Chamem os Bombeiros escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 31
The Day After


Notas iniciais do capítulo

Opa! O pessoal falou que fui malvada em deixar em suspense
uma semana sobre os acontecimentos do último capítulo, mas... Chegou a
hora da verdade.... o/



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Abro os olhos, sonolento, tento me localizar onde estou. Mas aí sim, sinto sua cabeça sobre o meu peito na altura do coração. E lá que ela mora, com certeza. Sim, fiz amor com a Gi. E que menina fantástica. Sempre me surpreende, sempre me fascina. Ela é doce, terna, um pouco tímida, mas meiga na medida certa.

Fazer sexo com uma garota que você se sente atraído é bom, mas fazer com quem ama, é muito melhor. Poder abraça-la, beija-la tantas vezes quiser, sentir pele e coração. Mãos entrelaçadas, abraços, carinho, conexão. E isso ela sabe fazer muito bem. No começo, confesso, que a minha garota estava apreensiva, mas aos pouquinhos se soltou. E cara, que corpo maravilhoso! E que sorriso lindo. É, estou apaixonado. Aliás, não estou, sou apaixonado por ela.

Em determinados períodos, tomou à frente, comandou como uma mulher confiante, feita. Em outras, foi àquela menina, curiosa, meiga, carinhosa. Respiro fundo, quase arrependido. Porque não quero que ela acorde. Ainda não! Quero acariciar seus cabelos espalhados e sedosos. Admirar a mão delicada e pequena que repousa confiante no meu peito.

Tento me virar com cuidado para verificar que horas são. Hum, ainda não é hora de me levantar, mas vou tomar um banho e ajeitar as coisas. E assim, podemos sair juntos para mais um dia de trabalho. Aliás, o último nessa semana. Eu acho. Com jeito a coloco do lado, e saio de fininho. Ela resmunga alguma coisa e se vira logo para o lado.

— Não sabia que tinham turmalinas verdes. Ah, vá! – ela diz.

Me inclino e percebo: ela fala dormindo. Acho graça nisso, e sempre suspeitei que isso acontecesse. Me enrolo com o lençol, saio da cama, abro a porta com cuidado e a fecho. Vou colocar a comida para o Mozart, tomar banho e aí... Putz, dou de cara com Ernesto num canto do corredor. O olhar enfurecido como de quem foi esquecido debaixo da chuva.

— A sua dona está dormindo, amigão. Sem traumas.

Mas ele me olha de forma quase sinistra... Pensando bem, vou tomar banho e depois, faço o que precisa ser feito. Volto, e tento ser mais silencioso possível. Pego uma toalha, cueca e vou lá para o banho.

*******

Desperto devagarinho. Meio zonza tento me localizar onde estou. Sinto-me nua... Ops, estou nua. Escuto o som de chuveiro e alguém cantarolando. Ah! Dormi com Júlio! Caramba, aconteceu! Foi tão repentino que cheguei me assustar, mas nem tanto. Viro-me do lado e vejo... o Ernesto sentadinho na beirada da cama com olhos vidrados em mim. E é um olhar de recriminação! Ah, qual é? Sou adulta! Agora sinto um focinho gelado encostar a planta do meu pé. Levanto-me e vejo o Mozart voltar-se a mim, com uma cara... extremamente feliz! Então, perai... enquanto eu e o Júlio... É... eles ficaram sozinhos? E não se mataram? Ouço a porta do banheiro da suíte se destrancar e o Júlio aparece de cueca enxugando os cabelos e quando me olha:

— Bom-dia, minha pequenina! –diz com um sorriso largo.

Retribuo com um sorriso, mas puxo o lençol na altura dos meus seios.

— Oh, que bonitinha! Mas não precisa se acanhar. Ontem vi tudo!

— Para, seu bobo! – e jogo o travesseiro contra ele.

O Júlio solta uma risada como estivesse tão feliz e satisfeito.

— Gi, quer tomar banho? Aliás, posso te dar banho...- e completa a frase mexendo as sobrancelhas.

— Não precisa! – respondo debochada. – Já sou grandinha.

— Te empresto uma toalha, tem sabonete líquido e...

— Jú, a minha mochila...

— Ah, ela deve ter ficado na sala. Quer que vá buscar?

— Por favor!

— Só um minuto.

Ele passa por mim e... Oh, laiá, ele tem uma bela bunda! Fico à vontade com ele. Aliás, à vontade demais. Ele é carinhoso, atencioso e divertido, inclusive na cama. A princípio achei que seria apressado demais, mas não. Ele respeitou meu tempo, e meu espaço... Bem, nem tanto, no último item.

