The Diva-Celeste Newsome escrita por Violetta


Capítulo 3
Capítulo 3




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Acordei bem disposta, mas essa história de bancar a boazinha o tempo todo já está me cansando. Sinceramente, se eu pudesse já teria matado a Kriss e a America. Lembrei do guarda que me "salvou" ontem, ele foi um idiota por me deixar sozinha sem ao menos falar comigo. Mas por outro lado foi bom saber que alguém me ajudou sem querer algo em troca.
Coloquei um vestido que minha criada tinha acabado de fazer e arrumei meu cabelo. É de manhã então não posso exagerar na maquiagem, mas do meu batom vermelho eu não abro mão. Vou procurar esse guarda até encontrá-lo.
Desci as escadas e andei por todos os corredores, até meu pé começar a doer. Esses saltos são lindos, mas nada confortáveis! No salão das mulheres ele não estava (obviamente), e também não estava montando guarda na sala do rei.
Desisti de procurar e fui para o meu quarto. Eu realmente preciso de uma boa massagem. Estava quase chegando quando vi um guarda parado em frente a um dos quartos. Eu não teria prestado atenção em um guarda, se não tivesse procurando por um, então me aproximei lentamente e tive a confirmação. Era o meu guarda. Coloquei um sorriso radiante no rosto e caminhei até ele.
–Oi- Eu disse sorrindo.
Ele não respondeu, o que fez meu sorriso sumir em dois segundos.
–Eu falei com você, não me ouviu?- Perguntei irritada.
–Deseja algo, senhorita Newsome?
Ele nem ao menos olhou para mim.
–Não. Só queria agradecer por você ter me ajudado ontem- Falei envergonhada, o que me deixou com ódio. Eu tenho que me recompor. Não é um guarda sem graça que vai me tirar do sério.
Ele finalmente olhou para mim, mas por trás dos olhos azuis não consegui decifrar nenhum tipo de sentimento.
–Não há de que.
Fechei os olhos e contei até três mentalmente. Quando senti que estava mais calma, dei um sorriso.
–Então, você nunca se diverte por aqui? Eu estava pensando que...
–Se a senhorita me der licença, preciso voltar ao trabalho. -Ele interrompeu.
Naquela hora eu estava com vontade de matar esse idiota. Ele não pode me tratar assim. Não posso perder o controle. Ainda tenho muito tempo aqui no palácio para conquistá-lo. Talvez eu deva ir aos pouquinhos.
–Claro- Falei forçando um sorriso. -Com licença.
Me virei e fui para o meu quarto, morrendo de raiva. Expulsei minhas criadas, que já me irritaram só de estarem presentes.
Tomei um banho e troquei de roupa. Eu não acredito que passei o dia todo procurando por ele, e ele nem ligou para mim! Hoje eu não quero falar com ninguém, estou cansada disso.
Coloquei um pijama simples de flanela, porque até roupa apertada hoje estava me incomodando, então decidi ficar mais leve. Tirei toda a maquiagem e fiquei descalça no quarto. Deus me livre o príncipe Maxon aparecer por aqui e me encontrar desse jeito! Mas do jeito que ele está com a America, não vai vir me procurar tão cedo!
–Droga. Cade o meu creme?- Gritei, até perceber que estava sozinha no quarto. Eu tinha mandando as criadas embora.
Agora meu cabelo estava pingando por todo o quarto. Lembrei que Bariel tinha pego meu creme, mas não tinha devolvido. Essa idiota pega todos os meus cremes caros. A sorte é que o quarto dela é em frente ao meu, então não corre o risco de alguém me ver assim. Hesitei por um momento na porta. Não posso arriscar ser vista nesse estado, mas não tenho outra opção. Abri a porta e fui até o quarto, sem olhar para os lados. Eu meio que corri. Bati três vezes.
–Meu Deus Celeste, o que aconteceu com você?-Perguntou ela assustada.
Eu não estava feia, meu pai costumava falar que eu era mais bonita quando estava sem maquiagem, mas é que aqui no palácio todo mundo só me vê arrumada.
