Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 11
Pertencendo à morte


Notas iniciais do capítulo

Oi! Voltei com o Cato narrando o treinamento e todos esses acontecimentos barbaramente surreais que rolam nos Jogos. Espero que vocês gostem e que, por favor, comentem c: Boa leitura.



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Cato

Ouço os ruídos e viro minha cabeça a tempo de ver Clove chegando. Ela avança lentamente como se estivesse cansada. Olho direto para as marcas embaixo dos seus olhos.

– Atrasada novamente! O que é que eu vou faz...

– Deixa ela – ergo uma mão para Nyra sentada do outro lado da mesa, notando enquanto Clove se senta o tom estranho no seu rosto. Eu estou ocupado demais tentando descobrir o problema com a ela pra ouvir as idiotices dessa mulher. – Tudo bem?

Fuhrman enche um copo com suco e faz que sim com a cabeça.

– Tudo.

– Não parece.

– Tudo bem.

Ela bebe dois goles como se tivesse o pior gosto do mundo, afasta a cadeira e volta pro quarto. Ainda temos uma hora antes do treinamento, mas eu pensei que nós iríamos descer mais cedo. E por que Clove está voltando pra cama?

Se Fuhrman estiver doente, eu vou ter um grande problema.

– Pode arranjar um remédio pra mim? – falo para Nyra. Ela imediatamente agarra meu braço.

– Está com alguma dor, querido?

– Não – bebo um último gole do suco, chegando para o outro lado para que ela me largue. - É para a Clove. Ela não está bem.

– Oh! Claro! – ela franze o nariz e os lábios estranhos enquanto fala “Clove” para um funcionário. – Eles vão levar até ela, assim você pode continuar a tomar seu café!

– Eu vou levar.

Me levanto e espero encostado numa parede longe dela o cara voltar com um comprimido mínimo. Aceno com a cabeça e vou até o quarto.

Fuhrman está deitada de lado. Ela não se vira para mim. Tem alguma coisa errada.

– Aqui – mostro o comprido na palma da minha mão. Ela franze as sobrancelhas e se senta enquanto pego a água.

– O que é isso?

– Você está doente. Esse é um remédio.

– Como você...? Eu não estou doente – Clove exclama, puxando o remédio da minha mão.

– Respondendo sua primeira pergunta, eu sei uma coisa ou duas sobre você.

Fuhrman franze os lábios e pega o copo da água.

– Leve até a boca. Simplesmente beba. Não é tão difícil – falo gesticulando, impaciente com a sua hesitação. Quando ela o faz, larga tudo na mesa de cabeceira e volta a se deitar. – Qual é, Clove, levanta!

– Talvez eu esteja mesmo doente. – Ela resmunga, afundando a cara no travesseiro.

– Você vai estar lá na hora?

– Claro.

– Bom. Então eu vou para o outro quarto.

Não soa como eu. Nunca há esse tom de embaraço nas minhas frases.

– É, você vai. Não vai querer ser contagiado – Clove fala... Amargamente.

Ela deve querer ficar sozinha descansando. Não tem a ver com “contágio”. Sacudo a cabeça e bato a porta, entrando logo no outro quarto para a mulher não me ver.

Eu espero que Clove se levante e venha me chamar para descermos logo contando com o efeito milagroso do comprimido, mas não há nada. Quando me canso e fico ansioso, volto para o seu quarto. Só para uma visita.

– Ah. Você voltou.

– E você continua do mesmo jeito.

– Já está na hora? – ela pergunta, se levantando.

– Quando você estiver pronta, Clovely.

Fuhrman prende os cabelos e calça as botas do uniforme.

– Onde é a dor?

– Em todo lugar. Parece que... – ainda abaixada para amarrar os cadarços, Clove olha pra mim, ri e sacode a cabeça. – Esquece.

Vejo seus movimentos lentos e cuidadosos.

– Você pode ficar. Faltar hoje ia dar uma boa impressão – digo, enquanto ela avança atrás de mim.

