Lembranças Perdidas escrita por Day Marques


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Estou feliz que a história esteja agrandando a quem chega. Obrigada a todas que comentaram e vieram aqui para ler. A todas que estão acompanhando e favoritaram. Beijos e divirtam-se.



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Eles me encaravam sem entender nada, e eu muito menos. Sentei-me um pouco melhor na cama e esperei alguém dizer algo. O homem caiu na gargalhada, colocando a garotinha sentada na poltrona e se virou em minha direção.

– Claro, tão típico dela se fazer de desentendida – Olhou-me debochado e o que pude devolver foi um grande olhar confuso – O que foi? Vai dizer que perdeu a memória e simplesmente esqueceu da gente? Bella, para com seu teatro! - Bateu as mãos ao lado do corpo – Você é patética.

– Hei, olha como fala com ela – Disse minha mãe e me encarou – Você não sabe quem são? - Balancei a cabeça negativamente – Oh meu Deus – Exclamou – Tudo bem, o médico disse que isso podia mesmo acontecer – Alisou meu cabelo como quem fala com um cachorro carente.

– Renee, não caia nessa. Ela só está querendo me fazer de palhaço. Já pode parar, está assustando a sua filha – Encarei a garotinha, que agora me olhava recuadamente e não consegui reconhecê-la de lugar algum. Ele começou a andar de um lado para o outro, nervoso, e sorria de vez em quando. Encolhi-me na cama quando minha cabeça começou a latejar e pedi a Deus que o tirasse dali.

– Minha filha? – Assustei-me.

– Para com isso, está assustando ela – Renee sentou ao meu lado e me abraçou pelos ombros. Os dois começaram a falar ao mesmo tempo e eu não sabia em quem prestar atenção, a garotinha começou a chorar assustada. Minha cabeça martelava, tudo estava girando, uma dor horrível foi se apossando de mim e um grito rompeu pela minha garganta seca.

– Parem. Por favor, calem a boca. Minha cabeça vai explodir – Todos fizeram silêncio, menos o maldito “bip” que insistia em me tirar a paciência – Eu não sei quem é você, de verdade, então por favor, me deixa em paz – Implorei. Pela primeira vez, o homem me encarou sem desconfiar de nada – Eu só quero ir embora, podem chamar o médico? - E como se Deus me escutasse, o médico adentrou a sala.

– Olá, vejo que minha paciente acordou e não fui comunicado – Olhou advertindo a mamãe, que só encolheu os ombros – Como se sente?

– Confusa e com muita sede – Falei.

– Ela não está lembrando de algumas coisas, doutor – Falou Renee.

– Isso é verdade? - Afirmei – Bom, então acho que temos um caso de amnésia aqui.Você bateu a cabeça forte e ainda ficou um mês em coma, é normal que acorde confusa ou sem memória. Mas não se preocupe, vamos fazer um exame e descobrir o que podemos fazer – E com isso se passou o dia. Fizemos vários exames, e realmente foi confirmado que eu estava com a amnésia, o que fez o bonitão lá me olhar menos feio. O médico disse que não passava de uma amnésia temporária e que com muito esforço, ajuda da família e com alguns remédios, eu poderia ficar boa logo. Mandou que me mostrassem fotos, vídeos, lugares favoritos e etc. Isso ajudaria muito. No outro dia, bem cedo, eu recebi alta e ai que começou a confusão em minha mente. Devo ir para a casa da minha mãe ou ir para a minha suposta casa? Mas aquele homem nem parece gostar de mim, eu não sei se seria uma boa ideia ir com ele.

– Então, mãe, o que eu faço agora? Você diz que esse homem é meu marido, mas é tão estranho o tratar assim.

– Sinceramente querida, eu acho que você deve ir com ele. Mas se as coisas ficarem difíceis, é só você me ligar e eu te tiro de lá – Sorriu – Ele se chama Edward Cullen. A garotinha que está com ele, é a sua filha, a Renesmee Cullen.

– Tem certeza que essa menina é minha filha? Mãe, eu só tenho trinta anos. Eu nem sequer tinha planejado ter filhos. E esse Edwin parece me odiar e eu nem sei porque.

– Vai fazer trinta e um daqui a alguns meses, e o nome dele é Edward – Revirei os olhos – E eu não sei bem o que estava acontecendo com vocês. Vocês não tocam muito nesse assunto conosco. Mas acho que vocês estão meio que em uma crise de casamento.

