"June 27, 2015.

Hey Sammy,

Como vai você, cara? Espero que tenha conseguido um tempo pra si mesmo no meio de tantas datas de provas e entregas de trabalhos. Aqui nós estamos bem, realmente. Tipo, definitivamente bem.

Quando estamos acostumados com o caos, a chegada da paz é inquietante. Pensei que Castiel e eu teríamos mais brigas através do nosso longo caminho, mais silêncios carregados de desculpas não ditas e tentaríamos deixar o vento levar todas as coisas ruins que pensamos. Não há nada disso agora. Acho que a caça nos obriga a tomar decisões difíceis que nos levam a discordar e separar-nos. Nos obrigando a afastar-nos de uma parte de nós mesmos e de quem mais nos importa. Porém eu estava errado e tem sido incrível não brigarmos em tamanho tempo.

Ontem eu fui ensinar (ou ao menos tentar ensinar) Cas como se usa uma arma de fogo e acredite em mim, não foi assim tão fácil. Quanto mais ele atirava e distante a bala ia, mais frustrado ele ficava. Você já tentou ensinar um recém-humano muito irritadiço a usar uma arma? É desgastante. E perigoso, Jesus.

Eu não queria desanimar o cara, então nós ficamos no lado de fora do bunker até ele acertar o alvo. Já havia escurecido mas nós tínhamos levado uma lanterna. Eu já estava ficando cansado de estar lá há tanto tempo então tentei das apenas uma motivação pro cara: levantei de onde estava assistindo, peguei uma arma semelhante a dele e acertei o alvo bem no centro. Ele tentou e quase acertou um pássaro.

Desisti daquela tortura e fui arrumar a arma em suas mãos. Sabe no quê isso ajudou? Em nada.

Depois disso só tinha uma alternativa e eu só queria poder descansar. Me juntei ao seu lado e segurei as mãos dele e a arma ao mesmo tempo, disse pra ele mirar e puxar o gatilho e depois só ouvimos o estrondo da bala de encontro com o alvo pendurado na árvore. 'Estou livre' foi meu único pensamento no primeiro instante.

O segundo pensamento foi: 'Puta merda, invadi seu espaço pessoal.'

Para a maioria das pessoas seria estranho. Por Deus, pra mim foi estranho chegar tão perto dele assim. Só que então eu notei que nós nunca tivemos uma base de espaço pessoal, um de nós sempre acaba quebrando essa regra. Se Castiel fosse um cara normal ele iria agradecer pela ajuda, voltar sozinho ao bunker e deixar acontecer um silêncio desconfortável entre nós durantes uns dias. Porém ninguém nunca poderia dizer que ele é normal então Cas só se virou sorrindo, disse pra ajudá-lo a guardar as coisas e que iríamos comer pizza pra comemorar.

Yeah, Cas é definitivamente incrível. E estranho.

Eu sinto a sua falta, cara. Só não me confunda, eu sinto saudades de você e não da sua comida de coelho. Está indo em muitas festas por aí? Ouvi dizer que as dos veteranos são as melhores, só cuidado pra você não beber demais. Sabe, acho que sempre te verei como um garotinho, Sammy, não importa quanto o tempo passe. Ou o quanto você cresça.

Acho que encontrei um caso em Louisiana e pelo que li talvez seja um fantasma em uma antiga fazenda. Preciso de mais informações antes de ir. Se eu for sincero comigo mesmo, saberei que eu não quero que Castiel vá. É tudo diferente agora e embora eu saiba que o cara sabe se cuidar, ele não é mais um anjo pra poder se proteger de todos os ataques e ainda não é tão habilidoso com armas e luta corporal da mesma forma que é com a adaga de anjo. Só que eu sei que não posso deixar mais ninguém daquele lugar morrer - já foram três vítimas. Daqui uns dias nós partiremos pra investigação e tudo ficará bem, eu espero.

Eu te comprei um presente e não, não é uma tesoura de cortar o cabelo. Nem um barbeador. Vou enviar amanhã, hoje eu não tenho paciência pra ficar em filas de entrega. É bom você gostar, já que eu quase perdi a minha cabeça pra conseguir encontrar isso.

Cas acaba de passar pela porta do meu quarto e te mandou um abraço. É, não sou o único que sente falta de você, Gigante.

Seu grande irmão,

Dean Winchester."