— Sua pirralha maldita. Foi você! – rosnei a ela.

POV Ares.

Sabia que havia alguma coisa de errado nessa história toda, e agora que eu descobri toda a verdade, pode ter certeza que no final dessa festa eu ainda irei encontrá-la e fazer picadinho da cria de Hefesto.

Dançava com a filha de Hermes, se eu não me engano, Samantha. Não via à hora daquela maldita musica acabar. Queria estrangular alguém para extravasar toda a minha raiva, porem se estrangulasse qualquer um que fosse desse acampamento, as coisas não iriam ficar muito legais para o meu lado, ainda mais se tratando de Zeus...

Quando finalmente a musica terminou, agradeci a dança à filha de Hermes e fui-me a procura de um certo alguém. Caminhei bastante tentando achá-la em qualquer mínimo canto que tivesse dessa festa, mas por fim, não a encontrei.

— A onde aquela pirralha se meteu – rosnei murmurando comigo mesmo.

Andando mais um pouco pude avistar Milene, minha filha, que naquele momento estava sentada em banco giratório do mini bar, e para piora, acompanhada de Apolo. Caminhei até eles e fui logo perguntando:

— Milene, a onde esta a cria de Hefesto?

Ela apenas me olhou e trocou alguns olhares com Apolo, os dois fizeram uma cara de desentendidos e ela respondeu:

— Não sei.

— Como assim não sabe? – perguntei nervoso. — Não sei o que esta acontecendo aqui, mas sei que você sabe a onde ela esta, portanto nem tente me enrolar. E não gostei nem um pouco desses olhares que os dois trocaram bem da minha frente – os olhei com uma cara de acusação.

— Olhares? Não sei do que você esta falando – fez-se de desentendida — não posso lhe dar a resposta que quer sem ao menos eu realmente saber.

— Milene...

—Olha Ares, Annalisy sumiu da minha vista faz uma hora e até agora ela não voltou e nem eu a encontrei, portanto não posso lhe dar a resposta que tanto quer – falou curta e grossa.

— Pouco me importa, pois eu vou achá-la com ou sem a sua ajudar – retruquei voltando a caminhar.

Vendo que eu estava determinado a achar aquela pirralha custe o que custar, Milene veio correndo atrás de mim junto a Apolo que disse:

— Ares não sei o que você esta pensando em fazer com ela quando a encontrá-la...

— Ah, mas eu sei o que vou fazer com ela direitinho quando encontrá-la, irei fazer picadinho e churrasquinho de um certo filhote de ferreiro – o cortei.

— Pai, sei que o senhor esta nervoso, mas todo ser humano erra, mesmo eu e Annalisy sendo apenas metade humana...

— Não quero saber sobre as suas lições de morais Milene, eu agora apenas quero achar aquela garota e estrangulá-la até a mesma implorar por perdão – rosnei apressando mais os meus passos.

Ao ouvirem aquilo Apolo se pôs em minha frente dizendo:

— Não irei deixar que você a machuque.

— Isso é uma ameaça solzinho? – o desafiei.

— Quem sabe, entenda como quiser – respondeu olhando diretamente a mim.

— Olha aqui Apolo – o peguei pelo colarinho de sua fantasia de Hobb — pouco me importa se você é amigozinho dela e a quer a defender, mas aquela pirralha acabou praticamente com a minha noite e ela vai pagar por isso – o soltei voltando a caminhar, porem sendo impedido pela pessoa que eu menos esperava ver nesse acampamento.

— Ares o que nós conversamos na semana passada?

— Zeus? O que esta fazendo aqui? E por que dessa fantasia de Zorro?

Isso mesmo, o próprio Deus dos Deuses estava no acampamento meio sangue e ainda por cima fantasiado de Zorro. A questão é: porque raios ele está aqui?

— Bom, isso é uma festa fantasia. Então...

— Então? – o incentivei a continuar.

— Ares tenha mais respeito com o seu pai – repreendeu-me Hera aparecendo de repente ao meu lado direito.

