Passionate escrita por Young


Capítulo 1
Passionate


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Passionate

Porque Sasuke começava a ver-se apaixonado por tudo aquilo que, há alguns anos, predizia ser apenas rosa e irritante.

Escrita por Young

Betada pela Takahiro Haruka

.

Capítulo Único

 

— Obrigado por salvarem o mundo — ele dissera, essa fora sua última frase antes de sumir com um sorriso no rosto e uma lágrima pura e cristalina.

No entanto, ela sabia que o Rikudou Sennin não devia agradecer a ela, Kakashi, ou a qualquer outra pessoa, porque não foram eles que fizeram a diferença, mas sim Ashura e Indra, Naruto e Sasuke.

Satisfeita com os gritos e palhaçadas de Naruto, ela se afastou, sua missão agora era ajudar os feridos, era sua vez de sentir-se útil naquela batalha, de ser a Iryo-nin que sua mestra dissera que ela era e em quem confiara.

Puxou o ar com força quando chegou às tendas médicas, o ar tétrico de carne podre e morta encachaçava seu nariz, fazendo com que seu estômago ameaçasse colocar a comida – ou a falta dela – para fora. Mas o que fizera a seguir apenas serviu para provar a si mesma de que não era mais uma Genin egocêntrica e egoísta: colocou as luvas pretas e entrou na tenda determinada a salvar quantos pudesse até seu chakra se esgotar e ela cair desmaiada no chão.

Fez um rabo-de-cavalo mal feito, ganhando a atenção de todos ali, tanto dos ninjas médicos como dos feridos, e sabia o que eles perguntariam a seguir, sabia que a resposta que eles esperavam era esperança, esperança de que tudo tivesse dado certo e que finalmente aquela chacina tivesse tido um fim. O que fez foi sorrir, um sorriso que não mostrava todos os seus dentes, apenas um levantar de lábios pequeno, porém sincero. E todos ali tomaram como resposta a esperança.

[...]

Passou as costas das mãos pela testa espantando o suor enquanto esticava-se, sentido todos os seus músculos exigirem descanso. Seu chakra já havia se esgotado e o que mantinha era apenas para sustentar seu corpo e ajudar nas tarefas mais fáceis, como fazer pontos e curativos.

Havia se passado algumas longas horas desde que tinha ido para a tenda e o número de feridos diminuíra consideravelmente, sobrando apenas shinobis com pernas, braços ou ossos quebrados e os menos graves.

Passou a mão pelas costas, endireitando-se enquanto pedia para que o próximo paciente entrasse.

Fechou suas mãos e as abriu novamente, distraída com a dor das queimaduras que o uso excessivo de chakra provocava, e não percebeu quando um nukenin de cabelos negros e arrepiados, com olhos ônix, passou pela porta improvisada da tenda. Seu andar ágil e cauteloso não delatou sua presença e Sakura só pôde perceber – envergonhada – que alguém lhe observava, quando a intensidade do olhar desse alguém pareceu perfurar sua nuca.

Ela levantou os olhos para o homem à sua frente, aquele mesmo nukenin que ela passou mais de três anos da sua vida correndo atrás, e agora ele estava ali, diante de si, encarando-a com aqueles orbes escuros intensos, pedindo silenciosamente para ser ajudado.

Sakura percorreu seu corpo com os olhos, procurando qualquer lesão que pudesse ser curada por ela, sem chakra, e facilmente encontrou um de seus braços largado ao lado do corpo, quebrado.

Não se recordava de tê-lo visto com um braço quebrado quando saiu; ele parecia perfeitamente bem.

Fez um sinal para que ele se sentasse na maca e, assim que o fez, pegou em sua mão, puxando o seu braço, e não pôde deixar de notar como se arrepiou com o ínfimo contato de sua mão enluvada sobre as dele. Ignorando as relutâncias de seu corpo de aproximar-se novamente, passou a alinhar os ossos no braço do moreno. Não ouviu um gemido, sequer um pigarro de dor; ele permanecia impassível diante de si, olhos ônix fincados nela.

— Procure não mexer muito esse braço — Sakura disse tentando manter-se firme, porém ele percebeu o quanto ela ficava nervosa quando estava perto de si e o quanto suas mãos tremiam.

