Abri os olhos lentamente e percebi que estava no meu quarto. Flashes da noite passada voltaram na minha mente.

Foi o aniversário de 18 anos da minha irmã, Michelle, e ela deu uma festa na nossa casa. Lembrei da música alta. Lembrei de estar beijando um garoto. Lembrei de entrar com ele no meu quarto...

Arregalei os olhos e virei.

“Seja roupa suja, seja roupa suja...”

Puxei a coberta. Não era roupa suja. Tinha um garoto nu dormindo na minha cama. E foi aí que eu percebi que isso definitivamente não era algo muito normal. Eu gostaria de dizer que eu não gritei e o empurrei, fazendo – o cair no chão, mas seria mentira.

- Muito bem – Peguei o meu abajur, colocando- o na frente do corpo – Eu ganhei medalha de bronze em um campeonato de karatê quando tinha 11, então acho bom você me explicar como veio parar nu na minha cama.

- Qual, é, Mandy. – Ele responde, me chamando com esse apelido ridículo.

- Meu nome é Amanda. - Empunhei o abajur como uma espada – O que você veio fazer aqui?

- Tá bom, Amanda. Eu estou aqui por que você se atirou em mim ontem, a gente etrou aqui e trans...

- Não termine essa palavra. Isso é mentira.

- Você devia perguntar pra Michelle, ela que teve de me explicar onde era seu quarto. Você estava meio bêbada. – Ele sentou na minha cama e começou a por as calças.

- Como assim a gente transou?

- Já que você quer que eu explique, bom, eu comecei a morder seu pescoço, mas você tava meio apressada e começou a tirar minha calça assim, na maior cara de pau, ai eu tirei a sua...

- Para, para, para. Eu sei como essas coisas funcionam. – Coloquei o abajur de volta na mesa. Eu devia estar realmente parecendo uma retardada com aquilo na mão. – Quero saber quem é você. É amigo da Michelle?

- Poxa, Amanda. É só eu passar um ano fora, voltar com um corpinho mais sexy e outro corte de cabelo que você me esquece? – Ele sorriu – Pensei que você se lembrasse do seu primeiro beijo.

Pisquei por alguns segundos e fiquei meio boquiaberta. Christian Bell, o garoto que estudou comigo por doze anos, que foi desafiado a me beijar num jogo de verdade ou consequência (e beijou!), que era magricela e feio, que tinha um ódio recíproco por mim. Aaah, fala sério que você transou com ele, Amanda Miller?

- Tááá. Christian. Eu não acredito.

- Não acredita em como eu fiquei gostoso?

- Também. Mas não acredito que você voltou pra atormentar a minha vida! – Agora eu estava irritada. Quem ele pensa que é? Eu estava bêbada! Ele poderia ter evitado! Fui até o traste, peguei as roupas, joguei em suas mãos e o empurrei para a janela do meu quarto. – Muito bem, agora você vai ir embora daqui e nunca mais vai aparecer na minha vida.

- Posso tentar. Mas sabe como é, Michelle me convidou. Eu sou um pouco irresistível. – Piscou.

- ARGH!

Bati a janela na cara dele e deitei com um pulo a na minha cama, não acreditando no que tinha feito.

***

Acordei com Michelle batendo na minha porta.

- Acorda, flor do dia. – Ela disse quando dei um gemido. – Mamãe tá te chamando pra jantar.

Meu deus, dormi o dia todo.

Michelle estava tão mal quanto eu: Cabelo assanhado, olheiras enormes, voz embargada e todas essas outras coisas.

Levantei devagar e acabei pisando em uma carteira jogada do lado da minha cama.

- Mas o quê... – Abri e vi a identidade de Christian, uma camisinha e mais alguns dólares. – Ah, esse traste largou as coisas aqui.

Bom, ao menos ele estava com camisinhas, o que significava que provavelmente tínhamos nos protegido. Joguei a carteira na cama e saí do quarto, indo para a cozinha.

Cruzava os dedos para estar certa sobre isso.