Chamem os Bombeiros escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 14
Ernesto X Mozart ou seria... Mozart X Ernesto?


Notas iniciais do capítulo

Que UFC que nada! Isso sim que é luta! Fight! E boa leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/552798/chapter/14

“Estou sentado na beirada da poltrona e com mau-humor. É que a maldita da humana não chegou até agora! Minha água e minha comida acabaram! Você sabe o que é isso? VOCÊ SABE O QUE É ISSO?? Fico ‘azedo’ quando estou com fome! E com sede ainda? Piorou!

Opa! Ouço o sinal sonoro do elevador. Cacetada, hein, mulher? Quer ver que é ela? Desço empolgado da beirada da poltrona e vou em direção à porta. Sinto a presença dela e... de mais alguém? Oh, não! Sinto um cheiro esquisito. E arfa! Arfa? Não, não pode ser!

— Oi, meu amor! Mamãe voltou! – ela me diz, quando abre a porta. Agacha em minha altura e acaricia minha cabeça.

Mas aquele treco que arfa parece que está mais perto... Miro os meus olhos para o lado direito da humana. E lá está ele! UM CACHORRO!!! Dou dois passos para trás, e começo a arrepiar. Desculpe aí, mas uma coisa que não engulo são cachorros!

— Ernesto, querido! Esse é o Mozart! Ele vai ficar essa noite aqui com a gente. – avisa.

Sinceramente? Tenho vontade de voar no pescoço dela. Mas o encaro e mio: ‘ela me pertence, entendeu imbecil?’. O negócio peludo com quatro patas chega perto de mim e me cheira com curiosidade. Agora sim, meus pelos ficam eriçados e silvo para o bicho. Ele arregala os olhos e dá dois passos para trás. Começo a deixar meu corpo arqueado como quem dissesse:

— Você não é bem-vindo, seu sujo! Você fede, sabia?

— Ernesto! – a humana me chama brava - não é assim que se faz com o amigo!

Se inclina ainda mais para frente com as mãos na cintura. E ela me ameaça:

— Se aprontar alguma coisa para meu novo amigo, fica sem água, sem comida e sem patê!

Como que é, humana? Estou me controlando ao máximo, mas é hora de mostrar para ela quem manda na casa! Mostro os dentes e silvo mais alto! Eu que mando aqui, entendeu? ENTENDEU?

O bicho sujo e peludo faz alguns ganidos e se esconde atrás dela. Covarde! Tinha que ser um cachorro! Quer povo mais covarde do que cachorro? Idiotas, energúmenos! Nem cair com classe, eles sabem! E não se lavam, não se limpam! Dependem tudo dos humanos! Bando de dependentes, inúteis!

E sou surpreendido com fala mais alta da humana:

— ERNESTO! Você já está passando dos limites! Cadê os modos? Tiro seus brinquedos, entendeu?

E ela segue até onde estão minhas bolinhas e meus ratos! MEUS RATOS! E até ameaça a tirar meu pequeno labirinto do qual fico dependurado! Dou uma ligeira e encubro as minhas coisas com meu corpo. Ela para na minha frente com um olhar desafiante.

— Ernesto! Ele é visita, e é apenas essa noite! Não te dei a liberdade de maltratar as minhas visitas.

E o aquele saco de pelos sujos dá uma latida de alerta. Vão à merda, entenderam? VÃO À MERDA! Convidado! E desde quando um cachorro é um bicho convidado nessa casa? Quando ela ameaça a pegar um dos meus queridos bichinhos com a mão, não sei o que me dá! E a unho! E unho com gosto!

— ERNESTO, CHEGA!!!

E o saco de pelos sujos dispara ganidos mais baixinhos. A olho com um ódio fulminante. Ah, é? Agora ele é seu amigo? Então fique com ele! Vai ver que o nível de inteligência dos dois é mais próximo do que nossa relação, né?

Dou uma dentada com raiva e fujo. E me escondo. Não me pergunte como, mas com jeito consigo entrar debaixo da máquina de lavar.

Só a escuto reclamando e indo de lá para cá e aquela coisa arfando, arfando, atrás dela! Como ele ousa profanar a minha casa, o meu espaço? Eles não se limpam, e quando comem, deixam a ração cair da boca! Sem contar que comem com a boca aberta. Bicho mais fedido e anti-higiênico. E burro! Burro!

