Chamem os Bombeiros escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 45
Final de ciclo, nova fase


Notas iniciais do capítulo

Notas iniciais: Bem-vindos(as) ao último (e o mais esperado) capítulo de... Chamem os Bombeiros! E se você curte K-pop (como eu ;) ), aumente o som e curta cada pedacinho!



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Sugestão de trilha: Party – Girl´s Generation

“Olha aí, a humana correndo para lá e para cá... Ela tá exaltada hoje, hein?”

— Caspita, onde está? Onde?

“O quarto está uma bagunça. Dá para ver maquiagens, cremes, tudo espalhado. Vou ser obrigado a pular na cama! Olha quantos sapatos pelo chão. O que está acontecendo com você, humana?”.

— Achei!

“Chego mais perto para ver o que ela estava procurando. Ahãn? O que aquilo? Não vá me fazer festinha com o barbudinho no apartamento, né? Não vou suportar mais um final de semana com aquele peludo porco!”.

— Agora é só ajeitar tudo rapidinho, né, Ernesto?

“Tenho vontade de falar: ‘É o mínimo, né, humana?’ Simplesmente odeio viver em um lugar bagunçado! Mas cá para nós...Não sei o porquê... estou achando que vou quebrar a cara com essa saída da humana. E tem a ver com o barbudo. E tem aquele peludo também. Que Bastet me proteja, viu? Porque sinto que vou me danar!”.

— Ah, o interfone! Já?

“Calma, humana! Vai dar um treco desse jeito! Pô!”, mio.

— Beijos, queridinho! E comporta-se!

“Eu que digo isso, humana!”.

*****

Desço do elevador e ando meio cambaleando. Maldito salto! Mas, quem mandou comprar sapatos por causa de um jantar? Aliás, já fizemos tantas vezes isso. Digo, jantar. Não que as outras coisas também.

Quando chego mais próximo da entrada do prédio, vejo o Júlio. E... Ulálálá! Está um charme só! E, diga-se de passagem, bem sexy. De calças jeans, blazer jogado por cima da camisa xadrez (obviamente) e sapatênis.

— Uau! Que arraso! – ele me diz.

Ele me dá um selinho, abre a porta para eu entrar. Dá a volta pelo carro e entra.

— Pronta? – ele me indaga.

— Sim! E para onde vamos? – devolvo a pergunta.

O Jú dá um sorriso misterioso e diz:

— Logo você verá.

A caminho do local vamos conversando. O rádio está ligado e a noite, bem agradável. Pelo retrovisor percebo que um carro nos segue.

— Jú, parece que estão no nosso encalço.

— Como?

— Esse carro preto.

— Hum, tem certeza? Pode ser impressão sua. – e sorri.

Tento espreitar os meus olhos, mas o insufilm do veículo não me deixa pegar quem está dentro.

— Júlio! Eles estão nos seguindo, sim! - e aponto o retrovisor.

— Fica fria, Gi! Você está cansada, vai ver que é isso.

E ele me pega na minha mão, aproveitando o sinal fechado.

— Tá! Então, só é cisma?

— Isso aí!

— Então, o que aquelas duas mocinhas fazendo tchau para gente?

Ele inclina para o retrovisor e faz cara de nada.

— Não sei! Vai ver que elas nos confundiram com outras pessoas, né?

Mais um pouco e chegamos. É uma pizzaria, daquelas cheias de frescura. E em Moema, tá? Os manobristas abrem as portas e saímos. O Júlio olha para trás e tento acompanha-lo. Mas, ele me puxa para frente com delicadeza e diz:

— Vamos que temos reserva.

— Hum?

A hostess nos cumprimenta e leva até a mesa. Quando vejo...

— Fiiiiiiiiiiilha! Como você está linda!

E a mamãe corre em minha direção para me abraçar. Encaro o Jú e ele faz uma carinha sapeca. Na mesa também estão o Márcio, a Ana e o meu pai.

— Hum, então essa é minha nora? – escuto uma voz feminina atrás de mim.