– Ok, é muita informação. E isso é estranho – Paramos em frente ao hospital. O carinha já me esperava em frente ao carro, de braços cruzados. Ele não expressou nenhuma reação ao me ver e isso machucou um pouco. É como se meu consciente soubesse que eu gosto dele, soubesse quem ele é e o que representa para mim, mas não estivesse sabendo expressar isso.

– Mãe, o que eu faço?

– O médico disse que o jeito mais rápido de você recuperar o pouco da memória que perdeu, é viver a sua rotina de antes. Assim, você pode ir se lembrando das coisas mais depressa. Mas claro, isso não te proibi de ficar comigo, mas vai ser mais complicado para você.

– Eu sei, é como se apenas a parte do momento em que conheci o Edward para cá tivesse se apagado da minha mente. Ele não gosta de mim, mãe. E se ele me maltratar? Eu nem sei como agir, eu só lembro de ser uma menina solteira e agora acordo casada e com uma filha – Sussurrei exasperada – Eu não sei como cuidar de uma criança, nem de mim mesma eu sei – Ela riu – Ajuda-me – Implorei.

– Calma. Vamos fazer o seguinte, você vai para a casa dele, sua casa, e tenta ficar por lá por uma semana. Se dentro de uma semana as coisas continuarem difíceis para você, eu te acolho em minha casa. Podemos combinar assim? - Refleti por um tempo e suspirei. Seja o que Deus quiser.

– Ok, eu acho que posso fazer isso. Mas mantenha seu celular ligado, eu sinto que vou te ligar muito – Gargalhou.

– Pode deixar, vai estar sempre ligado – Abraçou-me forte, me fazendo quase desistir – Vai dar tudo certo – Afastou-me – Você vai se sair muito bem e logo, logo sua memória vai estar de volta – Ela foi até Edward e falou algo que só os dois podiam ouvir, ele me encarou e logo desviou – Bella, vem aqui – Fui relutante até os dois e parei ao seu lado – Já expliquei tudo ao Edward e ele concordou em lhe ajudar durante a semana que você estiver lá, não é mesmo? - O cutucou e ele assentiu – Então, acho que estamos entendidos. Tenho que ir agora. Se cuida, meu amor e me liga se precisar.

– Pode apostar que vou – A abracei de novo e ela se foi. Edward colocou minhas malas no carro e entrou no lado do motorista. Nossa, nem para abrir a porta pra mim. Fiz o mesmo caminho e entrei no lado do passageiro, coloquei o cinto e fiquei quieta no meu canto enquanto ele colocava o carro em movimento.

– Então, é... - Pigarreei – Onde está a garotinha? - Olhou-me de lado.

– Sua filha, está em casa. Preferi assim – Falou todo grosso. Estou vendo que a coisa vai ser difícil.

– E onde a gente mora?

– No centro de Seattle – E depois disso não falamos mais nada. Cochilei e só acordei quando a porta da mala bateu, me assustando. Olhei desnorteada, procurando onde tava e vi uma enorme casa a minha frente. Nossa, é aqui mesmo que eu moro? Abri a porta ainda boba e fiquei olhando o homem de terno que sorria para mim por educação e não porque estava feliz em me ver.

– Bem-vinda, senhora Cullen – Falou. Sorri para ele e sua expressão mudou para confusa.

– Ela não lembra de você, César – Disse Edward quando passou por ele e entrou sem sequer me esperar.

– Oh, eu não sabia que tinha sido tão grave assim.

– Tudo bem, eu sinto muito não lembrar de você. Eu sei que é uma droga – Sorri.

– Eu que sinto muito – Deu-me passagem e entrei. Uau, a casa era ainda mais linda por dentro. Isso aqui parece casa de gente podre de rica, assim como nos filmes. Eita Deus, o Senhor caprichou dessa vez, em! Estava tão distraída babando na casa que tomei um susto quando uma coisa pequena grudou nas minhas pernas.

– Mamãe, que bom que chegou – Abriu os braços para mim. Fiquei a encarando sem saber o que isso queria dizer e ela se esticou mais ainda. Fitei o César pedindo ajuda.

– Eu acho que ela quer que a senhora a pegue no braço – Disse.

– Ah, claro – A peguei sem jeito e ela logo me abraçou.

– Estava com muitas saudades de você. Estou muito feliz que você voltou para mim, mãezinha. Eu sempre pedia a papai do céu para ele te trazer de volta pra mim e pro papai – Apenas sorri – Vem, eu vou te mostrar a casa – Quase cai quando pulou para o chão e puxou minha mão. Ela primeiro me levou ao seu quarto – Esse é o meu quarto. Ele parece o de uma princesa, o papai disse que foi você que decorou tudinho. Ele disse que você queria que a princesa, que sou eu, tivesse um quarto digno. Eu amo o meu quarto – Sorriu orgulhosa – Gostou? - Assenti sem jeito – Senta aqui, eu posso pentear o seu cabelo com minha escova que brilha – Bateu palminhas animada.