— Vem, Mozart. A mamãe adotiva vai dar sua comida e ERNESTO VAI MORRER DE INVEJA. – fala mais alto.

Estou escutando, viu? Escutando!! Ela sai com aquela coisa arfando como uma máquina e desliga a luz da área de serviço e... FECHA A PORTA DA COZINHA! E a ouço aquela coisa horrorosa se afastando. Saio com esforço do espaço da máquina de lavar. E fico surpreso quando... Ela me colocou água e comida novas. Cheiro e percebo que ela misturou aquele saquinho de patê que gosto tanto. E começo a comer. E não sei o que me dá... Estou triste. Triste e arrependido. Arrependido, não, né? Bem, um pouco. Afinal, a humana me dá tudo, mas... Onde está com a cabeça trazer aquela coisa horripilante? Bem, enquanto como minha ração, fico aqui pensando... Preciso fazer algo para desmoralizar aquele idiota. Afinal, sou mais inteligente do que ele, ponto!”.

******

“Mesmo com medo, vou no carro da moça boazinha. Aliás, é um senhor que dirige. E fala comigo:

— Ah, então você é famoso Mozart? – diz ele. É gordinho, calvo, mas bem falante. Acho que se chama Jura. A moça boazinha disse que o papai está doente, mas volta amanhã. Dou uma choradinha, e ela me puxa com jeito para que deite a minha cabeça nas pernas dela.

— Nossa, como você é grande e peludo! – ouço. E faz carinho na minha cabeça.

— Quisera que seu pai fosse tão manso e fácil de lidar como você!

Não entendo muito bem que ela quis dizer, mas acho que ela se referiu ao papai. O nome dela é Giovanna. E disse que sou hóspede.

Chegamos à casa da moça. Aliás, é um prédio como o que moro com papai. E subimos no elevador, junto com outro cachorro pequenininho. Juro que penso que é um rato, mas não é, não. Ele me olha curioso e desconfiado. Só por precaução não o encaro e olho para os lados. Apesar de que a dona do pequenino me acaricia a cabeça. E logo depois descemos.

A moça boazinha me guia, mas logo na porta sinto um cheiro estranho. E não é de cachorro. Será que é o gato? Nossa, me esqueci completamente dele. A moça boazinha coloca as sacolas no chão com as coisas dela e as minhas. E procura a chave na bolsa. Enquanto ela abre, diz:

— Espero que vocês se deem bem.

Mas assim que ela abre, aparece o gato. O porte dele é imponente e nos olha desconfiado. Disfarço para que ele não sinta a minha presença. Não sei... não confio em gatos. Eles são traiçoeiros. E sempre que brinco com um deles, querem me unhar. A moça boazinha se agacha e diz:

— Oi, meu amor! Mamãe voltou! – e acaricia a cabeça do bicho.

Ele abaixa a cabeça para receber carinho, mas de repente, sente a minha presença e me encara. Com aqueles olhos faiscantes. E a moça boazinha fala:

— Ernesto, querido! Esse é o Mozart! Ele vai ficar essa noite aqui com a gente.

Chego mais perto, mas com receio. Tento fazer amizade, mas ele me encara, se arrepia e solta um silvo. E mia, mia de um jeito! Parece que ele me chamou de sujo! Eu não sou sujo, não! O papai disse que sou cheiroso! Mas me assusto porque o miado dele é tenebroso e dou dois passos para trás. A moça boazinha dá uma bronca no gato e ameaça que vá pegar todos os brinquedinhos.

E pegue mesmo! Malcriado! Vou dar uma choradinha para tentar conquistar a moça boazinha.

Mas aí quando ela diz ao gato:

— Ernesto! Não é assim que se faz com o amigo! Se fazer alguma coisa para meu novo amigo, fica sem água, sem comida e sem patê!

Aí o bicho fica maluco. Mia mais alto como alerta que vai nos atacar. Ai, ai! Vou me esconder atrás da moça boazinha, porque já senti na pele aqueles dentes fininhos. Caramba, parece agulha, sei lá!

Quando ela ameaça que vai pegar um dos bichinhos, ele a unha e sai correndo. Os dois brigam mais ainda. E aí, ele foge para se esconder! Olha, uma coisa que tenho medo é de gato! Eles conseguem se esconder muito bem! E mesmo quando brinco de esconde-esconde com papai, ele sempre me acha. Diz que é por causa do meu rabo.