Hera trajava uma fantasia de garçonete de época antiga, mesmo sendo minha mãe não podia negar, mas a fantasia até que lhe caiu muito bem...

— Hera? Até você? Mas o que diabos esta acontecendo aqui?

— Alguém me chamou? – perguntou Hades surgindo ao meu outro lado trajando uma fantasia de vampiro enquanto dava um gole no seu ponche.

Assim que Hades apareceu pude ver não um pouco longe dali Hefesto fantasiado de ferreiro e Afrodite de dançarina de Cabaret.

— Ok, a pergunta é... O que vocês estão fazendo aqui? – perguntou Apolo ainda com uma cara de surpreso ao ver vários Deuses e Deusas espalhados pela festa agindo normalmente sem ao menos ninguém perceber.

Hera ao ouvir aquilo apenas suspirou indo em direção ao seu marido e dizendo:

— Hermes assim que soube da festa inventou que Zeus e o restante de nós deveríamos vir a essa festa para vermos como você e Ares estão se saindo aqui nesse acampamento, e claro que seu pai não sendo bobo em nada aceitou essa proposta sem ao menos nos perguntar o que nós achávamos sobre isso – deu um tapa no braço esquerdo de Zeus que apenas deu uma risadinha sem graça enquanto esfregava o local em que sua esposa havia batido.

— Então já que vocês já viram o que tanto queriam ver, já podem dando no pé neh!? – disse tentando acabar com tudo aquilo o mais rápido ao possível.

— Não – retrucou Zeus me olhando com certa indignação — o senhor estava até agora pouco dizendo que iria acabar com alguém e ainda quer que eu vá embora!

— Fala sério – resmunguei baixo. — Não sei se vocês perceberam ainda, mas em algum momento com certeza algum semideus, independente de quem seja, vai notar a presença de vocês, e então vocês já devem saber como isso ira terminar.

— Ah, por faaavor Arees, para de ser estaga paseres – falou uma Deméter bêbada caindo em cima de mim e sendo socorrida por Perséfone que vinha logo atrás dela.

Deméter estava fantasiada de Branca de Neve, enquanto Perséfone de Lilah do filme Jonah Hex. Não podia negar que as duas estavam umas gatas naquelas fantasias, mas se caso eu ousasse falar isso para alguém que seja, com certeza no final da noite eu seria jogado no tártaro por Hades e até mesmo por Deméter, que mesmo bêbada me jogaria no tártaro enquanto reclamava da educação dada a mim.

— O que aconteceu com ela? – perguntou Milene rançosa tentado se manter um pouco longe daquilo tudo.

— Ah, não foi nada. Ela apenas bebeu alguns ponches que não a fizeram muito bem – respondeu Perséfone finalmente notando quem havia perguntado. — Você por acaso não seria uma semideusa, né?...

— Bom, no momento em que eu nasci eu passei a ser metade deusa e metade humana graça a um certo Deus da Guerra que resolveu me lançar ao mundo.

— Lançar? – franzi o cenho.

— É! Lançar – me olhou irritada.

— Ahh... Ok. Será que você poderia não contar sobre nós “Deuses” estarmos aqui? – perguntou Perséfone esperançosa.

— Claro, eu nunca faria isso.

— Pois mesmo que você fizesse isso você estaria muito encrencada com todos nós – Hades a cortou entediado, recebendo logo depois um belo de um tapa de Deméter.

— Calaa Boca seu veio bebadu esta asutando a galotinha. – Se enrolo Deméter em suas próprias palavras tentando dar uma bronca em Hades.

— Agora eu sou o velho bêbado da história?! Pois eu acho que é ao contrario. – Se defendeu esfregando o braço direito enquanto recebia mais um tapa no esquerdo, porem agora de Perséfone.

— Hades!

Hera cansada de tudo aquilo veio até Milene e a segurou pelos ombros.

“Isso vai dar merda!”

— Você é filha do meu filho irresponsável, neh?

— Sim – respondeu ela assustada.

