa onde uma linda mulher de cabelos negros e pele muito branca, que me esperava com um belo sorriso nos lábios. Já posso imaginar os filhos dela com Oliver, serão lindos!

–Você deve ser Felicity S. –diz, me cumprimentando com um aperto de mãos.

–Slade me disse que trabalha para ele. –comenta animada.

Desgraçado. Penso enojada. Slade é um dos poucos clientes, que não pede descrição. Muito pelo contrário, ele deixa claro o fato de sermos apenas mais um de seus muitos empregados, e que tudo não passa de uma transação de negócios.

–Sim. –respondo a ela, com um sorriso triste nos lábios. –Ele me pediu para entregar isso a você.

Ao contrário de Laurel Lance, Slade não mede gastos na hora de dispensar suas “namoradas”, ao menos isso. Retiro um embrulho quadrado e grande de uma sacola, e o entrego a Helena, que sorri encantada, pensando se tratar de um presente. Esse é o pacote de luxo, com o slogan da empresa. Dentro havia tudo para superar um coração partido, e uma carta que eu mesma escrevi a próprio punho. Helena passou alguns minutos lendo a carta exageradamente carinhosa que escrevi para terminar com ela por Slade.

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Regra dos funcionários da SGC Ltda.

Evite eufemismos baratos.

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–O que eu fiz de errado? –ela levanta seus grandes olhos azuis, que estava devastados, e sinto um pequeno nó se formar em minha garganta.

–Você não fez nada de erra. –garanto.

–Então, por que ele terminou comigo? –parecia devastada, sua voz, não passa de um sussurro triste.

–Queria muito ter está resposta para você, querida. –respondo com carinho.

–Ele disse que me amava Felicity, e agora manda você aqui para terminar comigo no lugar dele. –aquilo acabava comigo. Respiro fundo olhando para os lados, tentando pensar em algo que a fizesse se sentir melhor. –Eu saí de Gotham, por ele! –Helena solta um riso sarcástico, como se estivesse em choque. –Deixei tudo. Família, amigos, meu emprego...

–Quer sair daqui? –digo por impulso, por algum motivo, a história dela, me incomoda muito mais do que todas as outras que escutei das garotas do Slade.

–Sair? –repete confusa. -Como?

–Vamos tomar sorvete! Não sei, você disse que está sozinha na cidade e bom, não é legal ficar sozinha em uma hora dessas.

Ela esboça um sorriso fraco. –Obrigada! Acho que quero sair daqui sim. –diz em meio a um suspiro enquanto nos levantamos, pago a conta, e seguimos para meu carro. –É você quem monta esses pacotes? –pergunta, analisando o conteúdo do embrulho em seu colo.

–Sim. O que achou?

–Parece que pensou em tudo! –fala admirada, levantando uma pequena caixa de lenços de papeis em uma mão, e uma caixa de bombons na outra. –Filmes, música... Uau!

–Que bom que gostou. –estaciono meu carro em frente a uma soverteria. -Vamos?

Quando saímos do carro meu celular começa a tocar. Peço a Helena um momento para poder atende-lo, e me afasto alguns passos dela. Quando chego o visor, um frio bizarro percorre minha espinha.

–Laurel?

‘Felicity.’ Cumprimenta. ‘Mandei para o seu escritório, todas coisas do Oliver que estavam comigo, preciso que entregue a ele antes de minha volta a Starling, não quero precisar vê-lo.’ Dispara a falar, sem esperar resposta. ‘Espero que resolva isso rapidamente. Tenha um bom dia.’ Ela desliga o telefone em seguida.

–Grande vadia! –solto nervosa.

–O que foi? –Helena que já estava com um sorvete enorme nas mãos parecendo um pouco mais animada, aponta para meu celular.

–Uma cliente, terrível! –respiro fundo, tentando me acalmar. –Acho que quero um igual! –digo olhando para o sorvete em suas mãos.

–Felicity, posso te perguntar uma coisa? –escuto sua voz, enquanto apontava os sabores que queria para o atendente atrás do balcão.

–Claro.

–Quem vai pagar essa conta, é o Slade? –questiona erguendo uma sobrancelha.

–O próprio. –sorrio divertida.

–Nesse caso, vamos ter uma festa do sorvete! –declara. –Senhor? –chama o garoto atrás do balcão. –Todos os sorvetes, na próxima hora, serão por nossa conta! –decreta, e eu não posso discutir, mas fico ansiosa para apresenta-la ao Oliver, eles fariam bem um ao outro.

Passamos o tempo conversando. Contei a ela “A História” o que sempre ajuda, não sei o porquê, mas eu gosto da Helena, e por esse motivo marcamos de sair no sábado à noite, para esquecer os trastes do nosso passado. Volto para o escritório depois de ter a deixado em casa no fim da tarde, e encaro por alguns minutos a caixa sobre minha mesa, com as coisas de Oliver, precisava entregar isso a ele ainda hoje. Ligo para o número que Laurel me passou, ele atende no primeiro toque.

‘Oliver Queen.’ Sua voz fica diferente no telefone, mais grave, é um som agradável.

–Oi Oliver, aqui é Felicity, nos conhecemos hoje pela manhã. –começo a dizer.

‘Felicity!’ parece se animar. ‘Só Felicity, me lembro de você.’ Sorrio, sem conseguir evitar. ‘Sabe como é difícil identificar uma pessoa, quando não se sabe o sobrenome dela?’

–Eu tenho uma caixa endereçada a você. –digo, ignorando propositalmente a sua pergunta. –Laurel, pediu que te entregasse.

‘Ah, claro.’ Posso sentir o desanimo em sua voz. ‘Quer que eu a busque?’

–Não! –Protesto rapidamente. –Posso levar a sua casa... Ou, onde preferir!

‘Tudo bem, espero por você, em minha casa.’

Oliver me passa o endereço, e desliga em seguida. Pego a caixa e vou para a famosa mansão dos Queens, acabar de despedaçar o pobre coração do Oliver.