– Não para os idealizadores. Não para Brutus, não para Enobaria.

Fazemos a viagem em silêncio até o elevador começar a descer e Fuhrman fechar os olhos.

– Você está doente de verdade, Clove, é melhor voltar.

– Não é isso.

– O que é então? – agarro seu braço. Se ela desmaiar, polpo trabalho.

– É só... Não é da sua conta – ela abre os olhos, mas ainda não soltei seu braço.

– Que você tem medo de altura? É sim – falo, sorrindo da sua idiotice de achar que eu não saberia disso. – Você não sobe em árvores, sobe? Passa a droga de um dia inteiro pra escalar uma rede.

– Ah, cala a boca, Cato – Clove estala a língua, passando a mão no rosto.

– Você tem medo de cair e aí só fecha os olhos quando o elevador está descendo.

– Esse é um problema meu.

– Eu sei – respondo tranquilamente. – Mas uma garota desmaiada com uma plaquinha escrito “2” nas costas é problema meu. E eu estou dizendo, é melhor a gente subir.

As portas se abrem enquanto eu ainda estou agarrando seu braço. Ela se solta e encara os outros tributos, num círculo. Saio na sua frente, apertando os punhos.

– Nós não nos conhecemos – Fuhrman sussurra, enquanto andamos para a primeira fileira, perto do pessoal duvidoso do 1.

– Era o que eu queria – resmungo.

– Oi – Glimmer fala, sorrindo e acotovelando o garoto.

– E aí?

– O que você acha? – Marvel, acho, pergunta, sorrindo e olhando para os outros tributos. Ele inclui Clove na visualização. Se ele faz algum pensamento inocente acerca dela, eu estou satisfeito de saber que ele já está morto.

– Está bom pra mim – respondo, cruzando os braços e olhando para frente de novo. Esses caras do 1 não gostam da Fuhrman. Meu anúncio vai ser feito ainda hoje.

Os últimos a chegar são os brasinhas. A instrutora começa a falar tudo que já me ensinaram palavra por palavra no 2, então não perco meu tempo. Enquanto isso, analiso cada um dos concorrentes, parando para encarar nos olhos os que têm um suposto potencial.

Eu quero essa garota brasinha morta nos primeiros doze minutos. Ela é arrogante demais, andando com essa trança como se fosse passível. Vai ficar linda com uma espada atravessando o estômago.

Clove me encara quando começo a rir, de braços cruzados. Silenciosamente, ela diz “por favor”. Ela tem uma troca de olhares interessante com o cara do 12 e o do 11. O primeiro é um homem morto. O segundo ainda é negociável. Mas ele não parece muito interessado na sua vida, pelo jeito que ergue as sobrancelhas pra ela.

Quando somos dispensados, sou o primeiro a avançar para as espadas. A maioria deles para pra tentar descobrir minhas técnicas. O treinador chega e me cumprimenta, perguntando se preciso de um pouco de dificuldade. Me viro para Clove. Ela sorri antes de Quaid aparecer ao seu lado, segurando uma faca.

Se isso foi uma ameaça patética como pareceu, ele desiste quando me vê olhando. Aceno com a cabeça. Ele vai para outro alvo, Fuhrman o observando com um sorriso incrédulo antes de se virar pra mim e sacudir a cabeça. Ergo as sobrancelhas, apontando Marvel com a cabeça. Ela dá de ombros e volta a treinar.

Olho para Glimmer praticando a “sua preferida” arco e flecha. Ela é uma droga. Já errou quatro vezes em cinco lançamentos. 2 e 1 não vão ser melhores amigos esse ano.

A hora do almoço chega exatamente quando fico com fome. Os esfomeadinhos correm para a sala, mas fico para trás esperando Clove.

– Ele ameaçou você? – pergunto baixo para ela, andando vagarosamente.

– Pode ter tentado – ela responde dando de ombros, sorrindo. – Ele é um cara divertido. Tem tanto medo de você.