– É... eu acho melhor deixar para outro dia – Seu sorriso morreu. Mas pegou minha mão de novo e saiu me arrastando.

– Esse aqui – Empurrou a porta – Esse é o seu quarto, o seu e do papai – Correu em direção a cama e se jogou lá. Mas pareceu pensar e desceu desconfiada.

– O que foi? - Perguntei estranhando.

– Nada, é só que você não gosta que eu faça isso. Sabe, antes eu dormia aqui, agarradinha com você e o papai, mas agora você não deixa mais. Nem mesmo quando tenho pesadelos, você me disse uma vez que eu precisava crescer e deixar de ser uma pirralha medrosa – Meu Deus, quem fala isso para uma criança? Eu dormia com meus pais até os doze anos de idade – Não gostou do seu quarto?

– Não, não é isso. Ele é perfeito – Sorri. Ela ficou me olhando e confusão transparecia em seus olhos.

– Você está tão diferente – Falou – Acho que prefiro assim – Falou tão baixo, que acho que sua intenção não era me deixar escutar. Ignorei isso e continuamos a turnê pela casa. Caramba, que casa enorme. Estava ofegante quando paramos no jardim, perto de uma piscina enorme. Meus olhos brilharam, eu simplesmente amo piscina!

– Essa piscina foi você quem escolheu. Você ama piscina, e eu também.

– Usamos com muita frequência? - Perguntei empolgada.

– Não usamos a piscina faz um tempão – Renesmee fez gesto com os braços, o que a quase derrubou dentro da piscina. Mas a segurei a tempo – Opa, quase – Riu, ficando vermelha. Vi o Edward me olhando intrigado, acho que ele estava esperando algum vestígio da Bella, que nem eu sei como era, mas estava de alguma forma não a encontrando.

– Como você sabe de tudo isso, garota?

– Eu estudei tudinho sobre você, eu quero te ajudar a lembrar das coisas, mamãe – Senti um aperto no coração pela sua atitude.

– Você é uma menina muito esperta, para sua idade – Sorriu.

– Nessie, vá lavar as mãos. Já vamos almoçar – Ela me estendeu a mão.

– Eu acho que vou ficar mais um pouco – Ela assentiu e correu casa a dentro. Virei-me e peguei mais uma vez o doido me encarando – Dá pra parar? Isso já é bem estranho, e você não está ajudando – Parou pensando em algo e sorriu – Sou engraçada agora?

– Não, engraçado é a situação em que nos encontramos – Falou sem humor algum.

– Você tem algum problema comigo? - Sorriu mais ainda, sem humor nenhum, e saiu me deixando sozinha. Respirei fundo e sentei com os pés dentro d'água. Esse cara já estava me dando nos nervos. Penei a cabeça para trás, fechando os olhos, e senti a leve brisa do dia bater meu rosto. Como isso é bom! Está tão quente que minha vontade é mergulhar na piscina e só sair quando minha pele estiver caindo. Lembro de alguém me dizer que eu mais parecia um peixinho quando via água. Dava um trabalho danado para sair depois. Sorri. Abri os olhos lentamente e quase tive um enfarte.

– Ai, que susto – Coloquei a mão no peito – Droga.

– Só vim avisar que o almoço está servido – E saiu. O Edward estava sempre me olhando intrigado, desde que acordei. Esse é sempre o seu olhar para mim, nada mais que isso. Levantei e o segui. Todos me olharam surpresos quando sentei na mesa com os pés ainda molhados e sem lavar as mãos. Mas os ignorei e tirei a tampa para ver o que teríamos para hoje.

– Fiz o seu prato favorito, senhora Cullen – Coloquei um pedaço na boca – Escargo – Cuspi na hora o que tinha na boca, o que foi parar no prato no Edward.

– Mas o meu prato favorito é lasanha – Falei limpando a língua.

– Era, agora é escargo – Disse Edward desinteressado.

– Desculpem-me, mas eu não vou comer isso – Afastei o prato de mim. Eca, que nojo!

– Eu preparo algo para senhora. O que deseja?

– Bom, para não demorar muito, pode fazer um sanduíche. Melhor, dois – Sorri.

– Deduzo que só de folhas, a senhora não vai querer sair de sua dieta, certo?