Viro e dou de cara com uma senhora baixinha de cabelos louros encaracolados e olhos amendoados. Logo percebo que é a mãe do Júlio. Ela é gordinha, bochechuda e com a tez rosada. Ela me abraça e diz:

— Prazer, sou a Inezita, a mãe do Júlio.

E logo atrás, um senhor alto, magro, com olhos azuis bem escuros, com os cabelos grisalhos e com um sorriso radiante. Não dá para negar, é o pai do Júlio.

— Prazer, garota! Sou o Rolando, o pai...

— Nossa! Vocês são muito parecidos! – deixo escapar.

E logo depois reconheço as duas garotas que ficavam acenando para gente e rindo, as irmãs do meu namorado. De estatura mediana, provavelmente as duas são gêmeas. Com a diferença que uma delas tem os cabelos lisos e avermelhados. A outra manteve os cabelos encaracolados negros e meio bagunçados como os do Júlio e usa aparelho nos dentes.

Sugestão de trilha: Guhara – Choco Chip Cookies

A ruiva diz:

— Oi, sou a Carmela.

E a de cabelos negros:

— E sou a Catarina.

Elas me abraçam ao mesmo tempo. Ufa! O detalhe dos cabelos irá me salvar. Então, repito mentalmente: “A ruiva é a Carmela e a morena é a Catarina”.

— E aí, cunhadão?

O Márcio já cumprimenta o Júlio como tivesse amizade há muito tempo.

— Perai, vocês se conhecem? – indago.

— Sim! – dispara o meu irmão.

— Ahãm! – afirma o Jú.

— Quando isso aconteceu?

— Ih, nem te conto. – diz o Márcio.

— É uma longa história. – confessa o Júlio.

— Gente, perai! – peço. – Mãe, pai. Ana, você também, né, mulher?

Os três se aproximam e a Ana:

— Ai, que legal! Todo mundo junto e se conhecendo.

E nem preciso apresentar um para o outro, a coisa corre tão naturalmente que fico até surpresa.

— Nossa, o Júlio puxou muito o pai, hein? – observa a mamãe.

— Você viu? Mas a Giovanna é uma graça. – entrega a minha sogra.

— Ah, ela é um amor! Mas...- e escuto a minha mãe dizer em tom de fofoca. – Tem que ver como ela fica quando está de TPM.

— Sério isso? – a dona Inezita até parece que abaixa mais um pouco a voz.

— É verdade! Pobre Júlio, é um herói!

— Mãe! – a repreendo.

Ela mexe os ombros.

— Acho melhor nos sentarmos, não? – convida meu pai.

— Tem razão! Estou com uma fome! – fala o pai do Júlio, o seu Rolando, ainda bate na barriga.

E meu pai solta um:

— Então somos dois!

Aos poucos nos acomodamos na mesa. Não sei quem escolheu o lugar ou mesmo a mesa, mas não é que as famílias ficam bem distribuídas? Confesso que estou curiosa, surpresa, enfim, feliz.

— E aí? Gostou da surpresa? – o Júlio me indaga baixinho, sentado ao meu lado.

— Ah, agora entendi o jantar com mais gente...

— E o que você pensou?

— Deixa para lá!

Ele franze os cenhos de um jeito engraçado. Levanta os ombros, vira-se para todos e diz:

— Vamos pedir?

— Por favor! – dispara o pai dele.

— Opa! Rolando divide uma gelada comigo? – propõe o meu pai. – A não ser que vai pegar estrada hoje.

— Que nada, rapaz! Hoje estou de boa! – Ele responde com o mesmo linguajar de um jovem. E olha, o seu Rolando é mais moderno do que imaginava.

— Eles estão no seu apartamento? - indago para o Júlio.

— Hum, não! A minha mãe e meu pai estão em um hotel. Só as minhas irmãs ficaram lá.

— Mas por quê?

— Bem, era para todos ficarem no hotel. Mas as minhas irmãs são oferecidas e quiserem ficar lá em casa. E não é por minha causa...

— Não?

— Adivinha por quem as meninas quiseram ficar.

— Pelo Mozart?

— Exato! Do jeito que vai, é bem capaz delas gostarem mais dele do que eu.

E com essa declaração, o Júlio me arranca uma gargalhada.

