Aquela devia ser a décima briga naquela semana e Scorpius não aguentava mais escutar Rose reclamando de absolutamente tudo naquele relacionamento. Ele a amava, mas tinha certeza que ninguém aguentaria o que ele estava aguentando.

Rose tinha certeza de que se visse o Mafoy nos minutos seguintes ele teria duas balas alojadas na testa. Ela gostava tanto quanto ele das brigas entre o casal, e detestava ver o amor lhe escapando do controle.

Os dois nunca tiveram um relacionamento perfeito. Na verdade, não chegava nem a ser saudável. Eles sempre se odiaram, até que decidiram que aquela raiva toda era uma paixão encubada e passaram a namorar, e tudo ia muito bem – ou quase.

Então chegaram onde estavam no momento: com vontade de matar o outro por motivos absurdamente idiotas.

Rose se perguntava por que tinha que ter aceitado o beijo de Scorpius três anos antes e se arrependia amargamente por cinco minutos, aí se lembrava do quanto amava aquele sorriso que sempre escondia suas segundas – terceiras, quartas e quintas – intenções, e de como não viveria sem aquilo.

Ele gostava daquela covinha no queixo dela, e de como o corpo pequeno da ruiva parecia ser feito sob medida para o dele. Gostava de quando não estavam brigando e de quando ela fazia café da manhã para eles. Gostava quando ela dormia em sua casa e o que acontecia de verdade quando isso ocorria.

Eles se amavam daquele jeito meio estranho, e o único jeito que viam de externar aquilo era brigando, por mais que nenhum dos dois gostasse realmente daquilo.

Aquelas brigas já tinham resultado em dois términos, um abajur, três copos e quatro vasos de cerâmica quebrados. Quase que o loiro era assassinado na maioria das vezes, já que mesmo com raiva e com todos os gritos, nunca teve coragem de agredir a menina ou reagir a todos os tapas e socos.

Mas quando Rose saiu do quarto duas horas depois, a briga terminou do melhor jeito.

Com um beijo.