Conversão - in review escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 4
Capítulo IV




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Capítulo 4

Os dias transcorrem normalmente, ou tão normalmente quanto possível. Há dias que nem Esme nem Carlisle vem me ver. Não que eu saiba, ou que eles queiram que eu saiba. Podem estar me observando nesse exato momento e eu nem desconfiar da sua presença.

A recordação de Carlisle permaneceu em minha mente. Tentei concentrar a atenção em outros afazeres, mas não consegui afastá-lo da lembrança. Se ele fosse efeminado, se o seu rosto fosse apenas bonito ou deixasse escapar uma indefinível aura animalesca, eu teria conseguido esquecê-lo com a facilidade com que a autodisciplina me ensinou a esquecer qualquer coisa desagradável ou perturbadora. Oh meu Deus, como ele é lindo, que beleza completa e estarrecedora! Mas, não foi perturbador ou desagradável, pelo contrário, foi muito agradável..., porém tudo pareceu ficar mais confuso ainda agora.

A rotina diária é quase sempre a mesma, quando volto para casa sozinha lembro que Esme costumava me pegar e trazer.

Há alguns dias eu não apanhava mais do meu pai, mas hoje aconteceu. Não entendi direito o motivo da surra, o que foi que eu havia feito? Não foi culpa minha, eu não fiz nada de errado. Quem não fez foi meu irmão. Mas isso não interessa para meu pai. Eu estava no comando, portanto as coisas deveriam ser feitas. E como não foram, a culpa é minha.

Agora aqui estou depois de ter sido agredida lavando a louça que deveria ter sido lavada por meu irmão, mas ele não lavou.

Minha visão ficou borrada pelas lágrimas que ardiam em meus olhos.

De repente sinto a presença de alguém atrás de mim. Já começo a me desculpar, pensando ser meu pai:

— Eu sinto muito sobre tudo isso. Eu deveria ter visto que meu irmão não queria ajudar... - mal consigo enxergar, mas percebo que a pessoa não é meu pai, é Esme.

Ela me envolve contra si.

— Oh Es-esme! – gemi, sem poder conter mais os soluços convulsivos, ao passo que meu rosto se contraía e deixava correr, afinal, as lágrimas represadas. Atirei os braços ao pescoço dela e abracei-a com paixão, chorando de jeito silencioso e doloroso. Era algo horrível de observar. Ela ergueu meu queixo com a ponta de seus dedos longos e finos, e frios, para que olhasse em seus olhos me lançou um olhar  com tão meigos olhos amarelo-dourados cheios de piedade e compreensão.

— Me desculpe os dias em que não pude vir - ela pediu.

Faço um aceno que a desculpo. Claro que a desculpo. Sem sangue sem crime. na verdade meu pai nunca me tirou sangue do corpo, mas as lágrimas são o sangue da alma. então ele me fez sangrar sim, diversas vezes. Mas não creio que chegaria ao ponto de me matar. Bom se fosse. Já deitei no chão, eu estou completamente exaurida, muito mais do que cansada. Eu quero sumir desse mundo. ou ter uma nova vida longe daqui.

— Esme, por favor, me leve com você. Me transforme. Me salve, me liberte... Como Carlisle salvou você.

— Oh querida, não posso fazer isso com você! Você não merece ser condenada. Você é uma menina tão boazinha, uma luzinha vinda do céu. Tão meiga. Um anjinho.

— Estou cansada de apanhar sem motivo, Esme. – olho para ela com os olhos marejados de lágrimas, implorando.

— Eu sei. Eu vi tudo. Como seus pais podem maltratar uma garotinha tão doce como você? Não entendo... Você vale muito, deve ser bem tratada. Deveriam reconhecer seu valor. Você é mais inteligente que a maioria e é bem comportada, a filha que todos os pais gostariam de ter.

— Nem todos os pais, meus pais não. Meus pais não veem.

— Ás vezes é difícil para as pessoas perceberem que o que é bom está bem na sua frente.

O que ela está dizendo? Que eu deveria ver o bom nisso? Não, não tem nada de bom nisso.

— Algumas pessoas não poderiam ter filhos... Eu não colocarei uma criança nesse mundo para sofrer como eu sofri.

— Entendo você perfeitamente. Mas só porque você foi criada dessa maneira não significa que criaria seus filhos assim. Pelo contrário, seria o motivo para fazer diferente... Por exemplo, assim que eu faria com meu filho. Porque com certeza o pai dele, meu ex-marido, iria bater nele como seu pai agride você.

— Seu ex-marido não havia morrido? – pergunto, parando de soluçar.

— Não. De onde você supôs isso?

— Você disse que ele lutou numa guerra?

— Não. Eu queria que ele tivesse morrido, mas não morreu, infelizmente.

— Em qual guerra? – repito a pergunta.

— Na primeira guerra mundial.

— Uau! Quantos anos você tem Esme?

— 26.

Reviro os olhos.

— Eu aparento 26 anos para sempre, mas tenho 108 anos de existência.

Meu queixo cai.

— Quando é seu aniversário?

— 16 de outubro.

— Ah! – solto um grito de felicidade, Esme não compreende porque e arregala os olhos. Eu explico. – Sabia que tinha alguma coisa entre nós, algo que nos ligava. Meu aniversário é em 21 de outubro.

— Que legal!

— Esme, eu lhe suplico, por favor, me torne igual a você. Quero o dom da eternidade.

— Viver para sempre pode não ser apenas uma bênção. Pode também ser uma maldição.

— Não valeu a pena ter vivido para me encontrar?

— Sim. Uma das coisas que fez valer a pena essa vida. Meus filhos. Mas eu queria ter um filho com meu marido.

— Entendo. – Ou ao menos me esforço para entender.

— Você é muito linda, Carol. É por isso que você não merece passar pela dor da transformação.

— Mas eu quero, mesmo que doa... pelo menos é uma dor que terá sentido. Eu estou tão cansada de apanhar.

— Eu sei. Você não merecia ser tratada assim... me dê mais cinco anos para pensar.

— Está bem, por você eu espero o tempo que for necessário... bom, só até o dia em que eu deixar de existir... Por você eu vou suportar as surras de meu pai. Ou tentar sobreviver.

— Tenho certeza que seu pai não vai te matar.

— Queria ter tanta certeza como você. Carlisle também pensou que seria melhor te deixar viver a vida e veja o que aconteceu... você sabe muito bem.

— Não se preocupe querida que estaremos vigiando você e se seu pai fizer algo que a matará vamos impedir. (Na época eu não sabia, mas Alice me vigiou depois a pedido dos pais)

— Mas, Esme, sinto que estou morrendo por dentro... eu não vou suportar mais muito tempo, isso não é vida, eu sou humana não um robô. Não sou uma máquina sem sentimentos, eu preciso de carinho.

— Eu entendo perfeitamente querida. Mas um dia eu vou ter de voltar para os EUA.

— Eu preciso de você Esme. Quero ir com você. por favor. Você pode ver que é verdade, não só quero, mas eu preciso – lágrimas rolam pelo meu rosto novamente.

— Sim, eu vejo. Prometo voltar para te buscar, querida.

— Estarei te esperando - o que eu posso fazer é apenas esperar mesmo.

...


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Notas finais do capítulo

Trilha sonora: Little Girl, Enrique Iglesias e Chiquitita/Pequenina, Perla e I knew I loved you, Savage Garden.
leitura recondada: Tim, Collen McCullough (sim, me chamou atenção o nome da autora, mas depois q eu li gostei da história)



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