Quer saber? Estou feliz! Mas bem que poderia ter acontecido no final de semana. Teria escolhido uma lingerie melhor, feito escova e...

— Pronto, aqui está!

O Júlio me acorda para realidade. Abro a bolsa e encontro a minha nécessaire, mais num cantinho, uma calcinha e um protetor diário. Pode parecer besteira, mas sempre saio prevenida de casa. Coisas de repórter de rua...

— Bem, vou tomar banho, tudo bem? Mas... – mordo o lábio, receosa para falar.

— Diga, pequena. – ele se senta na cama e me continua me encarando.

— Antes de sairmos para o trabalho, podemos passar na minha casa, só para que troque de roupa? Dá muito na cara.

Ele afrouxa o cenho e sorri.

— Claro!

— Júlio...

— Sim?

— Foi... – e, envergonhada, completo: - Fantástico.

— Também achei! Mesmo que tenha tido um pouco de dificuldade com isso. – e me mostra o dedo com a tala.

— Isso foi de menos!

Ele ri e levanta os ombros.

*****

Algumas horas antes...

“Ah, essa humana! Agora que ela vem me buscar? O cacete que vou embora! Agora que comi pizza de frigideira, pude me pendurar nas cortinas, até entreguei alguns insetos para o capacho dela. E ele ficou todo feliz! Ele não é tão assustado e xarope como ela! Oh, o humano entendeu que eram presentes.

Sem contar que ele tocou aquele objeto vermelho e me disse que se chamava guitarra! Orra, é da hora! Quando comecei a dar cambalhotas, ele me disse que era um gato roqueiro! Da hora!

Por isso estou aqui escondido, atrás desse amontoado de livros, papéis e até escondi meu rabo! Eles não vão me achar. Fico quieto, como fosse uma estátua em meio aquela bagunça. Até fico ressabiado que eles pararam de me chamar. Humanos! Vá entendê-los! Mas, vai que... será que eles estão me procurando de forma soturna? Não! Impossível! Humanos são barulhentos e por um detalhe bobo, eles entregam as suas presenças. Idiotas!

Bom, acho que já dá para sair do esconderijo, não? Espero que ela tenha desistido da ideia de me levar para casa. Começo a me aproximar da porta me escorando pelas paredes até que...

O quê? Vi a humana passar na minha frente e... ela está no colo do barbudo? Coloco a minha cabeça de forma cautelosa para o lado de fora. E... eles fecharam a porta? Agora, sim! Essa porta só vai ser aberta amanhã de manhã! Quanto aposta? Sem água e sem comida! Saio de fininho e me encaminho até a área de serviço. Ah, qual é? O cachorro sarnento mandando a língua na minha água.

Me sento e o olho inconformado! Ele sai correndo tão rápido que só vejo uma sombra passar por mim! Grande e bobo! Isso que você é! Me aproximo da água e ela está... TODA BABADA! Vontade de enfiar as minhas unhas naqueles olhos de peixe morto! Hum... Peixe! Que fome! Inconformado, volto para cozinha. A luz continua acesa e... Olha, olha, têm coisas para comer em cima da mesa. Não penso duas vezes e pulo. Cheiro algumas bolinhas que parecem castanhas. Tem cheiro bom e mordo. Hum, isso sim é bom. Devoro mais alguns e aí vejo, a cabeça daquele desgraçado tentando alcançar minhas iguarias. Tento unha-lo, mas ele me escapa.

Cachorro idiota! Escroto! Tonto! Pega um punhado e sai correndo. Ah, mas ele não me escapa. Vou até a sala e tudo está escuro. Nisso você não tem medo, né, Barnabé? Minha audição fica aguçada. Está acontecendo algum zum-zum naquele quarto. Por curiosidade chego mais perto da porta.

Há vozes da minha humana com o humano. São abafadas, fininhas, quase em falsete! Hum... ela se divertindo e eu aqui no escuro com esse idiota! Bebeu da minha água, ficou me provocando! Ah, tenha dó! E aí sinto alguma energia esquisita do meu lado. Quando vejo, quem está do meu lado?

Ah, vá! Sabe o que vou fazer? Vou comer mais daquele treco doce que está muito bom!”

*******

“ Vou ficar aqui! Vou sim! Espero o momento certo para sair daqui. Quero voltar com a mamãe! Ela me deixou dormir nos pés dela. Com os abajures acessos, na minha caminha. E ainda me acordou tão fofa! O papai é muito bonzinho, mas ele fala sempre que preciso perder meu medo de escuro.