–Eu vim buscar o creme que você pegou e não me devolveu.
Ela escondeu um sorriso e foi buscar, quando voltou peguei o creme da mão dela e me virei. Levei um susto, de pé olhando para mim, estava o meu guarda. Eu não tinha percebido que tinha alguém, mas eu devia imaginar. Sempre tem alguém montando guarda no nosso quarto.
Pela primeira vez ele sorriu para mim, então percebi que não era para mim, era de mim. Olhei para baixo e lembrei que estava com um pijama horrível, cabelo horrível e sem maquiagem. O corredor não era tão largo, mas era largo o suficiente para a minha vergonha.
–Do que você está rindo?- Perguntei irritada.
–Nada- Ele respondeu reprimindo um sorriso.
Suspirei de raiva e andei mais rápido. O problema é que meu maldito cabelo estava pingando muito, e deixou um rastro no chão. Escorreguei e o creme caiu da minha mão. O pote era de vidro, então em poucos segundos eu tinha feito uma bagunça. Eu estava em um estado deplorável, caída no chão, com creme e vidro em cima de mim. E a minha frente estava o menino que eu estava tentando impressionar. Parabéns Celeste!
Ele se abaixou rapidamente na minha frente
–Você está bem?-Ele perguntou preocupado.
–Estou.- Respondi seca.
–Posso ajudar você.
–Não precisa- Falei soltando a mão dele.
Ele me ignorou e me pegou no colo. Meu pé estava doendo muito. Mas o pior era o meu cabelo. Eu queria creme, agora eu consegui. Só que em proporções maiores.
Quando ele me colocou sentada na cama, tive que me segurar para não gritar de raiva. odeio quando as coisas não saem como eu espero.
Passei a mão pelo meu cabelo, e quando olhei para cima, ele ainda estava lá.
–O que você ainda está fazendo aqui? Vai embora.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, então disse finalmente:
–Você fica mais bonita assim.
Eu ri com deboche.
–Ah, pelo amor de Deus.
–Estou falando sério.- Ele se inclinou, para ficar de frente comigo. -Não estou dizendo assim, cheia de creme. Estou dizendo assim -Ele tocou na ponta do meu nariz- Naturalmente.
E pela primeira vez na vida, Celeste Newsome não sabia o que falar. Fiquei em silêncio, odiando essa sensação, até que ele abaixou a cabeça e eu pude ver um pequeno sorriso. Então quando ele levantou, já estava sério.
–Se precisar de alguma coisa, estou lá fora. Boa noite senhorita Newsome.
Noite? Então olhei pela janela e vi que já estava escuro. Eu devo ter passado muito tempo aqui no quarto. Cada dia que passa a seleção me sufoca mais. Concordei com a cabeça e ele saiu.
Levantei com dificuldade, andando lentamente, até meu pé conseguir sustentar meu peso. Então caminhei até o espelho.
Seria bom não estar sempre maquiada, arrumada, ou de salto. Mas eu não cheguei até aqui para desistir agora. Meu objetivo era conquistar esse guarda, por diversão. Não posso deixar que ele confunda minha mente. Então é isso, preciso ser a Celeste de antes.
E preciso de tinha azul para colocar no shampoo de alguma amiguinha aqui do palácio.

Maquiagem? Ok. Cabelo? Ok. Roupa? Ok. Olhei no espelho e contemplei meu estado: linda, como sempre.
O palácio estava se tornando um lugar cada vez mais depressivo. Minhas criadas são umas idiotas, me irritam até mesmo quando estão de boca fechada, por isso as mantenho longe. A verdade é que estou começando a me sentir desconfortável aqui, o quarto sempre bem limpo, e a cama perfeitamente arrumada não combinam com a bagunça que está a minha mente. Aqui, de frente ao espelho, tudo o que vejo é uma menina assustada. Os olhos, que normalmente são cheios de confiança estão vazios. Sempre vi minha beleza como uma vantagem, mas agora... não consigo nem mesmo me reconhecer com toda essa maquiagem. Sinto como se tivesse usando uma máscara. E acho que estive mesmo, por muito tempo. Sempre banquei a forte, mas por dentro estou desmoronando. Não quero ser a "menina superficial" para sempre. Um nó se forma na minha garganta e eu levanto a cabeça, decidida a não chorar.
