Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 12
"Oportunidades"


Notas iniciais do capítulo

Hum, oi! Eu realmente estava enrolada com esse capítulo, mas graças a uma pessoa incrivelmente maravilhosa, eu terminei. Então eu acho que esse capítulo tem que ser dedicado a essa pessoa legal, fantástica e tão fofa que simplesmente fez a primeira recomendação da história! Deus, sério, muito obrigada mesmo, AndromedaEnen, foi a coisa mais legal que já aconteceu! Espero que gostem c:



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Clove

Eu estou certa de uma coisa: Eu tenho que achar um jeito de dormir.

Tudo soa como uma má ideia que eu nunca deveria ter tido.

– Cato? Posso dormir aqui?

Ludwig afasta um dos travesseiros ao redor da sua cara e se apóia em um deles para levantar o rosto. Se ele espera uma dessas mortes lentas, não acordar com o barulho de uma porta de metal sendo arrastada é um jeito digno de consegui-las.

– O quê, Fuhrman? – ele balbucia, me olhando de olhos cerrados como se nada oferecesse perigo.

Eu sei notar boas oportunidades. Essa é uma delas. Dou meia volta.

– O que você queria, Clove?

Não é Clover, nem Clovely. Nem Fuhrman, nem meu amor. O bebê Ludwig está cansado e só quer que isso termine logo.

Continuo andando de volta para a porta.

– Eu ouvi você gritando – Cato diz, suspirando e afundando outro travesseiro.

– Se importa se eu dormir aqui?

– Não. Era isso que eu dizer. Vem.

Amanhã eu vou pagar por isso. Enobaria e eu vamos me martirizar até parecer que algo me fez entender que é idiota. Eu preciso matar Ludwig. E o deixar jogar o braço ao meu redor não é um jeito bom de deixar isso claro.

– Você sabe. – Falo, fechando meus olhos.

– Cada palavra.

– Mas você... Cato, não me abraça.

Apesar de ele continuar fazendo isso, eu estou quase dormindo quando alguma coisa encosta no meu pescoço. A boca dele.

– Você vai me matar, Cato?

– Eu vou.

– O quão limpo isso vai ser?

– Você não vai sentir nada.

– É uma promessa?

– Eu prometo.

Esse é um momento estranho. Entre Ludwig e eu nunca houve conversas como essa. Eu nunca presumi que pudesse morrer, mas como eu também nunca presumo que ele possa, então toda a situação é estranha.

– Bom.

Eu não costumo sussurrar, mas a proximidade e a minha sonolência parece pedir isso. Ele ainda tem os braços ao meu redor, encostado em meu pescoço como se farejasse algo. Quando ele chega muito perto da minha boca, viro o rosto.

Em algum momento, eu só caio no sono. Apesar disso, meu último pensamento consciente é: Não dê as costas ao inimigo. Não feche os olhos. Não deixe o inimigo te abraçar. Não durma com ele.

[...]

Clove – Distrito 2. 09h18min, 04/12

Felizmente só encontro Cato de novo no café da manhã. Enquanto escolho umas frutas, ele sorri para mim. Ele só quer que Nyra perceba. Me viro e sorrio até meus olhos se fecharem, levando uma xícara de volta para a mesa.

– Dormiu bem? – ele pergunta, Enobaria e Brutus o olhando como se ele fosse carne morta.

– É. Acho que sim – me sento, agora confrontando esse olhar patético de Nyra. – E você, querida? Teve uma boa noite?

– Não tanto quanto vocês – ela fala dando de ombros, entre risadinhas inicialmente concebidas para serem sagazes, de certo, mas agora se parecendo com constrangimento.

Bebo uns goles dessa coisa e continuo a fitando por cima da xícara. Agora ela é a carne morta.

– Eu não acredito em vocês – Enobaria rosna, batendo um copo na mesa.

– Se vocês querem levar isso adiante – Brutus começa, parando pra morder uma rosquinha porque ele não pode mesmo nunca parar de comer -, tenham peito pra na hora virarem gente e saberem: vocês vão ter que enfiar uma faca na garganta do outro.