Sasuke não se moveu da maca. Aos olhos de Sakura ele permanecia perdido em pensamentos, mas não estava, apenas esperava que ela fosse fazer aquela pergunta, a pergunta que decidiria sua estada em Konoha, mas esta não veio, a dita cuja permanecia fitando-o com aqueles enormes olhos verdes que irritavam-no com tanta facilidade que paciência deixara de ser seu ponto forte naquele momento.

— Sa-Sasuke, se me der licença, tem mais pessoas esperando para serem atendidas — murmurou desviando os olhos dos dele.

Não queria que ele pensasse que o estava enxotando, porque era exatamente isso que estava fazendo, mas ansiava pelo descanso de seu coração, este batia tão forte e rápido que facilmente Sasuke poderia escutá-lo.

Deu as costas para o moreno, retirando a luva da sua mão direita com dificuldade, já que esta teimava em arder e, antes que pudesse retirar a luva da mão esquerda, que doía tanto quanto a outra, foi puxada para trás.

Observou o Uchiha encarar sua mão com aspecto levemente escuro pelas feridas e, antes que pudesse abrir a boca para explicá-lo do porquê, ele já tirava sua luva esquerda desajeitadamente, Sakura notou que ele tentava ao máximo ser carinhoso, mas esse não era – e nem nunca seria – um dos seus pontos fortes.

— O-Obrigada.— Praguejou-se internamente por ter gaguejado, mas ela sabia que certas coisas nunca mudariam. — Elas doem menos agora.

— Hn. — Pela primeira vez, em muito tempo, olhou fundo nos olhos ônix, além do seu reflexo procurou por mais alguma coisa, um sentimento talvez, mas não encontrou nada, não havia nada.

Tentou tirar sua mão das dele, mas ele a segurou, deixou que seus olhos se arregalassem mais um pouco quando ele levou sua mão até o próprio rosto e a deteve ali. Instintivamente passou o polegar pelas maçãs do rosto bonito, subindo até os cabelos escuros que ansiava tocar, apenas para arrematar sua curiosidade se, de fato, eram lisos como as garotas da vila sempre diziam.

As feridas na sua mão não ardiam e nem doíam mais, parecia tê-las esquecido completamente ali. Os fios negros acariciavam a palma de sua mão, fazendo cócegas e, por um pequeno instante, desejou abraçá-lo e pedir para que ficasse junto dela e nunca mais a deixasse.

Seus olhos marejaram e Sakura ainda tentou conter as lágrimas, fechando com força os olhos, não queria que ele as visse, porque era o sinal de sua fraqueza, ele era e sempre seria sua fraqueza.

Em um impulso, abraçou-o, ficando na ponta dos pés para alcançar sua altura, todo seu ser ricocheteou seus sentimentos por ele, passando por cada veia, artéria e células do seu corpo. Amava-o tanto, tanto, e toda aquela estrutura que impôs entre si e seus sentimentos trouxera tanta mágoa que percebeu que jamais houve uma estrutura entre ele e seu coração. Nunca existiu uma barreira sólida entre ele e ela, porque ele era mais forte e sempre poderia quebrá-la quando quisesse.

Sentiu-o largar sua mão e deixar que a sua própria descansasse ao lado de seu corpo, não precisaria segurá-la para que ela continuasse aquecendo-o e ele sabia disso. Sasuke enfiou seu rosto no pescoço da ex-companheira de time e inspirou ali profundamente, sentindo o cheiro de cerejeiras começar a inebriar seus sentidos.

Sabia que aquele era o lugar que devia ficar, que sempre o acolheria quando chegasse em casa e que sempre espantaria seus fantasmas com aquele sorriso irritante e alegre. Começava aos poucos a se ver apaixonado por aquela garotinha que julgava ser inútil e fraca de anos atrás, mas que mudara tanto.

Começava a ver-se apaixonado por tudo aquilo que, há alguns anos, predizia ser apenas rosa – e como odiava rosa – e irritante.

E agora se via apaixonado pelo rosa – não qualquer rosa, apenas o rosa que residia nos cabelos dela – e pelo irritante – e não qualquer irritante também – apenas pelo irritante que ela provocava em si.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?