****

Ufa! Está saindo tudo a contento. Exatamente, ou quase, como tinha planejado. Vou deixar a noite correr e quando for próximo à hora da sobremesa, vou fazer o pedido. Minha família já está sabendo, assim como o Márcio. E acredito que tenha avisado a seus pais sobre o que irei fazer.

Para começar pedimos cerveja, vinho e refrigerantes. E por insistência do meu pai, também foram pedidos antepastos e couverts. Já conhecia a pizzaria, então, os preços não me assustaram. Eles são bem salgados, confesso, apesar de que a qualidade das redondas vale a pena, sem contar que a ocasião também pedia algo mais chique.

— Então vai ser assim: pedimos duas pizzas. Uma de margherita e a segunda, de quattro formaggi. Assim que terminamos, vamos pedir outras. – informa o Márcio para o garçom.

— Pessoal, vocês gostam de pepperoni? Bem que a gente poderia pedir a próxima deste sabor. Que tal? – indaga a Ana. E já dá para ver que está meio vermelhinha por conta do vinho.

— Eu topo! – grita a Carmela com as mãos para o alto.

— Eu também! – fala a Catarina.

— Até parece que vocês estão no MasterChef! – brinca a Giovanna.

— Bora fazer de novo? – sugere a Carmela.

E as três fazem o gesto ao mesmo tempo e caem na risada. E não é que elas estão se dando bem? Também a Gi é bem moleca como minhas irmãs.

Sugestão de trilha: EXO – Love me right

— Gi! Topa ir com a gente na 25 de março amanhã? – pergunta a Catarina.

— O que vocês vão fazer lá? – indaga a minha namorada.

— Comprar bobaginhas. – responde a Carmela.

E sem querer reviro os olhos. Como elas adoram gastar em besteiras. Elas deveriam aprender a poupar. Caramba, com essa crise e elas brincando de Becky Bloom.

— Vocês conhecem a feirinha do Center 3?

— Ahãm?

— Opa, o que é isso?

Ótimo! O que a Gi tem em mente?

— Lá tem de tudo! Desde roupas alternativas, bijus!

— Bijus!!?? – fala em alto e bom som a Catarina. Pronto, ferrou! A Gi vai me deixar na geladeira... Hunf! Não gostei nem um pouco.

— Quer ir, Ana? – indaga a minha futura noiva com olhos brilhando para a cunhada.

— Meninas, não vou atrapalhar?

— Claro que não! – as três respondem e ao mesmo tempo.

Santo Deus... É amanhã que elas depenam a Rua Augusta toda.

— Mas assim, é preciso chegar cedo para a gente ver tudo. Nós almoçamos e depois levo você para as outras lojas alternativas que abrem mais tarde.

— Gi, se não formos na Endossa, nem converso mais com você! – ameaça a Ana.

A Gi dá uma gargalhada e vira para minhas irmãs e explica:

— É uma das lojas alternativas de lá!

— Uhuuuuu! – comemora a Carmela.

— Mal posso esperar! – fala a Catarina dançando.

— Gi! – a chamo baixinho.

— Hum?

— Vá devagar!

— Eu sei, queridinho. – ela acaricia o meu braço e continua: - Sou controladinha.

— Sei disso, mas as minhas irmãs não são... Elas têm ataque de “milionárias” e acham que passar cartão de crédito é brincadeira.

— Hum... – ela faz. E diz baixinho olhando para ver se a sua mãe não está escutando. – Você sabe muito bem quem é a louca do cartão do crédito, né?

Seguro o riso para não ficar muito na cara. Enquanto a Gi, minhas irmãs e a Ana estão combinando o passeio para amanhã, percebo que a minha mãe e a dona Eliana estão se dando muito bem. Claro que a mãe da Gi é a mais espalhafatosa.

Chegam as pizzas e começam a ser divididas. A conversa corre solta e me bate um frio no estômago. Será que esqueci as alianças? Apalpo o bolso do blazer e a caixa está lá. “Acalme-se, Júlio. Vai acabar tudo bem.” E se... ela falar não? Não, não vai acontecer isso, né? Tento espantar esse pensamento mexendo a cabeça. Mas sou flagrado pela minha pequena.