A moça boazinha vai à área de serviço e vou atrás. Ela lava as minhas tigelinhas e as do gato. Fala alto, parece querer provoca-lo. E eu abano o rabo. Preciso apoia-la, ué? Mas sei que ele está por lá. E fico meio apreensivo porque ele pode aparecer do nada e me morder!! E aqueles dentinhos! Caramba, como dói a dentada feita por eles!

Só sei que ela coloca ração no potinho do gato com um treco que parece patê e depois a água. E aí me serve na minha tigelinha ração e na outra, água. E coloca o dedo indicador nos lábios pedindo silêncio. Ela apanha as minhas tigelinhas e pede para segui-la.

Com dificuldade, ela apaga o interruptor. Tentei ajuda-la com a pata, mas ela foi mais rápida. Desliga com nariz!! Não sei como ela faz isso, mas acho bem legal! E com o pé, ela empurra a porta da área de serviço. E eu a sigo. Ela coloca as minhas tigelinhas no corredor e me diz:

— Vou tomar banho e já volto. Pode comer sua comidinha! E vou colocar o seu cone longe do Ernesto. – E olha em volta.

Vai até a sacadinha e o coloca lá. Junto com o jornal. Pronto, se tiver vontade de fazer xixi ou cocô, é só ir lá. Ufa! Apesar de que ela me levou para passear, enquanto aquele moço gordinho nos esperou.

— Já volto, já!

Ela entra no quarto e depois no banheiro. Poxa! Ela tem um banheiro no quarto! Que legal! Começo a comer minha ração. Que fome! E depois vou para a água. Quando termino, dou uma explorada no apartamento. Ele parece menor do que vivo com papai, mas é mais arrumadinho e cheiroso. E aí, sinto alguém me olhando.

Quando viro, lá está ele: o gato! Na porta entre a cozinha e a sala. Disfarço e não o encaro. Ele está fixo em mim. Francamente? Ele me arrepia, mas já está me deixando de saco cheio! Vontade de ir lá e dar uma dentada! Sou maior que ele, pô!

— Vem, Mozart! Vem nanar, vem! Fiz uma caminha para você! – me avisa a moça boazinha. E vou atrás dela.

Parece que ela nem repara que o gato está lá! Fico pensando: como ele conseguiu sair de lá? A porta estava fechada! Será que ele ficou pulando até abrir a maçaneta? Sei que os gatos podem dar até voadora no ar!! Isso me dá uma raiva!

O bicho nos segue com o olhar. Quando entro no quarto da moça boazinha, ela fecha a porta na cara do gato. Bem-feito!

— Espera que a mamãe vai se trocar! – diz enrolada em uma toalha.

Quando dou a volta em mim mesmo para me acomodar na caminha que ela me fez, ouço algo arranhar a porta.

Só pode ser aquele gato. E aí ele começa a miar. A moça boazinha aparece de pijama, olha para mim e depois bufa:

— Mozart, mil perdões pelo incômodo, mas preciso dar uma bronca no meu filho.

Ela abre a porta e ele se joga todo faceiro mostrando a barriguinha.

— Você não tem vergonha na cara? – indaga.

Ele se vira e se senta. E chega perto de mim. Tá na cara que é para atacar.! O celular da moça boazinha toca e ela se vira para busca-lo.

— Quem será essa hora?- a ouço dizendo.

O gato me encara, silva baixo e levanta a pata. Sou mais rápido, dou uma dentada na orelha dele. E me enfio debaixo da cama. Ele tenta correr atrás de mim, mas é impedido pela moça boazinha que larga o celular gritando:

— Ernesto! Fora, agora! A PARTIR DE HOJE VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO.

Fico deitadinho com as patas cruzadas, encaro bem o gato que me olha incrédulo. Arfo mostrando a língua.

É... nem sempre os gatos são mais espertos!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Rá! Se surpreendeu com o vencedor, hein? Hahahahaha
Sei que o público se dividiu. Tem alguns que amam o Ernesto e outros são fãs de carteirinha do Mozart. Oh, gosto dos dois. Cada um tem suas particularidades genuínas! E todo mundo torcendo por esse encontro! XD
Hoje não tem glossário porque estava de boa, fala aí!
Mas queria agradecer ao Nuno que começou a acompanhar a história. Boa leitura ;)
O próximo capítulo... A Gi acordou com pé esquerdo e nós iremos rir muito! XD
Beijinhos e até o próximo sábado e ah... Feliz Natal



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Chamem os Bombeiros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.