— Sei que não sou a melhor pessoa para dizer isso, mas pelo menos uma vez da vida vejo que você fez algo descente nessa sua miserável vida meu filho – se dirigiu olhando para mim.

— O que?

— É isso que você ouviu! Essa garota parece ser educada e pelo que eu estive observando sempre esta tentando proteger aquela garota de você, a Annielisy se eu não me engano.

— É Annalisy, Hera – corrigiu Zeus.

— Agora eu virei o vilão da história?! – suspirei a olhando novamente, mas agora com toda a minha atenção focada diretamente a Milene — cadê aquela pirralha?

— Que pirralha Ares? – perguntou Zeus olhando para mim.

— Pirralha? – Hades olhou para Zeus, fazendo Perséfone se questionar mentalmente olhando para o marido enquanto Deméter escorregava de seus braços e caia direto a encontro ao chão.

— Apolo... – suplicou Milene por ajuda olhando para o Deus do Sol, enquanto o mesmo olhava para Hefesto que se aproximava de nós.

Assim, que Hefesto finalmente chegou o mesmo olhou para Deméter perguntando:

— O que está acontecendo aqui afinal de conta?

— Ales estava falando de una menina que se xama Piralha – respondeu Deméter sorrindo bobamente enquanto se levantava com dificuldade.

— Piralha? – questionou Afrodite ao lado de Hefesto.

— Milene – supliquei a mesma.

— Pai eu não sei a onde ela esta.

— Ela quem? – surgiu Hermes ao seu lado a assustando.

— Ah... Ah...

— Milene! – esbravejei querendo a resposta imediatamente antes que mais um deus maluco aparecesse e acabasse com um pouco da minha paciência que ainda me restava.

Porem em vez de receber a minha resposta, ouvi um grande estrondo vindo de perto da onde estávamos e junto com o estrondo um berro de alguém, que por sinal eu conhecia muito bem.

— EU JÁ DISSE QUE NÃO!!!

Corremos em direção à confusão, se bem que eu não queria ir pois tinha coisa mais importante para fazer, mas como eu era responsável pela festa acabei tendo que ir queira eu querendo ir ou não.

Chegando ao local de toda confusão, logo avistei uma Atena histérica e um Poseidon nervoso quase arrancando os cabelos.

— Mas porque não? Eles são jovens! – tentou argumentar Poseidon, que tentava manter a calma, porem isso não estava muito funcionando...

— Mas o que diabos esta acontecendo aqui? – perguntei se pondo entre os dois e logo vendo o pobre centauro junto ao bebum tentando manter todos os semideuses, sátiros e ninfas longe da confusão.

— Alguma coisa me diz que eles já souberam da nossa visitinha. – cantarolou Apolo tentando aliviar o clima enquanto olhava para Quíron e Dionísio que estavam um pouco afastados dali.

— Ah vá! Não me diga.

— Nem liga – sussurrou Milene botando uma das suas mãos no obro do mesmo, porem logo a tirou quando me viu olhando para os dois.

— Não vão me responder? – perguntei novamente agora com toda a minha atenção focada para os dois Deuses que tumultuaram a festa.

— Foi culpa dele! – exclamou Atena nervosa.

— Ta bom, serei um Deus calmo e paciente e irei ouvir um de cada vez começando por você – apontei para Atena que me olhou com uma cara de assustada.

— Ares você esta bem? – indagou a mesma me olhando com cautela.

— E porque eu não estaria? – perguntei mantendo a calma.

— Porque você não é um Deus calmo e paciente.

— Anda logo antes que eu perca a minha paciência – exigi já perdendo a calma.

— Ok, tudo começou quando esse idiota ai – apontou para Poseidon que apenas revirou os olhos com tal ato da Deusa da Sabedoria — sabia sobre o namoro de Katherinne com aquele semideus idiota do Daniel, vulgo filho do rei da lerdeza e idiotice.

— Humm, entendo – falou uma voz muito conhecida se aproximando de nós — essa Katherinne é a garota do chalé 06 , no caso a sua filha né?