— Queridinho, está tudo bem?

— Ah! Sim!

— Vá devagar no vinho, hein? Você sabe que vai dirigir.

— Pode deixar. – digo com piscada.

— Júlio, é sério! Imagina ser parado por blitz... – ela me reprende.

Minha vontade foi falar: “Nem brincando! Se você soubesse como é ser enquadrado!”. Mas o que faço é bater na madeira da mesa.

— Virou supersticioso? – pergunta rindo.

— Vamos falar que sempre fui!

A Gi chega mais perto e dá um selinho. Ela é uma figura.

*****

Fui pega de surpresa. Confesso que se fosse em outra ocasião estaria brava, mas com o Júlio... Quando ele mencionou sobre o jantar com as famílias me embrulhou o estômago, mas agora, com tudo mundo aqui, penso: “Por que não fizemos isso antes?”. Estou gostando da interação entre o pessoal e cá para nós, adorei minhas cunhadas. Até tive sorte em termos de cunhadas, viu?

Mas... me deparo com uma cena que já estou acostumada, mas os outros não. Aliás, definitivamente, não! Minha mãe discretamente tenta levar os talheres à sua bolsa.

A minha sorte é que ela está sentada do meu lado. Chego mais próxima e digo bem baixinho:

— Pelo menos hoje, não, né?

Ela me encara surpresa, como não soubesse do que falo.

— O que fiz?

— Surrupiar os talheres?

— Fiz isso? – ela pergunta ajeitando os cabelos. Francamente, mamãe bem que poderia fazer teatro.

Escuto meu pai me chamando de forma bem discreta. Ele sabe a mulher com é casado.

— Algum problema, filha?

— Hum... nada, querido! – diz a minha mãe com sorriso forçado nos lábios.

— Francamente, mamãe!

Viro-me para frente e o Márcio faz uma cara como pedisse para me acalmar. Era só que faltava a dona Eliana começar a furtar todo mundo aqui. Minha vontade é berrar: “Escondam suas bolsas e carteiras”. Mas deixo quieto.

— Algum problema, Gi? – me indaga o Jú.

Faço um gesto como dissesse: “Depois te conto.”

Mais pizzas, vinhos e cervejas. Será que todo mundo esqueceu que vai dirigir? Só quero ver. Em um determinado momento o meu irmão diz:

— Que tal a gente pedir sobremesas? – indaga e olha para o Júlio. E o olhar é tão direto que até estranho.

— Oba! Eu topo! – grita a Carmela.

— Estou com fome de doce! – completa a Catarina.

— Não acha que é cedo demais? – indaga o Júlio para meu irmão.

Ele inclina a cabeça e o encara.

— E por que seria? A não ser que o senhor tem outra ideia em mente.

Que clima sombrio é esse? Estranho! E a Ana fica olhando do lado como nada fosse com ela.

— Podemos fazer depois da sobremesa? – pergunta o Jú.

Fazer o quê?

— Pode ser... Mas vai ser hoje, não?

— Sim. - afirma o meu namorado com a cabeça e depois mexe no celular.

— O que houve? – pergunto baixinho.

— Nada, Gi. Fique tranquila. – sorri e repousa sua mão na minha.

Percebo que ela está gelada. Isso significa que ele está nervoso, agora com o que, não sei.

Pedimos as sobremesas e cafés. E o Márcio fica olhando o Jú com ar de deboche.

— Vai ser conforme o combinado? – pergunta. E do nada, o meu irmão fala: - Ai! Você me chutou, prin!

— Chutei nada!

Hein? Aí tem!

Chegam os nossos pedidos e a tensão parece que aumenta entre meu irmão e o Jú, mas ainda não saquei o que é. E quando começo a dar a primeira garfada no meu tiramisù, ouço:

Sugestão de trilha: BoA – Kiss my lips

— Gi, você pode esperar um pouquinho?

O Júlio sussurra meio assustado. E o meu irmão:

— Agora?

Pega o garfo e começa a bater na garrafa de vinho, que minutos antes, insistiu que o garçom não levasse embora.