Parece que a cozinha ficou silenciosa. Saio de fininho para ver o que está acontecendo. Olho e não tem ninguém. E me dá uma sede. Cheiro e sei que não é meu pratinho, mas bebo a água. E bebo praticamente tudo. Quando fico nervoso, me dá sede. Não sei o porquê. E sinto que alguém me vigia. No momento que viro para trás, lá está ele... aquele gato maledeto! E com uma cara que vai me unhar. Saio correndo para sala e me escondo atrás do sofá. Mas ainda assim fico com fome. Não sei se é bem fome, mas sabe quando você sente uma vontade de comer algo? Pois é, estou assim.

Volto devagarinho para cozinha. O gato está em cima da mesa. Coloco minhas patas com cuidado para vigia-lo e lá está um monte de bolinhos que parecem ter açúcar. Pego alguns pela boca e quando vejo o gato me encarar, saio correndo de novo. Agora sim! Vou me esconder atrás do sofá e me deliciar! O papai já tinha me dado alguns desses. Ele me disse que se chama churros! Bom, viu? Nossa, deu até vontade de pegar outros.

Coloco a minha cabeça para fora. E nem sinal do gato. Vou devagarinho para não fazer barulho. Mas tem uns ruidinhos baixinhos. Afino a minha audição e minhas orelhas se levantam. Vem do quarto do papai. Hum, será que ele se machucou? Coloco pata ante pata para que aquele gato estúpido não venha me atacar. Me direciono para o quarto do papai, sempre atento aos barulhinhos. Parece que... Será que...Chego aos pouquinhos na porta do quarto do papai. E de novo, encontro aquele gato traiçoeiro. Ele está com uma cara de poucos amigos. E com cara que vai entrar lá, nem que para isso arranhe a porta até se tornar em fiapos. Mas duvido que ele consiga! Rá!

Sento-me do lado dele e o encaro. Ele tenta me unhar e acertar meus olhos. Ah, é? Vou morder essa orelha idiota que vive em pé! E saio correndo! Ele vem atrás de mim e como tem um tapetinho no meio do caminho, ele tropeça e escorra nele, indo de encontro à parede entre a porta de entrada e a cozinha. Viu, xarope? Sou mais esperto que você! Enrolo meu rabo e vou dormir na poltrona do miniescritório do papai. Empurro a porta com focinho. E pronto. Aprendi esse truque sozinho. E como ele ficou tonto com a pancada na cabeça, aliás, ele já é tonto, nem vai reparar para onde fui. Dou voltas em mim mesmo para me acomodar. E ouço, alguém dizendo, de modo abafado:

— Esperei tanto por esse momento!

— Eu também, meu amorzinho!

Hum, pelo jeito, o papai ganhou a noite”.

*****

Algumas horas depois...

A espero sentado no sofá.

— Vamos, Gi! Senão vamos nos atrasar! – aviso para minha namorada.

Ela aparece de legging preta, sapatilhas da mesma cor e um minivestido com a cara da Amélie Poulin estampada. Agora ela prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e está maquiada. Quer saber? Minha namorada é linda de qualquer jeito, seja bem-vestida, seja... ai, ai... que corpo! E que pele macia... Controle-se, Júlio, você precisa trabalhar!

— Vamos? – ela me convida.

Ernesto está sentado num canto com cara de poucos amigos. Parece até que dormiu mal. Bem... azar o dele! Porque por mais que goste do gato, o folgado tem um lado instável, sem contar que ele me atrapalha às vezes. Mas ainda seremos bons amigos... Espero!

— Vamos! – digo para ela.

Dou um selinho em minha amada e ofereço o braço. Quando estamos saindo do seu apartamento.

— Posso te pedir uma coisa? – me indaga tímida.

— Hum... depende... – brinco. – Mas o que seria?

— Podemos repetir a dose ainda hoje? – me indaga.

Não tem como não abrir um largo sorriso.

— Mas não tenha dúvida! – e dou uma piscada.

Nada como uma sexta-feira, não acha?


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Notas finais do capítulo

Escutei daí um: Rolou, Brasil! Rolou! Aeeeeeeeeeee

Garotada, gostaria de dar as boas-vindas para os novos integrantes: a Mel Blande e o Testu que favoritaram a história. E à Eye Candy, que começou a nos acompanhar! E à Senhorita SM que favoritou e acompanha a gente! Um grande beijo para cada um!

Hoje não tem glossário porque foi de leve, fala aí! Mas o próximo capítulo...
Gi é desafiada pelo Júlio! Ou seria ela que o desafia? Então... até sábado que
vem

Beijos e boa semana!



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