Amnésia escrita por Dreamer


Capítulo 3
Capítulo 3 - Casa




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Enquanto Alex fugia dos policiais, várias coisas vieram em sua mente, como por exemplo: Como aquela lata de gasolina, aqueles fósforos e o isqueiro haviam parado na sua mochila e casaco? Quando ele pegou a sua mochila ele sentiu apenas o peso normal dos livros, então com toda a certeza alguém havia posto ali propositalmente. E quanto ao casaco? Essa parte não fazia sentido...

Mas quem fez isso e por quê? Talvez só alguém sem nada para fazer ou o culpado pelo incêndio tentando encobrir seus rastros aproveitou uma mochila jogada no canto e colocou a prova lá. Mas e as coisas no casaco? Alex o usou o dia todo já que havia chovido bastante e o dia estava bem frio, então como estaria ali?

Alex continuou correndo e fugindo dos policias até que conseguiu chegar à sua casa. Ele foi pegar a chave, mais se lembrou de que ela estava na mochila, e ela havia ficado na escola. O único jeito seria ir para outro lugar e esperar as coisas melhorarem para o seu lado, além do mais, o primeiro lugar aonde os policiais iriam checar logicamente seria na sua casa.

Mas aonde ele poderia ir? Sua tia morava longe, seus colegas da escola logicamente não o receberiam e seus amigos estavam ou viajando ou estavam com os pais, e tendo os pais não seria uma boa ideia, já que ele não tinha como explicar estar todo sujo da lama de onde havia corrido e o porquê da policia estar atrás dele. Logo, o jeito era ficar em casa, até seria melhor, já que ele poderia tomar um banho e relaxar um pouco. Então ele pulou a cerca que dava até o quintal da casa e entrou na porta dos fundos que estava casualmente aberta.

O garoto entrou e se deparou, na porta da geladeira, com uma pequena mensagem em um pedaço de papel escrito por sua mãe que dizia:

"Filho, saí para comprar leite e ovos, vou fazer um bolo, assim que eu chegar em casa você vai me ajudar. Ps: Não acorde seu tio Paul."

Acontece que Alex adorava os bolos que sua mãe fazia. Porém ela só os fazia em dias importantes. E aquele era o dia em que iria fazer dez anos que o pai de Alex havia falecido em uma missão secreta de batalha.

O pai de Alex era um militar.

Mais especificamente, um coronel. O nome dele era Edward Smith, passou a vida toda a ajudar pessoas do jeito que fosse, era um bom homem, todos gostavam dele e do seu bom coração até aquele dia, o dia trágico em que, no campo de batalha, aviões passaram logo acima do acampamento onde ele estava e com bombas mataram Edward e outros 27 homens que estavam lá, deixando outros bastante feridos.

Todo ano a mãe de Alex, Clara Spencer Smith fazia o seu melhor bolo pela memória do marido (que também amava os bolos dela) e o resto do dia era tirado para ir ao tumulo do pai, fazer umas orações, entre outras coisas.

Mas enquanto Alex pensava isso, levou um susto com um barulho; parecia ser de um porco engasgado. Mas ao se aproximar do som que vinha da sala ele viu que era apenas seu tio Paul dormindo e roncando. Paul era um cara bacana, era irmão de Clara e um dia já foi um grande empresário, até que um de seus clientes limpou o dinheiro de sua conta do banco e logo depois desapareceu com todo o dinheiro dele.

Mas Paul ainda tinha algum dinheiro guardado e, por pouco, não foi à falência. A casa dele estava sendo dedetizada, portanto veio dormir por uns tempos na casa de Clara.

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Alex olhou para o relógio do quarto: eram dezoito horas e treze minutos, e Alex já estava preocupado com sua mãe que ainda não voltara. Paul já havia acordado há uns tempos, mas o garoto só queria falar sobre o acontecimento após sua mãe chegar. Porém ela não chegava.

Depois de um banho, trocar de roupa, comer alguma coisa e ter uma maratona de séries e games como Doctor Who, Brothers in arms, God of War, entre outros, Alex já estava com a cabeça limpa e até perdera a noção do tempo até aquele momento.

Nesse instante a campainha tocou e Alex desceu as escadas para ver quem era. Talvez fosse sua mãe, mas infelizmente não era. Em vez disso eram dois policias e o garoto já sabia por que eles haviam vindo para sua casa: Para deter ele e... Bem... Alex não sabia o que aconteceria depois, mas com certeza não seria coisa boa.

Alex subiu correndo as escadas após a campainha ser tocada pela segunda vez e ficou do outro lado da parede, encima das escadas e lá ficou escondido caso os policias entrassem.