— Prin?

— O que foi?

— Posso perguntar uma coisa? – indaga a minha cunhada, a Carmela.

— Sim. – responde a Ana.

— Por que prin?

Todo mundo volta a atenção para meu irmão e minha cunhada.

— Mas não era o que nós... Ai, você me chutou de novo! – o Márcio reclama de novo.

— É que nos tratamos como príncipe e princesa... E para ficar mais fácil, nós usamos prin.

— Aaaaaaaahhhhh. – as duas irmãs exclamam juntas.

— E agora vai? – pergunta meu irmão para o Jú e logo depois começa a bater de novo o garfo na garrafa.

— Atenção! Atenção! Muita atenção! – o Márcio quase berra. É, ele está mais alto do que imaginava.

— Atenção! Muito obrigada pela atenção! – diz meio a gargalhadas a Carmela que é acompanhada pela Catarina.

— É hoje! – diz o Júlio entre os dentes.

— O que foi? – indago afagando o seu braço.

E daí, ele afasta a cadeira e se levanta.

— Bem, acho que é uma ocasião oportuna todos se conhecerem, não é mesmo? – indaga o Júlio, agora de pé e falando para todo mundo. Ótimo! Ninguém está no seu normal.

— Portanto...

— Agora vai! – diz o Márcio fazendo o dedo indicador dar uma pirueta no ar.

— Prin... – repreende a Ana.

— Gi... – o meu querido hipster me chama e a atenção da mesa se vira para mim.

O encaro e mantenho meu olhar, tentando desvendar o que vem por... ele se ajoelhou? É isso mesmo? Continuo estática e com a respiração presa. Ele mexe no bolso do blazer e de dentro dele, tira uma caixinha de veludo preta.

Continuamos nos olhando, e aí ele diz:

— Desde a primeira vez que te vi, algo me dizia que teríamos uma história para viver...

— Ai, que lindo! – uma das minhas cunhadas berra lá do fundo, mas não consigo distinguir qual delas.

Minha garganta seca, um misto de pavor, medo e sei lá... Por que o meu coração quer sair pela boca? E bate tão forte que até mexe com meus tímpanos.

— Mesmo com todas as nossas diferenças, nos completamos. Sei que por muitas vezes fui alvo de suas piadas, como as minhas calças com os pelos do Mozart...

— Ai, que emoção!!! – afinal, quem está gritando? É a Catarina ou a Carmela?

— Isso é verdade. Tirei sarro de você, sim. – tento descontrair a situação. E já estou mais do que desconfiada do que vem por aí.

— Queria pedir desculpas todas as vezes que fui estúpido com você antes de...

— Vai logo, Júlio! – diz o Márcio inclinado na nossa direção e apoiado pelas suas mãos na mesa.

Percebo que o meu querido hipster treme como vara verde e, diga-se de passagem, estou como ele.

Ele abaixa a cabeça, toma fôlego e me encara. Abre a caixinha com os olhos fixos em mim. Minhas pernas ficam bambas, é isso mesmo?

— Gi, quer casar comigo?

E de repente a pizzaria emudece e fica em um clima de expectativa absurda. As mesas vizinhas viram para nós.

E ele continua esperando a minha resposta. Assim como todo estabelecimento, inclusive, as caixas.

— Júlio... Bem... – não sei o que me dá me ajoelho para ficar na mesma altura, se é que isso possível. E o abraço.

Ele corresponde e me diz:

— Gi, sim ou não?

— Por que você faz isso comigo?

— É não?

O solto e nossos olhos se encontram:

— Júlio, é meio cedo para isso, não?

— Mas a gente se conhece há quanto tempo? Três... quase quatro anos!

— Eu sei disso! Quero, mas com duas condições.

— E quais? – ele segura a minha mão e espera impacientemente a minha resposta.

— Primeiro, vamos viver juntos, hoje, já! E aí sim, casamos.

— E a segunda?

— Não quero casar na igreja.

— Não?

— Quero... na verdade, sempre tive uma vontade louca e sei que você vai topar.

Reparo que todo mundo se inclina e tenta escutar nossa conversa.