— Pirralha – sorri me virando para ela que parou de andar na hora — que bom que você esta aqui, pois eu realmente estava te procurando — sorrio de forma amigável fazendo a mesma dar pequenos passos para trás enquanto me olhava com uma cara bastante assustada. — Eu vou mata você.

Sai correndo atrás dela, que correu para atrás do papai, vulgo o maldito ferreiro, que apenas me olhou com desprezo enquanto me parava no meio do caminho.

— Então é assim? Vai se esconder atrás do papaizinho? É bem a sua cara mesmo sua pirralha inútil.

— Eu não tenho medo de você – saiu detrás de Hefesto enquanto recebia um pequeno pedala Robinho na testa do mesmo.

— Não confronte um Deus – disse Hefesto a olhando com um olhar de repreensão.

— Desculpa.

— Não, eu não aceito as suas desculpas – estralei os meus dedos pronto para acabar com aquilo de uma vez por todas.

— Hã? E quem disse que eu pedi desculpa a você? Eu estava falando com ele – apontou para Hefesto que apenas suspirou diante aquilo.

— Agora que eu acabo com você de uma vez por todas – rosnei partindo para cima dela.

Porem ao ficar finalmente cara a cara com a mesma, Apolo entrou na frente me empurrando para trás, fazendo-me assim eu por puro “instinto” acabar lhe dando um soco o fazendo cambalear para o lado, e assim como um feito dominó ele trombou em Milene, que trombou em Afrodite, que trombou em Hefesto, que por fim trombou em Annalisy, porem fazendo a mesma tropeçar nos próprios pés enquanto tentava se segurar para não cair na pessoa mais próxima, vulgo Atena, porem em vez de se segurar na Deusa ela acabou a empurrando a fazendo assim beijar o Deus dos Mares que estava bem na sua frente.

Todos olhavam atônita para aquela cena, e assim que tudo acabou, podia-se ver uma Atena muito furiosa e um Poseidon bobo como se tivesse acontecido a melhor coisa em sua vida.

— E-eu... – disse Antena gaguejando.

...Silencio, era tudo que se podia ouvir naquele momento, silencio, porem o silencio foi cortado com um longo grito de ódio vindo de Atena, assustando assim a todos.

— CORRE NEGADA! – gritou um semideus filho de Hipnos.

Assim com todos os gritos de desespero e com um monte de sátiros, ninfas e semideuses correndo enquanto tentavam escapar de milhares de corujas furiosas que tentavam os picar, pude avista a pirralha correndo junto aos seus irmãos até o seu chalé, porem acabou trombando em um garoto que corria para o lado oposto do seu, os fazendo assim se chocarem e caírem com tudo no chão enquanto os dois reclamavam de dores.

— Bem feito. – Ri escandalosamente vendo o sofrimento da mesma.

Continuei rindo por mais alguns segundos, portanto acabei sendo impedindo de continuar a apreciar o show no momento em que cinco corujas partiram para cima de mim tentando me picar e perfurar a minha pele.

Sai correndo dali a pressa sem ao menos me importar com os demais que continuaram ali. Assim que entrei na casa grande, tranquei a porta logo em seguida. Caminhei até o meu quarto indo logo tomar uma ducha para tirar toda a tensão e tentar aliviar as dores das bicadas das malditas corujas furiosas.

Depois de meia hora Quíron veio me avisar que todos já estavam em seus respectivos chalés e que a festa havia sido cancelada devido ao “pequeno” imprevisto, assim saindo e indo ao seu quarto logo depois. Decidi-me deitar já pensando no que eu poderia fazer para me vingar de uma certe pessoa, e quando finalmente estava adormecendo, ouvi uma voz bastante conhecida me chamar:

— Ares?!

— Vai embora – resmunguei remexendo-me na cama.

— ARES! – berrou a voz me fazendo acordar assustado com tamanho berro.

— Zeus... – olhei para o holograma do Deus dos Deuses um pouco a frente da minha cama. — O que foi?

— Tenho uma proposta a te fazer.