O menino ouviu tio Paul atender a porta e dizer:

– Bom dia! Em que posso ajudar?

– Boa noite você quis dizer, certo?

– Nossa! Já é noite mesmo! – Respondeu Paul com um ar de brincadeira.

– Com licença senhor... – começou a dizer o segundo policial.

– Spencer, Paul Spencer.

–... Senhor Spencer – continuou o mesmo policial -, Eu sou o policial Matt e esse é o policial Jonah, nós queríamos saber se você conhece esse menino.

Alex ouviu um barulho de papel, deu uma espiada e viu que o policial Jonah havia mostrado uma foto de Alex, provavelmente tirada dos arquivos da escola.

– Sim, sim! Esse é o meu sobrinho, Alex. O que houve dessa vez?

Os policiais se olharam.

– Como assim “dessa vez”? Ele costuma se meter em confusão?

Aquela era uma pergunta óbvia, Alex era a confusão em pessoa, tanto que ele já se cansara dessa palavra, era por isso que era Chris era seu melhor amigo, os dois se entendiam.

– Eu acho que sim – Disse tio Paul -, Mas qual é o adolescente que não se mete em alguma confusãozinha?

– Bem, pela ficha de Alex – O garoto acabara de descobrir que tinha uma ficha na polícia – ele costuma fazer em mais encrencas e armações do que um jovem normal se mete.

– E gostaríamos de falar com ele sobre certo acontecimento na escola – disse o policial Matt.

– Acontecimento? O que teria acontecido? – perguntou tio Paul.

– Nós gostaríamos de falar com Alex sobre isso senhor Spencer.

– Desculpem-me, mas o Alex não chegou ainda – mentiu tio Paul.

Sem querer Alex deu um passo para frente para ver a conversa melhor e fez o chão ranger, logo os dois policias olharam para cima da escada e o garoto se escondeu de uma vez atrás da parede de novo fazendo outro ruído.

– Que barulho foi esse? – perguntou Jonah.

– Ah, não deve ser nada, provavelmente é só um rato ou algo parecido.

O garoto tentou ir pelo corredor e chegar a seu quarto, mas assim que tentou dar um passo ele fez mais barulho e dessa vez não parecia um rato, mas sim um ruído feito por alguém.

– Se é um rato, não se importaria em subirmos para ver o andar de cima? – perguntou o policial Matt.

– Hmmm... Claro... Podem ir, sem problemas.

Alex ouviu os policiais subirem. O jovem olhou para trás e teve uma ideia.

Alex fez outro ruído ao andar e bem nesse momento os policiais subiram, porém eles não viram ninguém lá, nem no corredor e nem nos quartos. Talvez Paul tivesse falado a verdade. Logo depois eles desceram, fizeram mais algumas perguntas e após isso foram embora da casa. Paul subiu as escadas, olhou para os dois lados do corredor onde só havia uma planta e disse:

– Saia de onde estiver Alex.

O garoto saiu de trás da planta cuspindo teias de aranha e poeira.

– Cara, há quanto tempo alguém não rega essa planta para ela estar desse jeito?

– É uma planta de plástico, e você deveria estar feliz por que todas as lâmpadas do corredor estão apagadas, se não os tiras iriam lhe ver.

– Sim, eu sei, foi bastante sorte.

– No que você se meteu dessa vez Alex?

E cabisbaixo ele contou o que havia acontecido.

– Alguma coisa não se encaixa.

– Pois é. Como essas coisas foram parar no meu casaco?

– O que? Não, não, não é isso.

– Então o que foi?

– Pense. Se for o culpado quem colocou essas coisas com você, por que ele colocaria um isqueiro e os fósforos se só um deles resolveria o caso?

– Bem, cada um estava em um bolso diferente, vai ver ele pesava que só fosse encontrado um, então ele quis garantir que os policiais encontrariam algum dos dois.

Paul fez uma pausa e disse:

– Veja: Alguns dos pequenos detalhes podem nos ajudar a descobrir quem é o culpado. Como sua personalidade, entende?

– É, acho que sim.

– Então tente descobrir outras pistas. Assim você poderá começar a ter suspeitos e no final descobrirá quem fez tudo isso. Só assim descobriremos o culpado.

– Certo, irei fazê-lo.

– Muito bem! – Paul começou a vestir seu casaco – Olhe, sua mãe me ligou um pouco mais cedo e disse que estava na casa da sua tia, ela falou que era para eu busca-la às dezessete horas, então vou ter que ir agora. Você se vira sozinho?

– Sim, claro. Se mais algum policial aparecer eu finjo que não estou aqui.

– Ótimo. Então, até logo Alex.