– Você consegue lidar com isso?

– Claro. É só desespero.

– Ele consegue acertar algumas vezes – dou de ombros. – E as dores?

– A sua namorada tem uns remédios bons.

Enquanto fazemos nossos pratos, Clove aponta para a menina do 4. Estalo a língua.

– Fuhrman, eu disse “não”.

– Qual é, Cato, você sabe que precisa dela! Olha bem para os nossos aliados – eu me viro para a mesa. Glimmer e Marvel estão rindo como pessoas de cinco anos de idade. – Esse cara me mostrou uma faca!

Penso nas opções. Se por um acaso Clove ficar sozinha e desarmada com o 1, eu teria um problema. Mas se Fuhrman conseguir a lealdade com a 4, as chances seriam melhores.

– Chama ela – falo.

– Ah, querido, eu te amo – Clove exclama como Nyra, sorrindo e me dando as costas.

Coloco meu prato em cima da mesa lentamente, para que eles reparem minha presença. Sorrindo, Glimmer se desvencilha de Quaid. Fico calado até Clove voltar com a garota.

– Essa é a Marina – ela apresenta tediosamente, se sentando de frente para mim, ao lado de Quaid.

– E aí? – digo, enquanto Marina se senta ao lado de Clove. Olho para ela, sorrindo enquanto chega mais perto de Marvel. - O que você gosta de fazer? – continuo, ainda mantendo um olho neles.

– Tridentes. Lanças – a menina fala enquanto come, olhando ao redor. – Todas essas coisas do 4, sabe?

– Sei. Marvel usa lanças também, não usa?

– Uhum. Eu uso – ele responde, me encarando. Sorrio.

– Então você tem outra concorrente.

– Eu tenho um monte deles.

– Então eu suponho que você deva saber disso. Todo mundo precisa saber – anuncio, parando de comer e olhando cada um nos olhos. Aponto para Clove, a única que não está com os olhos em mim. – Ela é minha. Eu vou matar ela.

Fuhrman ergue os olhos para mim, franzindo as sobrancelhas antes de sorrir cinicamente, sacudindo a cabeça.

– Se qualquer um de vocês, por qualquer mísera razão que seja, tentar botar a mão nela antes de mim, você vai estar morto. E eu não estou especificando qual vai ser sua aparência no final. Se eu ver ou se ela me contar ou se eu imaginar qualquer um a cercando, não digam que eu não avisei. Eu avisei. E isso ficou claro para todo mundo. Não ficou?

Espero enquanto todos eles acenam imediatamente com a cabeça o suficiente. Depois sustento o olhar de Clove. Estão esperando que ela me confronte. Ela simplesmente continua me encarando, sorrindo.

Ninguém fala mais nada. Se eles ainda podem fazer isso.

– Vai falar com o cara do 11? – Clove pergunta atrás de mim na fila do treinamento obrigatório, mais tarde.

– Agora não. Vamos assistir primeiro – respondo, vendo uma menina cair e machucar o nariz.

Ele faz um bom trabalho, mas eu ainda estou bocejando. Falamos com ele amanhã. Quem precisa não sou eu.

Passo o resto do dia rindo dos outros tributos e mostrando a eles o jeito certo de fazer. Quando termina, entramos no elevador com todos esses caras.

– Sabem. Isso não vai ser muito difícil – Quaid finge bocejar, se encostando na parede. Eu sorrio para Clove.

– Eu não teria tanta certeza disso.


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Notas finais do capítulo

Então. Só a lindamente gentil Mrs OShea comentou no último. E seria indelicado comentar a quantidade de leitores e até falar sobre esse pessoal que favorita, mas se vocês se esforçassem só um pouquinho pra me animar a postar mais rápido, a gente deveria ter um número maior de comentários. Por favor, gente, eu não sou uma pessoa tão intragável assim, sou?
De qualquer modo, obrigada por lerem, eu vou continuar a stalkear vocês, até mais e beijos c: