Chamem os Bombeiros escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 27
Olhos de tigre


Notas iniciais do capítulo

Geeeentem! Esse capítulo dedico à honrosa diva, senhora do
barraco: Cristina Rocha, apresentadora do programa Casos de Família, exibido
no SBT.



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Bicha! Que dia! Jogo meus equipamentos na mesa da sala dos fotógrafos. Bufo com todas as forças. Que ódio disso!

— Tudo bem aí, Felipe? – me pergunta a minha bolotinha preferida, Décio.

— Dá um tempo, meu ursinho!

Ele larga a coxinha que estava comendo com guaraná. Francamente, esse Décio não tem fundo, não?

— Não me diga que você foi para campo com...

— Com a maldita sapato cheiroso!

— A Melissa? – indaga baixinho.

— Não, your stupid! Fui com a princesa Kate! Claro, que devia ser com essa... essa...

— Asquerosa!

— Isso! – concordo com meu dedo indicador.

— Coma alguma coisa para dar uma espairecida.

Deu vontade de falar: “Vou comer sua bunda, posso?”. Mas fico quieto por que, né? Do jeito que o Décio é, vai me perguntar: “É gostoso? Que gosto tem?”. Bem... vou parar por aqui.

Procuro o controle remoto porque PRECISO de algo para distrair, enquanto baixo essas porras de fotos, mandar na casa do caralho... ops, para o pessoal da Redação e zarpar daqui.

Imagina uma repórter que fica histérica por tudo! Gente, para! Para tudo! Quem deve ficar histérica sou eu aqui, tá? Ela é grossa, estúpida e prepotente. Se tem pinto no meio, meu bem, aí começa: gargalha alto, joga o cabelo como se estivesse em comercial de xampu, dá tapinha no ombro, faz caras e bocas! Para que fazer a pergunta simples e direta para a entrevistada? Me fala! Gente, não dá, não!

Sem contar que fomos a campo com Coelho. A bicha velha é gaga. Disse gaga, de gagueira. Não Lady Gaga, meu bem! E aí podemos completar também com gagá! Primeiro se falo: Vila Leopoldina. Eu disse: Vila Leopoldina e não Ponte dos Remédios, né? É! Se ele tem GPS? Tem, meu bem, mas me pergunte para mim se funciona. Para piorar bem, tive que ligar o meu Google Maps no celular para orientar aquela coelha sem direção! Porque, ó, ele disse: “Ninguém é mais rápido do que o coelho”. Também concordo, mas que adianta se o coelho é míope, estrábico ou sei lá, e principalmente sem direção?

Completando aí, aquela insuportável dando pitchi porque estava calor e o ar-condicionado da “barata tonta”, ops, do Coelho, estava quebrado? Me poupe!

Acho o demônio do controle remoto, ligo a TV e procuro algo para ir escutando enquanto faço as minhas coisas aqui. Bicha do céu! Achei! Vou de Casos de Família e ver a diva do barraco, Cristina Rocha. Me lembro que ela estava no salto quinze e foi fazer uma graça. E não é que essa bicha maldita, escorreu e caiu? E aí, não é que mesmo manca, ela lacra tudo! Veio monte de bombeiros acudi-la. Cruzes! E a Cris fez a festa: “Quero tudo apertadinho!”. Fraturou o tornozelo, mas não perdeu a compostura e disse: “Vamos continuar o programa!”. Lacrou tudo, perua!

O assunto é mais do mesmo. Mas como adoro um barraco, é bom e distrai. Oh, só! A mulher quer pegar a “amiga” no palco porque ele disse que é melhor do que o dragão na cama, por isso o marido a trocou. Bapho!! Bapho!! Também a desgraça é uma baranga.

O Décio vem com refrigerante pro meu lado. Hello! Olha meu corpinho aqui, boy! Mas, vou, né? Vou me matar de açúcar por hoje. E ferver na Lôca de noite. E bem que podia ter mais jaulinhas para me pendurar, fala aí?

— A Gi faz falta aqui. – o meu colega pensa alto.

— Pois é! Apesar de que agora ela só quer ficar penduradinha no barbudinho, né?

— Mas eles estão namorando de verdade, né? Dá um desconto, Felipe. – diz o Décio.

Ok, confesso, por um lado fiquei bem feliz pela nossa pequena terrível. Mas por outro lado, sinto falta das nossas fofocas, e suposições que acontecia fora e dentro da redação. Hoje, ela ficou em casa, gripadinha. E o Júlio foi a campo com Murilo. Sortudo esse barbudinho.

“Olha aqui sua perua! Ele me quer, não você!”. – grita a “amiga” na TV.