— E aí, vai ou não vai? – berra um garçom do outro lado do salão.

As minhas cunhadas fazem shuuuuuuu juntas.

— E qual seria a loucura?

— Jú, você topa casar no civil, aliás, em um salão e nós de cosplay?

— Podemos usar nossos cosplays, né?

— Sim! Mas, podemos fazer a Usagi e o Mamoru.

— Sim, sim, entendi! Eu de Endymion e você de...

— Princesa Serenity!

— Perfeito!

— E o que ela disse? – indaga o pai do meu futuro noivo.

— Agora vou repetir o pedido e aí digo...

— SIM!

— Aeeeeeeeeeeeeeeeee! – escuto as minhas cunhadas fazendo festa.

— Ela disse sim? – ouço uma senhorinha da mesa ao lado perguntando para um moço.

E só posso repetir:

— SIM! SIM! SIM!

Nos abraçamos e ouço o Júlio dizendo em meu ouvido:

— Te amo, minha pequena.

E assim termina nossa noite. O que gostaria de fazer? Bem, na verdade adoraria comemorar a dois. Mas, isso pode esperar um pouquinho, afinal, tenho duas cunhadas atrapalhando a situação, sem contar o meu queridinho está em casa me esperando e Mozart... Se bem, que o Mozart não iria atrapalhar, não é mesmo? Afinal, temos que levantar cedo para o passeio de amanhã. Porém, uma coisa é certa: saio da pizzaria de mãos dadas e um anel no dedo anular da mão direita.

E para ser sincera? Por essa não esperava!

Fim!


