Alexander Smith acordou logo após uma soneca no meio na aula. E, ao receber a notícia, teve vontade de voltar a dormir.

Naquela manhã mais cedo, ele até que estava feliz. O professor de química não poderia vir para a escola, sendo assim, os alunos iriam sair aproximadamente uma hora mais cedo. Porém o diretor apareceu assim que começou a primeira aula e avisou que esse imprevisto tinha sido resolvido, pois a professora de história iria substituí-lo. Mas Alex não se dava muito bem com história; na verdade ele apenas se dava bem com matemática, filosofia e educação física. Nessas três matérias ele era fantástico, já nas outras ele sempre quase reprovava desde a sexta série.

Aquele dia já ia ruim, mas ainda iria ficar pior. Foi o que ele deduziu assim que dois policiais e um bombeiro entraram no colégio dizendo para todos evacuarem o local. Alex perguntou o que era que estava acontecendo, mas o policial lhe deu um tabefe atrás da cabeça e empurrou-o dizendo para ele continuar a andar com os outros alunos.

Após chegar lá fora, Alex deu uma olhada para os outros: havia carros de policias e bombeiros com todos os trabalhadores correndo de lá pra cá, já os alunos, a maioria estava confusa e se perguntando o que houve, enquanto outros já ligavam para os pais os levarem da escola.

Ficaram por alguns minutos, até que os primeiros pais chegaram e perguntaram a um policial a causa daquele tumulto e após uma breve conversa, o mesmo policial anunciou aos alunos:

– Todos fiquem calmos e prestem atenção! Algum vândalo pôs fogo no campo de futebol da escola. Estamos evacuando o local porque o fogo pode ir além até o prédio central, onde vocês estavam, mas todos estão seguros agora, então se acalmem!

Porém a solicitação de calma do policial não adiantou, pois todos começaram a discutir e a se preocupar. Alguns dos policias tentavam controlar as crianças e os adolescentes, mas eles só faziam mais barulho.

Alex se afastou do local para ligar para sua mãe o buscar, ele foi para perto do prédio central quando ouviu uma voz vinda do alto do lugar pedindo socorro. Alex olhou para cima, era uma garota, mas ele não a reconhecia; o menino viu que provavelmente ela estava presa lá em cima e foi correndo chamar um bombeiro, mas o trabalhador passou direto por ele. Alex tentou chamar a ajuda das pessoas, porém os alunos estavam preocupados consigo mesmos, os policias estavam tentando acalmar os estudantes e os bombeiros estavam indo e voltando do campo de futebol em chamas.

O único jeito era ir o próprio Alex, mas ele estava confuso e com medo.

Porém algo surgiu no fundo da sua cabeça. Um nível de coragem e senso de responsabilidade que ele nunca experimentara. Ele se decidiu.

Deu um suspiro e foi em direção à porta principal da escola.

O local não estava exatamente em chamas, mas quando Alex saiu do andar térreo e foi para o primeiro andar, ele viu que havia já uns traços de fogo, e quando ele subiu as escadas para o segundo andar, viu que estava tudo em chamas.

Alex tentou entrar no andar, mas a parede no lado esquerdo dele desabou e ele pulou com o espanto. Porém ele conseguiu ouvir a voz da garota do outro lado do corredor, na porta aonde dava para a sala que ela estava presa.

O prédio estava queimando assim, de cima para baixo, porque uma árvore que se encostava ao laboratório de química havia pegado fogo e explodido várias coisas fazendo esse efeito.

Nesse momento, um pedaço do teto desabou a poucos centímetros a sua frente. Alex deduziu que era impossível atravessar aquele fogo. Então o garoto viu o buraco em cima dele deixado pelo desabamento e teve uma brilhante ideia: ele iria subir pelo buraco até o teto já que a escada que dava até lá estava do outro lado do corredor então tentaria chegar até a janela da sala.

E foi isso que ele fez. Alex tentou se agarrar à borda do teto, mas não conseguiu. Então ele tentou de novo com um pulo mais forte e conseguiu.

Após se ajeitar na cobertura, Alex foi em direção à borda do teto do colégio e viu que estava logo a cima da janela, bastava entrar lá.

Alex percebeu que um garoto havia notado ele e estava apontando e gritando para ele dizendo:

– Olhem ali! É o Alex! Ele vai salvar a Sarah!

Todos se voltaram com o olhar para onde o garoto apontava e viram Alex em cima da janela e a menina chamada Sarah que era uma amiga de Alex olhando para ele, Alex parecia estar tentando acalmar a garota. Logo todos começaram a incentiva-lo gritando seu nome.

– ALEX! ALEX! ALEX! ALEX!

O jovem ficou feliz com aquilo. Ora, ele era meio excluído dos grupos, não tinha muitos amigos na escola e não se dava bem com os professores, ele já havia tentado se enturmar, porém era difícil, Alex tinha apenas dois amigos na escola toda. Quem sabe depois daquele ato heroico todos começassem gostar dele, inclusive os professores e o diretor fazendo com que as coisas melhorassem para o seu lado?

Então quando ele entrou pela janela viu mais de perto a garota que estava em apuros. Alex era amigo dela. O seu nome era Sarah Kant, tinha cabelos pretos, olhos verdes e usava uma camiseta preta e uma calça jeans um pouco rasgada na perna esquerda. Ela parecia levemente decepcionada ao ver Alex.

– Você... É você Alex? - disse Sarah e o garoto assentiu - Bem, então veio aqui me ajudar ou ficar parado aí?

– Você pode atravessar a janela? - disse ele.

Então Sarah mostrou o braço esquerdo cheio de cortes e hematomas.

– Machuquei o braço quando uma parte da parede desabou em mim.

– Nossa! Deve ter doído!

– É, e doeu mesmo. Como a gente sai daqui?

Alex deu uma olhada pela janela. Alguns bombeiros ouviram o que os alunos disseram e colocaram uma cama elástica para Alex e Sarah pularem.

– Vem - disse Alex - Tem uma cama elástica para a gente pular.

– Eu não sei se consigo, também machuquei uma perna.

Alex a pegou pelo braço bom, a levou até a janela e disse:

– Ou vamos e somos salvos ou ficamos e viramos cinzas, você escolhe.

Sarah parecia zangada, mas após olhar em algum ponto pela janela ela se acalmou e se apoiou na janela dizendo:

– Vamos logo.

Então os dois pularam do terceiro andar.