SAMMY

Eu não sei por que o universo insiste em me dar tanto papel de trouxa. Será que ele quer que eu monte uma papelaria? Porque a quantidade de papel de trouxa que eu ganhei por achar que ia ser fácil cuidar daquele filhote de erumpente foi muito grande.

Depois de vestir nossas roupas ninjas, tivemos que achar um jeito de chegar até a base dos patos, que segundo a Cat ficava alguns quilômetros ao sul de Hogsmeade.

–E o carro voador que vive na floresta desde que o Rony bateu com ele no Salgueiro Lutador? - Luke perguntou.

–Acho que seria meio difícil achá-lo. E mesmo que a gente conseguisse fazer isso, ia ser meio difícil convencer ele a nos levar até lá.

–Me arrumem um pote bem grande de nutella e um galão de gasolina que eu dou um jeito nisso.

* * *

–Não acredito que ele conseguiu mesmo. Jurava que o carro ia passar por cima dele - comentou Cat.

–Eu nunca duvidei - falei pra Luke.

–Mas você queria apostar quantas vezes o carro ia passar por cima dele...

–Cala a boca Cat.

Luke revirou os olhos.

–Só entrem no carro.

Entramos no carro.

–Hã... e agora? - perguntei.

–É... carro? Precisamos que você nos leve para uma base secreta dos patos perto de Hogsmeade...

Nada aconteceu.

–Por favor?

O carro levantou voo (o que jogou todo mundo pra trás e me fez cair do banco). Algum tempo depois Cat apontou pela janela e disse:

–É ali! Fala pra ele descer!

Antes que Luke pudesse dizer alguma coisa o carro começou a descer (e Cat e eu fomos arremessadas contra o banco da frente enquanto o Luke batia a cara no volante - sei nem por que ele sentou no volante, o carro dirige sozinho) e eu tive certeza de que eu ia ter uma morte dolorosa.

Um pouco antes de bater com tudo no chão o carro diminuiu e pousou de um jeito nada suave.

–Isso foi horrí...

As portas abriram e nós três fomos jogados pra fora.

–Acho que ele não vai nos dar uma carona de volta - observou Cat.

–Vamos logo - disse Luke.

Cat segurou o braço dele.

–Vai simplesmente entrar lá?

–Você tem uma ideia melhor?

–Vamos entrar like ninjas - disse Cat, como se fosse muito óbvio. Acho que considerando as roupas ninjas era mesmo.

E então nós entramos like ninjas. E vimos algo que eu jamais pensei que ia ver: patos se armando para uma batalha que não tinha nada a ver com acabar com a gente.

–Três minutos e cinquenta e sete segundos para a chegada dos gansos, general!

–O exército está em posição?

–Sim, senhor!

–Como vão os explosivos?

–Conseguimos o erumpente, nossos alquimistas já estão trabalhando, senhor!

–Obrigado. Volte para seu posto, soldado!

–Sim, senhor!

–Vai ter uma batalha entre patos e gansos? - Luke sussurrou.

–Pelo jeito sim...

–Podemos ficar pra ver?

–Talvez. Primeiro precisamos encontrar o erumpente e dar um jeito de tirar os alquimistas de perto dele.

Começamos a procurar pelo local. Com a maioria dos patos se preparando para a guerra não foi difícil não ser notado.

Mais uma vez o fato daquele bicho explodir coisas foi bem útil. Chegamos a um cercado onde alguns patos estavam tentando extrair o bregueço explosivo do chifre dele [N/Luke: Bregueço explosivo? Sua nota em trato das criaturas mágicas deve estar arrasando...] Cala a boca.

–Como distraímos eles? - perguntei.

–Simples - disse Cat. -TEM BOLO GRÁTIS DO OUTRO LADO DA BASE!

Todos os patos largaram suas atividades e fora correndo para o outro lado da base.

–Vamos.

O erumpente estava amarrado por correntes. Desamarramos ele e começamos a puxá-lo pela base, tentando passar despercebidos. O problema é que ele simplesmente se recusava a ficar quieto e ficava esperneando e fazendo barulho.

–Shhhhh! Quietinho! - falei, pela milésima vez.

O erumpente continuou esperneando.

–Olha, se você quiser sair daqui vai ter que colaborar. Fica quietinho que eu vou te levar de volta para a sua casa e te dar comida.

O erumpente pareceu ter gostado de ouvir a palavra comida e começou a dar menos trabalho.

–O ERUMPENTE ESCAPOU! - ouvimos alguém gritar.

–FODA-SE! OS GANSOS ESTÃO ATACANDO! - alguém gritou de volta.

–Podemos assistir a treta agora? - perguntei.

Cat deu de ombros.

–Por mim...

–Eu também concordo - disse Luke.

E então, pelo que foi provavelmente a primeira vez na vida, nós nos sentamos e apenas observamos a treta.

Os patos tinham bazucas. Os gansos tinham metralhadoras. Os tanques dos gansos era superiores aos dos patos. Os patos tinham a vantagem de conhecerem o terreno terem tido tempo para colocar explosivos lá, mas os gansos eram mais espertos e conseguiam jogar os patos nas explosões. A guerra durou um bom tempo. Nós apenas assistimos e fizemos apostas até ouvir os gansos gritarem:

–HOJE, OS PATOS! AMANHÃ, HOGWARTS!

Sou só eu que acho ou essa frase não fez muito sentido?

–Acho que devemos fazer alguma coisa...

–Sim...

Então pegamos umas bazucas de uns patos mortos.

–SEGUINTE! VAMOS COLOCAR ORDEM NESSE BAGULHO! VOCÊS ATACAM POR LÁ! VOCÊS DEFENDEM AQUELA PARTE ALI!

Cat continuou gritando ordens e atirando enquanto Luke fazia com que o filhote de erumpente explodisse os gansos.

Depois de um tempo os gansos sobreviventes bateram em retirada.

–Vocês! - chamou o Pato-Líder. -Vocês nos ajudaram em tempos difíceis! Em agradecimento nós nunca mais atacaremos Hogwarts ou seus estudantes!

E é por isso que Hogwarts não é mais atacada por patos.