Sim, era ela. Mary parecia mais velha e mais bonita, seus cabelos ruivos estavam mais longos dando a ela um ar mais sensual e persuasivo. Chris a encarava como se estivesse hipnotizado.

Alex pôde ver o quanto ela era bonita e o quanto desesperada ela estava.

De repente, do andar térreo, alguém saiu do prédio da agência e pôs as mãos para cima. Alguns dos homens da Organização pegaram quem tinha saído e o algemaram colocando junto dos outros agentes capturados. Logo o homem que segurava Mary a soltou e a pôs junto do recém-capturado.

– Muito bem – disse o homem – agora restam apenas mais dois. Se Paul Spencer e Amy Ronald não vierem nós não vamos colaborar mais.

Ao mesmo tempo que Alex raciocinou que, se restavam apenas Paul e Amy, tinha sido Michael a se render, a voz deste último soou bem perto de Alex.

– Ei – disse a voz de Michael.

Os outros olharam para Alex que olhou para a pulseira de prata que Michael havia lhe dado e que este ainda carregava com sigo no pulso.

– Michael? – falou Alex aproximando a pulseira da boca.

– Bem, digamos que eu esqueci de avisar sobre a pulseira ter um microfone embutido.

– Por que diabos você se rendeu? – perguntou Sarah se aproximando da pulseira.

– Shhh! Fale baixo, se não eles vão ver que eu estou falando com alguém. – ele fez uma pausa e prosseguiu – Eu tive que fazer isso, se não eles iriam matar a agente, eu sei disso. Após a conversa com Paul eu sinto que algumas memórias começaram a brotar. Esses caras são impiedosos, se eles dizem que vão matar eles esquartejam.

Alex sentiu um arrepio na espinha.

– O que nós vamos fazer? – perguntou Pablo.

– Fujam do prédio! – respondeu Michael – Paul não está em condições de sair e Mary se recusa a ir. Dentro de quinze minutos eles irão destruir o local! Fujam enquanto ainda dá tempo!!

A voz de Michael sumiu deixando os agentes fitando a pulseira de Alex.

– Bem – disse Chris – ouviram ele, vamos dar o fora daqui.

Os agentes concordaram e saíram correndo pelos corredores.

–-------------------------------

De acordo com Alex, a agência tinha setenta e dois agentes jovens e oitenta e oito agentes adultos, dentre esses oitenta e oito, cinquenta e sete não viviam na agência. Chris havia contado os agentes que estavam lá fora e percebeu que todos os agentes juvenis e adultos que viviam na agência haviam sido capturados, o que significava que de alguma forma Henry, Kylle, e Jennifer haviam sido raptados também – e de fato os agentes os tinham visto entre os outros – e que os únicos na agência eram Chris, Alex, Sarah e Pablo, isso sem contar com Amy e o tio de Alex.

Chris, em meio da correria, às vezes dava uma olhadela para Alex e se perguntava se seu amigo pensava no tio sem saber que este realmente estava pensando com o que iria acontecer com Paul.

Mas o que Chris não deixava de fazer era olhar para fora da agência buscando Mary com o olhar.

Sim! Era Mary! Após tanto tempo ele havia a encontrado! Mas sob que circunstâncias?

Chris sentia uma pontada de dúvida e culpa. Dúvida quando ele se perguntava como Mary havia sobrevivido à explosão e culpa quando olhava para Sarah logo atrás dele. Chris sabia que sua decisão estava perto de ter que ser realizada, mas ele tentava encobrir esse pensamento com o objetivo de sair da agência.

Após muito andarem – ou correrem – finalmente os quatro chegaram a uma porta com uma placa em cima onde estava escrito “saída” em vermelho e logo pularam para fora da agência.

Eles estavam na lateral da sede que dava para o bosque que rodeava o local. Logo puderam ver, olhando para a direita, onde seria a frente da S.I.O.R.C. e onde estavam os agentes da Organização, cinco homens conversando, todos armados com rifles, porém um deles carregava consigo uma sniper.

– Será que eles nos viram? – perguntou Pablo e logo ele foi respondido.

Os homens se viraram para os agentes e gritaram “ali estão eles!”.

– Corram!! – disse Chris.

Os jovens agentes correram para a floresta ouvindo logo atrás deles várias pessoas perseguindo eles.

– Melhor nós nos separarmos – disse Sarah no meio da correria – vai ficar mais difícil deles nos encontrarem.

Todos concordaram e tomaram caminhos diferentes uns dos outros. Chris foi para a direita com Sarah, Pablo seguiu em frente e Alex foi pela esquerda. Alex continuava a correr freneticamente como se sua vida dependesse disso – e realmente dependia – até que ele deu uma olhadela para trás e viu que ninguém mais o perseguia. Ele parou, pensando que já tinha despistado os perseguidores e tentou tomar um ar.

Alex começou a arfar em busca de ar para seus pulmões cansados. Onde estava aquela respiração contínua e moderada da corrida? O garoto deduziu que essas coisas especiais que ele tinha só aconteciam uma vez e depois nunca mais aconteciam, o que no momento era uma pena.

Ele olhou ao redor após o coração parar de saltar tentando ver onde estava e percebeu que estava nada mais e nada menos do que perdido. Logo começou a andar na esperança de encontrar um de seus amigos.

Alex esperava não dar de cara com outro agente da Organização, pois ele tinha certeza de que não conseguiria correr. Mas logo Alex se contrariou quando começou a correr em disparada ao ouvir de longe alguém gritar:

– Ali está ele!! Peguem-no!!

Alex continuou correndo dessa vez sem parar e tentando acelerar o mais rápido possível, os homens estavam na cola dele, porém o sniper deles estava com o garoto na mira. O homem disparou a arma olhando pela mira um pouco antes de Alex sair do campo de visão deles e acertou a perna de Alex.

O menino caiu, mas não teve tempo de gritar, pois ele bateu a cabeça no tronco de uma árvore ficando inconsciente e caiu atrás de um arbusto enquanto os homens passavam à procura dele sem o ver.