“Vou arrancar esse cabelo de arame!”. – rebate a coitada da amapô.

“Cabelo que ele me pagou! Você tá toda barangada!”.

E não é que o desgraçado, feio como o cão, fica vendo as duas se pegarem no palco com cara de paisagem? E a diva Cris só rindo. Essa amapô do mal! A amo!

Escuto uma gritaria maior, mas parece que não condiz com as mesmas falas da TV. Abaixo o som com o controle remoto. O Décio me encara e inclina o queixo como quem dissesse: “olhe para trás”.

E lá está ela, cacarejando como uma galinha. Melissa está berrando com... Oh, Deus! Tenha piedade dela! Logo com a Juliana? Rá! Fight cats, baby! Cutuca a oncinha, cutuca!

Até paro o que estou fazendo e me aproximo na porta para ouvir o que rola.

— Escuta aqui! – diz a Melissa com as mãos na cintura. Até parece uma açucareira! – Por que você mudou todo meu texto sobre o Pateo do Collegio? Tinha falado para manter Pateo do Collegio! Com es e dois eles. Entendeu?

A Juliana continua focada na tela do notebook prestando atenção ao que está escrevendo. E simplesmente ignora a amapô.

A bichinha nojenta pega o texto e joga sobre o teclado do note. A Juju para de digitar a encara.

— Você está ficando surda? – indaga com ironia. – Será por causa da idade?

A Juju captura o ar de um jeito, que me deixa arrepiada de medo. Cruza os braços, encosta-se na cadeira.

— Me faço de surda com certas pessoas. Porque a idade me fez esperta e sábia para quem devo doar meu tempo.

— Décio! – o chamo baixinho.

— Hum!

— Desgraça para de comer esse salgadinho de camarão e pega o meu celular em cima da mesa, pô!

— Pra quê?

— Bicha! Vai ter treta! Mas tava demorando uma coisa assim... Mais emocionante do que filme Rocky, o lutador.

Mesmo com meu coração em pane pelo ursinho pegar o meu celular com os dedinhos engordurados, não posso deixar de acompanhar a treta.

— Você nunca deveria ser chefe, concorda? Afinal, precisa ouvir as outras pessoas...

— Pessoas como você? - indaga a Juju. Oh, a coisa engrossou. – Pessoas como você que frisa fontes como Datena e o Gugu? Oh, sim! Ler outras mídias, jornais e revistas também são fontes.

— Sou popular, querida! Não tenho culpa que me chamam para cobrir o Teleton.

A Juliana pisca lentamente e responde cínica:

— Você vai no Teleton, Melissa porque conseguiu contato lá e...

— Consegui porque sou mais comunicativa e agradável que você...

— É... agradável porque você deu para o cara que organiza o evento, querida! – levanta a voz um pouquinho acima do tom. E isso faz com que o povo ao redor pare todas as suas atividades.

— Pois bem, ele foi meu namorado e você não tem nada a ver com isso.

— Mas é assim que você age, que-ri-da: dando tudo que deve ser oferecido sem ser de fato jornalista.

— Quer saber? Você é recalcada porque está dentro de uma redação e não sai mais para rua. Ops, isso porque precisa de cadeira de rodas, né? Não aguenta mais correr!

Vejo o rubor no rosto da Juju tomar conta. A Juju de cadeira de rodas é ruim, hein? Que nada, o jeito que essa garota faz acontecer é digno de a Lady Gaga ter recalque dela, isso sim! E consegue ser mais espalhafatosa do que a minha musa Britney Spears. E ah, ela não vende o corpo pra conseguir as informações, viu, periguete? Ai, que ódio! Ouço a treta, enquanto digito para a Gi. Ela precisa saber disso. E a bichinha demooooooora para responder. Deve estar dormindo, como a Bela Adormecida, sonhando com o barbudinho, quer apostar?

Vejo a Ju levantar-se da cadeira que faz aquele barulhinho irritante de ter sido arrastada. E aí, a pequena fera coloca as mãos na mesa, se inclina para frente e a encara. Como diz a galera, “a porra ficou séria!”.

— Bem, Melissa, você pode me provocar o quanto quiser, afinal não sou eu que na reunião de pauta dispara que uma judia usa burca!

Uhu! Essa doeu! Lembro disso, foi uma vez que estávamos discutindo uma reportagem diferente para colocar no especial do Dia das Mães, e uma das ideias era comparar uma mãe judia com a italiana. Não tem aquela piada que o filho não queria comer e a mãe italiana diz: “Come senão te mato!” e a judia fala: “Come, senão me mato!”? Pois é, pura ironia. Mas não sei o porquê cargas d’água a Melissa perguntou se a judia aceitaria sair na foto sem burca. Hello! Quem usa burca são as muçulmanas do Afeganistão e Paquistão, ridícula!