– Isso é o que uma pessoa da Capital está dizendo – Cato diz. – Eles inventam essas histórias patéticas desde sempre porque isso é o que eles são. Eles te adoram ridiculamente e são patéticos com essas coisas doentes deles de gente dormindo junta.

– Oh! Cato... – a mulher ofega, sacode a cabeça, perde as palavras até começar a chorar e sair correndo.

– Não se atrevam a mentir pra mim – Enobaria diz. – Ninguém está dizendo uma palavra a vocês, mas tenham a decência de assumir isso mais tarde.

– É sério – começo, sacudindo a cabeça.

– Não. Esse assunto está encerrado. Se algo é colocado na mesa oito anos atrás e nunca houve um plano cumprido, então presume-se que os envolvidos saibam o que estão fazendo – ela continua discursando, dando de ombros.

– Eu estou dizendo a vocês: Pro inferno com essa palhaçada doentia de vocês, eu digo foda-se para o que vocês vão fazer pra se virar e pra puta que pariu cada uma das histórias que tem por trás dessa – Brutus para, arregala os olhos e faz aspas com os dedos – proximidade. Eu quero um vitorioso no meu distrito e foda-se como.

– Ok. Fantástico – falo, voltando a passar manteiga no meu pão.

– Eu fui claro, crianças? O tio quer dizer que esse é um problema que só as cabecinhas de vocês podem resolver agora, tudo bem? O tio espera o melhor. O tio quer um de vocês em casa – ele continua falando, mexendo a cabeça como se estivesse deploravelmente bêbado. É pior pra ele. Ser ridículo assim sóbrio.

– O tio devia ir se foder – Cato resmunga, mas nenhum deles escuta.

Depois de ter escovado meus dentes, encontro Ludwig encostado na porta do elevador, falando com Brutus de novo.

– Ah, lá vem ela – o mentor revira os olhos e faz uma cara debochada. Franzo meu nariz com a sua voz de falsete enojada. – Eu não quero atrapalhar nada, bebês.

– Digo o mesmo – entro no elevador e aperto o botão para fechá-lo. Eles o seguram e Ludwig entra, cruzando os braços e se encostando na parede.

– Você pode fechar seus olhos – ele dá de ombros. – Eu não me importo.

– Até porque não é da sua conta.

E eu estou bem hoje. Eu levanto meu rosto. Olho para frente. Não estou caindo. Estou bem.

– Sabe o que o Brutus me disse?

– Isso não é um tipo de segredo afetivo? – falo, rindo e erguendo as sobrancelhas. Cato odeia que riam dele, mesmo que ele seja sempre minha piada. Então como se eu me importasse, fecha a cara. – Ah. Você quer que eu pareça curiosa?

– Eu quero que você vá pro inferno.

– Eu já vou de qualquer jeito – dou de ombros e entro na sala, vazia exceto pelas duas pessoas que eu mais quero mortas depois dos foguinhos.

– Teve um bom sono, Cato?

Rambin passa direito por mim. Como ela não é boa o suficiente para valer uma virada de pescoço, ando para a minha seção.

Ainda tem pouca gente quando ouço passos se aproximando.

– Ei, Clove.

– Ei, Marvel – resmungo, mexendo com os botões para alterar o movimento dos meus alvos. De braços cruzados, sorrindo e andando com o chutar de pernas de alguém poderoso, ele nunca pareceu mais ridículo.

– Não vai dar oportunidade pra mais ninguém, hã? – ele ri. – Sabe, você está controlando isso aqui desde ontem!

Me viro para ele, encostada na estrutura dos botões.

– É, parece que sim. Sabe, ninguém dá oportunidades nos Jogos, então eu pensei “eu já estou nos Jogos. Não há oportunidades. Há o melhor”.

– Você pensa como o Cato – Quaid agora tenta fazer uma cara de mau.

– É? Eu me esforço pra não deixar isso transparecer.

Não posso evitar revirar os olhos. Uma pessoa de quatro anos não teria medo disso. Volto meu corpo para frente e escolho umas facas melhores.