– Eu sigo uma dieta? Não, pode fazer com tudo que tenho direito – Renesmee riu quando Edward se engasgou e o César tossiu descontroladamente – O que foi?

– Digamos que a senhora é bem rígida com sua dieta – Sorriu assustado. Dei de ombros e fiquei esperando a minha comida chegar.

[…]

A noite logo chegou e com isso mais uma confusão. Onde vou dormir? Entrei no meu closet, e confesso que me perdi nele, até Edward entrar para pegar algo também e eu achar a saída como se nada tivesse acontecido. Quase tive um avc, porque minhas roupas de dormir eram quase um insulto para os pijamas que lembro de usar. Mas graças a Deus eu achei uns moletons velhos e os vesti. Sai meio envergonhada do banheiro e o Edward já se encontrava deitado na cama.

– Bom, onde eu vou dormir?

– Está cega? Esse é o seu lado da cama – Voltou a ler. Eita, dá logo na minha cara. Caminhei vagarosamente e deitei na cama, o mais longe possível dele. Sempre fui inquieta na cama, demoro a achar uma posição que me faça dormir de vez. Então, suspirei e virei de costas para ele.

– Não precisa se estressar, eu já vou desligar a luz – Disse ele emburrado.

– Mas eu não falei nada – Estressei-me dessa vez.

– Mas ia, eu sei que ia. Você sempre reclama quando fico lendo perto de você e com a luz acesa. Atrapalha o seu sono de beleza – Revirou os olhos.

– Olha, vai se ferrar. Eu não ia reclamar, eu sou inquieta. Você devia saber disso – Puxei a coberta e virei de novo. Só pude escutar a porta se abrindo e o Edward cochichar algo como “Você sabe que sua mãe não gosta que faça isso”. Mas então eu apaguei.

[…]

Um barulho ensurdecedor fez-me cair da cama assustada.

– Ai meu Deus, o que é isso? - Perguntei atordoada e vi Edward me encarando confuso.

– É o seu despertador. Está na hora de você ir para o trabalho – Levantei massageando a bunda e o encarei.

– Como assim trabalhar? Eu tenho um emprego?

– Você logo descobrirá. Sua mãe disse que você tem que fazer a sua rotina o mais fiel possível, então não vou te privar de ir trabalhar. Acho que pode ajudar, já que era lá onde você passava a maior parte do seu tempo. Quem sabe você não se lembra de algo? - É, ele pode ter razão.

– E você, não vai trabalhar?

– O despertador ainda não tocou.

– Claro que tocou, agora a pouco.

– O meu não tocou – Enfatizou o “meu” - Mas hoje eu vou abrir uma exceção e vou com você no seu trabalho.

– Mas frescura é essa? Onde já se viu ter dois despertadores? Eu em! - Fui mais uma vez para o mundo chamado closet e peguei uma roupa que talvez eu usasse para trabalhar.

– Eu trabalho com essa roupa? - Dei uma voltinha.

– É, é uma delas. Vou me arrumar – Saiu com indiferença. Bati a porta com força. Eu quero é que você morra, seu crápula. A mesa do café da manha já estava posta e isso fez minha barriga roncar. Peguei o meu prato e estranhei, será que ninguém vai tomar café comigo?

– César – Chamei. Ele logo apareceu com seu costumeiro olhar de assustado. Por que tanto medo?

– Pois não, senhora? Alguma coisa que a senhora não gostou?

– Não, é que ninguém vai tomar café?

– Não senhora. Vocês nunca tomam café juntos, lembra?

– Bom, na verdade não. E por que não?

– Não sei dizer bem, mas a senhora de uns anos para cá não queria mais tomar café com seu marido e filha – Fiquei chocada. Eu nunca gostei de tomar café sozinha, nem almoçar e muito menos jantar.

– César, você sabe onde eu trabalho?

– A senhora tem a sua própria empresa, senhora Cullen. A senhora trabalhava na empresa do senhor Cullen, mas resolveu ser independente e abrir a sua – Choquei.

– E sobre o que é a empresa, exatamente?

– A administração da exportação das revistas desse país para outros.

– Nossa, quanta responsabilidade.

– A senhora sempre tirou isso de letra.

– Tiro? - Afirmou e se retirou ao perceber que eu não falaria mais nada. Quando terminei, fui para a sala e fiquei esperando o mal amado vir. Cochilei o esperando, e ele me acordou com fortes sacudidas.

– O motorista nos espera – E mais uma vez saiu sem me esperar. Dai-me paciência de Jó, pai. Entramos na parte de trás e ele fez questão de ficar bem longe, parece até que eu que sou a perigosa aqui. Revirei os olhos e fiquei olhando a paisagem que passava por nós. Meia hora depois, paramos em frente ao um prédio, não era um prédio nem grande nem pequeno, era médio. Exatamente como eu quis um dia. Respirei fundo e tomei coragem para sair do carro. Edward, por um milagre de Jeová, deixou-me andar ao seu lado, então entramos juntos. E como imaginei, todos viraram para me olhar. Odeio isso, seria infantil demais da minha parte dizer que quero a minha mãe? Passei pela recepção e cumprimentei a menina que estava lá. Ela sorriu como se não entendesse, mas logo sua amiga contou algo e seu semblante mudou. Será que as pessoas vão sempre reagir assim? Principalmente quando eu falar com elas? Eu devia ser muito mal-educada. Enquanto eu vinha no carro, eu peguei algumas informações sobre mim mesmo. Informações apenas sobre o trabalho, não quero fazer uma confusão na minha cabeça com tanto esforço, isso sempre me dá uma enorme dor de cabeça. O elevador ia fechando, mas Edward pediu que o segurassem. Tive uma bela impressão que cara de paletó azul estava apertando o botão para a porta fechar mais rápido. Não gostei dele! Todos se afastaram como se eu fosse uma leprosa, fingi não ver isso e arrumei minha saia. Caramba, esses sapatos são desconfortáveis demais! O elevador apitou no meu andar e ajeitei a bolsa para sair. Escutei alguém falar “Vadia” “Cadela” antes das portas fecharem e virei abismada para ver quem era, mas as potas já se fechavam e todos olhavam para um canto. Olhei para Edward e ele nada fez. Respirei fundo. Eu sou a chefe, eles não deviam me respeitar? Eu em!

– Oi – Tomei um susto com a mulher que pulou na minha frente – Bem-vinda, senhora Cullen. Bom dia, senhor Cullen.

– É... Obrigada...

– Bom dia, Jessie. Como tem passado? - Sorriu gentilmente para ela. Hei, ele é gentil com alguém? Então agora eu vejo que o problema é mesmo comigo.

– Bem, obrigada – Pigarrei.

– Ah, desculpe. Eu sou a Jessica Stanley, sua secretária.

– Claro. Você sabe do meu acidente, então releve por eu não te reconhecer – Olhou-me surpresa. É sério, eu vou pirar se as pessoas continuarem me olhando assim.

– Tudo bem. Eu separei suas atividades de hoje, se lembra onde é sua sala?

– Por acaso é aquela onde tem o meu nome na porta? - Apontei.

– Essa mesmo – Sorri – A senhora sempre me espera lá, enquanto pego um café e sua agenda.

– Ok, então acho que vou esperar lá.

– O senhor também quer alguma coisa?

– Um calmante para mais tarde e um café bem forte para mim, por favor – O fitei sem entender a onda do calmante, mas segui em frente. A sala era toda arrumada, um cheirinho gostoso. Acho que alguma coisa não mudou, eu sempre fui viciada em perfumes. Logo a Jéssica voltou e começou a passar tudo para mim, eu balançava a cabeça para dizer que estava entendendo tudo, mas, na verdade, eu não sei do que ela está falando. Fiquei sozinha meia hora depois, com Edward sentado no sofá perto da janela de vidro e mexia em seu celular. Quanta papelaria, como eu vou resolver isso, assinar contratos se nem ao menos eu lembro do que tratam?

– Oi, uma ajudinha aqui? - Levantou a cabeça e voltou a mexer no celular – Estou falando sério, se eu levar a empresa a falência a culpa não vai ser minha – Bufou digitando algo mais e largou o celular no sofá.

– O que você quer?

– Primeiro que você seja mais educado – Olhou-me entediado – Já vi que não – Sussurrei – Você poderia me explicar como resolvo tudo isso. Estou sem memória – Bati na cabeça – Você ainda lembra disso, pelo menos? - Puxou a cadeira e sentou ao meu lado. Seu corpo ficava tenso cada vez que eu chegava mais perto para escutar sua voz ou ver algo que seu dedo enorme cobria. Ele tentava me explicar as coisas pacientemente e teve a gentileza, só que nem sempre, de voltar e começar tudo de novo quando eu não entendia. Encostei na cadeira suspirando, estou completamente ferrada.


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Notas finais do capítulo

Alguém ainda animado por aqui? Até semana que vem e espero seus comentários. Beijos e bom final de semana