— Erros, todo mundo comete, meu bem! Quer saber? – ela se inclina mais ainda para a Juju. – Isso é recalque do meu profissionalismo, beleza, simpatia e ainda por cima posição social.

— Ah, aí estão boas razões para me morder de raiva de você. Mas acontece que, querida, enquanto você brincava de Barbie, cheguei aqui no jornal, fui para Brasília e cobri política. Consegui monte de furos e sem contar que meu nome é conhecido. Diferente de você que trabalhou como estagiária em uma revista de bairro, e era conhecida mais pela namorada do “cara do lava-rápido” que fazia trambiques com venda e troca de carro do que sua qualidade de escrita.

— Não tenho culpa se sou querida e você não!

— Ah, é? Você está mais oferecida sem ser querida! Aposto e ganho que mais da metade do jornal te odeia!

Ela dá uma risadinha insolente e dispara:

— Isso é pura inveja! Rica, bem-sucedida e moro num bairro...

— De coxinhas, periguetes, novos ricos endividados, com carros brancos enormes que parecem monte de geladeiras andando para lá e para cá, sem contar dos restaurantes com comida de plástico. Onde um carro tem mais valor do que uma vida humana! Oh, sim, morremos de inveja de você!

— Escuta aqui, meu bem! Não tenho culpa que você não pode morar...

— No Tatuapé?

“Ai, vai diva! Joga esse tribufu no chão! Samba com salto quinze que estamos esperando”, penso.

— Nasci lá! Sei com propriedade do que falo! Você representa tudo que tenho asco no bairro! Prepotência, ignorância e falta de educação reinam porque na mentalidade de vocês: “tenho dinheiro e faço o que quiser!". Pois é, só não se esquece uma coisa: Lá é ZL! ZL! Tá entendendo?

A redação fica em pane! Fico imaginando a cara do Silvester Stallone visse que essa treta daria mais bilheteria do que o seu filme Rocky. Que demais, Bee!

— E outra, - se vira a Juliana massacrando a maldita. – Vou colocar sim, Pátio do Colégio, porque ninguém é obrigado a aturar essas pernosticidades.

Vai, bicha! Amei isso! Pernosticidades!

— A assessoria de imprensa vai te processar, sua vaca!

A Juliana pega o texto dela, amassa o papel em bolinha e joga na cara da amapô. Ela quase pula no pescoço da Juju. A maldita só foi salva pelo gongo porque o Murilo a segurou e o Júlio veio por trás da Ju para não revidar.

— Me larga que vou quebrar a cara desta velha!

— Sua periguete desclassificada! Seu cartão de crédito é uma navalha já dizia o Cazuza! – berra a Ju. – Não tem onde cair viva, mas morta você cai em qualquer lugar!

— As duas para minha sala, agora! – berra o chefe.

— Pronto, fodeu! – fala baixinho o Décio.

— Desgraçada, queria que ela fosse mandada embora hoje mesmo. – penso em voz alta sobre a Melissa. Maldita seja!

******

Escutou ao longe o barulho do interfone. Estou sonhando ou está tocando mesmo? Mas o que me traz à realidade é a dentada que o Ernesto dá em minha mão.

“Acorde, humana! Interfone!”.

— Calma, Ernesto que a mamãe está tonta.

“Você sempre foi tonta, humana!”.

Meio cambaleante chegou na cozinha e atendo.

— Sim?

— Senhorita Giovanna, o senhor Júlio está aqui. Posso manda-lo subir?

— Sim!

Desligo o aparelho e me olho. Estou um trapo. Passei o dia de pijamas, descabelada, um caco só. Vejo a cozinha, tem louça suja, mas a comida e água para o Ernesto não faltou. Ah, dá um tempo! Hoje não estou bem. Minha cabeça dói e a coriza que não me deixa. Vou até o banheiro para lavar o rosto e prender o cabelo que está uma bagunça. E só foi o tempo de fechar a torneira, a campainha toca.

Bem, com pique que estou não dá nem vontade de me arrumar. Quer saber? Se o Júlio me ama, me aceite doente e desarrumada também.

Assim que abro a porta, ele não fala nada, só me abraça. Me solta, deixa mochila no chão e volta me abraçar. Retribuo, mas, ele pode pegar gripe, né? Tento me afastar e o encaro.

— Você realmente está a fim de uma gripe, né?

— Estou é preocupado com você. - Fecha a porta e me encara. – E como você está?

— Tomei remédio, mas me deu um sono e...