E assim tio Paul saiu da casa deixando Alex sozinho. Bem, na verdade ele achava que estava sozinho até que uma voz veio de trás dele e disse:

– Bu!

Alex levou um susto tão grande que deu um salto e viu a pessoa que havia falado com ele.

– Sarah? O que você faz aqui?

– Não é lógico? Viemos te proteger!

– Mas você... Espera. Como assim “viemos”?

Ei Sarah! Vem aqui! – Disse uma voz vinda do quintal.

– Quem está lá fora? – perguntou Alex para Sarah.

– É o Chris, ele disse que iria vigiar a casa.

Os dois foram até o quintal e viram que o garoto tinha imobilizado com os braços um adulto com terno preto, cabelo curtos estilo militar e óculos escuros.

– Chris! – disse Alex – O que diabos você está fazendo?

– Olha ali. – disse Chris indicando com a cabeça uma pistola jogada no canto do quintal – Ele carregava essa arma, mas eu consegui pega-lo.

– Céus! Chris, solta o cara!

– Mas provavelmente ele veio lhe matar.

– Matar? Ele deve ser só um policial! Certo senhor? – Perguntou Alex.

– S-sim, m-mas você p-poderia dizer para o s-seu amigo m-me soltar? – disse o homem gaguejando enquanto era sufocado.

Logo Chris o soltou – ainda meio desconfiado – e o homem rapidamente tirou uma carteira do bolso e mostrou para os três o que aparentava ser...

– Nossa! É uma carteira de nível dois! – disse Sarah.

– É, estou vendo – Disse Chris – Mas o que é isso?

– É o segundo nível de autoridade militar mais poderoso que se tem – respondeu Alex – Mas porque vocês dizem que ele tem uma dessas?

Sarah e Chris olharam para Alex.

– Alex, ele acabou de entregar uma para você – disse Chris.

Ele olhou de novo para a carteira e teve vontade de rir.

– Pessoal – disse Alex – essa carteira é falsa.

Ele explicou que as verdadeiras eram feitas de couro e deveriam ter um selo de autenticidade no verso. Ele aprendera esses detalhes com seu pai antes dele... Bom, Alex não queria lembrar-se desse fato.

– Agora eu entendo – disse Chris – eu também já vi um desses uma vez que uns policiais foram me interrogar – ele viu a expressão dos outros e completou – mas eu era inocente, então me deixaram ir.

– O.K., vocês me pegaram – Enfim falou o suposto policial – bem, parece que eu tenho que trocar esse troço.

O homem pegou a carteira falsificada, dobrou-a e colocou de volta no bolso.

– Se você não é um policial, quem você é?

– Meu nome é Michael McKen – Disse dando uma reverência.

Os três adolescentes se olharam.

– Muito bem “Michael”, o que veio fazer aqui com aquela arma? – disse Sarah apontando para a pistola que continuava no chão.

– Ah! Aquilo? Foi só uma precaução. Poderia haver policiais aqui.

– Isso quer dizer que você é um ladrão?

– Não, não sou! – Michael voltou-se para Alex – digamos que sou um “guarda-costas”.

– Err... – Disse Alex pensativo.

– Alex? – disse Chris.

– Ah, quero dizer... Quem lhe mandou aqui?

– Bem, vocês com certeza já ouviram falar da S.I.O.R.C. certo?

Porém Michael viu nos olhares deles que nenhum tinha a mínima ideia do que significava aquilo. O homem suspirou.

– Ok… Já era de se esperar. Para começar, a sigla que eu falei significa: “Stealthy International Organization for Recognition and Capture¹”.

– isso quer dizer que...

– Sim! Somos uma espécie de organização secreta.

– Tipo espiões? Isso é absurdo! – disse Chris – Acha mesmo que vamos acreditar em você?

– Na verdade acho sim.

– E o que o faz pensar isso?

– Observe.

Michael rapidamente apertou um ponto de pressão no ombro de Chris, deu um soco na barriga de Alex e imobilizou Sarah. Alex ouviu Sarah e Chris gritarem e sentiu vontade fazer o mesmo, porém sua voz não saía. Ele começou a ver manchas coloridas dançando na sua visão.

Ele apenas sentia uma dor terrível e ouvia o barulho de vários passos e Michael falando para os três: “não se preocupem, logo vocês estarão bem”, mas o garoto sentia que ele não ficaria bem tão cedo.

Então finalmente os joelhos de Alex cederam e ele caiu no gramado úmido do seu quintal.


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Notas finais do capítulo

¹em português a sigla significa: “Organização Internacional Furtiva de Reconhecimento e Captura”

Próximo capítulo já disponível!



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