– Eu sei que você se esforça – ele coloca a mão na faca que eu tinha decido jogar da próxima vez. Decido escutá-lo, tentando não sorrir. – Mas Cato também parece achar que não há oportunidades. Ontem, quando ele disse aquelas coisas – Marvel ri e aponta para o refeitório como se lembrássemos de um momento engraçadíssimo na nossa amizade -, foi como se ele dissesse que ninguém enxerga oportunidades, entende? Como se só houvesse ele tentando ser o melhor.

– Ah, sim. Entendo – digo, o olhando perfeitamente nos olhos.

– Ok, eu sei dessa coisa de “só o melhor dá as ordens”, mas... Todo mundo aqui poderia ser o melhor.

– Sim. Você, inclusive – curvo os lábios pra baixo, balançando a cabeça.

– Quem sabe? – parece que eu disse algo em que concordamos. – Cato não vai poder cuidar de você pra sempre, Clovinha. Ele pode não ser o melhor, quem sabe? E se, Deus nos livre... – ele faz uma pausa dramática – o melhor não estiver interessado em cuidar de você?

Marvel sorri pra mim, saltando nos pés e erguendo as sobrancelhas. Sorrio de volta. Quando me canso, suspiro amigavelmente e ainda sorrindo, pergunto o que realmente importa:

– Alguém roteirizou esse discurso pra você? Deus, você se expressa tão bem! – coloco uma mão em seu ombro.

Fechando a expressão de um jeito patético e cômico, vejo claramente a palavra “VADIA” passando por sua cabeça enquanto ele puxa minha mão pra longe e sai batendo os pés, chateado porque não foi do jeito que ele queria.

Ok, esse cara do 1 agora quer me matar porque o Cato quer ser o líder e pareceu que eu tenho algo a ver com isso. Passo o resto do dia rindo.

Depois do almoço, um pouco chato porque meu amigo não fala comigo quando Ludwig está perto, eu me junto aos outros para dar pontinhos para os concorrentes. Marina não participa e Glimmer tem uma voz irritante, então esse é um jogo no qual Marvel é a minha principal diversão. É tipo “Ei, Marvel, concorda com o que o Cato disse?” “Ah, Cato, Marvel acabou de me dizer o contrário”.

Eu tenho uma diversão interessante, na verdade, até o foguinho com um braço legal tentar subir numa rede. Uma ousadia ridícula, já que estava virando árvore e não precisava vim nos mostrar suas “habilidades”.

Eu fico um pouco... acuada no começo, porque ele faz as coisas do jeito certo. Eu estou prestes a jogar uma faca nele, porque pessoas do 12 não merecem "oportunidades", eu não sou boa nisso e nunca atingi essa altura. Mas como eu também nunca caí com esse nível de vergonha, deixo pra lá e rio com meu companheiro perigoso e intenso do 1.

Então o foguinho feminino vem, o ajuda a levantar e, então, de uma hora para a outra, ele está jogando pesos em cima das estruturas com as lanças!

Claro que Marvel se ferrou e isso é maravilhoso, mas. Ele tem essa força. Ele jogou coisas pesadas que poderiam me matar em dois minutos. Ele já tem Patrocinadores.

Qual é o problema com essa porra de gente do 12? O que ele faz?, levanta alguns ossos dos que morreram com mais de cinquenta quilos? Amontoa carvão e faz exercício?

Eu me canso de Quaid. Não falo mais com o Cato. Volto a jogar minhas facas e eu sei que esse 12 não vai me causar problemas se estiverem mortos antes do relógio marcar os primeiros vinte minutos. Eles não vão ter mais nenhuma oportunidade para serem os melhores.


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Notas finais do capítulo

Então. Eu tenho uma recomendação! Posso pedir pelo menos dois reviews, bebês? Eu realmente, realmente mesmo, acredito que vocês possam fazer isso, porque aí eu postaria rápido e escreveria o que vocês gostariam de ler e amaria vocês ainda mais e, de repente, eu poderia parar de stalkear vocês. Bom. Ok. De qualquer jeito, muito obrigada por lerem c: