Linhas Borradas escrita por Iulia


Capítulo 1
Rochas Opacas


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que seria interessante falar oi pra todas essas pessoas novas! Bom, oi! Eu costumo ser a CloveGraceDelacour por aqui e vou escrever os pontos de vista do Cato e da Clove, porque é só isso que eu sei fazer. Espero que esteja tragável c:



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Clove

Enobaria me disse uma vez que sentimentos eram coisas que fracos inventavam como desculpa pra perderem. Essa mulher tem sido o meu modelo de perfeição por muito tempo, mas ela estava errada. Eu nunca vou ser fraca. Mas eu estou sentindo.

Desde que me deram a notícia, me fitam com o tipo de olhar ansioso que crianças estúpidas destinam a seus pais ao compartilhar uma notícia que lhes parece incrível.

– Ainda faltam quatro meses para que eu faça dezesseis.

– Você não vai vacilar agora, sua idiota – Enobaria sibila no meu ouvido, mostrando os dentes como uma recordação de que quem tem mais poder aqui é ela. – Eu é que sei de quem está pronto ou não, eu os treinei. E a Clove está.

Os três outros membros do conselho me encaram profundamente agora, suas velhas faces enrugadas, tentando interpretar o que meu silêncio sinaliza.

– A Fuhrman é ou não o tributo feminino dessa edição? – Brutus rosna, impaciente.

Meu pensamento se mistura e se condensa quando eu tento pensar sobre isso. Quando me dou conta, o instinto já resolveu a questão em meu nome.

– É claro que eu sou.

– Coloque o nome dela.

Junto toda a conformação e saio da sala impassivelmente, me preparando para o momento em que vou me dar conta de tudo isso. Meus planos foram arruinados. Minha preparação foi desperdiçada.

Apresso meus passos para o vestiário. Agora não é o momento certo. Nunca vai haver um. Fechando a porta com o máximo de rapidez que eu ouso exercer, obtenho um vislumbre de seus cabelos. E eu estou presa aqui.

Adio ao máximo meus pensamentos seguintes. Demoro no chuveiro. Penteio meus cabelos com o cuidado que eu nunca tive. Arrumo minha mochila.

Então abro a porta. Eu não me importo. Não é minha culpa.

– Por que demorou?

Cato não precisa de um segundo para se dirigir a mim, descruzando os braços e se desencostando da parede.

– Não te interessa.

– Como é que é? – ele agarra meu braço me fazendo girar, rindo. – A Enobaria acabou com você de novo, Clover?

Eu não respondo. Não me movo. Não deixo de o mirar cuidadosamente, imaginando que tipo de reação monstruosamente bestial ele vai ter quando souber que vamos juntos para os Jogos Vorazes.

Internamente estou esperando que ele nunca se dê conta de nada. Mas eu sei que as coisas não vão ser mais como antes e a mudança tem que partir de algum lugar.

– Qual é o seu problema hoje? – Cato me solta, lançando meu braço no ar como se de repente eu tivesse passado a queimar sua mão, me lançando um olhar até certo ponto magoado, mas principalmente hostil.

Minha mente corre atrás de uma resposta que não o deixe se elucidar para o motivo da mudança, mas que não o deixe ignorar que há uma. Eu escolho o silêncio. O encaro profundamente uma última vez e me desvencilhando de braços inexistentes, saio da Academia pisando duro.

[...]

Atinjo minha meta reforçada exatamente na hora do almoço. Satisfeita por saber que a notícia está espalhada em pequenos bolsões de pessoas, Cato se sentando ao meu lado com uma maçã extra na bandeja é um tapa na minha cara para me fazer enxergar a parte complicada dos Jogos.

– Particularmente cansada, Cravinho? Você trabalhou duro hoje. Merece até uma maçã.

Ele coloca a porção extra da sua dieta no meu prato. É um privilégio glorioso, essas maçãs. Brutus as inclui nas bandejas de quem ele pensa ter potencial para vencer. E Cato não seu deu conta ainda, mas eu já tenho uma na minha bandeja hoje.

Continuo a comer, o ignorando o máximo que posso, fingindo não saber que ele está procurando as poucos razões que poderiam haver para que eu tenha recebido essa maçã. E eu espero por muito tempo no almoço mais longo que já houve, mas não há nenhum confronto. Ele termina primeiro que eu e se levanta.

– A gente se vê mais tarde.

Aceno positivamente com indiferença e depois de comer amargamente as maçãs, volto logo a treinar com mais afinco que nunca, buscando de algum modo suavizar os acontecimentos, como se facas presas num alvo fossem mudar o fato de que vou matar a única pessoa que ousa trocar algumas palavras comigo.

Não que eu me importe com isso. Eu preciso fazer meu distrito orgulhoso. Eu não posso me importar com isso. Cato já vai estar longe.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido e espero que se sintam à vontade o suficiente para comentar o que acharam. Eu estou desesperada por qualquer coisa que me faça melhorar. Obrigada de novo e espero ver você depois c:



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