— Se alimentou?

— Fiz uma sopa de aveia.

Ele faz uma careta. E vou ter vontade de comer bacon?

— Se hidratou? Bebeu água?

Faço sim com a cabeça.

— Então faz o seguinte, vou até a padaria compro alguns frios, faço um lanche para você e para mim.

— Tá bom! – mas me dá uma tontura e ele me segura.

— Gi, você está fervendo! Vamos, tire esse pijama!

— Ei, estou doente, não é para aproveitar! – digo meio grogue.

— Não, sua doida! Seu pijama é de... flanela? Você tá doida? – me indaga, me pegando no colo. Ele me leva até o banheiro e me coloca dentro do boxe.

— Onde está a sua toalha?

Ele vai me dar banho? Hum? O que tá rolando?

— Gi! Sua toalha? Onde está?

Aponto. Ele coloca a toalha alto do boxe. Pega um banquinho e regula o chuveiro para o frio. Fecha suas portas e diz:

— Toma banho gelado para baixar a temperatura!

Abro um pouco a porta para dizer:

— Vou morrer congelada!

Ele me encara, cruza os braços e diz:

— Você que escolhe: se sofrer hipotermia, dá para salvar. Pior se dá uma convulsão e morre!

— Hum?

— Febre alta dá convulsão! Bela irmã de médico, hein?

Sai e fecha a porta. Rangendo os dentes, tiro o pijama, abro o chuveiro e lá vem aquele jato de água fria. Qual é? Quer me torturar?

Resmungo e escuto ao longe.

— Pode reclamar! A senhorita está com uma febre alta. E a voz vai aumentando até que ouço a porta abrir e aparecer do alto do boxe meu robe de cetim.

— Veste isso e sossegue!

E ainda de novo ouço a porta bater. Tomo meu banho gelado e lavo a cabeça. Meu corpo arde em febre, agora deu para sentir. Escuto uns miados revoltados do Ernesto. Será que ele está atacando o Júlio? Ai, caspita, preciso ir logo.

Fecho o chuveiro, procuro a toalha e me enxugo. Visto o robe, calço os meus chinelos e procuro meu pente de madeira para desembaraçar os cabelos. O Júlio bate na porta.

— Já terminou?

— Sim!

Assim que ele a abre fala:

— Venha que comprei os frios e pães. Gosta de pão integral, né, pequenina?

Faço sim com a cabeça. Ele que me desculpe, estou aérea demais, querendo voltar para a cama.

— Deixa só eu secar os cabelos.

Ele respira fundo bravo. Hum, acho que o Ju não gostou da ideia.

— Você sabe que pode piorar sua saúde, não sabe?

— Ah, qual é? Só vou secar os cabelos!

Ele fecha a porta, mais bravo ainda. Hei, já tenho um pai, não preciso de dois!

Depois de um tempo, vou até a cozinha. Lá estão frios, pães e um suco de laranja. E fico pasma! O Ernesto... O Ernesto está comendo alguns grãozinhos de ração na mão do Júlio?

Fico paralisada na porta da cozinha e ele me encara. Sorri e diz:

— Tenho meus métodos.

Continuo o olhando e sento na cadeira. Ele conseguiu conquistar o bichano? Isso é surreal. Tento quebrar o gelo perguntando:

— Como foi na redação hoje?

Ele me vira com um sorriso cínico e me responde:

— A Juliana colocou a Melissa no seu lugar.

— Ahãm? No meu lugar?

— Não, bobinha! A Juliana colocou a Melissa no lugar dela!

Tento disfarçar porque estou sabendo tim-tim por tim-tim porque o Felipe me contou. Mas... Para não decepcionar meu namorado, digo:

— Então me conte tudo!

******

Pronto, ela dormiu. Fico olhando para minha pequenina desfalecida na cama. Os cabelos espalhados pelo travesseiro, com a cabeça levemente inclinada para o canto. Os braços no alto da cabeça. Se fosse mais sacana, poderia aproveitar desse seu momento de fraqueza. Mas cá para nós? Seria um tremendo de um canalha. Não, não dormimos ainda juntos, mas que tenho vontade, tenho!

Mas não quero forçar a barra. E parece que ela também não. Quando acontecer que seja o mais natural possível. Levanto e vejo o Ernesto com as duas patas no pé da cama, me observando. Até gosto do bichano, mas ele me assusta. Sei lá, me encara como um gato gigante querendo roubar a sua dona. Se bem que, já vi uma reportagem que os gatos nos encaram como gatos. Maluco isso, mas talvez tenha lógica.

Ele me segue com o olhar enquanto caminho para porta, coloco os tênis e pego a minha mochila. Olho para o relógio, e decido que antes de ir embora, vou ligar para dona Belinha perguntando se está tudo bem com o Mozart. Essa gentil senhora é minha vizinha e ela se oferece a ficar com meu cachorro quando preciso ficar por mais tempo na rua.

Agora, preciso ir embora e fico estudando uma maneira que não acorde a minha pequena. Deixar a chave na portaria? Não, não é uma boa ideia. A Gi terá que pedir ao porteiro para ir até aqui e abrir a porta para ela. Olho para o vão da porta e penso. É isso!

Tiro a chave principal do molho, sob a observação do Ernesto. Abro com cuidado a porta. E quando vou sair, o gato chega mais perto de mim.

— Tchau, Ernesto! Cuide bem de sua dona, viu?

“Uhum! Que novidade! Desde que me conheço como gato e vivo nessa casa só isso que faço!”.

A fecho devagarinho e a tranco. Me abaixo e passo por debaixo da porta a chave. Enquanto chamo o elevador, envio uma mensagem para Gi.

“Meu amorzinho! Estimas melhoras! Se precisar é só me chamar! Não a tranquei não ^~^ Fechei a porta e passei a chave por debaixo dela. Só espero que o Ernesto não engula! XD”

Depois completo:

“Beijos e te amo!”.

Assim que dou enviar, o sinal sonoro me avisa que o elevador já chegou no andar.


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Notas finais do capítulo

E aí, travesti? Gostaram do POV? Tinha que ser ele, o rei do glamour! Felipe! E para tudo!! Vamos ao glossário que está riquíssimo hoje!

Glossário – Chamem os Bombeiros
Olhos de Tigre – O título do capítulo faz referência à música-tema do filme “Rocky, o Lutador”, estreado pelo Silvester Stallone, em 1976, dirigido por John G. Avildsen, e ela não nada mais é que a conhecidíssima “Eyes of Tiger” do grupo Suvivor.
Pitchi – O mesmo que piripaque, ataque histérico.
“Vou de Casos de Família e ver a diva do barraco, Cristina Rocha.(...)” – Como já disse, Cristina Rocha é a apresentadora do programa Casos de Família, exibido atualmente pelo SBT. O caso dela ter caído no palco aconteceu em 15 de dezembro de 2014 e foi ao vivo. Se você quiser ver a cena, é só acessar aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=JLIi_GM-3bk
E ela realmente foi atendida por bombeiros!
A Lôca – clube GLBT na região central da cidade de São Paulo, e se localiza na Rua Frei Caneca.
Barangada – feia, com falta de cuidado.
Fight cats, baby! – Algo como “Briga de gatos, baby!”. Tem um barato (e fetiche) de briga entre mulheres. Vai entender...
Pateo do Collegio - é um sítio arqueológico, localizado na região central da cidade de São Paulo. Ali foi levantada a primeira construção da atual metrópole, quando o padre Manuel da Nóbrega e o famoso José de Anchieta estabeleceram um núcleo para fins de catequização dos indígenas no Planalto. Tudo financiado, é claro, pela Companhia de Jesus, Portugal.
Teleton – é uma maratona televisiva que tem como objetivo principal arrecadar fundos para o AACD, hoje exibido pela mesma emissora do Casos de Família, SBT. O programa foi primeira vez ao ar em 1998, sob o comando de Hebe Camargo. Nesse ano está programada para acontecer entre os dias 30 e 31 de outubro.
“(...)dispara que uma judia usa burca(...)” – aqui é tremendo erro crasso! A roupa burca (aquele que esconde o corpo da mulher dos pés a cabeça, deixando apenas os olhos à vista) é usada por mulheres muçulmanas.
“(...)Lá é ZL! ZL! Tá entendendo?(...)” – ZL, usado carinhosamente para se referir à Zona Leste de São Paulo. Há certa fama (injusta aliás) que é uma das regiões mais atrasadas da cidade. Tem alto índice populacional, trânsito caótico, vários focos de enchentes quando chove forte, entre outros problemas. É uma fama antiga, que aos poucos, tem sido modificada. Ainda bem!
Seu cartão de crédito é uma navalha já dizia o Cazuza! – trecho da música “Brasil”, do cantor e compositor Cazuza. Traduzindo é: ela usa uma navalha em vez de um cartão de crédito para comprar o que quer. Hahahaha
E é isso aí! O próximo episódio... É cheio de mistério e revelações... E de um personagem dos mais sossegados da história... Quem será? Oooooh! Mas isso, só no próximo sábado! Obrigada por comentar, ler, gostar, participar e se divertir com a história! Beijos mil!



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