Saio do quarto. Não tenho nenhum destino em mente, apenas preciso sair daqui, ou ficarei maluca. Apresso o passo e dou de cara com Maxon. Ele não parece muito feliz em me ver. Isso me machuca, o fato de as pessoas normalmente parecerem desconfortáveis ao meu lado, sempre desejando me ver longe. Mas ele se recompõe rápido e dá um sorriso singelo. Então decido me recompor também.
–Oi, Celeste- Ele cumprimenta.
–Oi, Maxon.
Ele estava prestes a ir embora quando eu segurei seu braço.
–Espera, posso falar com você?
–Ahn, claro.
Eu hesitei por um momento. Maxon não era a pessoa mais apropriada para desabafar, ainda mais que eu estava aqui para conquistá-lo, mas agora isso não importava muito.
–O que você acha de mim? Seja sincero.
Ele pareceu confuso, como se tentasse formular coisas agradáveis para dizer a meu respeito.
–Olha, esqueça a seleção.- Falei. -Seja sincero, como amigo. O que você acha de mim?
–Acho que você é uma menina muito inteligente, mas...
–Pode falar- Incentivei
–Celeste, você é muito persistente, e isso é uma qualidade ótima. Exceto quando você passa dos limites. quando você quer conseguir algo, não se importa em passar por cima de algo, ou de alguém. - Ele parou, mas ao ver que eu não estava aborrecida, continuou. -Acho que você seria uma menina incrível se usasse sua genialidade para o bem.
Ele se aproximou e tocou na ponta do meu nariz
–Você merece muitas coisas boas, Celeste. Mas você tem capacidade para consegui-las honestamente.
Eu sorri.
–Obrigada.
Virei e deixei Maxon sozinho. Provavelmente se perguntando o que tinha dado em mim. Mas era isso o que eu precisava saber. Maxon pode até não gostar de mim, mas saber que alguém vê algo positivo em mim, já ajuda. Corro para uma sala e sento no espaço da janela. Não sei nem para que sala eu vim, as lágrimas embaçaram minha visão e tudo o que eu pude ver foram móveis, que nesse palácio, parecem todos iguais para mim. Estava tão perdida em pensamentos, que nem vi quando America chegou. Ela era a última pessoa que eu desejava ver, então descarreguei toda minha raiva nela. America falou e falou. Mas no final, ela disse basicamente a mesma coisa que Maxon, que eu não precisava de um homem ou de fama para conseguir o que queria.
Sempre invejei America pela personalidade dela, ela sempre foi forte e bonita. Não bonita por causa de artifícios e maquiagens. Mas bonita naturalmente. Não precisava se esforçar para que as pessoas gostassem dela. Acho que afinal de contas, ser amiga dela não deve ser assim tão ruim.
Quando America saiu, me senti um pouco melhor. Acho que foi a nossa primeira conversa em que eu não tive vontade de bater nela. Enxuguei meus olhos e me virei para sair, mas vi algo do lado de fora que me chamou atenção. Me apoiei na janela e olhei para baixo. No jardim, um homem estava descansando em baixo de uma árvore. Ele não fazia nada de importante, mas só de vê-lo meu coração saltou. Não entendi muito bem essa sensação, mas não importava. Era o meu guarda!
Esperava que ele não me notasse, mas ele levantou a cabeça e me viu observando. Eu devo ter parecido uma maluca, apoiada em uma janela como um daqueles cachorrinhos em frente a uma máquina com frangos. Pensei que ele fosse virar o rosto, mas ele me olhou com aqueles olhos azuis e sorriu.
Sorri de volta. Mas não era meu rotineiro sorriso arrebatador ou falso. Percebi que o céu estava mais azul, a grama mais verde, as flores mais coloridas, e pela primeira vez em meses, eu estava realmente sorrindo.


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