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Notas finais do capítulo

E aí? Chorou bastante? Mas a função aqui era para você rir, hein? Bora para o glossário? Ele está relativamente longo, sem contar os meus agradecimentos e despedidas (ou não...).
Glossário – Chamem os Bombeiros
Bastet - Deusa egípcia da alegria, felicidade e fertilidade. Ela é uma gata, portanto, protege os gatos. Ela é muito amor! Experiência própria.
Moema – Bairro da cidade de São Paulo, localizado na Zona Sul.
Margherita – A pizza de margherita é feita com molho de tomate, mozarela e manjericão. Em determinadas pizzarias, ela recebe parmesão.
Quattro formaggi – Seria a pizza 4 queijos: provolone, catupiry, gorgonzola, mozarela.
Pepperoni – É um tipo de salame seco, apimentado e feito de carne bovina e de porco.
MasterChef (Brasil) – É um programa transmitido pela emissora de televisão Bandeirantes. Até a publicação deste capítulo, vai ao ar nas terças-feiras às 22:30 horas. Mas do que se trata? É um programa de competição gastronômica, onde 18 concorrentes competem por uma vaga na escola mais famosa de gastronomia francesa: Le Cordon Bleu + um carro + 150 mil reais + mil reais em cartão para gastar em uma grande rede de supermercados e, lógico, o trófeu MasterChef Brasil. Ele é apresentado pela jornalista Ana Paula Padrão, tendo como jurados os chefs: o francês (e o mais zoeiro) Erick Jacquin, o brasileiro (e lindo) Henrique Fogaça e a argentina (e diva absoluta) Paola Carossela. A cada programa um concorrente é eliminado. E quando termina a prova, todo mundo deve levantar as mãos. Vale a pena assistir!
Becky Bloom – Personagem principal do livro Delírios de Consumo de Becky Bloom, de Sophie Kinsella, a escritora de grande inspiração a esta humilde autora que aqui redigi.
Feirinha do Center 3 – O nome da feira que ocorre no shopping Center 3, na região da Avenida Paulista, é Como Assim? Acontece aos sábados e domingos (o melhor dia) das 10 às 21 horas. Ela é descolada, com muita bijuteria, produtos alternativos, roupas e muito mais. Vale a pena conferir também.
Endossa – É uma loja cooperativa onde você encontra muitos produtos alternativos. Lá você poderá dar de cara com hipsters (quem sabe com a Gi e o Jú), descolados, góticos, roqueiros e muito mais. Fica na Rua Augusta, sentido Centro.
Tiramisù – É um doce de origem italiana. Na receita original, é composto por camadas de pão de ló embebecidas em café, intercaladas com mascarpone e cacau em pó (chocolate).
Príncipe Endymion e Princesa Serenity – adivinha de onde eles são? Isso mesmo, Sailor Moon. Usagi (Sailor Moon) é a reencarnação da Princesa Serenity e Mamoru (Texudo Mask) é a reencarnação do Príncipe Endymion.
Sugestão de trilha: Premeditando o Breque – São Paulo, São Paulo
Então, gente, eu e toda a trupe do Chamem os Bombeiros estamos aqui para agradecer imensamente...
“Humana, me pegue no colo”, mio.
Opa! (autora abaixa).
“E por que não posso ir no seu colo também?”, lato.
Tá bom, tá bom! Vou ficar agachada para ninguém ficar com ciúmes. Oh, gente vamos chegando.
— Nossa, tudo isso por que estamos nos despedindo?
— Sim, Gi! Mas temos algumas surpresas...
(Autora pisca para a personagem que faz uma carinha feliz.)
— Já estamos no ar, Bee?
— Vai ter comida?
— Meu caro, Décio, só se for lanche de mortadela!
— Chefe? Quer dizer, Edgar! O senhor por aqui?
— Exatamente, Giovanna. Como eu iria dizendo...
— Por que sou sempre por último?
(Todo mundo se vira para o Júlio).
Vamos começar agradecendo a todos que nos recomendaram e por 9 vezes!
Aeeeeeeeeeeeee
— Bee, que tudo!! Vem, Dudu!
— Posso?
— Claro!
— Opa, vocês bem que poderiam me esperar, hein? (Murilo arruma o blazer)
— Oi?
— Perai! Você é a Juliana, a personagem? Ou a autora?
(arruma os óculos)
— As duas! Algum problema?
— Nã... nã... NÃO!
— Ah, bom!
— Ei, nem esperam, pô!
— Vem cá, Bárbara! Li?
— Oi! Tô aqui!
— Chega mais, nossa Penélope do Criminal Minds!
Aeeeeeeeeeee
— Júlio, você poderia agradecer àqueles que nos recomendaram?
— Bora, começamos com o Tommy Adams...
Aeeeeeeeeee (todos)
(Júlio olha com uma cara...)
— Então, continuando, o Lucão, o LJ Lopes, a Rain...
Aeeeeeeeeeeeeeeeeee (todos, menos o Júlio)
“Autora humana, fala para o povo para de tocar o terror e coloca ordem nesse galinheiro!”, mio.
— Calma, galera! Por favor, Júlio.
— Então, a Kods, a Karina A. de Souza, a Ys, a Senhorita SM e ...
— Deixa que termino, Jú! E agora um especial agradecimento à minha beta linda, e que uma das maiores incentivadoras de Chamem os Bombeiros, a Clark! Dedico todo esse trabalho a você, viu?
Aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee (todos, inclusive o Júlio).
— Também queria agradecer a cada pessoa que deixou seu comentário, acompanhou, mesmo não me falando um Oi...
— Bicha, mostra a sua cara no Sol, né?
— Verdade! Agora é hora, fantasmas! Por favor, deixem seus pareceres! Beleza? E continuando, a cada pessoa que favoritou, compartilhou o link desta história, muito obrigada! E ah, aos que chegaram depois da finalização desta, também te agradeço.
— Bee, que lindo! (puxa o pessoal a bater palmas).
— Voltando! Mas... nem tudo é tristeza e despedidas...
— Não?
— Não! Na próxima sexta-feira, você acompanha um extra desta história e a estreia do spins-off: Cadê os Bombeiros? A fumaça continua!
Aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
— Gente, muito obrigada por tudo, pela ótima recepção da minha primeira obra original no Nyah. Um grande beijo e a gente se vê! E qualquer coisa, você já sabe....
— CHAMEM OS BOMBEIROS (todo mundo junto, inclusive a autora).
Beijos e até sexta-feira com extra desta história e a estreia de... CADÊ OS BOMBEIROS! A fumaça continua ;)



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